Nós ainda estamos aqui, pode não parecer.
Parece um espectro, e pode ser que seja,
Há ainda uma especie de sombra que paira,
num caminhar avassalador e sistemático,
a enveredar pelo pântano das interpretações.
Desejo-me a tenra queda,
abrupta e silenciosa morte,
e o mais profundo dos sonos
sem que o amanhecer seja uma alternativa.
Mas ainda estamos aqui, mesmo que não fisicamente
transitamos pelo vazio astral, pelas janelas ocultas,
por mundos paralelos, sonhando acordar.
Desejo-me ressuscitar em plena consciência,
e desfalecer infinitas vezes,
mas o sonho foi o mais perto,
que cheguei de morrer.
Talvez não possa nos ver,
talvez, nunca tenha visto,
suspeita-se nunca ter existido,
mas há uma pele, que cobre o meu ser
e se encosta em chamas
que é pra doer.
Isso pouco importa, mas por isso te peço,
não meu ouça, não me ouça.
Estamos aqui, mas queremos partir,
não importe-se com os gritos,
nem com os socos na porta do caixão,
no fundo foi sempre assim.
domingo, 17 de maio de 2015
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Desconstruir, para não repetir.

Enquanto
não houver a consciência de classe, enquanto os papéis sociais não forem
realmente compreendidos, a história vai se repetir, vai se perpetuar, com Alváros
Dias, Lerners, e Beto Richas. Se não compreendermos que o mesmo grupo político
vem alternando no poder, com nomes diferentes, mas com os mesmos interesses, os
únicos interesses em se manter no poder, e impor a classe dominada, a cultura
dominante de exploração e expropriação, vamos continuar a reproduzir nossa
condição de explorados e fragmentados em classes definidas pelo liberalismo econômico.

Neste
momento se acometidos de um milagre da consciência de classe, nos percebêssemos
todos pertencentes a mesma classe, a de trabalhadores, se aprendêssemos com os
grandes donos do capital sobre corporativismo, teríamos o Brasil lotando as
ruas de trabalhadores, sejam professores, funcionários públicos, do setor
privado, garis, médicos, empregadas domésticas, advogados, que se fragmentam
justamente por não compreenderem o seu verdadeiro papel na sociedade. Temos
tanto a entender sobre democracia, e sobre o que democracia significa quando
cooptada pelo capital, o caminho é longo, o caminho é árduo, é de desconstrução
de conceitos e pré conceitos que vem se cristalizando historicamente.
Descontruir não é tarefa simples, exige uma serenidade que poucos possuem,
exige um conhecimento mais elaborado e mais amplo, exige uma visão de mundo mais
libertária e transformadora.
Neste
1º de maio, dia do trabalhador, desejo consciência de classe, e desconstrução
dos conceitos, para que possamos construir caminhos no mínimo diferentes, sejam
“certos” ou “errados”, não importa, mas diferentes.
terça-feira, 31 de março de 2015
SÃO MUITOS DIREITOS HUMANOS!
O problema na sociedade atual, é o excesso de direitos.
Nunca se falou tanto em racismo,
Nunca se falou tanto em
machismo,
Nunca se falou tanto em
homofobia e transfobia,
Nunca se falou tanto em
índios,
Nunca se falou tanto em gente sem-terra
e sem teto,
Nunca se falou tanto em
bullying,
Nunca se falou tanto em
direitos da criança e do adolescente,
Nunca se falou tanto de deficientes
físicos e mentais,
Nunca houveram tantas
feministas,
Nunca houveram tantos gays
fora do armário,
Nunca houveram tantos negros
mobilizados por direitos,
Nunca se falou tanto sobre a
aceitação das diferenças na escola,
Nunca foi proibido fazer piada
com o gordinho da escola,
Nunca deficientes ficaram tão
presentes e visíveis na sociedade.
É muita inclusão! É muita
igualdade!
É hora de parar!
Na verdade, é hora de ignorar
todos esses direitos, relega-los, deixar de se beneficiar deles, fingir que
eles nunca existiram, e dessa forma também esquecer todos aqueles que lutaram
ou morreram para que eles existissem hoje, mesmo que não plenamente.
Não é hora de se importar com Rosa
Luxemburgo, Simone de Beauvoir, Maria Lacerda de Moura, Deolinda Daltro, dentre
tantas outras mulheres que ajudaram na construção dos direitos conquistados. A
partir de hoje, mulheres não tem mais o direito ao voto, não tem direito a
salário igual ao dos homens, na verdade não devem nem trabalhar, devem ficar
cuidando dos afazeres domésticos, preocupadas com a criação dos vários filhos,
não precisa de educação sistematizada, caso trabalhem deverão cumprir 14 horas
de trabalho, sem direito a licença maternidade, não poderão participar das
competições esportivas, não poderão participar da política, e perder esses
direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos
demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com Zumbi, Aqualtune, Acotirene, Dandara, Martin Luther King, John
Tompson, dentre
outros negros que lutaram pela construção dos direitos conquistados. A partir
de hoje os negros devem voltar para as senzalas, não tem mais direito à
liberdade, e estão subjugados aos brancos, devem trabalhar durante 16 horas
diárias na lavoura de seus donos, sem ter direito a salário, ao término do dia
do trabalho devem ser acorrentados dentro de senzalas, como castigo por não
suportarem o regime de escravidão deverão ser açoitados em um tronco. Negros
poderão ser comercializados, traficados desde o nascimento. Negros não terão
direito a educação, a moradia, a voto, a participar da política, negros deverão
ficar no lugar de onde nunca deveriam ter saído, do tronco, das senzalas,
servindo aos brancos. E perder esses direitos me parece muito justo, afinal de
contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com Harvey Milk (Ativista político
LGBT assassinado), Dayane Ramos dos Santos (Lésbica
Assassinada), João Donati (Gay assassinado), Cristal (Trans assassinada),
dentre outros que morreram pelo simples fato de serem lésbicas, gays ou trans.
A partir de hoje os lgbts devem retornar para os seus armários, para o
ostracismo, devem ser representados somente como estereótipos caricatos, podem
ser uma forma de ofensa, podem servir de piadas nas escolas, não devem ter direitos
civis garantidos aos héteros, podem ser espancados, assassinados, ofendidos,
podem ser demonizados nas igrejas, podem ser agredidos com lâmpadas, devem ser
submetidos a curas, a tratamentos de choque, podem ser lançados de altos
edifícios, não podem demonstrar afeto em público, não devem ser representados
seriamente em nenhuma mídia, devem ser marginalizados, devem ficar calados,
devem fazer o possível para não ser o que são, devem fingir, devem se
heteronormatizar para serem aceitos, não devem se casar, não devem formar
famílias, adotar filhos. E não ter esses direitos me parece muito justo, afinal de
contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com todos os índios que
aqui estavam antes de qualquer colonização, e mesmo assim tiveram que lutar
para não serem escravizados, e até hoje não conseguem garantir sua existência
frente a grande pressão e violência dos latifundiários, donos de terras,
políticos entre outros. Decrete-se logo a extinção dos índios, que eles sejam
reduzidos a ilustração de livros de história, ou que sejam evangelizados,
urbanizados, higienizados, extirpados de sua cultura e urbanizados. E
não ter esses
direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos
demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com Chico Mendes, Doroty
Stang, entre outros que lutaram contra o desmatamento, pela reforma agrária,
pelo fim da exploração, pelo direito dos trabalhadores rurais, contra os grandes
latifundiários. A partir de agora a terra é única e exclusiva daqueles que são
herdeiros de quem se apossou de terras por meio da bala, pequenos produtores,
homens e mulheres sem-terra, e sem teto não devem requerer esse direito, por
que nós ainda vivemos nos tempos da lei do mais forte, de quem tem a arma, de
quem tem influencias, de quem explora a terra para lucros astronômicos, para
quem usa terras como especulação imobiliária. E não ter esses direitos
me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não
merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com a diversidade nas
escolas, com os traumas, com a crueldade. A partir de agora tudo e todos que
forem diferentes dos padrões de normalidade estereotipados devem ser atacados,
humilhados, marginalizados, espancados, ofendidos, e nenhuma atitude por parte
dos professores e diretores devem ser tomadas, são apenas piadas, e ser
politicamente correto é muito chato para quem está dentro dos padrões e adora
demonstrar poder do alto de seus privilégios históricos. E não
ter direito
de reclamar me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos
demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com as crianças e
adolescentes, nem com a exploração do trabalho infantil, nem com falta de
políticas públicas, nem com abusos, nem com processo de formação. A partir de
agora crianças e adolescentes devem ser tratados feito adultos formados, mesmo
não tendo formação devem cumprir os mesmos deveres, devem trabalhar ao invés de
estudar, não é prioridade estudar, podem começar no trabalho já aos quatro anos
de idade, que é para aprender como a vida é, devem ser punidos como os adultos,
devem ser colocados dentro do mesmo sistema carcerário falido que os adultos
frequentam, independente das oportunidades que essas crianças e adolescentes
tiveram, eles obviamente tinham várias opções de crescerem meninos de bem,
meninos e meninas honrados, prontos para alcançarem o mesmo sucesso de meninos
e meninas de classe média alta conseguem morando em seus apartamentos,
estudando em escolas particulares, fazendo várias viagens, se não tiverem é
simplesmente por que não querem. Ao invés de políticas públicas para resgatar
os jovens, políticos devem votar leis que reduzam a maioridade penal, quanto
antes preto e pobre ser tirado de circulação, melhor. E não
ter esses
direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos
demais, não merece ter direito algum.
E por fim, não é hora de se importar com todos os
deficientes que morreram sem nunca serem apresentados a sociedade, por
vergonha, por serem marginalizados, demonizados, que por anos passaram
escondidos, sem usufruir dos mesmos direitos. A partir de agora acabemos com as
APAES, com as políticas de inclusão e de acessibilidade, que os deficientes
voltem para seus quartos fechados, escondidos, abandonados, sem direito a estudar,
sem direito a socializar, sem direito a viver. E não ter esses direitos
me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não
merece ter direito algum.
Os direitos humanos está atrapalhando o direito do
opressor, o direito do agressor, o direito do preconceituoso, o direito do
privilegiado, o direito do machista, o direito do latifundiário, o direito dos
heteronormativos, o direito do sinhozinho, o direito do dono da propriedade
privada e dos meios de produção, o direito dos patrões, o direito pelo discurso
de ódio, o direito aos espancamentos, aos assassinatos, aos extermínios, as
chibatadas. Os direitos humanos estão acabando com a supremacia branca,
heterossexual, patriarcal, monogâmica, misógina, poderosa, elitista que foi
conquistada a muito custo, muito suor, e muito sangue, de quem nunca deveria
ter direitos.
São direitos humanos demais!
E eu quero ainda mais!
sexta-feira, 6 de março de 2015
Estado de Demência Coletivo
Ontem, marquei como de
costume, horário no salão de cabeleireiro, corto o cabelo mensalmente no mesmo
lugar, e essa ação corriqueira estabelece para mim um estado de normalidade.
Como de costume, me desloquei
ao trabalho, executei minhas tarefas de rotina, preparei aulas, realizei o
horário de café, confraternizei com amigos de trabalho, e tudo isso caracteriza
um estado de normalidade.
Dia desses, estive na fila do
banco, mensalmente de alguma maneira alguma fila tem que ser enfrentada para
efetivar o pagamento das contas, e tudo isso reflete um estado de normalidade.
Semanalmente abasteço minha
moto, meio de locomoção para trabalhar, e para diversas atividades diárias, vou
até o posto de gasolina, peço que complete, e tudo isso corrobora com um estado
de normalidade.
Na atualidade, verificamos
diariamente, e-mails, notificações de aplicativos, como Facebook, WhatsApp,
entre outros, que nos servem como meio de comunicação e meio de informação, e
tudo isso simboliza diante da conjuntura, um estado de normalidade.
Faz parte deste estado de
normalidade enfrentar filas em supermercados, encontrar pessoas e ouvir
conversas.
O país há tempos estabeleceu-se
como democracia representativa, e a cada 4 anos a população tem de eleger um
representante, este modelo político dentro daquilo que está estabelecido
demonstra um estado de normalidade.
Existe pelo mundo a fora, uma
porção de guerras intermináveis, das quais não conseguimos ter qualquer
compreensão da totalidade, e isso, configura um estado de normalidade.
Sabemos que uma porcentagem
mínima da população concentra toda a riqueza do mundo, e que por mais que se
madrugue diariamente para trabalhar honestamente, jamais se fará parte dessa
porcentagem, e isso faz parte da normalidade.
Sabemos que a educação nunca
foi vista como investimento, e sempre esteve a serviço da ideologia dominante, e
quanto mais ignorante a população, mais fácil o controle da massa, mas isso,
define um estado de normalidade.
Produtos e marcas são
humanizadas e ganham mais importância que o próprio homem, o homem é
coisificado, se torna um produto pronto a ser consumido, há tempos isso
traduz-se em estado de normalidade.
As mulheres ainda são
assassinadas e estupradas pelo simples fato de serem mulheres, e isto
estabelece um estado de normalidade.
Os negros jogadores de futebol
no século 21 são chamados de macacos como forma de “brincadeira”, mas isso tudo
reforça este estado de normalidade.
Gays e travestis são mortos,
expulsos de casa, marginalizados, viram piadas em programas de TV, simplesmente
para certificar-se do não rompimento com o estado de normalidade.
Terreiros, religiões afro-brasileiras
são marginalizadas e atacadas pelo lobby dos fundamentalistas religiosos,
sempre mantendo este estado de normalidade.
Os cristãos/evangélicos em
pleno século 21 buscam evangelizar os índios, matar a diversidade cultural, e
este é o estado da normalidade.
Poucas Famílias são donas de
terras infinitas, pastos infinitos, gados infinitos, eucaliptos infinitos, enquanto
milhares de famílias sequer tem onde morar, e quando se amontoam em algum
lugar, o poder público efetivamente trata de restabelecer a reintegração de
posse, e enquanto a isso, nada fora de um estado de normalidade.
A TV nos diz o que temos que
vestir, o que temos que comer, como devemos agir, quais ideias devemos seguir,
e mesmo sabendo que TVs são empresas, e que empresas são pagas, e que só quem
tem muito dinheiro pode dizer o que a TV pode dizer, continuamos a acreditar
inquestionavelmente no que a grande mídia tem a nos dizer, e isso só reafirma,
tudo está no seu perfeito estado de normalidade.
Sabemos que a democracia
representativa sempre foi um alívio aos que se enojam dos assuntos políticos,
dos que sentem asco de entrar nesse tipo de discussão. Poder dar a procuração a
outra pessoa para decidir tudo que há de mais importante em nossas vidas não é
nada mais que um estado pleno de normalidade.
Pessoas dispostas a defender o
sistema capitalista, como se fosse um sistema enviado direto dos anjos gabrieis
depois do toque da corneta divina, sem sequer saber da sua origem e da sua
evolução, configura ainda um estado de normalidade.
Apoiar-se na ideia dos EUA
enquanto herói do planeta, bem como se retrata nos filmes de Hollywood, compreende-se como estado de normalidade.
Ignorar a linha histórica, o
passado, os fatos que desencadearam a atualidade como ela é hoje,
emblematicamente solidifica este estado de normalidade.
Este estado de normalidade
entra em colapso toda vez que surge no horizonte numa visão desfocada, a
possibilidade da compreensão de que o estado de normalidade, não é de fato a
realidade concreta. Todas as vezes que o estado de normalidade se encontra
ameaçado ele reproduz milhares de realidades, e assim conserva a sua essência.
Em síntese, aquela fila de
banco, aquela fila de supermercado, aquele horário no cabelereiro, aquela
confraternização com os amigos de trabalho no horário do café que não passava
de um simples “será que chove?” em seu estado de normalidade, transfigura-se e
torna-se desde corrupção na Petrobras, até golpe comunista via corrente de
WhatsApp. O estado de normalidade para se manter enquanto tal, precisa de um
colapso, uma espécie de Estado de demência.
Este estado de demência em
suma se dissolve no imaginário social anteriormente já estático e apático do
estado de normalidade reverberando numa espécie de movimento massificado sem
direção. Um monstro desorientado, que encontra mormente orientação de seu
criador, o Frankenstein do status quo.
Este monstro em suas crises
epiléticas pede impeachment, pede intervenção militar, pede intervenção dos
EUA. Este monstro em suas crises dissemina boatos de guerras civis, compartilha
terror, aterroriza-se a si próprio. Este monstro muito bem orientado, tem
arrepios com tudo que possa simbolizar o fim do imperialismo e do colonialismo.
Este monstro subserviente ao capital sofre das suas mazelas em estado de
normalidade, contudo em seu estado de demência pegaria em armas para defende-lo.
Este monstro escarnecido, habita a pele dos mais vitimados pelo sistema, este
monstro costurado feito tapete de retalhos é um amontoado de todo tipo de
gente, o estado de demência não perdoa, não se comove, percorre as mentes mais
brilhantes das ciências exatas, até os mais desprovidos de conhecimento,
diga-se de passagem, desprovidos por que assim o sistema quer.
Em estado de demência, formam-se
filas gigantescas diante do “fim da gasolina”.
Em estado de demência,
enchem-se carrinhos no supermercado.
Em estado de demência promete-se
uma multidão as ruas pelo impeachment de uma presidente que acabou de ser
eleita democraticamente dentro dos conceitos de democracia que o sistema
permite.
Em estado de demência, mandar-se-ia
comunistas, socialistas e anticapitalistas para o corredor da morte.
Em estado de demência, dia do
orgulho heterossexual, redução da maioridade penal, e revogação da lei de
desarmamento, alimentam o monstro.
Em estado de demência, a
militarização de grupos evangélicos, e a formação de “gladiadores do altar”,
matam a sede do monstro.
Em estado de demência, não se
sabe se o estado de normalidade pode ser considerado um monstro adormecido,
sempre disposto a servir quando
solicitado, ou se enquanto estado de demência pode ser a possibilidade de uma
catarse rumo a revolução.
Mas por enquanto, só estado demência,
e nada mais.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Impeachment? Não obrigado, tenho mais o que fazer.
Estamos vivendo um momento histórico muito esquisito, pra não dizer bizarro. É estranho que o movimento de oposição que clama por mudanças e que pretende sair as ruas para derrubar o poder, esteja avolumado de gente que sempre odiou o “panelaço”, nunca apoiou manifestações, sempre achou uma besteira tudo isso de reivindicar os direitos no grito, e sempre apoiou descer o cassetete em manifestantes. Pra mim é uma experiência nova! É fato que a direita e a esquerda sempre disputaram a massa. A massa é aquele volume morto, despolitizado, em cima do muro, que ora cai pra um lado, ora cai pro outro. Eu sei que muita gente acha anacrônico tratar a atualidade com direita e esquerda, eu discordo, por que eu entendo direita e esquerda como conjunto de ideias. Ninguém escolhe ser de direita ou de esquerda, a gente se enquadra de acordo com nossa visão de mundo, nossas ideias e atitudes. Mas a massa na verdade não é uma coisa, nem outra, a massa é moldável, manipulável, pode ser o que a gente quiser. Mas a disputa pela massa é uma disputa injusta. Por mais que exista liberdade de imprensa, e que tenhamos por ai blogs, paginas e até jornais de esquerda, como seria justo num modelo de sociedade capitalista que meia duzia de blogs de esquerda com pouquíssimo alcance de público possa competir com jornal nacional, revista Veja e enraizamentos, toda uma programação de direita, desde o jornal da manhã, até o jornal da madrugada, esvaziando qualquer mente pra ocupar com o que há de mais vil, a cultura hegemônica, a cultura burguesa. Já ouvi esquizofrênicos enlouquecidos a bradar que as escolas públicas viraram local de doutrinação marxista. Quem me dera! A escola pública no Brasil vem a mais de 500 anos doutrinando para o modelo de sociedade capitalista, para a cultura hegemônica, a cultura branca, cristã, no modelo do patriarcado, e toda e qualquer possibilidade de fazer ao contrário de tudo isso, eu espero em Oxalá que seja feito. No entanto, a massa tende a reproduzir os discursos hegemônicos transmitidos pelos meios de comunicação que estão a serviço da manutenção deste modelo, e neste modelo, ideias de direita são as ideias que movem o mundo e que ditam as regras. Hoje no Brasil, o que temos é uma suposta oposição pedindo por mudanças com ar de transformação, uma espécie de panaceia para a moral e os bons costumes, e um poder que a massa julga ser a esquerda, e como esquerda, de acordo com os instrumentos de comunicação dos quais a direita é dona, não quer dizer uma coisa boa, a massa segue em bloco marchando pelo fim da ditadura comunista no Brasil, e não é a toa que há quem queira que a ordem e o progresso sejam restabelecidos pelos militares. Nessa confusão toda, a esquerda, que não é o PT e que não esta no poder, acho que perde até o rumo, não sabe se confirma presença no evento do Impeachment da Dilma e veste a bandeira do Brasil pra protestar pra aproveitar a onda, não sabe se entra muda e sai calada, não sabe se dá, não sabe se desce. Quer dizer, a esquerda que não é o PT acaba por vezes tendo que reproduzir o mesmo discurso da direita em relação a um um suposto poder de esquerda. Sim, é de se perder o fio da meada. Enfim, eu não apoio de maneira alguma um golpe de estado, o impeachment da Dilma é um golpe orquestrado sem sombra de duvida pelos meios de comunicação que tem como donos a direita. Isso não quer dizer que o governo da Dilma seja de esquerda, isso quer dizer que por mais que o governo do PT tenha se tornado aquilo de mais vil que paira sob os partidos de direita, o PT ainda é um entrave para o projeto da direita no Brasil. E se o PT ainda é um entrave para a tomada do poder pela direita, prefiro o mal lavado pseudo esquerda PT, do que o sujo (restante dos partidos, tirando PCO, PSOL e outros de esquerda). O partido dos trabalhadores que virou sinônimo de corrupção no Brasil graças ao jogral interpretado pelo Bonner e Patricia Poeta, na verdade não reproduz nada de diferente daquilo que a classe dominante faz cotidianamente desde sempre. Eu não quero uma suposta esquerda no poder, assim como não quero a direita assumida. Minhas ideias são esquerdistas, gayzistas, abortistas e libertárias, tô longe de estar em cima desse muro.
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Eu fali, eu falhei.
Hoje é um dia triste, amanheceu
nublado o meu penar, o meu olhar. Amanheceu chuvosa as minhas expectativas, as
minhas ideias, os meus sonhos. E isso não tem absolutamente nada a ver com o
outro, pelo contrário, diz respeito a mim. Eu sei, parece egoísmo, no entanto,
apesar de ter aprendido tantas coisas nos últimos anos, percebi que junto a
estes conhecimentos, adquiri uma visão de mundo que me torna incapaz de tomar
certas atitudes, de voltar atrás em certas relações. Eu não posso mais me
preocupar com o outro por que há tempos não me preocupo comigo mesmo, eu sei
parece egoísmo, no entanto faz tanto tempo que venho misturando o caos pessoal
que é a minha vida com o caos social, com o caos que anda a humanidade, e isso
tem me feito mal. Eu tenho andado distraído, eu tenho gostado de coisas que não
combinam com o moderno das relações humanas, eu tenho estagnado. Acho que de
tanto teorizar, acreditei que na prática eu seria infalível, doce ilusão, eu
fali. Eu falhei como poeta, como romântico, como irônico, como escritor, eu
falhei como amigo, como filho, como irmão, eu falhei com o que eu defendo, eu
falhei com o que eu ensino, eu falhei com o que eu aprendo. Falhei ao falar de
amor como quem sabe do que esta falando, entretanto não sabe nem como ligar. Eu
falhei ao fazer rimas e ser sensível nas palavras gerais, por não conseguir
transmitir essa sensibilidade para minhas relações reais, concretas. Eu falhei
por acreditar que eu era capaz de me comover com a minha própria história, de
chorar pelos meus próprios problemas, quando na verdade, me comove mais a
historia vivida pelos outros.
sábado, 31 de janeiro de 2015
Oxigênio
Que penetre em minhas vias mentais
Que infle minhas carótidas cognitivas
Que pulse o sangue,
Oxigene minhas ideias
Transforme minhas duvidas em motivações
A exalar as frustrações carbônicas,
Dispensáveis.
Inunde dentro de mim,
Faça transbordar a vontade de lutar
Oxigene o senso de justiça
E mate em mim a banalidade
A naturalização de tudo isso.
Oxigene a tomada de partido
O posicionamento, a busca por conhecimento.
E não me deixes cair em alienação.
Inspire-me a regozijar da revolta e rebeldia
Do pensamento contrario
E contraditório.
De estar fora da ordem
De refletir sob a desordem.
Oxigene-me.
domingo, 14 de dezembro de 2014
A nova Sarandi e a segregação socioespacial financiada pelo Estado.
A
segregação socioespacial é um dos principais aspectos que
caracterizam as grandes metrópoles , mas também pode ser vista nas
metrópoles menores e até em pequenas cidades que seguem a mesma
lógica, um exemplo claro dessa segregação no espaço urbano é a
cidade de Maringá, com seus bairros nobres e seu novo centro. O
fenômeno da segregação socioespacial, entendido dentro da lógica
capitalista contraditória, configura-se pela apropriação dos
melhores espaços da cidade pela minoria rica e o afastamento da
população de baixa renda para os espaços mais precários e
desqualificados da cidade. Assim, a segregação socioespacial
reflete as desigualdades econômicas, sociais e de classe
características do sistema capitalista, influenciando nas formas de
ocupação residencial, na oferta de serviços e na infraestrutura.
Nesse
sentido, o principal meio encontrado pelos menos favorecidos para
satisfazer a necessidade de moradia é a autoconstrução, que
reflete o descaso do poder público no investimento de infraestrutura
e serviços, implicando em condições de moradia indignas e
precárias. Sendo assim, o Estado atua como um dos principais agentes
segregadores, atuando em favor dos interesses dos capitalistas, em
detrimento dos interesses da população pobre. O Estado, como agente
legal do direcionamento da habitação de acordo com as classes
sociais, favorece os interesses das classes altas, inviabilizando o
acesso das melhores áreas da cidade às classes menos favorecidas e
omitindo-se em relação aos principais problemas dos espaços
periféricos de habitação. Além disso, vale destacar outra ação
segregacionista do Estado, com a construção de conjuntos
habitacionais populares em lugares distantes do centro da cidade, com
oferta precária e insuficiente de serviços básicos à população,
como ocorreu em Maringá com a construção de Conjuntos
Habitacionais extremamente distantes do centro da cidade e da
infraestrutura oferecida pelo poder público.
Outro
importante agente segregador é o proprietário fundiário, que tem
interesse no aumento do valor de troca da terra e para isso pressiona
o poder público para o investimento em infraestrutura, em troca do
aumento dos impostos cobrados. Assim, é notável a articulação e a
ação conjunta desses dois agentes que colaboram, fundamentalmente,
para a segregação socioespacial.
Outro
ponto não menos importante é identificar diante desse modo de
organização urbano social, como o poder público esta a serviço
não da população, mas sim das empreiteiras, das loteadoras, das
grandes industrias, e dos grandes empresários, bem como a serviço
dos próprios interesses.
No
caso de Maringá, temos claro e límpido como a água jorrando da fonte
com a chegada do fim de ano, como a segregação sócioespacial é
gritante. O poder publico investe consideravelmente no embelezamento
do centro da cidade e dos bairros já ocupados pela classe mais
abastada de Maringá. É possível verificar na segurança massiva no
centro com a circulação constante de policiais, nos canteiros e
flores maravilhosas que enfeitam essas partes especificas da cidade,
na limpeza, na condição do asfalto sempre impecável, nos eventos
oferecidos, enfim, o dinheiro é injetado numa única parte da
cidade, no entanto ele é arrecadado igualmente de todos os
habitantes da cidade, não existe taxação das grandes fortunas.
Enquanto isso o morador dos bairros periféricos, caso queira se
beneficiar de toda essa beleza de fim de ano, pelo menos
temporariamente já que jamais terá condições de morar no centro da
cidade muito menos nos bairros nobres, este, tem que se deslocar do
seu bairro até o centro da cidade onde se concentram os grandes
investimentos em infraestrutura, que valorizam significativamente os
proprietários de terrenos, estabelecimentos, imóveis que se
localizam nesses locais. Os canteiros de Maringá, não são para os
moradores de Maringá, pelo menos não para todos.
E
nesse mesmo sentido vem esse projeto da nova Sarandi, como um modelo
de organização socioespacial segregacionista, que ignora as mazelas
de uma Sarandi já existente para beneficiar os interesses de um
pequeno grupo que tem muito a ganhar, com esse novo espaço, que
antes mesmo de existir já vale um bom dinheiro. Se realmente
houvesse o interesse em beneficiar a população de Sarandi, os
investimentos deveriam ser obviamente destinados a Sarandi que já é
uma realidade, e não numa ideia de uma nova e distante cidade. Se
toda essa infraestrutura, se todo esse projeto, se todo esse
planejamento fosse com o objetivo de revitalizar a Sarandi que já
existe, valorizando quem já tem suas moradias há anos, quem já tem
seus comércios há anos e que há anos sofrem com a precarização do
serviço público, eu acreditaria nesse projeto. Mas se esse projeto
esta sendo idealizado para um espaço vazio, distante do espaço que
já é uma realidade, quer dizer que esse projeto não é para o
morador de Sarandi, esse projeto vai de encontro aos interesses das
loteadoras, de grandes empresários, de gente com bala na agulha para
estar se apropriando dessa nova Sarandi que vai receber toda a
infraestrutura que a velha Sarandi não tem, sem deixar escapar o
detalhe, de que o dinheiro utilizado para isso, vem do contribuinte
da velha Sarandi. Desta forma os moradores reais de Sarandi não
podem corroborar com essa ideia de nova Sarandi, já que esta não é
para os mesmos. Não importa o quão o discurso seja bonito, não
importa o quão o discurso nos diga que a nova sarandi vem no sentido
de melhorar também a velha Sarandi, Mentira! A ordem jamais deveria
ser essa, primeiro a nova e consequentemente a velha, muito pelo
contrário, primeiro deve-se organizar e se investir no que já
existe, e se for necessário a expansão que isso ocorra
naturalmente, e não forçadamente com interesses espúrios de se
auto beneficiar como vem fazendo há tempos a administração
liderada pelo prefeito Carlos de Paula junto com seus vários
comparsas.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
COMUNIDADE ESCOLAR DE MARINGÁ: O CURRAL ELEITORAL DOS BARROS
Os
professores, pedagogos, supervisores e diretoras da rede municipal,
em sua grande maioria vem reproduzindo um discurso que vem da esfera
federal, mais especificamente no congresso nacional. É o discurso
que assume um conceito vazio de democracia. Não sabemos por parte
dos servidores se é má-fé, ou se a reprodução do discurso parte
da total alienação no que diz respeito ao entendimento sobre os
conceitos reais de democracia. Esse discurso tem como base de
sustentação a democracia representativa, como única via da
democracia. O discurso reproduzido na esfera municipal sobre
democracia, no caso da reivindicação da volta das eleição de
diretores para as escolas tem se pautado na democracia enquanto mera
procuração cedida aos vereadores e prefeito na tomada de decisões
políticas. No entanto esse conceito de democracia é tudo aquilo que
abominamos diariamente, quando pedimos para ter voz, quando pedimos
para sermos ouvidos, quando reiteramos que temos direitos de decidir
e de participar das escolhas que nos cabem, quando achamos que as
politicas publicas não estão sendo concretizadas, então, ainda no
que tange a democracia representativa, essa representação não pode
ser uma procuração em branco avalisando quaisquer decisões que
sejam tomadas pelo prefeito ou pelos vereadores, e no ambito federal
pelos deputados e senadores.
No
próximo dia 18 de novembro os servidores municipais de Maringá
farão uma paralisação decidida em assembléia. Não meus caros, a
paralisação não caiu do céu, não brotou do chão, como muitos
desavisados acham, ela foi decidida por um grupo de servidores que
resoveu tirar a bunda do sofá de casa e se encaminhar até a camara
de vereadores para se enpoderar dos seus direitos. Foram poucos, mas
o suficiente para decidir. Com a decisão da paralisação o que tem
se visto no cotidiano escolar é o terrorismo barato tipico da
família Barros e tipico deste modelo nauseante de manutenção do
poder do qual se utilizam os piores politicos. Sim, é da Família
Barros que estamos tratando, o Pupin, e a grande massa volumosa de
vereadores deste municipio rezam a cartilha barrosa. Essa cartilha
faz parte justamente de um conjunto de ações que certificam a
manutenção do poder nas mãos da família Barros, seja por eles
diretamente ou por laranjas, como o Pupin, e não obstante, outros
que vem com uma tentativa sórdida de se desenhar no cenario enquanto
oposição a tudo isso, como vem fazendo convenientemente o
presidente da camara de vereadores de Maringá, Ulisses Maia. E nessa
linha como fazem estratégicamente outros vereadores que ora se dizem
estar com o povo, ora votam contra o povo. Contradições, muito
hegemonicas eu diria.
Esse
terrorismo, ou perseguição no ambito escolar, do qual eu faço
parte, mas que pode ser relatado por outros servidores em outros
ambitos de diferentes maneiras sobre a decisão de paralisar na
próxima terça só é possível por que a administração fez muito
bem o dever de casa, com o cerceamento da participação democratica
nas decisões politicas, cada vez mais estamos sujeitos e submetidos
aqueles que indicados pela admistração seguem como capatazes
aterrorizando em nome de uma falsa democracia o direito dos
trabalhadores de se mobilizar e de reivindicar melhores condições
de trabalho. Por isso, a campanha e a paralisação pode ser pelo
vale alimentação, mas que fique claro, essa paralisação deve
fazer parte de algo muito maior, que é a retomada da participação
popular nas decisões politicas da nossa sociedade. Se tivessemos o
direito de eleger a direção das escolas garantidos, hoje não
precisariamos estar submetidos ao envenenamento terrorista plantado
contra os servidores, a fim de intimidá-los, de coagí-los, caso
paralisem.
O
que temos hoje nas escolas municipais de Maringá, são professores
em sua maioria cada dia mais emburrecidos, alienados, conformados,
que se justificam de todas as maneiras possíveis para desviar-se do
dever de lutar pela redemocratização das escolas, e por melhores
condições de trabalho, inclusive na questão salarial. Professores
que alegam que já lutaram demais, e que nuca obtiveram sucesso;
outros amedrontados com a coação da administração, outros dizem
ter outras coisas para fazer, como se todas as outras coisas tivessem
mais importância que a participação popular na construção de uma
real democracia, isso por que resolvi nem mencionar que existe uma
outra via democratica além da representativa, que é a democracia
participativa, que exigiria muito mais dispendio de energia do povo.
Mas o povo tá tão cansado não é mesmo, que dar procuração em
branco anda parecendo uma boa opção. Professores e comunidade,
preciso alertá-los, os sorrisos matinais e vespertinos das diretoras
nas escolas na hora da entrada, são milimetricamente calculados e
decididos politicamente por quem quer manter a educação enquanto
grande curral eleitoral, é estratégico, não deixem se enganar por
esse entendimento abominável de democracia que tentam efiar goela
abaixo.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
O RANCOR DA BANCADA CONSERVADORA, E O ATAQUE A PARTICIPAÇÃO POPULAR TRAVESTIDO DE ÓDIO AO PARTIDO DOS TRABALHADORES.
As eleições se findaram, contudo os
ataques aos direitos civis vem se intensificando dentro do congresso
nacional com o aval dos separatistas e antipetistas que se alastram
com um ódio rançoso em terra brasilis, como quem acaba de chegar da
monarquia portuguesa no ano de 1500. Posso sentir o cheiro fétido,
dos cavalos e carruagens, trazendo todo o colonialismo mais vil.
Estamos lhe dando com um congresso
vingativo, conservador, aristocrático, truculento, cínico, escravocrata, que se empoderou ainda mais de suas bandeiras
fascistas, autoritárias, antidemocráticas e raivosas depois das
eleições de 2014. Esse empoderamento se deu pela oxigenação do
ódio irracional a candidata Dilma e ao partido dos trabalhadores.
Esse ódio foi inflado de todas as maneiras possíveis, como vem
sendo desde sempre, e com o governo do PT se mantendo no poder, a
irracionalidade, a brutalidade deve ser avalizada pelo povo que
preencheu seus próprios esvaziamentos de um ódio, muito fortemente
ligado aquilo que podemos chamar de ideologia da classe dominante.
Assim, como primeira ação do
congresso nacional, tivemos o veto ao decreto 8243 que
institucionaliza uma política que já existe e aprofunda a
democracia na medida em que aproxima a sociedade civil e o Estado. A
presidente Dilma Rousseff assinou, no último dia 21, um decreto que
institui a Política Nacional de Participação Social. De acordo com
o decreto “fica instituída” a política, “com o objetivo de
fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas
de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública
federal e a sociedade civil”.
A priori, estamos falando de modo
resumido da transição da democracia representativa que reproduz
propositalmente e muito convenientemente uma comodidade na sociedade
civil, que ao se ver representada por meia duzia de parlamentares, e
ignorante ao tema política se abstêm completamente do seu poder de
decisões dentro daquilo que é mais importante na organização
social e politica, para uma tentativa embrionária da democracia
participativa, que possibilitaria um maior poder de decisão ao povo,
ou seja, uma mudança significativa na forma de fazer política,
mesmo que ainda mantendo as relações e condições dadas da
realidade concreta, de uma sociedade capitalista.
Nas redes sociais se referindo ao veto
no congresso nacional, Antonio Imbassahy disse:
“Vitória
da democracia!
Acabamos
de derrotar na Câmara dos Deputados, o decreto bolivariano da
presidente Dilma, que retira do Congresso Nacional atribuições
constitucionais transferindo-as para 'conselhos populares'. Ao
impedirmos que o voto de cada eleitor brasileiro valha menos que uma
cantada da presidente, demos um claro sinal para Dilma e o PT: o
Brasil não aceita o chavismo da Venezuela e não vai se submeter ao
autoritarismo repudiado por mais de 50 milhões de brasileiros que
nas urnas do ultimo domingo fizeram sim as mudanças.”
É preciso se atentar para as
estratégias sórdidas de ganhar o aval da população até mesmo
quando se trata de uma ação que significa um claro ataque aos
direitos civis e a participação popular nas decisões politicas do
país. Os jargões mais utilizados na atualidade pela classe
burguesa, são “bolivariano” e “chavismo”, e em conjunto com
toda a estrutura organizacional da classe burguesa, dentre elas o
monopólio da comunicação, nos vemos a mercê da reprodução de
idéias idiotizadas e descoladas da realidade na tentativa de
explicar o que é uma clara tentativa de pulverizar o partido dos
trabalhadores do cenário politico. Dá-se todo dia essa tentativa
com capas da Veja, da Isto É, da Época, do Jornal Nacional, da rede
Globo e suas filiadas como um todo.
Justifica-se o veto ao decreto, com
uma possível ditadura petista, onde movimentos sociais
institucionalizados teriam mais poder que o próprio congresso, como
o MST, a UNE, e outros movimentos sociais que seriam encabeçados por
militantes do PT, o que é tão pernicioso quanto a disseminação
indiscriminada e esvaziada dos termos “chavismo” e
“bolivarianismo”, numa clara tentativa de justificar o
injustificável. Numa falta abissal de compreensão de que os
movimentos sociais, somos nós, são aqueles “partidinhos” de
esquerda que vocês odeiam, aqueles que vivem batendo panelas e
brigando por direitos, que vivem diariamente nas ruas, infernizando a
vida dos políticos, justamente com a intenção de participar da vida
politica do país. Agora se você acha que eles são encabeçados por
militantes do PT, tire essa bunda gorda do sofá e vá militar nos
movimentos sociais, quero ver quantos dias você aguenta.
Me permito, repetir, vocês são com
toda certeza uma porção de ABERRAÇÕES COGNITIVAS, reproduzindo
feito papagaios coisas das quais não tem o menor conhecimento, falam
de inflação, de dólar, de recessão, de economia, como se fossem
peritos, mas não fazem mais nada do que repetir aquilo que os donos
das mídias transmitem incessantemente como alimento do ódio e do
rancor ao partido dos trabalhadores, que sim faz todo tipo de
concessão para se manter no poder, mas faz concessões que fique
claro, a justamente aqueles que estão no poder, aqueles que são a
própria concessão.
O partido dos trabalhadores carrega
consigo o ranço do socialismo, o ranço do golpe comunista, e apesar
de não ser absolutamente nada disso, deve servir como exemplo para
nós que lutamos pelo socialismo. Esse ódio produzido e enlatado
pela burguesia contra o partido dos trabalhadores, é um ódio a toda
ideia socialista, é um ódio a toda ideia de revolução e de
inversão da piramide social. Hoje é um ódio dessa pseudo e
enfadonha esquerda, o PT, mas só por que ela se tornou visível e
importante no cenário politico, no entanto, qualquer que seja a
esquerda que sair do submundo, da invisibilidade, dos guetos, dos movimentos sociais, será criminalizada, será vitima brutal desse
ódio irracional inflado e oxigenado cotidianamente no imaginário
social.
domingo, 27 de abril de 2014
Uma pedra, um abismo.
Já passou algum tempo, desde a
ultima vez que me vi, e hoje não me reconheço entre as relações, e já não me
reconheço nas linhas escritas. Estranho que por um período as mesmas linhas definiam
meus traços e afagavam meus infortúnios, como um colo de mãe, como um ombro
amigo.
Hoje compartilho comigo mesmo
pensamentos difusos e embaralhados, que me lembram somente aquilo que já foi,
mas não delineiam uma espécie de futuro real, concreto. O hoje é uma pedra
enorme a beira de um abismo que se equilibra quase que contrariando as leis da
física. Pesada demais pra sair do lugar, insegura demais para se deixar cair na
imensidão.
Se deixar cair, ou manter-se
inanimado são questões estruturantes no que tange a auto percepção, um olhar a
si mesmo de fora do corpo, sem ser notado. Perceber-se enquanto protagonista de
sua própria história, torna-se frustrante, quando a normalidade cerceia as
possibilidades, tornando o todo uma pilha de estilhaços, impossíveis de
voltarem a ser, aquilo que já foram.
Ser o inteiro que eu sinto como
diria “O teatro Mágico” exigiria não só de mim, mas de todo o resto. E todo o
resto está tão despreparado quanto eu, pra compreender a totalidade. A
realidade esta sendo compreendida de modo fragmentado, numa série de factoides confusos,
misturado com um emaranhado de informações, opiniões e visões de mundo
distorcidas pelo modelo social construído historicamente.
Parafraseando novamente “O teatro
mágico”, o que eu tenho feito pra tentar ser ouvido, é justamente não dizer
nada, é deixar um pouco do silêncio dizer por mim, “Pra dizer às vezes, que às
vezes não digo”. Mas a maioria já perdeu qualquer sensibilidade de ler o outro,
de estudar e compreender o outro, e de certa forma, essa insensibilidade vem me
contagiando, como uma doença feroz que toma todo corpo, que afeta a alma, que
corrompe o coração.
O que reflete no outro é o
egoísmo exacerbado, um desejo insano de autoafirmação recorrente em todos os
meios. Todos estão esperando sua vez de expor fatidicamente suas neuroses, suas
crises, seus devaneios, em contrapartida se recusam previamente a ouvir tudo aquilo
que não seja sobre si mesmo.
Esse conjunto de
incompatibilidades com o resto do mundo me fixa ainda mais a beira do abismo, e
inerte, sinto o frio na barriga a cada vento que sopra me empurrando em direção
ao nada. O nada pode ser tanta coisa, como pode ser coisa alguma. Mas ao olhar
para trás, o lado oposto do abismo, o ponto estável do passado uma espécie de náusea
me tonteia, me deixa sem norte, e me faz ter cada vez menos desejo de falar.
No entanto, como diria Milton Nascimento
“Estou só e não resisto, muito tenho pra falar”, e todo esse falar vem inflando
no peito, seguido do medo e do desejo de voltar. Calar todas as angustias e todos
os anseios, quando já se calam tantas outras confusões, é como um injeção
letal, uma morte silenciosa, uma morte esperada, sem enterro nem nada.
domingo, 3 de novembro de 2013
Padrões
Não vamos reparar no tempo, não tenho argumentos pra tanta indecisão.
Nem tempo, tenho tanto medo, de chegar bem perto.
De certo estou na contra mão.
Eu tive no padrão do tempo,
Um padrão isento de uma solução.
Não vamos reparar no rótulo, não tenho nenhum caso inóspito,
desinformação.
E quem dirá que toda essa causa, não merece atenção?
E quem dirá que todo esse tempo, paradigmático estava na
dissolução.
Em passos largos, regredindo em fatos.
Discutindo em atos, o que não tem discussão.
Já cansei desse formato, tão quadrado, perfurado.
Não cair em tentação, já não vale mais a pena.
A minha oração, a minha oração.
É pra que ninguém ore mais por mim.
Creia tanto assim, que o mal e o bem,
São coisas tão distintas
Tão maniqueístas.
E dentro de mim, existem tantas vidas.
Vidas desmedidas, sem padrões, confusões.
Assim, o tempo do padrão, não me é solução.
E nunca quis dizer, nada.
domingo, 21 de julho de 2013
Uma pena que não plana
Já parou pra pensar quantos
lugares que nos dizem livres, que nunca fomos e nunca sequer sentiremos o aroma,
não saberemos das suas curvas, das suas depressões, das suas cores, das suas
histórias?
Quantas histórias não vividas
sonhadas caíram na imensidão frustrante da falta de tempo, da falta de chances,
da falta de tato?
Quantos filmes tristes foram
motivos de choro, de um soluçar constrangedor por não entender como um filme
pode lhe emocionar mais do que sua própria vida?
Já pensou em toda imensidão de
coisas e pessoas que jamais conhecerá e que jamais tocará, as quais com imensa
reciprocidade nunca saberão da tua existência?
Hoje eu pensei em toda essa mágoa
contida, que extravasa no vazio de uma historia que não é a minha, contada num
outro lugar, onde daqui, enquanto expectador, de olhos lacrimejados, insisto no
sonho de protagonizar o meu próprio enredo.
Há tempos a inquietude acompanha
meus passos, distorce minhas certezas, contradiz meus argumentos, e me faz ter
vontade de expressar-se. Há pouco tempo que uma força estranha e desanimadora
tem bloqueado até mesmo que a inquietude em mim, seja combustível para
continuar, na única certeza que eu achava que tinha.
Deste modo, o mundo em que vivo,
e que já se desconstruiu inúmeras vezes diante dos meus olhos, agora me parece
inerte, e não corresponde ao meu pulsar, o meu pulsar não corresponde ao meu
querer.
O mundo, dentre todas as
possibilidades de fragmentação, me causa a sensação de permanecer em um estado
de deslocamento, ou ainda de descolamento, entre o real, o concreto, e as
ideias. E por permanecer neste conflito é que me pergunto, o quanto deixei de
crescer por não tomar da mesma dose e do mesmo remédio que tomam os normais,
que se sentem livres todos os dias.
Aqui, nesta prisão, eu nunca
entendi de fato como é ser livre. O conceito de liberdade se apresenta
desfocado, quase esmaecendo diante da minha compreensão vazia e tardia.
Não é poesia, é falta dela. Não é
lamentação, é não ter pelo que lamentar. É a tentativa em vão de sair de si e
das suas angustias, num voo ampliado em busca de entender o mundo e sua
totalidade, e não entender coisa alguma, voltar-se mais uma vez para si, e sentir
pena. Uma pena que não plana.
Assim vai se construindo uma reticência
cíclica, uma historia confusa e estática. Muitas vezes uma historia que parece
ter movimento, e que no entanto permanece sempre no mesmo lugar.
domingo, 5 de maio de 2013
Quarteirão
Ele era pequeno e o seu mundo era um quarteirão
Desenhava ruas na sua mesma rua,
Cidade era o calçadão.
Não havia prédios, só os que via na televisão.
Na sua rua havia tantas pessoas
Algumas delas quase boas
Outras tinham seus mistérios
Seu medo eram cemitérios
Pessoas mortas e a escuridão
Era criança, era infância de ilusão
Tinha amigos, só os vícios que não eram bons
Ele vivia tão sozinho, mas tinha um irmão
Seus pais não eram tão distintos
Saiam cedo pelo portão
Seu dia era de um menino só
Menino de rua na contra mão
O dia demorava a passar
E a páscoa depois do carnaval
Era o medo do que era mal.
Ele era pequeno, e o seu mundo era o seu quintal
Imaginava uma moto
E uma pedra era o teu pedal
Descalço acordava com os pássaros
E a cada dia um espaço sideral.
sábado, 13 de abril de 2013
Redução da maioridade penal, coisa de boçal.
A rede globo é tão óbvia na sua
canalhice em manipular a opinião pública, que se a opinião pública tivesse um
pingo de vergonha na cara, não chafurdava na própria merda.
A emissora claramente seguindo a
linha de reprodução dos ideais hegemônicos burgueses, não faz qualquer questão
de esconder o seu desejo de manipular a opinião da plebe, revestida do desejo
internalizado de se encaixar no quadro paternalista, heteronormativo e eurocêntrico
de família nuclear tradicional e conservadora, que no ápice de sua imbecilidade
apoiam que a panaceia para os problemas de violência no país se concentram na
redução da maioridade penal para dezesseis anos.
É natural que esta plebe
idiotizada que se orgulha da ascensão social, e acreditam invariavelmente na
meritocracia, e na escalada até o status de “donos do capital” como verdade
absoluta e irrefutável, comunguem não só deste desejo em prol da redução da
maioridade penal, como compartilhem também de ideias que defendem a pena de
morte, e são os mesmos que acham que bandido bom é bandido morto, são os mesmos
que acham que o Estado é Laico, mas não é ateu (sic), são os mesmos que são
contra o casamento igualitário, são os mesmos que acham que o movimento social,
as greves e as manifestações populares nunca vão dar em nada e não passam de
baderna, são os mesmos que acham que existe uma “ditadura gay” no Brasil, são
os mesmos que chamam pessoas engajadas no movimento em busca de direitos LGBTTS
como Jean Wyllys, por exemplo, de “gayzistas” em referencia ao nazismo, que
provavelmente desconhecem conceitualmente, são os mesmos contra as cotas
raciais, que acham que não existe racismo no Brasil, são os mesmos que acham
que os índios já em terras demais, que eles tem que se contentar em estarem
vivos, são os mesmos que são contra o MST, e acreditam piamente que os grandes
latifundiários trabalharam mesmo honestamente para acumular o tanto de terras
que possuem, e encharcados de boçalidade reproduzem exatamente aquilo que a
mídia e os donos do capital querem.
A rede globo em meio à discussão
do projeto de lei pela redução da maioridade penal investe pesado no seu
posicionamento, trazendo como argumento os casos diários de adolescentes que
cometem crimes. O ultimo caso, foi o do adolescente de classe média que foi
assassinado por outro adolescente na porta de casa. Veja como a rede globo é
didática, primeiro ela mostra o caso, enfatizando que o assassino é um
adolescente, e depois traz a discussão a respeito da redução da maioridade
penal. Qualquer paquiderme entenderia o recado, e é ai que esta o problema, os
paquidermes entendem o recado que a globo quer passar, e além de entender,
assimilam como verdade absoluta, e passam a comungar da mesma ideia, como se
não houvesse outras formas de pensar e refletir sobre o assunto. A rede globo
quis dizer o seguinte: Se a lei que reduz a maioridade penal para dezesseis
anos existisse, o garoto que assassinou o outro garoto de classe média,
responderia criminalmente como qualquer outro adulto, e seria mais um
encarcerado nas penitenciarias do país.
Só me ajudem a
entender, por favor, por que eu devo ter problemas cognitivos sérios para
entender a lógica. Os crimes reduziriam como? O envolvimento dos jovens nos
crimes reduziria como? Os assassinatos praticados por adolescentes reduziriam
como? Quando todos os jovens, filhos de pobres e negros estiverem detidos? Esta
é a solução que esta em pauta? É de se perder a fé na humanidade, que de humana
parece cada vez ter menos.
A falta de
consciência de classe cria esta abertura abissal para estes pensamentos
idiotizados que parte de uma classe média desorientada e crente que a luta de
classes não existe, o que existem são as classes, e depende só do esforço
individual passar de uma classe para outra.
Eu estou
cansado da imbecilidade orgulhosa dessa gente, que bate no peito e defende um
Brasil higienista, medieval e medíocre.
terça-feira, 26 de março de 2013
Retratação aos vereadores
No ultimo post do Blog a respeito da ordem do dia da câmara
questionei o diálogo entre os projetos e solicitações ao executivo com as reais
necessidades da população, sob o julgo de não estarem numa real convergência, e
sendo assim, não passarem de justificativas para manter sob tutela parte da
população como curral eleitoral permanente. Num trecho do texto de modo geral
me referi aos vereadores como “canalhas”, adjetivo o qual a princípio se refere
não a este ou aquele, mas sim a atuação histórica de muitos que por ali
passaram. No entanto, sob o direito a interpretar o texto livremente, recebi o
E-mail de um vereador, que pediu retratação. E não só por isso, mas também por
entender que realmente cometi um equívoco ao generalizar, e por não ter receio
de corrigir o erro, reitero que o adjetivo que desqualifica os vereadores, não
condiz realmente com o objetivo do Blog, que é justamente o de denunciar,
cobrar e construir criticas sem perder o bom senso.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Ordem do dia na Câmara não passa de manutenção de curral eleitoral na cidade
A câmara
municipal de Sarandi legisla completamente fora da realidade. A lógica é a
mesma lógica instaurada pelo modelo organizacional capitalista sobre o trabalho
produtivo. Os projetos e os ofícios que entram em discussão não refletem a
realidade, e demonstram claramente a falta de diálogo com a população.
Existe tão
somente uma necessidade de criar projetos e solicitar ao executivo uma gama de
imbecilidades inúteis aumentando o arcabouço político dos candidatos na
cooptação de votos e eleições posteriores, mantendo o curral eleitoral.
Aos
desavisados de plantão, ao ler a ordem do dia da câmara municipal, certamente
se dará por satisfeito, e entenderá que o trabalho dos vereadores esta
efetivamente sendo cumprido, entretanto com um olhar mais aprofundado e questionador,
notaremos um total despreparo para lidar com os cargos por parte dos
vereadores. Os vereadores sob um olhar inocente estão perdidos, atirando para
todos os lados, preenchendo o horário de serviço com qualquer porcaria de
projeto, ou qualquer solicitação perniciosa para o executivo, no intento de
mostrar trabalho.
A ordem do dia
desta segunda feira dia 25, não foi diferente. A população sarandiense começa a
lidar com um retrocesso de nível federal, e talvez estimulado por essa
abertura, sentiram-se aqui no governo local, com o direito de legislar de
acordo com suas convicções religiosas, desprezando a diversidade religiosa, e a
não crença. O ITEM IX – PROJETO DE LEI Nº 2220/2013, do
edil JOSÉ
ROBERTO GRAVA, Tendo como Co-Autor o edil AILTON RIBEIRO MACHADO, o qual
Inclui no Calendário Oficial de Eventos do Município, o “Dia do Jovem Cristão”,
deixar claro quais são as prioridades dos vereadores, e entre elas estão,
proselitismo religioso, e a violação da laicidade do Estado, que não deve
legislar baseado em paixão religiosa.
Por outro
lado, o ITEM III – REQUERIMENTO Nº 059/2013, do edil ERASMO
CARDOSO PEREIRA, Ofício ao Senhor Prefeito,
solicitando que viabilize a aquisição de 02 (duas) Máquinas de Ultrassom, sendo
uma para a Clinica Materno Infantil, e outra para a futura instalação do
Hospital de Especialidades. Este me parece mais nitidamente deslocado da
realidade da saúde de Sarandi. As denuncias de falta de médico na UPA são
frequentes, e a situação em que a saúde se encontra, vai além da nossa compreensão
banal sobre as políticas públicas. Os funcionários estão com medo de serem
agredidos pela população que em sua essência não tem discernimento pra
responsabilizar quem realmente deve ser responsabilizado, e por ventura em
situações de desespero pela péssima administração incorrem no risco de cometer
atrocidades irreversíveis contra os funcionários da UPA que funcionam como
testas de ferro para os verdadeiros culpados.
Os canalhas que
legislam no município não tem qualquer compromisso com a realidade, com a
diversidade, com os verdadeiros interesses e necessidades da população.
Legislam sem compromisso, desinteressados, como se estivessem fumando um
cigarro e tomando um whisky tranquilamente na poltrona.
domingo, 24 de março de 2013
Paradigmas
Paradigmatizou,
e nunca mais se ouviu.
E
solidificou uma verdade vil.
E se
cristalizou. Não se modificou.
Virou porta
retrato, guardado feito guardanapo.
E se
contradisse, e se posicionou.
Depois
neutralizou
Tomou
partido, pelo status quo.
Como eu poderia cobrar de você?
Algo que eu não poderia lhe dar, sem saber.
Como eu poderia julgar, sem te ver?
E me ponho no mesmo lugar, pra dizer.
Que eu to do teu lado
Caminhando braço a braço
Mas não tente me convencer
Dessa crença e desse viver
Desse seu cadeado, desse seco orvalho.
Desse Deus condenado, desse bicho acuado.
Cada homem crescido
já sabe
Que o omisso
já tomou partido
E que o
neutro tá contra você
Não me lance
argumento sem base
Para não
colidir sem doer
Se não há
colisão não há vida
Senão a
discussão é perdida
A contradição
é sanguínea
E corre na
veia a sofrer
Perambulando
nos homens
A conformação
escondida
Em cada
frase sem nome
De uma
igreja tolhida
Paradigmatizou,
e nunca mais se ouviu.
E
solidificou uma verdade vil.
E se
cristalizou. Não se modificou.
E nunca
duvidou daquilo que não viu.
segunda-feira, 4 de março de 2013
CÂMARA DE VEREADORES DE SARANDI ABOMINA E SUGERE PUNIÇÃO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Na
ultima sessão da câmara de vereadores a preocupação era a de desmentir e
desqualificar a carta escrita pelos padres e distribuída via jornal impresso
para os fiéis da igreja católica de Sarandi em algumas paróquias. Para tanto c e
Aílton Machado não mediram esforços ao vociferarem contra a carta, contra os
argumentos dos padres, e contra qualquer questionamento que parta da população.
Demonstrando-se assim, claramente opostos a manifestação da opinião popular,
institucional ou até mesmo da imprensa, que ouse contradizer, cobrar, ou
apontar erros na atual administração e na própria condução da câmara de
vereadores de Sarandi.
A câmara de vereadores se
manteve em silêncio, corroborando com a mazela política até ontem, se
esquivando de todas as formas de responder o que o grupo popular questionava a
respeito do atual panorama político, das denuncias contra o Carlos de Paula
(PDT), e contra o secretário da Educação professor Manoel. Somente depois de
terem suas condutas vis, expostas por uma instituição com credibilidade perante
a população, e de certa forma atingindo uma grande parte dos moradores de Sarandi,
foi que os excelentíssimos vereadores se propuseram a disparar impropérios em
defesa de causa própria.
Os maiores impropérios
partiram do presidente da câmara Rafael Pszybylski e
do vereador Aílton Machado, ecoando sobre o silêncio vazio e obscuro dos outros
vereadores, e dos presentes na câmara.
Com repugnância nauseante
disparou Rafael Pszybylski nunca ter ouvido
falar em afastamento pelos motivos alegados pela justiça que investiga o caso
de Carlos de Paula, e prometeu nos próximos dias apresentar uma cópia do artigo
em que Carlos de Paula esta sendo enquadrado, para que a população também possa
compartilhar de seu ponto de vista camarada e companheiro em respeito ao desvio
de verba e o uso da maquina publica em benefícios próprios, denuncias as quais
o prefeito afastado, nega veementemente envolvimento. Segundo
o presidente da Câmara Rafael Pszybylski
o afastamento de Carlos Alberto de Paula é incompreensível, disse também que os
vereadores não podem ser cobrados no sentido de tomarem um posicionamento, ou
investigarem o caso, justificando a ação do GAECO, que tomou o caso para si, e
por estar em segredo de justiça, que leva os vereadores a não saberem como
proceder.
Rafael
alegou que os vereadores e a imprensa não estão sendo omissos como diz a carta
escrita pelos padres. Como não estão sendo omissos? E que história é essa que
nós não temos o que cobrar? Temos sim o que cobrar. A carta escrita pelos
padres foi direta ao mencionar a aprovação de diárias para viagens enquanto o
dinheiro da educação foi desviado, enquanto a cidade amarga em problemas
estruturais, de saneamento básico, enquanto alunos estão sem uniformes. Rafael
foi de um totalitarismo imenso ao declarar que não é o povo, não são os padres,
não é a imprensa quem deve dizer o que deve ou não ser aprovado, mencionando que
isso diz respeito ao tribunal de contas que fiscaliza a câmara. Declarou ainda serem
totalmente legais as diárias para viagens, bem como as diárias para deputados,
e citou vários outros cargos como desembargadores, a fim de defender o
indefensável. Não se trata de legalidade, se trata de respeito, se trata de
ética, se trata de coerência. Como podem ser aprovadas diárias na situação política
em que se encontra o município de Sarandi? O questionamento é legitimo.
Aílton Machado vociferou munido de seu microfone contra liberdade de expressão, um
direito constitucional. Sugeriu que a câmara deve se posicionar punindo no que
for cabível quem ousar se manifestar contra o prefeito e a autoridade dos
nobres vereadores. Disparates foram exclamados em tom de ditadura, clamando
pela opressão da liberdade de expressão, chegando a pedir indiretamente aos
vereadores a possível punição, por exemplo, dos padres por terem escrito a
referida carta. Entre discursos demagogos em tom eleitoreiro e devaneios egocêntricos
destacou que não é por ser uma pessoa pública que as pessoas podem falar o que quiserem
dele, e disse ainda que é uma autoridade e que tem que ser respeitado por isso.
Mal sabe ele a diferença entre autoridade e autoritarismo.
Depois
de presenciar mais uma sessão cheirando ao azedume do cinismo, cheio de ataques
à liberdade de expressão, cheio de defesas ao orgulho ferido dos vereadores em
detrimento das cobranças da carta dos padres, percebo cada vez mais nitidamente
o tamanho do buraco negro em que os cidadãos sarandienses mergulharam de
cabeça.
Como
fez diferença a ausência de eleitores votando nas ultimas eleições. Vereadores
foram eleitos com menos de mil votos, numa cidade com grande quantidade de
eleitores. Qual a representatividade desses vereadores na câmara municipal?
Quando penso que o jogo político azedo e covarde desse grupo político que
cavalga nas costas dos sarandienses conseguiu sorrateiramente derrubar o
vereador mais votado, e único que hoje faria real oposição, não se sujeitando a
votos combinados previamente como vem acontecendo frequentemente na câmara, tenho
vontade de estapear a cara de cada cidadão, para acorda-los desse transi, desse
sono que impede qualquer movimento, qualquer reação, qualquer esboço de
indignação.
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