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domingo, 17 de maio de 2015

Interpreta Ações

Nós ainda estamos aqui, pode não parecer.
Parece um espectro, e pode ser que seja,
Há ainda uma especie de sombra que paira,
num caminhar avassalador e sistemático,
a enveredar pelo pântano das interpretações.

Desejo-me a tenra queda,
abrupta e silenciosa morte,
e o mais profundo dos sonos
sem que o amanhecer seja uma alternativa.

Mas ainda estamos aqui, mesmo que não fisicamente
transitamos pelo vazio astral, pelas janelas ocultas,
por mundos paralelos, sonhando acordar.

Desejo-me ressuscitar em plena consciência,
e desfalecer infinitas vezes,
mas o sonho foi o mais perto,
que cheguei de morrer.

Talvez não possa nos ver,
talvez, nunca tenha visto,
suspeita-se nunca ter existido,
mas há uma pele, que cobre o meu ser
e se encosta em chamas
que é pra doer.

Isso pouco importa, mas por isso te peço,
não meu ouça, não me ouça.
Estamos aqui, mas queremos partir,
não importe-se com os gritos,
nem com os socos na porta do caixão,
no fundo foi sempre assim.




sexta-feira, 1 de maio de 2015

Desconstruir, para não repetir.

A repercussão nacional e internacional das ações perpetradas pela polícia militar do estado do paraná orquestradas pelo governador eleito Beto Richa e seu secretário de segurança Fernando Francischini efetivamente acenam com possibilidades de mudanças de consciência política e filosófica na sociedade e principalmente na classe de professores deste país? Não, não acenam! Ao que tudo indica, há uma necessidade de não partidarizar, e neutralizar a ideologia que se fragmenta na sociedade enquanto luta de classes. Existe em quem se mobiliza uma necessidade de se auto declarar apartidário, “nem de direita, nem de esquerda”, e isso só demonstra o tamanho do vazio ideológico a qual sucumbimos. Diante das últimas ações da polícia militar por todo o país ao enfrentar manifestações populares, o que me parece é haver uma incapacidade de análise dos dados de modo generalizado, juntamente com o equívoco de refletir sobre as ações partindo sempre do microcosmo e das particularidades, sem deixar de reproduzir os discursos hegemônicos, discursos estes que são os mesmos que ordenam a repressão policial. Há ainda questões conceituais que se distorcem, que frequentemente quando trazem definições ao modelo social vigente são cooptados pela classe dominante, tais como a luta de classes, direita, esquerda, liberalismo, capitalismo, socialismo, comunismo, Estado, leis, política, enfim, significados são alterados a serviço da manutenção do sistema enquanto tal.
Enquanto não houver a consciência de classe, enquanto os papéis sociais não forem realmente compreendidos, a história vai se repetir, vai se perpetuar, com Alváros Dias, Lerners, e Beto Richas. Se não compreendermos que o mesmo grupo político vem alternando no poder, com nomes diferentes, mas com os mesmos interesses, os únicos interesses em se manter no poder, e impor a classe dominada, a cultura dominante de exploração e expropriação, vamos continuar a reproduzir nossa condição de explorados e fragmentados em classes definidas pelo liberalismo econômico.
Apesar de chocar a população as ações da PM contra os professores trabalhadores no centro cívico de Curitiba, muitas ações truculentas de uma polícia militarizada são ignoradas pelo resto do país, em reintegrações de posse, desocupação de terras, casas, prédios, em invasões de favelas e periferias, em abordagens policiais de negros e pobres por todo o país. E mesmo chocado com as cenas de horror em Curitiba, dificilmente a população entenderá definitivamente qual o papel da polícia neste modelo social capitalista, que não tem nada a ver com segurança da população, restringe-se apenas a repressão, e proteção/manutenção do poder e de quem detêm o poder. A população ainda limita-se a sentir-se decepcionada e desacreditada com as ações violentas da polícia, quando na verdade, ações como estas deveriam ser esperadas e óbvias, diante do real papel que ela tem.
Neste momento se acometidos de um milagre da consciência de classe, nos percebêssemos todos pertencentes a mesma classe, a de trabalhadores, se aprendêssemos com os grandes donos do capital sobre corporativismo, teríamos o Brasil lotando as ruas de trabalhadores, sejam professores, funcionários públicos, do setor privado, garis, médicos, empregadas domésticas, advogados, que se fragmentam justamente por não compreenderem o seu verdadeiro papel na sociedade. Temos tanto a entender sobre democracia, e sobre o que democracia significa quando cooptada pelo capital, o caminho é longo, o caminho é árduo, é de desconstrução de conceitos e pré conceitos que vem se cristalizando historicamente. Descontruir não é tarefa simples, exige uma serenidade que poucos possuem, exige um conhecimento mais elaborado e mais amplo, exige uma visão de mundo mais libertária e transformadora.


Neste 1º de maio, dia do trabalhador, desejo consciência de classe, e desconstrução dos conceitos, para que possamos construir caminhos no mínimo diferentes, sejam “certos” ou “errados”, não importa, mas diferentes.

terça-feira, 31 de março de 2015

SÃO MUITOS DIREITOS HUMANOS!


O problema na sociedade atual, é o excesso de direitos.
Nunca se falou tanto em racismo,
Nunca se falou tanto em machismo,
Nunca se falou tanto em homofobia e transfobia,
Nunca se falou tanto em índios,
Nunca se falou tanto em gente sem-terra e sem teto,
Nunca se falou tanto em bullying,
Nunca se falou tanto em direitos da criança e do adolescente,
Nunca se falou tanto de deficientes físicos e mentais,
Nunca houveram tantas feministas,
Nunca houveram tantos gays fora do armário,
Nunca houveram tantos negros mobilizados por direitos,
Nunca se falou tanto sobre a aceitação das diferenças na escola,
Nunca foi proibido fazer piada com o gordinho da escola,
Nunca deficientes ficaram tão presentes e visíveis na sociedade.
É muita inclusão! É muita igualdade!
É hora de parar!
Na verdade, é hora de ignorar todos esses direitos, relega-los, deixar de se beneficiar deles, fingir que eles nunca existiram, e dessa forma também esquecer todos aqueles que lutaram ou morreram para que eles existissem hoje, mesmo que não plenamente.
Não é hora de se importar com Rosa Luxemburgo, Simone de Beauvoir, Maria Lacerda de Moura, Deolinda Daltro, dentre tantas outras mulheres que ajudaram na construção dos direitos conquistados. A partir de hoje, mulheres não tem mais o direito ao voto, não tem direito a salário igual ao dos homens, na verdade não devem nem trabalhar, devem ficar cuidando dos afazeres domésticos, preocupadas com a criação dos vários filhos, não precisa de educação sistematizada, caso trabalhem deverão cumprir 14 horas de trabalho, sem direito a licença maternidade, não poderão participar das competições esportivas, não poderão participar da política, e perder esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com Zumbi, Aqualtune, Acotirene, Dandara, Martin Luther King, John Tompson, dentre outros negros que lutaram pela construção dos direitos conquistados. A partir de hoje os negros devem voltar para as senzalas, não tem mais direito à liberdade, e estão subjugados aos brancos, devem trabalhar durante 16 horas diárias na lavoura de seus donos, sem ter direito a salário, ao término do dia do trabalho devem ser acorrentados dentro de senzalas, como castigo por não suportarem o regime de escravidão deverão ser açoitados em um tronco. Negros poderão ser comercializados, traficados desde o nascimento. Negros não terão direito a educação, a moradia, a voto, a participar da política, negros deverão ficar no lugar de onde nunca deveriam ter saído, do tronco, das senzalas, servindo aos brancos. E perder esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com Harvey Milk (Ativista político LGBT assassinado), Dayane Ramos dos Santos (Lésbica Assassinada), João Donati (Gay assassinado), Cristal (Trans assassinada), dentre outros que morreram pelo simples fato de serem lésbicas, gays ou trans. A partir de hoje os lgbts devem retornar para os seus armários, para o ostracismo, devem ser representados somente como estereótipos caricatos, podem ser uma forma de ofensa, podem servir de piadas nas escolas, não devem ter direitos civis garantidos aos héteros, podem ser espancados, assassinados, ofendidos, podem ser demonizados nas igrejas, podem ser agredidos com lâmpadas, devem ser submetidos a curas, a tratamentos de choque, podem ser lançados de altos edifícios, não podem demonstrar afeto em público, não devem ser representados seriamente em nenhuma mídia, devem ser marginalizados, devem ficar calados, devem fazer o possível para não ser o que são, devem fingir, devem se heteronormatizar para serem aceitos, não devem se casar, não devem formar famílias, adotar filhos. E não ter esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com todos os índios que aqui estavam antes de qualquer colonização, e mesmo assim tiveram que lutar para não serem escravizados, e até hoje não conseguem garantir sua existência frente a grande pressão e violência dos latifundiários, donos de terras, políticos entre outros. Decrete-se logo a extinção dos índios, que eles sejam reduzidos a ilustração de livros de história, ou que sejam evangelizados, urbanizados, higienizados, extirpados de sua cultura e urbanizados. E não ter esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com Chico Mendes, Doroty Stang, entre outros que lutaram contra o desmatamento, pela reforma agrária, pelo fim da exploração, pelo direito dos trabalhadores rurais, contra os grandes latifundiários. A partir de agora a terra é única e exclusiva daqueles que são herdeiros de quem se apossou de terras por meio da bala, pequenos produtores, homens e mulheres sem-terra, e sem teto não devem requerer esse direito, por que nós ainda vivemos nos tempos da lei do mais forte, de quem tem a arma, de quem tem influencias, de quem explora a terra para lucros astronômicos, para quem usa terras como especulação imobiliária. E não ter esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com a diversidade nas escolas, com os traumas, com a crueldade. A partir de agora tudo e todos que forem diferentes dos padrões de normalidade estereotipados devem ser atacados, humilhados, marginalizados, espancados, ofendidos, e nenhuma atitude por parte dos professores e diretores devem ser tomadas, são apenas piadas, e ser politicamente correto é muito chato para quem está dentro dos padrões e adora demonstrar poder do alto de seus privilégios históricos. E não ter direito de reclamar me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Não é hora de se importar com as crianças e adolescentes, nem com a exploração do trabalho infantil, nem com falta de políticas públicas, nem com abusos, nem com processo de formação. A partir de agora crianças e adolescentes devem ser tratados feito adultos formados, mesmo não tendo formação devem cumprir os mesmos deveres, devem trabalhar ao invés de estudar, não é prioridade estudar, podem começar no trabalho já aos quatro anos de idade, que é para aprender como a vida é, devem ser punidos como os adultos, devem ser colocados dentro do mesmo sistema carcerário falido que os adultos frequentam, independente das oportunidades que essas crianças e adolescentes tiveram, eles obviamente tinham várias opções de crescerem meninos de bem, meninos e meninas honrados, prontos para alcançarem o mesmo sucesso de meninos e meninas de classe média alta conseguem morando em seus apartamentos, estudando em escolas particulares, fazendo várias viagens, se não tiverem é simplesmente por que não querem. Ao invés de políticas públicas para resgatar os jovens, políticos devem votar leis que reduzam a maioridade penal, quanto antes preto e pobre ser tirado de circulação, melhor. E não ter esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
E por fim, não é hora de se importar com todos os deficientes que morreram sem nunca serem apresentados a sociedade, por vergonha, por serem marginalizados, demonizados, que por anos passaram escondidos, sem usufruir dos mesmos direitos. A partir de agora acabemos com as APAES, com as políticas de inclusão e de acessibilidade, que os deficientes voltem para seus quartos fechados, escondidos, abandonados, sem direito a estudar, sem direito a socializar, sem direito a viver. E não ter esses direitos me parece muito justo, afinal de contas, quem acha que tem direitos demais, não merece ter direito algum.
Os direitos humanos está atrapalhando o direito do opressor, o direito do agressor, o direito do preconceituoso, o direito do privilegiado, o direito do machista, o direito do latifundiário, o direito dos heteronormativos, o direito do sinhozinho, o direito do dono da propriedade privada e dos meios de produção, o direito dos patrões, o direito pelo discurso de ódio, o direito aos espancamentos, aos assassinatos, aos extermínios, as chibatadas. Os direitos humanos estão acabando com a supremacia branca, heterossexual, patriarcal, monogâmica, misógina, poderosa, elitista que foi conquistada a muito custo, muito suor, e muito sangue, de quem nunca deveria ter direitos.

São direitos humanos demais!

E eu quero ainda mais!

sexta-feira, 6 de março de 2015

Estado de Demência Coletivo


Ontem, marquei como de costume, horário no salão de cabeleireiro, corto o cabelo mensalmente no mesmo lugar, e essa ação corriqueira estabelece para mim um estado de normalidade.
Como de costume, me desloquei ao trabalho, executei minhas tarefas de rotina, preparei aulas, realizei o horário de café, confraternizei com amigos de trabalho, e tudo isso caracteriza um estado de normalidade.
Dia desses, estive na fila do banco, mensalmente de alguma maneira alguma fila tem que ser enfrentada para efetivar o pagamento das contas, e tudo isso reflete um estado de normalidade.
Semanalmente abasteço minha moto, meio de locomoção para trabalhar, e para diversas atividades diárias, vou até o posto de gasolina, peço que complete, e tudo isso corrobora com um estado de normalidade.
Na atualidade, verificamos diariamente, e-mails, notificações de aplicativos, como Facebook, WhatsApp, entre outros, que nos servem como meio de comunicação e meio de informação, e tudo isso simboliza diante da conjuntura, um estado de normalidade.
Faz parte deste estado de normalidade enfrentar filas em supermercados, encontrar pessoas e ouvir conversas.
O país há tempos estabeleceu-se como democracia representativa, e a cada 4 anos a população tem de eleger um representante, este modelo político dentro daquilo que está estabelecido demonstra um estado de normalidade.
Existe pelo mundo a fora, uma porção de guerras intermináveis, das quais não conseguimos ter qualquer compreensão da totalidade, e isso, configura um estado de normalidade.
Sabemos que uma porcentagem mínima da população concentra toda a riqueza do mundo, e que por mais que se madrugue diariamente para trabalhar honestamente, jamais se fará parte dessa porcentagem, e isso faz parte da normalidade.
Sabemos que a educação nunca foi vista como investimento, e sempre esteve a serviço da ideologia dominante, e quanto mais ignorante a população, mais fácil o controle da massa, mas isso, define um estado de normalidade.
Produtos e marcas são humanizadas e ganham mais importância que o próprio homem, o homem é coisificado, se torna um produto pronto a ser consumido, há tempos isso traduz-se em estado de normalidade.
As mulheres ainda são assassinadas e estupradas pelo simples fato de serem mulheres, e isto estabelece um estado de normalidade.
Os negros jogadores de futebol no século 21 são chamados de macacos como forma de “brincadeira”, mas isso tudo reforça este estado de normalidade.
Gays e travestis são mortos, expulsos de casa, marginalizados, viram piadas em programas de TV, simplesmente para certificar-se do não rompimento com o estado de normalidade.
Terreiros, religiões afro-brasileiras são marginalizadas e atacadas pelo lobby dos fundamentalistas religiosos, sempre mantendo este estado de normalidade.
Os cristãos/evangélicos em pleno século 21 buscam evangelizar os índios, matar a diversidade cultural, e este é o estado da normalidade.
Poucas Famílias são donas de terras infinitas, pastos infinitos, gados infinitos, eucaliptos infinitos, enquanto milhares de famílias sequer tem onde morar, e quando se amontoam em algum lugar, o poder público efetivamente trata de restabelecer a reintegração de posse, e enquanto a isso, nada fora de um estado de normalidade.
A TV nos diz o que temos que vestir, o que temos que comer, como devemos agir, quais ideias devemos seguir, e mesmo sabendo que TVs são empresas, e que empresas são pagas, e que só quem tem muito dinheiro pode dizer o que a TV pode dizer, continuamos a acreditar inquestionavelmente no que a grande mídia tem a nos dizer, e isso só reafirma, tudo está no seu perfeito estado de normalidade.
Sabemos que a democracia representativa sempre foi um alívio aos que se enojam dos assuntos políticos, dos que sentem asco de entrar nesse tipo de discussão. Poder dar a procuração a outra pessoa para decidir tudo que há de mais importante em nossas vidas não é nada mais que um estado pleno de normalidade.
Pessoas dispostas a defender o sistema capitalista, como se fosse um sistema enviado direto dos anjos gabrieis depois do toque da corneta divina, sem sequer saber da sua origem e da sua evolução, configura ainda um estado de normalidade.
Apoiar-se na ideia dos EUA enquanto herói do planeta, bem como se retrata nos filmes de Hollywood, compreende-se como estado de normalidade.
Ignorar a linha histórica, o passado, os fatos que desencadearam a atualidade como ela é hoje, emblematicamente solidifica este estado de normalidade.
Este estado de normalidade entra em colapso toda vez que surge no horizonte numa visão desfocada, a possibilidade da compreensão de que o estado de normalidade, não é de fato a realidade concreta. Todas as vezes que o estado de normalidade se encontra ameaçado ele reproduz milhares de realidades, e assim conserva a sua essência.
Em síntese, aquela fila de banco, aquela fila de supermercado, aquele horário no cabelereiro, aquela confraternização com os amigos de trabalho no horário do café que não passava de um simples “será que chove?” em seu estado de normalidade, transfigura-se e torna-se desde corrupção na Petrobras, até golpe comunista via corrente de WhatsApp. O estado de normalidade para se manter enquanto tal, precisa de um colapso, uma espécie de Estado de demência.
Este estado de demência em suma se dissolve no imaginário social anteriormente já estático e apático do estado de normalidade reverberando numa espécie de movimento massificado sem direção. Um monstro desorientado, que encontra mormente orientação de seu criador, o Frankenstein do status quo.
Este monstro em suas crises epiléticas pede impeachment, pede intervenção militar, pede intervenção dos EUA. Este monstro em suas crises dissemina boatos de guerras civis, compartilha terror, aterroriza-se a si próprio. Este monstro muito bem orientado, tem arrepios com tudo que possa simbolizar o fim do imperialismo e do colonialismo. Este monstro subserviente ao capital sofre das suas mazelas em estado de normalidade, contudo em seu estado de demência pegaria em armas para defende-lo. Este monstro escarnecido, habita a pele dos mais vitimados pelo sistema, este monstro costurado feito tapete de retalhos é um amontoado de todo tipo de gente, o estado de demência não perdoa, não se comove, percorre as mentes mais brilhantes das ciências exatas, até os mais desprovidos de conhecimento, diga-se de passagem, desprovidos por que assim o sistema quer.
Em estado de demência, formam-se filas gigantescas diante do “fim da gasolina”.
Em estado de demência, enchem-se carrinhos no supermercado.
Em estado de demência promete-se uma multidão as ruas pelo impeachment de uma presidente que acabou de ser eleita democraticamente dentro dos conceitos de democracia que o sistema permite.
Em estado de demência, mandar-se-ia comunistas, socialistas e anticapitalistas para o corredor da morte.
Em estado de demência, dia do orgulho heterossexual, redução da maioridade penal, e revogação da lei de desarmamento, alimentam o monstro.
Em estado de demência, a militarização de grupos evangélicos, e a formação de “gladiadores do altar”, matam a sede do monstro.
Em estado de demência, não se sabe se o estado de normalidade pode ser considerado um monstro adormecido, sempre disposto  a servir quando solicitado, ou se enquanto estado de demência pode ser a possibilidade de uma catarse rumo a revolução.

Mas por enquanto, só estado demência, e nada mais.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Impeachment? Não obrigado, tenho mais o que fazer.


Estamos vivendo um momento histórico muito esquisito, pra não dizer bizarro. É estranho que o movimento de oposição que clama por mudanças e que pretende sair as ruas para derrubar o poder, esteja avolumado de gente que sempre odiou o “panelaço”, nunca apoiou manifestações, sempre achou uma besteira tudo isso de reivindicar os direitos no grito, e sempre apoiou descer o cassetete em manifestantes. Pra mim é uma experiência nova! É fato que a direita e a esquerda sempre disputaram a massa. A massa é aquele volume morto, despolitizado, em cima do muro, que ora cai pra um lado, ora cai pro outro. Eu sei que muita gente acha anacrônico tratar a atualidade com direita e esquerda, eu discordo, por que eu entendo direita e esquerda como conjunto de ideias. Ninguém escolhe ser de direita ou de esquerda, a gente se enquadra de acordo com nossa visão de mundo, nossas ideias e atitudes. Mas a massa na verdade não é uma coisa, nem outra, a massa é moldável, manipulável, pode ser o que a gente quiser. Mas a disputa pela massa é uma disputa injusta. Por mais que exista liberdade de imprensa, e que tenhamos por ai blogs, paginas e até jornais de esquerda, como seria justo num modelo de sociedade capitalista que meia duzia de blogs de esquerda com pouquíssimo alcance de público possa competir com jornal nacional, revista Veja e enraizamentos, toda uma programação de direita, desde o jornal da manhã, até o jornal da madrugada, esvaziando qualquer mente pra ocupar com o que há de mais vil, a cultura hegemônica, a cultura burguesa. Já ouvi esquizofrênicos enlouquecidos a bradar que as escolas públicas viraram local de doutrinação marxista. Quem me dera! A escola pública no Brasil vem a mais de 500 anos doutrinando para o modelo de sociedade capitalista, para a cultura hegemônica, a cultura branca, cristã, no modelo do patriarcado, e toda e qualquer possibilidade de fazer ao contrário de tudo isso, eu espero em Oxalá que seja feito. No entanto, a massa tende a reproduzir os discursos hegemônicos transmitidos pelos meios de comunicação que estão a serviço da manutenção deste modelo, e neste modelo, ideias de direita são as ideias que movem o mundo e que ditam as regras. Hoje no Brasil, o que temos é uma suposta oposição pedindo por mudanças com ar de transformação, uma espécie de panaceia para a moral e os bons costumes, e um poder que a massa julga ser a esquerda, e como esquerda, de acordo com os instrumentos de comunicação dos quais a direita é dona, não quer dizer uma coisa boa, a massa segue em bloco marchando pelo fim da ditadura comunista no Brasil, e não é a toa que há quem queira que a ordem e o progresso sejam restabelecidos pelos militares. Nessa confusão toda, a esquerda, que não é o PT e que não esta no poder, acho que perde até o rumo, não sabe se confirma presença no evento do Impeachment da Dilma e veste a bandeira do Brasil pra protestar pra aproveitar a onda, não sabe se entra muda e sai calada, não sabe se dá, não sabe se desce. Quer dizer, a esquerda que não é o PT acaba por vezes tendo que reproduzir o mesmo discurso da direita em relação a um um suposto poder de esquerda. Sim, é de se perder o fio da meada. Enfim, eu não apoio de maneira alguma um golpe de estado, o impeachment da Dilma é um golpe orquestrado sem sombra de duvida pelos meios de comunicação que tem como donos a direita. Isso não quer dizer que o governo da Dilma seja de esquerda, isso quer dizer que por mais que o governo do PT tenha se tornado aquilo de mais vil que paira sob os partidos de direita, o PT ainda é um entrave para o projeto da direita no Brasil. E se o PT ainda é um entrave para a tomada do poder pela direita, prefiro o mal lavado pseudo esquerda PT, do que o sujo (restante dos partidos, tirando PCO, PSOL e outros de esquerda). O partido dos trabalhadores que virou sinônimo de corrupção no Brasil graças ao jogral interpretado pelo Bonner e Patricia Poeta, na verdade não reproduz nada de diferente daquilo que a classe dominante faz cotidianamente desde sempre. Eu não quero uma suposta esquerda no poder, assim como não quero a direita assumida. Minhas ideias são esquerdistas, gayzistas, abortistas e libertárias, tô longe de estar em cima desse muro.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Eu fali, eu falhei.



Hoje é um dia triste, amanheceu nublado o meu penar, o meu olhar. Amanheceu chuvosa as minhas expectativas, as minhas ideias, os meus sonhos. E isso não tem absolutamente nada a ver com o outro, pelo contrário, diz respeito a mim. Eu sei, parece egoísmo, no entanto, apesar de ter aprendido tantas coisas nos últimos anos, percebi que junto a estes conhecimentos, adquiri uma visão de mundo que me torna incapaz de tomar certas atitudes, de voltar atrás em certas relações. Eu não posso mais me preocupar com o outro por que há tempos não me preocupo comigo mesmo, eu sei parece egoísmo, no entanto faz tanto tempo que venho misturando o caos pessoal que é a minha vida com o caos social, com o caos que anda a humanidade, e isso tem me feito mal. Eu tenho andado distraído, eu tenho gostado de coisas que não combinam com o moderno das relações humanas, eu tenho estagnado. Acho que de tanto teorizar, acreditei que na prática eu seria infalível, doce ilusão, eu fali. Eu falhei como poeta, como romântico, como irônico, como escritor, eu falhei como amigo, como filho, como irmão, eu falhei com o que eu defendo, eu falhei com o que eu ensino, eu falhei com o que eu aprendo. Falhei ao falar de amor como quem sabe do que esta falando, entretanto não sabe nem como ligar. Eu falhei ao fazer rimas e ser sensível nas palavras gerais, por não conseguir transmitir essa sensibilidade para minhas relações reais, concretas. Eu falhei por acreditar que eu era capaz de me comover com a minha própria história, de chorar pelos meus próprios problemas, quando na verdade, me comove mais a historia vivida pelos outros.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Oxigênio


Que penetre em minhas vias mentais
Que infle minhas carótidas cognitivas
Que pulse o sangue,
Oxigene minhas ideias
Transforme minhas duvidas em motivações
A exalar as frustrações carbônicas,
Dispensáveis.
Inunde dentro de mim,
Faça transbordar a vontade de lutar
Oxigene o senso de justiça
E mate em mim a banalidade
A naturalização de tudo isso.
Oxigene a tomada de partido
O posicionamento, a busca por conhecimento.
E não me deixes cair em alienação.
Inspire-me a regozijar da revolta e rebeldia
Do pensamento contrario
E contraditório.
De estar fora da ordem
De refletir sob a desordem.

Oxigene-me. 

domingo, 14 de dezembro de 2014

A nova Sarandi e a segregação socioespacial financiada pelo Estado.



A segregação socioespacial é um dos principais aspectos que caracterizam as grandes metrópoles , mas também pode ser vista nas metrópoles menores e até em pequenas cidades que seguem a mesma lógica, um exemplo claro dessa segregação no espaço urbano é a cidade de Maringá, com seus bairros nobres e seu novo centro. O fenômeno da segregação socioespacial, entendido dentro da lógica capitalista contraditória, configura-se pela apropriação dos melhores espaços da cidade pela minoria rica e o afastamento da população de baixa renda para os espaços mais precários e desqualificados da cidade. Assim, a segregação socioespacial reflete as desigualdades econômicas, sociais e de classe características do sistema capitalista, influenciando nas formas de ocupação residencial, na oferta de serviços e na infraestrutura.

Nesse sentido, o principal meio encontrado pelos menos favorecidos para satisfazer a necessidade de moradia é a autoconstrução, que reflete o descaso do poder público no investimento de infraestrutura e serviços, implicando em condições de moradia indignas e precárias. Sendo assim, o Estado atua como um dos principais agentes segregadores, atuando em favor dos interesses dos capitalistas, em detrimento dos interesses da população pobre. O Estado, como agente legal do direcionamento da habitação de acordo com as classes sociais, favorece os interesses das classes altas, inviabilizando o acesso das melhores áreas da cidade às classes menos favorecidas e omitindo-se em relação aos principais problemas dos espaços periféricos de habitação. Além disso, vale destacar outra ação segregacionista do Estado, com a construção de conjuntos habitacionais populares em lugares distantes do centro da cidade, com oferta precária e insuficiente de serviços básicos à população, como ocorreu em Maringá com a construção de Conjuntos Habitacionais extremamente distantes do centro da cidade e da infraestrutura oferecida pelo poder público.

Outro importante agente segregador é o proprietário fundiário, que tem interesse no aumento do valor de troca da terra e para isso pressiona o poder público para o investimento em infraestrutura, em troca do aumento dos impostos cobrados. Assim, é notável a articulação e a ação conjunta desses dois agentes que colaboram, fundamentalmente, para a segregação socioespacial.

Outro ponto não menos importante é identificar diante desse modo de organização urbano social, como o poder público esta a serviço não da população, mas sim das empreiteiras, das loteadoras, das grandes industrias, e dos grandes empresários, bem como a serviço dos próprios interesses.

No caso de Maringá, temos claro e límpido como a água jorrando da fonte com a chegada do fim de ano, como a segregação sócioespacial é gritante. O poder publico investe consideravelmente no embelezamento do centro da cidade e dos bairros já ocupados pela classe mais abastada de Maringá. É possível verificar na segurança massiva no centro com a circulação constante de policiais, nos canteiros e flores maravilhosas que enfeitam essas partes especificas da cidade, na limpeza, na condição do asfalto sempre impecável, nos eventos oferecidos, enfim, o dinheiro é injetado numa única parte da cidade, no entanto ele é arrecadado igualmente de todos os habitantes da cidade, não existe taxação das grandes fortunas. Enquanto isso o morador dos bairros periféricos, caso queira se beneficiar de toda essa beleza de fim de ano, pelo menos temporariamente já que jamais terá condições de morar no centro da cidade muito menos nos bairros nobres, este, tem que se deslocar do seu bairro até o centro da cidade onde se concentram os grandes investimentos em infraestrutura, que valorizam significativamente os proprietários de terrenos, estabelecimentos, imóveis que se localizam nesses locais. Os canteiros de Maringá, não são para os moradores de Maringá, pelo menos não para todos.


E nesse mesmo sentido vem esse projeto da nova Sarandi, como um modelo de organização socioespacial segregacionista, que ignora as mazelas de uma Sarandi já existente para beneficiar os interesses de um pequeno grupo que tem muito a ganhar, com esse novo espaço, que antes mesmo de existir já vale um bom dinheiro. Se realmente houvesse o interesse em beneficiar a população de Sarandi, os investimentos deveriam ser obviamente destinados a Sarandi que já é uma realidade, e não numa ideia de uma nova e distante cidade. Se toda essa infraestrutura, se todo esse projeto, se todo esse planejamento fosse com o objetivo de revitalizar a Sarandi que já existe, valorizando quem já tem suas moradias há anos, quem já tem seus comércios há anos e que há anos sofrem com a precarização do serviço público, eu acreditaria nesse projeto. Mas se esse projeto esta sendo idealizado para um espaço vazio, distante do espaço que já é uma realidade, quer dizer que esse projeto não é para o morador de Sarandi, esse projeto vai de encontro aos interesses das loteadoras, de grandes empresários, de gente com bala na agulha para estar se apropriando dessa nova Sarandi que vai receber toda a infraestrutura que a velha Sarandi não tem, sem deixar escapar o detalhe, de que o dinheiro utilizado para isso, vem do contribuinte da velha Sarandi. Desta forma os moradores reais de Sarandi não podem corroborar com essa ideia de nova Sarandi, já que esta não é para os mesmos. Não importa o quão o discurso seja bonito, não importa o quão o discurso nos diga que a nova sarandi vem no sentido de melhorar também a velha Sarandi, Mentira! A ordem jamais deveria ser essa, primeiro a nova e consequentemente a velha, muito pelo contrário, primeiro deve-se organizar e se investir no que já existe, e se for necessário a expansão que isso ocorra naturalmente, e não forçadamente com interesses espúrios de se auto beneficiar como vem fazendo há tempos a administração liderada pelo prefeito Carlos de Paula junto com seus vários comparsas.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

COMUNIDADE ESCOLAR DE MARINGÁ: O CURRAL ELEITORAL DOS BARROS

Os professores, pedagogos, supervisores e diretoras da rede municipal, em sua grande maioria vem reproduzindo um discurso que vem da esfera federal, mais especificamente no congresso nacional. É o discurso que assume um conceito vazio de democracia. Não sabemos por parte dos servidores se é má-fé, ou se a reprodução do discurso parte da total alienação no que diz respeito ao entendimento sobre os conceitos reais de democracia. Esse discurso tem como base de sustentação a democracia representativa, como única via da democracia. O discurso reproduzido na esfera municipal sobre democracia, no caso da reivindicação da volta das eleição de diretores para as escolas tem se pautado na democracia enquanto mera procuração cedida aos vereadores e prefeito na tomada de decisões políticas. No entanto esse conceito de democracia é tudo aquilo que abominamos diariamente, quando pedimos para ter voz, quando pedimos para sermos ouvidos, quando reiteramos que temos direitos de decidir e de participar das escolhas que nos cabem, quando achamos que as politicas publicas não estão sendo concretizadas, então, ainda no que tange a democracia representativa, essa representação não pode ser uma procuração em branco avalisando quaisquer decisões que sejam tomadas pelo prefeito ou pelos vereadores, e no ambito federal pelos deputados e senadores.
No próximo dia 18 de novembro os servidores municipais de Maringá farão uma paralisação decidida em assembléia. Não meus caros, a paralisação não caiu do céu, não brotou do chão, como muitos desavisados acham, ela foi decidida por um grupo de servidores que resoveu tirar a bunda do sofá de casa e se encaminhar até a camara de vereadores para se enpoderar dos seus direitos. Foram poucos, mas o suficiente para decidir. Com a decisão da paralisação o que tem se visto no cotidiano escolar é o terrorismo barato tipico da família Barros e tipico deste modelo nauseante de manutenção do poder do qual se utilizam os piores politicos. Sim, é da Família Barros que estamos tratando, o Pupin, e a grande massa volumosa de vereadores deste municipio rezam a cartilha barrosa. Essa cartilha faz parte justamente de um conjunto de ações que certificam a manutenção do poder nas mãos da família Barros, seja por eles diretamente ou por laranjas, como o Pupin, e não obstante, outros que vem com uma tentativa sórdida de se desenhar no cenario enquanto oposição a tudo isso, como vem fazendo convenientemente o presidente da camara de vereadores de Maringá, Ulisses Maia. E nessa linha como fazem estratégicamente outros vereadores que ora se dizem estar com o povo, ora votam contra o povo. Contradições, muito hegemonicas eu diria.
Esse terrorismo, ou perseguição no ambito escolar, do qual eu faço parte, mas que pode ser relatado por outros servidores em outros ambitos de diferentes maneiras sobre a decisão de paralisar na próxima terça só é possível por que a administração fez muito bem o dever de casa, com o cerceamento da participação democratica nas decisões politicas, cada vez mais estamos sujeitos e submetidos aqueles que indicados pela admistração seguem como capatazes aterrorizando em nome de uma falsa democracia o direito dos trabalhadores de se mobilizar e de reivindicar melhores condições de trabalho. Por isso, a campanha e a paralisação pode ser pelo vale alimentação, mas que fique claro, essa paralisação deve fazer parte de algo muito maior, que é a retomada da participação popular nas decisões politicas da nossa sociedade. Se tivessemos o direito de eleger a direção das escolas garantidos, hoje não precisariamos estar submetidos ao envenenamento terrorista plantado contra os servidores, a fim de intimidá-los, de coagí-los, caso paralisem.

O que temos hoje nas escolas municipais de Maringá, são professores em sua maioria cada dia mais emburrecidos, alienados, conformados, que se justificam de todas as maneiras possíveis para desviar-se do dever de lutar pela redemocratização das escolas, e por melhores condições de trabalho, inclusive na questão salarial. Professores que alegam que já lutaram demais, e que nuca obtiveram sucesso; outros amedrontados com a coação da administração, outros dizem ter outras coisas para fazer, como se todas as outras coisas tivessem mais importância que a participação popular na construção de uma real democracia, isso por que resolvi nem mencionar que existe uma outra via democratica além da representativa, que é a democracia participativa, que exigiria muito mais dispendio de energia do povo. Mas o povo tá tão cansado não é mesmo, que dar procuração em branco anda parecendo uma boa opção. Professores e comunidade, preciso alertá-los, os sorrisos matinais e vespertinos das diretoras nas escolas na hora da entrada, são milimetricamente calculados e decididos politicamente por quem quer manter a educação enquanto grande curral eleitoral, é estratégico, não deixem se enganar por esse entendimento abominável de democracia que tentam efiar goela abaixo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O RANCOR DA BANCADA CONSERVADORA, E O ATAQUE A PARTICIPAÇÃO POPULAR TRAVESTIDO DE ÓDIO AO PARTIDO DOS TRABALHADORES.


As eleições se findaram, contudo os ataques aos direitos civis vem se intensificando dentro do congresso nacional com o aval dos separatistas e antipetistas que se alastram com um ódio rançoso em terra brasilis, como quem acaba de chegar da monarquia portuguesa no ano de 1500. Posso sentir o cheiro fétido, dos cavalos e carruagens, trazendo todo o colonialismo mais vil.

Estamos lhe dando com um congresso vingativo, conservador, aristocrático, truculento, cínico, escravocrata, que se empoderou ainda mais de suas bandeiras fascistas, autoritárias, antidemocráticas e raivosas depois das eleições de 2014. Esse empoderamento se deu pela oxigenação do ódio irracional a candidata Dilma e ao partido dos trabalhadores. Esse ódio foi inflado de todas as maneiras possíveis, como vem sendo desde sempre, e com o governo do PT se mantendo no poder, a irracionalidade, a brutalidade deve ser avalizada pelo povo que preencheu seus próprios esvaziamentos de um ódio, muito fortemente ligado aquilo que podemos chamar de ideologia da classe dominante.

Assim, como primeira ação do congresso nacional, tivemos o veto ao decreto 8243 que institucionaliza uma política que já existe e aprofunda a democracia na medida em que aproxima a sociedade civil e o Estado. A presidente Dilma Rousseff assinou, no último dia 21, um decreto que institui a Política Nacional de Participação Social. De acordo com o decreto “fica instituída” a política, “com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil”.

A priori, estamos falando de modo resumido da transição da democracia representativa que reproduz propositalmente e muito convenientemente uma comodidade na sociedade civil, que ao se ver representada por meia duzia de parlamentares, e ignorante ao tema política se abstêm completamente do seu poder de decisões dentro daquilo que é mais importante na organização social e politica, para uma tentativa embrionária da democracia participativa, que possibilitaria um maior poder de decisão ao povo, ou seja, uma mudança significativa na forma de fazer política, mesmo que ainda mantendo as relações e condições dadas da realidade concreta, de uma sociedade capitalista.

Nas redes sociais se referindo ao veto no congresso nacional, Antonio Imbassahy disse:

Vitória da democracia!
Acabamos de derrotar na Câmara dos Deputados, o decreto bolivariano da presidente Dilma, que retira do Congresso Nacional atribuições constitucionais transferindo-as para 'conselhos populares'. Ao impedirmos que o voto de cada eleitor brasileiro valha menos que uma cantada da presidente, demos um claro sinal para Dilma e o PT: o Brasil não aceita o chavismo da Venezuela e não vai se submeter ao autoritarismo repudiado por mais de 50 milhões de brasileiros que nas urnas do ultimo domingo fizeram sim as mudanças.”

É preciso se atentar para as estratégias sórdidas de ganhar o aval da população até mesmo quando se trata de uma ação que significa um claro ataque aos direitos civis e a participação popular nas decisões politicas do país. Os jargões mais utilizados na atualidade pela classe burguesa, são “bolivariano” e “chavismo”, e em conjunto com toda a estrutura organizacional da classe burguesa, dentre elas o monopólio da comunicação, nos vemos a mercê da reprodução de idéias idiotizadas e descoladas da realidade na tentativa de explicar o que é uma clara tentativa de pulverizar o partido dos trabalhadores do cenário politico. Dá-se todo dia essa tentativa com capas da Veja, da Isto É, da Época, do Jornal Nacional, da rede Globo e suas filiadas como um todo.

Justifica-se o veto ao decreto, com uma possível ditadura petista, onde movimentos sociais institucionalizados teriam mais poder que o próprio congresso, como o MST, a UNE, e outros movimentos sociais que seriam encabeçados por militantes do PT, o que é tão pernicioso quanto a disseminação indiscriminada e esvaziada dos termos “chavismo” e “bolivarianismo”, numa clara tentativa de justificar o injustificável. Numa falta abissal de compreensão de que os movimentos sociais, somos nós, são aqueles “partidinhos” de esquerda que vocês odeiam, aqueles que vivem batendo panelas e brigando por direitos, que vivem diariamente nas ruas, infernizando a vida dos políticos, justamente com a intenção de participar da vida politica do país. Agora se você acha que eles são encabeçados por militantes do PT, tire essa bunda gorda do sofá e vá militar nos movimentos sociais, quero ver quantos dias você aguenta.

Me permito, repetir, vocês são com toda certeza uma porção de ABERRAÇÕES COGNITIVAS, reproduzindo feito papagaios coisas das quais não tem o menor conhecimento, falam de inflação, de dólar, de recessão, de economia, como se fossem peritos, mas não fazem mais nada do que repetir aquilo que os donos das mídias transmitem incessantemente como alimento do ódio e do rancor ao partido dos trabalhadores, que sim faz todo tipo de concessão para se manter no poder, mas faz concessões que fique claro, a justamente aqueles que estão no poder, aqueles que são a própria concessão.

O partido dos trabalhadores carrega consigo o ranço do socialismo, o ranço do golpe comunista, e apesar de não ser absolutamente nada disso, deve servir como exemplo para nós que lutamos pelo socialismo. Esse ódio produzido e enlatado pela burguesia contra o partido dos trabalhadores, é um ódio a toda ideia socialista, é um ódio a toda ideia de revolução e de inversão da piramide social. Hoje é um ódio dessa pseudo e enfadonha esquerda, o PT, mas só por que ela se tornou visível e importante no cenário politico, no entanto, qualquer que seja a esquerda que sair do submundo, da invisibilidade, dos guetos, dos movimentos sociais, será criminalizada, será vitima brutal desse ódio irracional inflado e oxigenado cotidianamente no imaginário social.




domingo, 27 de abril de 2014

Uma pedra, um abismo.



Já passou algum tempo, desde a ultima vez que me vi, e hoje não me reconheço entre as relações, e já não me reconheço nas linhas escritas. Estranho que por um período as mesmas linhas definiam meus traços e afagavam meus infortúnios, como um colo de mãe, como um ombro amigo.
Hoje compartilho comigo mesmo pensamentos difusos e embaralhados, que me lembram somente aquilo que já foi, mas não delineiam uma espécie de futuro real, concreto. O hoje é uma pedra enorme a beira de um abismo que se equilibra quase que contrariando as leis da física. Pesada demais pra sair do lugar, insegura demais para se deixar cair na imensidão.
Se deixar cair, ou manter-se inanimado são questões estruturantes no que tange a auto percepção, um olhar a si mesmo de fora do corpo, sem ser notado. Perceber-se enquanto protagonista de sua própria história, torna-se frustrante, quando a normalidade cerceia as possibilidades, tornando o todo uma pilha de estilhaços, impossíveis de voltarem a ser, aquilo que já foram.
Ser o inteiro que eu sinto como diria “O teatro Mágico” exigiria não só de mim, mas de todo o resto. E todo o resto está tão despreparado quanto eu, pra compreender a totalidade. A realidade esta sendo compreendida de modo fragmentado, numa série de factoides confusos, misturado com um emaranhado de informações, opiniões e visões de mundo distorcidas pelo modelo social construído historicamente.
Parafraseando novamente “O teatro mágico”, o que eu tenho feito pra tentar ser ouvido, é justamente não dizer nada, é deixar um pouco do silêncio dizer por mim, “Pra dizer às vezes, que às vezes não digo”. Mas a maioria já perdeu qualquer sensibilidade de ler o outro, de estudar e compreender o outro, e de certa forma, essa insensibilidade vem me contagiando, como uma doença feroz que toma todo corpo, que afeta a alma, que corrompe o coração.
O que reflete no outro é o egoísmo exacerbado, um desejo insano de autoafirmação recorrente em todos os meios. Todos estão esperando sua vez de expor fatidicamente suas neuroses, suas crises, seus devaneios, em contrapartida se recusam previamente a ouvir tudo aquilo que não seja sobre si mesmo.
Esse conjunto de incompatibilidades com o resto do mundo me fixa ainda mais a beira do abismo, e inerte, sinto o frio na barriga a cada vento que sopra me empurrando em direção ao nada. O nada pode ser tanta coisa, como pode ser coisa alguma. Mas ao olhar para trás, o lado oposto do abismo, o ponto estável do passado uma espécie de náusea me tonteia, me deixa sem norte, e me faz ter cada vez menos desejo de falar.

No entanto, como diria Milton Nascimento “Estou só e não resisto, muito tenho pra falar”, e todo esse falar vem inflando no peito, seguido do medo e do desejo de voltar. Calar todas as angustias e todos os anseios, quando já se calam tantas outras confusões, é como um injeção letal, uma morte silenciosa, uma morte esperada, sem enterro nem nada.

domingo, 3 de novembro de 2013

Padrões

Não vamos reparar no tempo, não tenho argumentos pra tanta indecisão.
Nem tempo, tenho tanto medo, de chegar bem perto.
De certo estou na contra mão.
Eu tive no padrão do tempo,
Um padrão isento de uma solução.
Não vamos reparar no rótulo, não tenho nenhum caso inóspito, desinformação.
E quem dirá que toda essa causa, não merece atenção?
E quem dirá que todo esse tempo, paradigmático estava na dissolução.
Em passos largos, regredindo em fatos.
Discutindo em atos, o que não tem discussão.
Já cansei desse formato, tão quadrado, perfurado.
Não cair em tentação, já não vale mais a pena.
A minha oração, a minha oração.
É pra que ninguém ore mais por mim.
Creia tanto assim, que o mal e o bem,
São coisas tão distintas
Tão maniqueístas.
E dentro de mim, existem tantas vidas.
Vidas desmedidas, sem padrões, confusões.
Assim, o tempo do padrão, não me é solução.

E nunca quis dizer, nada.

domingo, 21 de julho de 2013

Uma pena que não plana


Já parou pra pensar quantos lugares que nos dizem livres, que nunca fomos e nunca sequer sentiremos o aroma, não saberemos das suas curvas, das suas depressões, das suas cores, das suas histórias?
Quantas histórias não vividas sonhadas caíram na imensidão frustrante da falta de tempo, da falta de chances, da falta de tato?
Quantos filmes tristes foram motivos de choro, de um soluçar constrangedor por não entender como um filme pode lhe emocionar mais do que sua própria vida?
Já pensou em toda imensidão de coisas e pessoas que jamais conhecerá e que jamais tocará, as quais com imensa reciprocidade nunca saberão da tua existência?
Hoje eu pensei em toda essa mágoa contida, que extravasa no vazio de uma historia que não é a minha, contada num outro lugar, onde daqui, enquanto expectador, de olhos lacrimejados, insisto no sonho de protagonizar o meu próprio enredo.
Há tempos a inquietude acompanha meus passos, distorce minhas certezas, contradiz meus argumentos, e me faz ter vontade de expressar-se. Há pouco tempo que uma força estranha e desanimadora tem bloqueado até mesmo que a inquietude em mim, seja combustível para continuar, na única certeza que eu achava que tinha.
Deste modo, o mundo em que vivo, e que já se desconstruiu inúmeras vezes diante dos meus olhos, agora me parece inerte, e não corresponde ao meu pulsar, o meu pulsar não corresponde ao meu querer.
O mundo, dentre todas as possibilidades de fragmentação, me causa a sensação de permanecer em um estado de deslocamento, ou ainda de descolamento, entre o real, o concreto, e as ideias. E por permanecer neste conflito é que me pergunto, o quanto deixei de crescer por não tomar da mesma dose e do mesmo remédio que tomam os normais, que se sentem livres todos os dias.
Aqui, nesta prisão, eu nunca entendi de fato como é ser livre. O conceito de liberdade se apresenta desfocado, quase esmaecendo diante da minha compreensão vazia e tardia.
Não é poesia, é falta dela. Não é lamentação, é não ter pelo que lamentar. É a tentativa em vão de sair de si e das suas angustias, num voo ampliado em busca de entender o mundo e sua totalidade, e não entender coisa alguma, voltar-se mais uma vez para si, e sentir pena. Uma pena que não plana.

Assim vai se construindo uma reticência cíclica, uma historia confusa e estática. Muitas vezes uma historia que parece ter movimento, e que no entanto permanece sempre no mesmo lugar.

domingo, 5 de maio de 2013

Quarteirão



Ele era pequeno e o seu mundo era um quarteirão
Desenhava ruas na sua mesma rua,
Cidade era o calçadão.
Não havia prédios, só os que via na televisão.
Na sua rua havia tantas pessoas
Algumas delas quase boas
Outras tinham seus mistérios
Seu medo eram cemitérios
Pessoas mortas e a escuridão
Era criança, era infância de ilusão
Tinha amigos, só os vícios que não eram bons
Ele vivia tão sozinho, mas tinha um irmão
Seus pais não eram tão distintos
Saiam cedo pelo portão
Seu dia era de um menino só
Menino de rua na contra mão
O dia demorava a passar
E a páscoa depois do carnaval
Era o medo do que era mal.
Ele era pequeno, e o seu mundo era o seu quintal
Imaginava uma moto
E uma pedra era o teu pedal
Descalço acordava com os pássaros
E a cada dia um espaço sideral.



sábado, 13 de abril de 2013

Redução da maioridade penal, coisa de boçal.



A rede globo é tão óbvia na sua canalhice em manipular a opinião pública, que se a opinião pública tivesse um pingo de vergonha na cara, não chafurdava na própria merda.

A emissora claramente seguindo a linha de reprodução dos ideais hegemônicos burgueses, não faz qualquer questão de esconder o seu desejo de manipular a opinião da plebe, revestida do desejo internalizado de se encaixar no quadro paternalista, heteronormativo e eurocêntrico de família nuclear tradicional e conservadora, que no ápice de sua imbecilidade apoiam que a panaceia para os problemas de violência no país se concentram na redução da maioridade penal para dezesseis anos.

É natural que esta plebe idiotizada que se orgulha da ascensão social, e acreditam invariavelmente na meritocracia, e na escalada até o status de “donos do capital” como verdade absoluta e irrefutável, comunguem não só deste desejo em prol da redução da maioridade penal, como compartilhem também de ideias que defendem a pena de morte, e são os mesmos que acham que bandido bom é bandido morto, são os mesmos que acham que o Estado é Laico, mas não é ateu (sic), são os mesmos que são contra o casamento igualitário, são os mesmos que acham que o movimento social, as greves e as manifestações populares nunca vão dar em nada e não passam de baderna, são os mesmos que acham que existe uma “ditadura gay” no Brasil, são os mesmos que chamam pessoas engajadas no movimento em busca de direitos LGBTTS como Jean Wyllys, por exemplo, de “gayzistas” em referencia ao nazismo, que provavelmente desconhecem conceitualmente, são os mesmos contra as cotas raciais, que acham que não existe racismo no Brasil, são os mesmos que acham que os índios já em terras demais, que eles tem que se contentar em estarem vivos, são os mesmos que são contra o MST, e acreditam piamente que os grandes latifundiários trabalharam mesmo honestamente para acumular o tanto de terras que possuem, e encharcados de boçalidade reproduzem exatamente aquilo que a mídia e os donos do capital querem.

A rede globo em meio à discussão do projeto de lei pela redução da maioridade penal investe pesado no seu posicionamento, trazendo como argumento os casos diários de adolescentes que cometem crimes. O ultimo caso, foi o do adolescente de classe média que foi assassinado por outro adolescente na porta de casa. Veja como a rede globo é didática, primeiro ela mostra o caso, enfatizando que o assassino é um adolescente, e depois traz a discussão a respeito da redução da maioridade penal. Qualquer paquiderme entenderia o recado, e é ai que esta o problema, os paquidermes entendem o recado que a globo quer passar, e além de entender, assimilam como verdade absoluta, e passam a comungar da mesma ideia, como se não houvesse outras formas de pensar e refletir sobre o assunto. A rede globo quis dizer o seguinte: Se a lei que reduz a maioridade penal para dezesseis anos existisse, o garoto que assassinou o outro garoto de classe média, responderia criminalmente como qualquer outro adulto, e seria mais um encarcerado nas penitenciarias do país.

Só me ajudem a entender, por favor, por que eu devo ter problemas cognitivos sérios para entender a lógica. Os crimes reduziriam como? O envolvimento dos jovens nos crimes reduziria como? Os assassinatos praticados por adolescentes reduziriam como? Quando todos os jovens, filhos de pobres e negros estiverem detidos? Esta é a solução que esta em pauta? É de se perder a fé na humanidade, que de humana parece cada vez ter menos.

A falta de consciência de classe cria esta abertura abissal para estes pensamentos idiotizados que parte de uma classe média desorientada e crente que a luta de classes não existe, o que existem são as classes, e depende só do esforço individual passar de uma classe para outra.

Eu estou cansado da imbecilidade orgulhosa dessa gente, que bate no peito e defende um Brasil higienista, medieval e medíocre. 

terça-feira, 26 de março de 2013


Retratação aos vereadores

No ultimo post do Blog a respeito da ordem do dia da câmara questionei o diálogo entre os projetos e solicitações ao executivo com as reais necessidades da população, sob o julgo de não estarem numa real convergência, e sendo assim, não passarem de justificativas para manter sob tutela parte da população como curral eleitoral permanente. Num trecho do texto de modo geral me referi aos vereadores como “canalhas”, adjetivo o qual a princípio se refere não a este ou aquele, mas sim a atuação histórica de muitos que por ali passaram. No entanto, sob o direito a interpretar o texto livremente, recebi o E-mail de um vereador, que pediu retratação. E não só por isso, mas também por entender que realmente cometi um equívoco ao generalizar, e por não ter receio de corrigir o erro, reitero que o adjetivo que desqualifica os vereadores, não condiz realmente com o objetivo do Blog, que é justamente o de denunciar, cobrar e construir criticas sem perder o bom senso.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Ordem do dia na Câmara não passa de manutenção de curral eleitoral na cidade




A câmara municipal de Sarandi legisla completamente fora da realidade. A lógica é a mesma lógica instaurada pelo modelo organizacional capitalista sobre o trabalho produtivo. Os projetos e os ofícios que entram em discussão não refletem a realidade, e demonstram claramente a falta de diálogo com a população.
Existe tão somente uma necessidade de criar projetos e solicitar ao executivo uma gama de imbecilidades inúteis aumentando o arcabouço político dos candidatos na cooptação de votos e eleições posteriores, mantendo o curral eleitoral.
Aos desavisados de plantão, ao ler a ordem do dia da câmara municipal, certamente se dará por satisfeito, e entenderá que o trabalho dos vereadores esta efetivamente sendo cumprido, entretanto com um olhar mais aprofundado e questionador, notaremos um total despreparo para lidar com os cargos por parte dos vereadores. Os vereadores sob um olhar inocente estão perdidos, atirando para todos os lados, preenchendo o horário de serviço com qualquer porcaria de projeto, ou qualquer solicitação perniciosa para o executivo, no intento de mostrar trabalho.
A ordem do dia desta segunda feira dia 25, não foi diferente. A população sarandiense começa a lidar com um retrocesso de nível federal, e talvez estimulado por essa abertura, sentiram-se aqui no governo local, com o direito de legislar de acordo com suas convicções religiosas, desprezando a diversidade religiosa, e a não crença.  O ITEM IX – PROJETO DE LEI Nº 2220/2013, do edil JOSÉ ROBERTO GRAVA, Tendo como Co-Autor o edil AILTON RIBEIRO MACHADO, o qual Inclui no Calendário Oficial de Eventos do Município, o “Dia do Jovem Cristão”, deixar claro quais são as prioridades dos vereadores, e entre elas estão, proselitismo religioso, e a violação da laicidade do Estado, que não deve legislar baseado em paixão religiosa.
Por outro lado, o ITEM III – REQUERIMENTO Nº 059/2013, do edil ERASMO CARDOSO PEREIRA, Ofício ao Senhor Prefeito, solicitando que viabilize a aquisição de 02 (duas) Máquinas de Ultrassom, sendo uma para a Clinica Materno Infantil, e outra para a futura instalação do Hospital de Especialidades. Este me parece mais nitidamente deslocado da realidade da saúde de Sarandi. As denuncias de falta de médico na UPA são frequentes, e a situação em que a saúde se encontra, vai além da nossa compreensão banal sobre as políticas públicas. Os funcionários estão com medo de serem agredidos pela população que em sua essência não tem discernimento pra responsabilizar quem realmente deve ser responsabilizado, e por ventura em situações de desespero pela péssima administração incorrem no risco de cometer atrocidades irreversíveis contra os funcionários da UPA que funcionam como testas de ferro para os verdadeiros culpados.
Os canalhas que legislam no município não tem qualquer compromisso com a realidade, com a diversidade, com os verdadeiros interesses e necessidades da população. Legislam sem compromisso, desinteressados, como se estivessem fumando um cigarro e tomando um whisky tranquilamente na poltrona.


domingo, 24 de março de 2013

Paradigmas


Paradigmatizou, e nunca mais se ouviu.
E solidificou uma verdade vil.
E se cristalizou. Não se modificou.
Virou porta retrato, guardado feito guardanapo.

E se contradisse, e se posicionou.
Depois neutralizou
Tomou partido, pelo status quo.

Como eu poderia cobrar de você?
Algo que eu não poderia lhe dar, sem saber.
Como eu poderia julgar, sem te ver?
E me ponho no mesmo lugar, pra dizer.
Que eu to do teu lado
Caminhando braço a braço

Mas não tente me convencer
Dessa crença e desse viver
Desse seu cadeado, desse seco orvalho.
Desse Deus condenado, desse bicho acuado.

Cada homem crescido já sabe
Que o omisso já tomou partido
E que o neutro tá contra você
Não me lance argumento sem base
Para não colidir sem doer

Se não há colisão não há vida
Senão a discussão é perdida
A contradição é sanguínea
E corre na veia a sofrer

Perambulando nos homens
A conformação escondida
Em cada frase sem nome
De uma igreja tolhida

Paradigmatizou, e nunca mais se ouviu.
E solidificou uma verdade vil.
E se cristalizou. Não se modificou.
E nunca duvidou daquilo que não viu.

segunda-feira, 4 de março de 2013

CÂMARA DE VEREADORES DE SARANDI ABOMINA E SUGERE PUNIÇÃO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO





Na ultima sessão da câmara de vereadores a preocupação era a de desmentir e desqualificar a carta escrita pelos padres e distribuída via jornal impresso para os fiéis da igreja católica de Sarandi em algumas paróquias. Para tanto c e Aílton Machado não mediram esforços ao vociferarem contra a carta, contra os argumentos dos padres, e contra qualquer questionamento que parta da população. Demonstrando-se assim, claramente opostos a manifestação da opinião popular, institucional ou até mesmo da imprensa, que ouse contradizer, cobrar, ou apontar erros na atual administração e na própria condução da câmara de vereadores de Sarandi.

A câmara de vereadores se manteve em silêncio, corroborando com a mazela política até ontem, se esquivando de todas as formas de responder o que o grupo popular questionava a respeito do atual panorama político, das denuncias contra o Carlos de Paula (PDT), e contra o secretário da Educação professor Manoel. Somente depois de terem suas condutas vis, expostas por uma instituição com credibilidade perante a população, e de certa forma atingindo uma grande parte dos moradores de Sarandi, foi que os excelentíssimos vereadores se propuseram a disparar impropérios em defesa de causa própria.

Os maiores impropérios partiram do presidente da câmara Rafael Pszybylski e do vereador Aílton Machado, ecoando sobre o silêncio vazio e obscuro dos outros vereadores, e dos presentes na câmara.

Com repugnância nauseante disparou Rafael Pszybylski nunca ter ouvido falar em afastamento pelos motivos alegados pela justiça que investiga o caso de Carlos de Paula, e prometeu nos próximos dias apresentar uma cópia do artigo em que Carlos de Paula esta sendo enquadrado, para que a população também possa compartilhar de seu ponto de vista camarada e companheiro em respeito ao desvio de verba e o uso da maquina publica em benefícios próprios, denuncias as quais o prefeito afastado, nega veementemente envolvimento. Segundo o presidente da Câmara Rafael Pszybylski o afastamento de Carlos Alberto de Paula é incompreensível, disse também que os vereadores não podem ser cobrados no sentido de tomarem um posicionamento, ou investigarem o caso, justificando a ação do GAECO, que tomou o caso para si, e por estar em segredo de justiça, que leva os vereadores a não saberem como proceder.

Rafael alegou que os vereadores e a imprensa não estão sendo omissos como diz a carta escrita pelos padres. Como não estão sendo omissos? E que história é essa que nós não temos o que cobrar? Temos sim o que cobrar. A carta escrita pelos padres foi direta ao mencionar a aprovação de diárias para viagens enquanto o dinheiro da educação foi desviado, enquanto a cidade amarga em problemas estruturais, de saneamento básico, enquanto alunos estão sem uniformes. Rafael foi de um totalitarismo imenso ao declarar que não é o povo, não são os padres, não é a imprensa quem deve dizer o que deve ou não ser aprovado, mencionando que isso diz respeito ao tribunal de contas que fiscaliza a câmara. Declarou ainda serem totalmente legais as diárias para viagens, bem como as diárias para deputados, e citou vários outros cargos como desembargadores, a fim de defender o indefensável. Não se trata de legalidade, se trata de respeito, se trata de ética, se trata de coerência. Como podem ser aprovadas diárias na situação política em que se encontra o município de Sarandi? O questionamento é legitimo.

Aílton Machado vociferou munido de seu microfone contra liberdade de expressão, um direito constitucional. Sugeriu que a câmara deve se posicionar punindo no que for cabível quem ousar se manifestar contra o prefeito e a autoridade dos nobres vereadores. Disparates foram exclamados em tom de ditadura, clamando pela opressão da liberdade de expressão, chegando a pedir indiretamente aos vereadores a possível punição, por exemplo, dos padres por terem escrito a referida carta. Entre discursos demagogos em tom eleitoreiro e devaneios egocêntricos destacou que não é por ser uma pessoa pública que as pessoas podem falar o que quiserem dele, e disse ainda que é uma autoridade e que tem que ser respeitado por isso. Mal sabe ele a diferença entre autoridade e autoritarismo.

Depois de presenciar mais uma sessão cheirando ao azedume do cinismo, cheio de ataques à liberdade de expressão, cheio de defesas ao orgulho ferido dos vereadores em detrimento das cobranças da carta dos padres, percebo cada vez mais nitidamente o tamanho do buraco negro em que os cidadãos sarandienses mergulharam de cabeça.

Como fez diferença a ausência de eleitores votando nas ultimas eleições. Vereadores foram eleitos com menos de mil votos, numa cidade com grande quantidade de eleitores. Qual a representatividade desses vereadores na câmara municipal? Quando penso que o jogo político azedo e covarde desse grupo político que cavalga nas costas dos sarandienses conseguiu sorrateiramente derrubar o vereador mais votado, e único que hoje faria real oposição, não se sujeitando a votos combinados previamente como vem acontecendo frequentemente na câmara, tenho vontade de estapear a cara de cada cidadão, para acorda-los desse transi, desse sono que impede qualquer movimento, qualquer reação, qualquer esboço de indignação.




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