A
repercussão nacional e internacional das ações perpetradas pela polícia militar
do estado do paraná orquestradas pelo governador eleito Beto Richa e seu
secretário de segurança Fernando Francischini efetivamente acenam com
possibilidades de mudanças de consciência política e filosófica na sociedade e
principalmente na classe de professores deste país? Não, não acenam! Ao que
tudo indica, há uma necessidade de não partidarizar, e neutralizar a ideologia
que se fragmenta na sociedade enquanto luta de classes. Existe em quem se
mobiliza uma necessidade de se auto declarar apartidário, “nem de direita, nem
de esquerda”, e isso só demonstra o tamanho do vazio ideológico a qual
sucumbimos. Diante das últimas ações da polícia militar por todo o país ao
enfrentar manifestações populares, o que me parece é haver uma incapacidade de análise
dos dados de modo generalizado, juntamente com o equívoco de refletir sobre as
ações partindo sempre do microcosmo e das particularidades, sem deixar de
reproduzir os discursos hegemônicos, discursos estes que são os mesmos que
ordenam a repressão policial. Há ainda questões conceituais que se distorcem,
que frequentemente quando trazem definições ao modelo social vigente são
cooptados pela classe dominante, tais como a luta de classes, direita,
esquerda, liberalismo, capitalismo, socialismo, comunismo, Estado, leis,
política, enfim, significados são alterados a serviço da manutenção do sistema
enquanto tal.
Enquanto
não houver a consciência de classe, enquanto os papéis sociais não forem
realmente compreendidos, a história vai se repetir, vai se perpetuar, com Alváros
Dias, Lerners, e Beto Richas. Se não compreendermos que o mesmo grupo político
vem alternando no poder, com nomes diferentes, mas com os mesmos interesses, os
únicos interesses em se manter no poder, e impor a classe dominada, a cultura
dominante de exploração e expropriação, vamos continuar a reproduzir nossa
condição de explorados e fragmentados em classes definidas pelo liberalismo econômico.
Apesar
de chocar a população as ações da PM contra os professores trabalhadores no
centro cívico de Curitiba, muitas ações truculentas de uma polícia militarizada
são ignoradas pelo resto do país, em reintegrações de posse, desocupação de
terras, casas, prédios, em invasões de favelas e periferias, em abordagens
policiais de negros e pobres por todo o país. E mesmo chocado com as cenas de
horror em Curitiba, dificilmente a população entenderá definitivamente qual o
papel da polícia neste modelo social capitalista, que não tem nada a ver com segurança
da população, restringe-se apenas a repressão, e proteção/manutenção do poder e
de quem detêm o poder. A população ainda limita-se a sentir-se decepcionada e
desacreditada com as ações violentas da polícia, quando na verdade, ações como
estas deveriam ser esperadas e óbvias, diante do real papel que ela tem.
Neste
momento se acometidos de um milagre da consciência de classe, nos percebêssemos
todos pertencentes a mesma classe, a de trabalhadores, se aprendêssemos com os
grandes donos do capital sobre corporativismo, teríamos o Brasil lotando as
ruas de trabalhadores, sejam professores, funcionários públicos, do setor
privado, garis, médicos, empregadas domésticas, advogados, que se fragmentam
justamente por não compreenderem o seu verdadeiro papel na sociedade. Temos
tanto a entender sobre democracia, e sobre o que democracia significa quando
cooptada pelo capital, o caminho é longo, o caminho é árduo, é de desconstrução
de conceitos e pré conceitos que vem se cristalizando historicamente.
Descontruir não é tarefa simples, exige uma serenidade que poucos possuem,
exige um conhecimento mais elaborado e mais amplo, exige uma visão de mundo mais
libertária e transformadora.
Neste
1º de maio, dia do trabalhador, desejo consciência de classe, e desconstrução
dos conceitos, para que possamos construir caminhos no mínimo diferentes, sejam
“certos” ou “errados”, não importa, mas diferentes.
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