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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Quem não tem nada a perder não sabe quando parar"


Todos construíram ao longo da vida uma série de laços, com pessoas, com coisas, com o mundo, e cada laço desses, representam como bem disse em Fronteiras do Pensamento, Zygmunt Bauman, a segurança, que se equilibra fatalmente com a liberdade, ou seja, quanto mais laços forem construídos, maiores serão as chances de perdas, esse medo de perder o que construímos, é o que nos torna preso, paralisado, atado, concomitantemente ao aumento brutal das violências urbanas, da barbárie humana, e da eterna briga maniqueísta entre o bem e o mal. Em contrapartida, quanto menos temos a perder, mais livres e mais destemidos vamos nos tornando, porém, somente quando a sensação for de absolutamente nada a perder, que a liberdade pode ser sentida na integra, neste momento percebemos como os ciclos se fecham, se encaixam perfeitamente, vejam o sistema carcerário no Brasil, que aponta, que quando não se tem mais nada a perder, ainda lhe resta a liberdade, a ser perdida. Segundo Zygmunt Bauman, a liberdade nos últimos anos tem aumentado o que aumenta também a insegurança, o que a principio eu não havia concordado, porém interpretei que a liberdade da qual ele mencionava, tratava-se de uma liberdade generalista, ampla, onde cabem todos os tipos de conceitos, até mesmo as falsas sensações de liberdade. E isso é real, entretanto a ignorância que impera, faz com que a maioria faça as relações equivocadas, como por exemplo, acusar os avanços tecnológicos como responsáveis por toda a desgraça na terra, ou como acusar a liberdade de expressão ou os direitos humanos como responsáveis por toda a onda de violência, alegando que a falta de punição nesses casos gera a libertinagem, os abusos as regras, as normas, enfim ferem o sistema orgânico da sociedade civil. O fato é que a liberdade não existe, e por isso lhe foi dado um nome, para que saibamos identificar aquilo que não nos pertence realmente na sua essência. O que existe e vem se propagando é uma quantidade cada vez maior de pessoas que estão sendo usurpados todos os dias de seus direitos, de suas posses, de poder ir e vir, de poder se mover e construir e transformar, e estes vão se somando ao grupo de pessoas que já não tem mais nada a perder, e por não terem o que perder, são capazes de tudo para defender o pouco que lhe resta, até mesmo o direito de serem insanos para esquecerem tudo aquilo que lhes foi tirado. Assim, as atrocidades que parecem injustificáveis aos nossos olhos que ainda brilham por termos o que perder, julga e pré- julgam os atos e os devaneios da sociedade pós - moderna. O medo de perder cria preconceitos, opiniões absurdas, e diante dessa ampla liberdade generalista das quais acreditam ter alcançado em sua plenitude, observam-se implorando a ditadura e a repressão, a ordem e o progresso, o liberalismo e o conservadorismo, os bons costumes e os valores morais, e Deus no coração daqueles que não tem nada a perder, como forma de compensação, assim se constrói a segurança, no entanto, pode ser tarde demais, o crescimento de pessoas a não ter nada a perder é constante, e ouso dizer irreversível, a solução talvez seja a barbárie, a morte, ou talvez simplesmente não exista solução, por que a cada pessoa que estuda e abre sua mente, dez pessoas são jogadas para a ignorância perpétua, e se fecham.

Um comentário:

  1. Ainda não li todo o post mas comento já o facto de aqui ter encontrado a 2ª pessoa que diz o que eu sempre disse, não sendo apoiada por ninguém: o facto de, na verdade, a liberdade não existir.

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Pedras na janela


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