Tudo fica bem mais divertido
e suave quando nossa opinião tacanha ganha subterfúgios em uma imagem animada e
colorida. Até por que, só compartilhamos de uma opinião da qual outras pessoas
compartilharam antes. É perceptível o ato covarde que precede este esboço de
opinião que se espalha pela rede. Poucos são capazes de sustentar tais opiniões
que disseminam de modo amistoso e simpático, com argumentos que no mínimo transcendam
este monólogo do qual algumas pessoas transformam a vida. Quem esta disposto a
ouvir a opinião contrária, ou até mesmo que reformule a primeira opinião
formada de modo fechado e equivocado?
Até que ponto a
individualidade do outro, influência e modifica a minha vida e a minha
individualidade? É verdadeira a máxima de que se cada um fizer a sua parte
todos os problemas do mundo estarão automaticamente resolvidos? Mas quem e como
se delimita qual é a parte de cada um? Quem define as funções?
Há quem diga que as funções
são dadas pelo Estado, outros que Deus e o destino, porém as funções estão adequadas
ao modo de reprodução social em que estamos inseridos, dada numa sociedade
classista, as funções diferem-se de acordo com a classe econômica da qual se faz
parte. Ou seja, cumprir sua função nada mais é que ser ordeiro e submisso às
imposições de uma classe dominante. Cumprir a sua função é reproduzir valores
morais éticos religiosos que te tornem suficientemente virtuoso para ser
acolhido na sociedade com um homem de bem, e no céu como uma boa ovelha,
adestrada, domada.
Willy Wonka vem para ambas às
possibilidades, disseminar os valores morais incutidos, chafurnados no ideário
de uma grande massa cristianizada, que se sente ofendida ao ter seus valores
questionados e refutados veementemente por outras pessoas, que também por meio
de uma série de opiniões o fazem. No entanto o que difere as opiniões são
justamente as fontes em que se bebe para adubar tais conceitos de moralidade. No
entanto se nada pode ser tomado como verdade absoluta, por que insistir numa
discussão que se baseia em dois pontos de vistas opostos? Creio que o simples
fato de tomar uma posição te torna capaz de refletir sobre o tema, e sobre a
possibilidade de se auto transformar. Mudar de opinião, ao contrário do que a
maioria pensa não é uma coisa ruim, pelo
contrário, desde que seja uma mudança que parta da transformação por meio de
conhecimentos adquiridos historicamente pelo homem a respeito dos fenômenos sociais
e naturais, capazes de explicar sem obscurantismo e misticismo a realidade
concreta. Se eu não tivesse mudado de opinião, se as pessoas não forem capazes
de mudar de opinião o debate seria algo desnecessário. Por isso nomeio guerra fria, o debate de
opiniões que se reproduz nas redes sociais, pois não partem de um debate
aberto, partem de uma opinião fechada, concluída, e privada, no qual poucos vão
ter a ousadia de interagir com questionamentos ou outros pontos de vistas. Os
que se identificam com o ponto de vista compartilham quase que cegamente. Se um
dos contatos do seu Facebook compartilhou uma opinião de aversão a Deus, logo um
cristão, posta sua opinião genérica em defesa de sua religião, numa resposta a
altura, cheia de engodo, e o contrário, é uma verdade. Toda opinião acaba sendo
uma contra opinião a uma primeira opinião formada, e não há quaisquer transformações.
A linha do tempo do Facebook virou um campo de batalha de opiniões, das mais
rasas as mais ousadas e profundas opiniões, mas não são opiniões que dialogam
entre si, elas se repelem como água e óleo.
Alguns opinam intensamente
com a neutralidade e sobriedade de quem não se envolve em polêmicas de Facebook,
que não poderiam ter o mesmo vigor de qualquer outro debate, mas que possuem
uma carga fenomenal do que se constitui as pessoas, e é digno de reflexão
constante.
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