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sábado, 19 de janeiro de 2013

O susto antilaico na Câmara Municipal de Sarandi e o corpo estranho na boca do presidente.


Confesso que por um momento me senti na homilia, confesso também que a homilia foi mais longa que a seção. Foi um susto conceber aquela cena inóspita diante do crucifixo pendurado na parede central daquela casa de leis. Confesso que me senti ultrajado, e quando não muito educadamente pediram que todos levantassem para fazer a leitura de um trecho bíblico, o ultraje se transformou numa imposição arbitrária de dogmas cristãos aos presentes. Ora, por que diabos insistem com essa patacoada de entenderem que eu tenho que me submeter a qualquer que seja a religião em uma instituição pública que deveria ser laica?

Ridículos seria uma ótima definição para os vereadores presentes na seção, por que tivemos alguns ausentes caso os caros cidadãos não saibam. Os vereadores entraram mudos e saíram calados, uma afronta a inteligência dos presentes, uma afronta a quem os elegeu para que se posicionassem de preferência em favor da população, vereadores análogos a fantoches inanimados, ocupando lugar de gente que tem voz e conteúdo pra falar. Vereadores tão imbecilizados quanto seus humildes eleitores, que sem cérebro se portam como capatazes dos senhores da cidade.

O oportunismo barato e sujo saltava os olhos em discursos amistosos como o de Nildão, tentando convencer os presentes que atender a reivindicação naquele momento seria prejudicar todos os outros servidores. Até tentou se fazer aberto ao diálogo com a população, engatando um cinismo que mesmo o presidente da câmara resolveu adverti-lo para focar na pauta. Rafael o presidente da câmara, estava com cara de poucos amigos, deve ter sido muito difícil acordar cedo em pleno sábado para seção, se era medo ou mau humor, não ficou muito claro, mas apressou-se em aprovar o que estava em pauta na seção. O que me parece, é que além de imbecilizados, alguns dos vereadores costumam falar com algum corpo estranho na boca, não foi fácil entender os balbucios dos senhores da casa de lei. O fato é que três projetos foram aprovados em poucos minutos, tão rápido quanto a oração inicial, sem qualquer discussão, sem qualquer parecer dos vereadores presentes, como se a função deles fosse a de sair de casa, e aprovar projetos o mais rápido possível, para voltarem a não ter o que fazer. O presidente da câmara finaliza a seção numa velocidade tão grande, quanto o corpo estranho que carrega na boca, que o impede de ter uma boa dicção na hora de falar, se levanta como se tivesse fugindo de algo, e meus caros, não se iludam, ele estava. Os vereadores eleitos e reeleitos fogem da raia não é de hoje. Fingem diplomacia, elegância e ética, como fingem serem cristãos.

Diante de assuntos polêmicos, que afligem ou deveriam afligir toda a população sarandiense, os vereadores se omitem, tratam o assunto com desimportância, como se não lhe dissessem respeito. Como ignorar as condições de precarização e sucateamento da educação no país, agora tão próximas, no próprio município? O descaso com os pilares da dignidade social não vão bem faz muito tempo por aqui, saúde, educação e segurança há muito não dialogam, há muito não recebem atenção real do governo local. Segue a olhos nus, o clientelismo e obras eleitoreiras que já me cansei de mencionar, asfalto, rebaixamento de iluminação pública, “revitalização do centro”, e, no entanto a grande massa ainda não entendeu, ainda não sentiu, e coaduna com o pensamento propagado pelos senhores políticos, que os problemas da administração, não passam de meras acusações infundadas de opositores políticos. Os últimos acontecimentos relacionados a desvio de verba no processo licitatório na educação não foram suficientes para botar na cabeça destes parasitas eleitos que o buraco é mais em baixo. E sabendo dos desvios de verba na educação, logo os professores se lembraram do ínfimo salário que ganham pra sobreviver, das escolas desestruturadas, da falta de professores por conta dos baixos salários e das péssimas condições de trabalho, das mil desculpas para o não reajuste desse salário, e o que fica é uma cara de palhaço, depois de ouvir tantas mentiras, tanto cinismo, colaborando com o caos social em que vive este município. Pois não se enganem, essas condições criadas são as condições que estabelecem a relação com todos os outros ambitos sociais. A falta de educação aqui gera a fala de dignidade ali, e sem dignidade, sem ter o que perder, a violência se inicia logo na adolescência, por isso sobem os índices de violência na cidade, por isso tantos jovens morrendo. Os motivos precedem uma política assassina, predatória, conservadora, cheia de ranços da corrupção, e esta situação não vai ser um caso isolado, como irão alegar. Há de se estender, se as investigações continuarem, se a oposição continuar organizada mobilizando a população. Por isso alguns grupos resolveram se organizar, e escreveram um carta para informar a população sobre o caso. Segue logo abaixo.



Caos na educação de Sarandi

Passamos por um momento difícil em nosso município. Talvez você não saiba mas o índice de avaliação (IDEB) escolar de Sarandi é menor de toda a região. Por que isso ocorre justamente em Sarandi?

Talvez tenhamos algumas respostas: Os professores de nossos municípios recebem os menores salários desta região. Enfrentam dificuldades ainda com a falta de material de trabalho, formação e horas-atividade. Faltam professores para as aulas educação física, artes e para o reforço escolar. Enquanto isso a violência avança dentro de nossas escolas.

Assim, perguntamos, o que nossos representantes estão fazendo para enfrentar esta situação? A educação pública e de qualidade é um direito para todos, porque, então, não ensinamos esportes, artes, leitura, escrita, história, números com qualidade suficiente?

Nos últimos dias o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) aprendeu pelo menos dois empresários do ramo da educação, um funcionário público e o próprio secretário da educação, o conhecido Professor Manuel, ex-vereador e ex-diretor da Escola Estadual Jardim Panorama. A acusação que pesa sobre eles é que estariam envolvidos num esquema de fraude de licitação em que seriam desviados centenas de milhares de reais para os bolsos privados.

Fica fácil, portanto, compreender porque Sarandi possui o menor índice educacional da região, os piores salários dos professores e servidores e porque nossas crianças enfrentam um sistema escolar tão precário.

Receamos que esta seja apenas a ponta do iceberg. Ora, se há desvio de recursos na educação porque não haveria em outras áreas? Como exemplo, podemos citar os problemas na saúde e na qualidade asfalto e na própria falta dele.

Senhores pais, não podemos assistir o futuro de nossos filhos serem assaltados dessa maneira. Vamos nos unir. Precisamos organizar uma grande frente de luta contra a corrupção na educação de nossa cidade e exigir fiscalização de todas as contas públicas. Vamos à luta!

Próxima reunião – terça feira, dia 22/01/2013, Local: Escola Estadual Irmã Antona, 19 horas.





Associação de Moradores do Jardim Independência II e Panorama

Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL)

APP de Luta e Pela Base - Oposição Sindical

CSP CONLUTAS / Oposição sindical Servidores em Luta – Sarandi / Diretório Central dos Estudantes – Gestão Movimente-se UEM / Conselho de Segurança do Município de Sarandi





Visita ao Dr. Ryan, à cachoeira e a igreja.
2° capitulo

 
A chuva havia sido muito forte a noite passada, o dia amanheceu nublado. O radio relógio gritou as 07h00min horas, virou-se para o lado sem conseguir abrir os olhos, mas o berro do despertador soou violentamente por dentro de seus ouvidos, os olhos saltaram quase que instantaneamente, levantou ainda tonto, e caminhou até o banheiro, pelo corredor ainda desfigurado, topou com sua mãe.

- Meu garotão, se apresse!

- Ah, pode deixar, nunca chego atrasado ao colégio.

Após lavar o rosto e escovar os dentes, desceu para tomar café, sentou-se e preparou seu cereal, comeu rápido, juntou a mochila nas costas e foi saindo enquanto sua mãe dizia - Volte direto para casa, tem consulta com o Dr. Ryan - sem responder continuou andando.

Caminhando pela floresta, o atalho se esconde numa manhã nublada, mesmo assim ele segue, as folhas secas e úmidas pelo chão, o orvalho corre pelas folhas verdes, ele aperta o passo, a floresta nunca esteve tão misteriosa e sombria. Avista Richard esperando no portão, entram juntos, e a primeira pergunta é sobre o time de futebol, Edward tenta se desviar do assunto, e diz não lembrar do assunto, acha melhor esquecer. Mesmo assim, seu amigo insiste na possibilidade de se incluírem, de parecerem legais. Quando entram na sala de aula ainda discutindo o assunto, são surpreendidos por Presley que ouve a conversa, e ironicamente da um recado aos dois – Então as duas mocinhas querem entrar pra o time? Pois fiquem sabendo, o time não é pra idiotas! – Os dois se entreolharam, e acharam melhor não aceitar provocações. Presley não deixa por menos, caminha até Edward, e dando tapinhas amistosos nas costas dele e diz – Ora irmão, entre no time, mostre que você pode ser fracassado em mais alguma coisa na tua vida- e volta sorrindo pro lugar.

No fim da aula, os dois saem apressados, e o assunto gira insistentemente por parte de Richard sobre o futebol, e na tentativa de convencê-lo diz- esta será nossa única chance de provarmos que somos melhor que aquele boçal do Presley- Edward parou, pensou e disse - Ele faria de tudo pra que não conseguíssemos entrar pro time- Saindo pelo portão da escola já se despedindo seguiu dizendo- Depois falamos disso, tenho que ir.

Na cabeça dele o problema maior a resolver era o temido médico que sua mãe insistia em levá-lo. Chegando em casa, a ideia era fingir que havia esquecido, disse um “oi” maroto pra mãe e foi subindo pro quarto, não colou, logo sua mão o lembrou da consulta, ele sequer olhou pra trás, apertou os passos e continuou, visivelmente irritado. Ele não sabia exatamente o que acontecia com ele, imaginava claro que algo não estava bem, ou pelo menos, algo estava fora do normal, e mesmo consciente disso, internamente parecia gostar disso.

Já dentro do carro a caminho do médico, emudecido, observando o céu correndo sobre ele, ficou a pensar – Quando somos crianças nossos maiores sonhos vão dos super poderes, voar, visão de raio – x, invisibilidade, teletransporte, lançar raios pelas mãos. Qual criança nunca sonhou em ser um super-herói? Salvar o mundo de super vilões. Engraçado isso do mundo se dividir numa história entre o bem e o mal, entre herói e vilão, por que por todos os lados que olho só vejo potenciais vilões, não sei se consigo identificá-los com certeza. Na minha vida, por exemplo, afinal de contas, quem são os vilões? Eles existem? O que eu sou nisso tudo de bem e mal?

Chegaram, entrou no consultório recioso, olhou ao seu redor, observou detalhadamente cada peça de revestimento da parede, toda aquela branquidão de hospital, observou os cartazes de crianças desaparecidas na parede, impaciente, sem saber onde por as mãos, inquieto, um ar gélido entre os lábios, nervosismo desde criança causando estas sensações. Olhando para o teto, ainda nervoso, ao descer a cabeça, pronto, lá estava ele, todo de branco, Dr. Ryan. Quando chamado assim, tão seriamente, remete a um senhor, mas não passa de um jovem, veio da cidade grande em busca de paz e sossego. Único psicólogo na cidade demonstrou segurança apesar da idade, fez com que Edward o visse de maneira mais amena, e mesmo assim, convidado a entrar em sua sala, resistiu. Sua mãe o empurrou. O Doutor sentou-se, e pediu que sentassem também, e antes mesmo que perguntasse algo, Edward esbravejou - odeio interrogatórios! – Calmamente o doutor disse - É só uma conversa, e perguntas vão haver meu caro, algumas podem não ter respostas neste momento, mas isso não importa agora – E prosseguiu – Por que não gosta de perguntas? – No que Edward respondeu – Não gosto de responder coisas sobre mim, e sempre que respondo, logo surge outra invariável pergunta. Sua mãe claro já nem sabia onde enfiar a cara, e já foi logo se desculpando por seu filho. O doutor então seguiu dizendo- Não há problemas, queremos exatamente isso acessar seus sentimentos- Edward arregalou os olhos – Meus sentimentos? – Levantou-se e saiu porta a fora deixando sua mãe sem jeito. O doutor só disse então que trouxesse-o de volta outro dia para conhecê-lo melhor.

Quando chegou no carro lá estava ele sentado, já de cinto posto, observou ele ainda de longe, se olharam, ele baixou a cabeça, e ela deu a volta pra entrar, os dois permaneceram calados por todo o trajeto de volta, sequer sabem se expressar.

Ao chegar a casa ligou pro Richard, o chamou pra ir à cachoeira, os dois se encontraram no inicio da trilha, ao chegar nas margens já correram tirando as roupas, de cueca pularam na água, e nadaram, se divertiram muito, por um longo tempo. Distraídos não notaram a presença de Presley e sua turma aos arredores. Depois de nadar os dois subiram numa das pedras grandes, Edward deitou-se e o assunto persistente do futebol começou – Por que não? Eu sei que você gosta. As vezes parece ter tano medo do Presley que não consegue fazer mais nada. – Não é medo, só não quero ser humilhado como de costume. Não entendo por que precisa de mim pra entrar no time, entre sozinho! No meio da discussão quando saíram perceberam que suas roupas não estavam mais lá, procuraram desesperadamente, mas não adiantou, concluíram que teriam que voltar de cueca, já era tarde, em pouco tempo anoiteceria. Mesmo assim não tinham ideia do que fazer pra que não fossem vistos daquele jeito. Sem saber o que havia acontecido seguiram pela floresta, e um vento anunciava uma tempestade, pensaram que por um lado seria bom, com chuva, não teria ninguém na rua para os verem. Os pingos de chuva eram grossos e frios, os dois corriam se contorcendo na chuva, atravessaram entre arvores, , folhas, troncos velhos e escorregaram muito na lama. Já na rua de casa, escondendo atrás das lixeiras, e das arvores, com a lama escorrendo pelo corpo. Chegaram à casa de Richard, entraram devagar pensando que os pais de Richard estivessem em casa, mas estava vazia. Os dois de cueca ensopados molharam todo o chão, subiram até o quarto, pegaram toalhas, e seguiram até o banheiro tomar banho rápido, ainda tinham que limpar a sujeira que fizeram na casa. Um na banheira, outro no Box, ensaboados comentavam sobre o sumiço das roupas, levantou-se a possibilidade de ser o Presley, mas sem certeza alguma. Apressaram-se, saíram do banho e logo limparam a bagunça, com uma peça de roupa de Richard Edward foi saindo, tinha que chegar em casa logo, antes que sua mãe ficasse preocupada. Saindo Richard lembrou que ia pensar no futebol, no que Edward respondeu – Nem pensar!

Mesmo de guarda chuva chegou em casa molhado, sua mãe perguntou onde estava e que roupa era aquela, disse que era de Richard e subiu sem muitas explicações. Após o jantar foi direto para o quarto, estava cansado, querendo dormir. Antes de deitar, sentou na ponta da cama e rezou em silencio, as pernas adormeceram, os olhos se fechando, era o sono. Sem notar, seu corpo foi adormecendo lentamente, primeiro a visão, depois o olfato, em seguida o tato. No fundo negro de seus olhos uma chuva ainda lenta, no fim, o orvalho brilhando nas folhas, e um dia muito escuro, ele andava como se tivesse um lugar pra chegar, andava com pressa, notou que passava em frente uma igreja cerca de grades pretas, próximo d o portão, foi abordado por um senhor, batina, botas pretas, cabelos brancos, rugas, unhas grossas, não disse nada, o senhor elevou sua mão fechada, como quem vai dar algo, Edward estendeu os braços para receber. Caiu na palma de sua mão um rosário de madeira, a visão ficou turva de repente, e ele acordou assustado, sentou-se na cama suado, ofegante ainda. A luz da lua forte iluminava a madrugada em seu quarto.

As sete da manhã, sem problemas para acordar, levanta, de pijama lava o rosto, bota o uniforme da escola e desce para o café, calado o tempo todo, ouve-se sua voz, quando diz “tchau”. Ainda em frente de casa, na escada, indeciso de qual caminho seguir pra escola, segue então por dentro da cidade, o que não é de costume, as folhas secas cobrem o chão, ele anda apressado, passa por casas, arvores, jardins, e de repente, grades pretas, as mesmas do sonho da ultima noite, levanta o olhar, vê uma igreja, caminha lentamente até o portão, aberto resolve entrar, segue até a porta, no altar da igreja um caixão, alguns padres rezam nos bancos da igreja, ele resolve seguir então, curioso para sabem quem esta morto, passo a passo aproxima-se lentamente da borda do caixão, um susto enorme o faz arregalar os olhos, parece não acreditar no que esta vendo. O senhor do sonho, com o rosário enlaçado entre as mãos.





sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Redução da maioridade penal para quem?

Sejamos francos, afinal de contas, quais são os argumentos de alguém em plena condição de sanidade mental, defender a redução da maioridade penal como se isto fosse à panaceia dos problemas de violência no país? Que me desculpem os defensores incansáveis dessa patacoada de redução da maioridade penal, esses que participam de campanhas dos “inteligentões” e “Almeidinhas” nas redes sociais, e nas rodas de amigos compartilhando de frases e argumentos prontos, quase que protocolados no intento de acordar o Brasil, de alertar a população para um assunto, ou uma opinião que parece obviamente coerente, cheia de sentido, e que compara a redução da maioridade penal, justamente com as infrações cometidas por crianças e adolescentes, sem ser capaz de compreender nada além do que o próprio umbigo e a própria “vidinha” feliz já internalizada pela ideologia neoliberal de culpabilização do indivíduo.



Como é exaustivo enfiar na cachola de gente que só pensa no próprio umbigo princípios de alteridade, que não sabe sequer, o significado da palavra. Pois bem, longe de mim subestimar arrogantemente a inteligência dos “inteligentões” e “Almeidinhas”, só por mero capricho explico que alteridade é resumidamente a capacidade de se por no lugar do outro, o que a meu ver é uma das habilidades mais fenomenais que um ser humano pode adquirir. Por tanto, antes de qualquer opinião fajuta que você possa formular procure mesmo que internamente se por no lugar do outro, já aviso, a tarefa é árdua.



O primeiro equivoco de quem defende a redução da maioridade penal é não ter acesso a conhecimentos simples, e bem acessíveis por sinal, costumo me referir a isso como ignorância. Uma leitura superficial do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente seria o suficiente para qualquer ser provido de um mínimo de inteligência entender que crianças e adolescentes são indivíduos em processo de desenvolvimento e possuem dentro da organização social vigente direitos e deveres. O que os “inteligentões” por ai fazem é vociferar contra o regulamento especifico para crianças e adolescentes alegando que ele só da direitos. Não meus queridos, o ECA prevê punição: Capitulo IV – Das medidas Sócio-Educativas- Seção 1 – Art.112. Verificada a prática de ato infracional a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: Advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços a comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semi-liberdade; internação em estabelecimento educacional. Ou seja, ao invés de ficar por ai feito zumbi compartilhando de forma acéfala ideias imbecis como esta, poderiam estar cobrando que o ECA fosse efetivado, que melhorias fossem feitas nos programas destinados a recuperação de jovens internados, que houvesse investimentos reais na educação da juventude pobre e negra deste país, por que sem dignidade meus queridos, não esperem que todos sejam assim, vencedores, colecionadores de sucessos, que superam as dificuldades da vida como vocês “inteligentões”.


Um dos argumentos inquietantes a favor da maioridade penal, é aquele que vem direto pra quem é contrário, e soa mais ou menos assim “quero ver quando uma dessas crianças que você defende matar alguém da tua família”. Eu respondo com outra pergunta então, quero ver quando alguma criança da tua família não tiver o mínimo acesso a dignidade, aos direitos básicos, passando fome, vulnerável as mazelas da sociedade, sem qualquer perspectiva de vida, e, além disso, tudo ainda ter um bando de imbecis querendo reduzir a maioridade penal para por o teu filho, já arrasado pelo sistema dentro de uma cela comum, com criminosos adultos, nas cadeias do Brasil, sem ter qualquer perspectiva de reabilitação e reinserção na sociedade, o que você faria?

É bom lembrar, que a redução da maioridade penal caso fosse uma possibilidade, seria, ou teria de ser para todos invariavelmente, o que quer dizer que apesar de botar muito negro e pobre na cadeia, como já é de costume, poderia acidentalmente, já que seus filhos hão de ser estandarte da moral e dos bons costumes, ao cometerem atos infracionais segundo o ECA hoje, serem também enviados as cadeias comuns.



Em síntese, ser a favor da redução da maioridade penal é a prova cabal da mais pura burrice, da mais pura falta de alteridade, da mais pura falta de sensibilidade ou preocupação com o futuro do país, é preocupar-se com o próprio umbigo, e esquecer que nós não vivemos em um regime nazista, onde raças e outras características humanas devam ser rechaçadas, em detrimento de seres brancos, ricos, loiros, bem sucedidos. Não tente acordar o Brasil com esse banho de água fria, cheio de lógica burguesa, cheio de verdades cristalizadas sobre a moral e os bons costumes.



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