visualizações de página

sábado, 29 de janeiro de 2011

Engôdo


Este ponto de inércia da vida em que me encontro, é um ponto de desencontro, de desconforto, de descalabro. É um ponto no qual, cheio de dedos, pisando em ovos, com o máximo de cuidado, tento atravessar sem provocar mais nenhum tremor, nenhuma tragédia. A necessidade de não demonstrar a vida por um fio, termina em um sorriso sem graça e apático no fim da noite. Um sorriso triste, para aqueles que nunca vão entender da tua dor. É imprudente tentar explicar a essa gente racional e literal, sobre pensamentos e angustias profundas, esperando uma resposta com a mesma subjetividade, porém com o trato da compreensão. As respostas normalmente serão monossilábicas, incoerentes, formais e não dirão respeito ao que de fato tem a ver com suas angustias. Terás meu caro, que fingir, que racionalizar, tornar natural tuas decepções a fim de se manter não totalmente preso ao cais solitário dos incompreendidos. Este tom irracional de lhe dar com a vida afasta, dizer a verdade te torna ríspido, seco, frio, a olhos nús, racional demais. Mas verdades merecem uma pitada de razão, mesmo tendo princípios de subjetividade, mesmo não se apegando a dogmas, ou a caminhos únicos. É disso que estou falando, trata-se exatamente dessa visão monocromática que as pessoas tem da vida, dessa forma retilínea e direta de tratar dos problemas.  Nesse sentido, o que me resta, a não ser sorrir e concordar? Se ao discordar, a racionalidade das pessoas não permitiram que sigam seu raciocínio desprendido. Eu não sei até quando as pessoas vão se enganar pensando que esse otimismo barato surte algum efeito, eu não sei até quando elas vão me dizer o que fazer, como se eu não soubesse, não sei até quando vão ser felizes com seus engôdos egoístas diante do resto do mundo. Esse sociopata dentro de mim, transforma os performáticos sociais, os centros das atenções, as belezas naturais, os aventureiros cheios de histórias, os bem pagos, os parcialmente felizes, os conformados, os exageradamente otimistas, os fervorosos, os "sortudos", os favorecidos biologicamente/genéticamente,  os bem sucedidos, os racionais, os materialistas, os oportunistas, os interesseiros, e os neutros em algozes implacáveis para mim. E a cada analise do espaço estático racional, mais eu me prendo ao mundo das subjetividades insanas. Sei que chegarás o dia que serei tratado como louco, em doses homeopáticas com sorte, somente como senil.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Roberta Campos

Cantora, compositora e mineira, radicada em São Paulo, a artista vem aos poucos ganhando seu espaço; em março de 2009 assinou com a Deckdisc e está dedicando o segundo semestre deste ano na produção do novo trabalho.

Ela compõe desde criança, e já participou de várias bandas, dentre elas a Pop Troti de Sete Lagoas/MG – onde gravou um EP com canções de sua autoria e teve a primeira grande aceitação do público.

Sua influência musical vai de Bob Dylan a Milton Nascimento, tem uma pitadinha de Folk/Rock, com um toque marcante da música mineira.

A primeira faixa do disco, “Varrendo a Lua” está sendo executada na rádio Nova Brasil FM.

Seu primeiro CD, gravado em 2008, com o título de “Para aquelas perguntas tortas” que, como diz Roberta - “totalmente autoral, produzido por mim, gravado por mim, feito por mim, lançado por mim, enfim, tudo por mim” vem recebendo elogios de grandes artistas como Leoni que disse em um fórum da internet: “Adoro a voz e o estilo dela, uma artista com grandes qualidades”, Marcelo Camelo que declarou na revista Rolling Stones: “É para gente como Leandro Tavares ou a Roberta Campos cantar, que eu componho”.

Podemos citar também Ricardo Koctus (Pato Fu) que em participação no programa feito em casa na Rádio Inconfidência em maio deste ano em Belo Horizonte, fez elogios ao jeito de ser e cantar da artista e tocou suas músicas.

A mocinha dona de um belo par de olhos azuis, é corajosa, entra no palco sozinha com sua voz, empunhando violão e gaita e faz seu show com aquela leveza que, quem já assistiu o clip da canção “Varrendo a lua” sabe muito bem como é; a canção vem ganhando espaço nas rádios, e seu myspace www.myspace.com/robertacampos recebe novas visitas a cada dia.

Roberta conta com seu jeitinho doce e sua influência de mineira legítima, que busca levar sua música ao maior número de pessoas possíveis, levar a mensagem de carinho, tentando mudar um pedacinho do mundo, que seja com palavras positivas e acima de tudo levando amor.

Desta forma, dia a dia vamos ouvindo falar da voz, do jeito, das canções, da leveza que é o seu primeiro disco, dos videoclipes de Roberta Campos, e muito, mas muito mais em pouco tempo vamos ver por aí.



-Agora me diz por que diabos Fiuk tem direito a série especial de fim de ano? Respondo. Por que é filho do Fabio Junior!

Mika


Mika, de nome verdadeiro Mica Penniman, nasceu em Beirute (Líbano) a 18 de Agosto de 1983, filho de mãe libanesa e pai americano. Devido à guerra civil que ocorria no país, a família de Mika vê-se obrigada a emigrar. Mudam-se então para Paris, juntamente com outros refugiados libaneses. Ao fim de 8 anos, nova mudança, desta vez para Londres, onde vivem actualmente. No entanto, a adaptação à capital britânica não foi fácil... na escola, Mika era rejeitado pelos colegas por se vestir de maneira diferente, por não se encaixar nos padrões por eles considerados "normais". Esse facto, aliado a problemas de dislexia, fizeram com que abandonasse a escola. A partir daí, passou a ter aulas de canto em casa. A carreira musical de Mika começa na adolescência. Entre outros projectos, dá a voz a um jingle de um anúncio de pastilhas elásticas, para a televisão. Começa também a compor as suas próprias músicas. Já todos conhecemos o lado público da sua ainda curta carreira...no entanto, quando questionado acerca do significado da letra do seu primeiro single - Grace Kelly - Mika revela alguns pormenores que dão a entender que chegar aqui não foi tão fácil como se possa pensar. Quando mostrou o seu trabalho a diversas editoras, todas rejeitaram por não ser música suficientemente comercial. Queriam músicas mais ao estilo de outras estrelas pop já conhecidas, daquelas fórmulas já feitas e experimentadas, que à partida seriam um sucesso de vendas. Mika não aceitou isso e resultado de todas essas rejeições, nasce o que viria a ser o seu cartão de visita e grande hit, Grace Kelly. Mais tarde, a Universal decide apostar em Mika, e o resultado está à vista.


- Agora me diz por que diabos vão fazer um filme de Justin Bieber? Respondo. Por que sucesso não quer dizer talento. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O primeiro adeus a burguesia?




Funcionários se unem para comandar empresa em SP
A fábrica localizada no interior de São Paulo é comandada pelos funcionários desde 2003.
FONTE: http://www.redetv.com.br/Video.aspx?52,15,165046,Jornalismo,RedeTV-News,Funcionarios-se-unem-para-comandar-empresa-em-SP



Chuva na colina

O céu claro foi escurecendo, surgiu por trás das árvores um misterioso vento, soprando as folhas secas do jardim. Gotas de chuva caem sobre meu rosto, enquanto as nuvens cinzas se encontram no céu, e formam um teto, mar cinza ou véu. O vento toma intensidade e entra pela janela, num sopro suave apaga o fogo da vela. O gramado verde cobre a colina, no balanço na árvore, falta uma menina de cabelos esvoaçantes, com sorriso não como o de antes. Na chuva crianças brincam na rua, chuva transparente, verdade nua e crua. Complexo não sou eu que explico e não entendo, mas sim, aquele que não sai quando esta chovendo. De que vale o ditado "entrou na chuva é pra se molhar", se fico aqui parado, e sempre seco vou estar.Deixe o dia escurecer, o tempo se fechar, a verdade aparecer, para que o sol possa brilhar. É tão bom ver um filme em dia de chuva, comer pipoca, tomando coca e fanta uva. Este é o lado extrovertido de um dia que parece estar perdido. A chuva cai lá fora, desmarca tempo e hora, mas se o vento parar, e as folhas secas caírem no chão, digo sim, digo não, são respostas que vem e que vão, definem se mereço perdão, ou não. Depois da tempestade, a folha seca voa longe, e deixa saudade. O tempo esta nublado, mas o sol esta tão lindo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eu não gosto do “bom” gosto


Depois de ter escrito o texto do ultimo post me deparei com o texto escrito por Jean Wyllys em seu site que por incrivel que pareça trata do mesmo assunto, porém com muito mais argumentos, profundidade e por que não dizer, intelectualidade, mas não aquela de mesa de bar.

POR JEAN WYLLYS
É só começar uma nova edição do Big Brother Brasil para aquele coro formado por “intelectuais“ de mesa de bar e pelo baixo clero universitário comece a entoar sua cantilena repetitiva e entediante contra o programa, seja na mesa do bar propriamente dita, seja em segundos cadernos e sites que se ocupam do entretenimento televisivo. Os membros desse coro não só demonizam o BBB – com o argumento de que este “idiotiza as massas” porque não tem “conteúdo” – como fazem questão de se mostrar incríveis e orgulhosos de si por não assistirem ao programa; costumam se sentir seres humanos melhores por consumirem “bons livros” e “belas artes”. O coro não só constrói hierarquias de gosto e de consumo cultural como as trata como algo “natural”. Não, elas não são naturais, da ordem da natureza. Da ordem da natureza é a imobilidade das pedras, pois mesmo a cor dos olhos e a textura dos cabelos das pessoas não são mais naturais desde que se inventou a lente de contato colorida e a tintura-creme para chapinha. Hierarquias de gosto e de consumo cultural são construídas pelos homens; são um dado da cultura (cultura entendida como modo integral de vida e não como ilustração ou matéria de segundo caderno de jornal, que é como o senso comum e alguns “intelectuais” entendem o termo “cultura”). Logo, quem está por cima ou no poder vai definir seu consumo cultural como legítimo ou de “bom gosto”, estigmatizando, segundo seus critérios, o consumo de quem está por baixo como “inferior”, de “mau gosto” ou “menor”. E não se trata de uma mera distinção cultural apenas. Trata-se, antes, de justificar privilégios sociais e econômicos nesse mundo capitalista: “é justo que só eu e os meus possamos viajar para Nova York, pois só nós sabemos apreciar as belas artes do Museu de Arte Moderna; somos, portanto, seres humanos melhores que aqueles que se perdem na programação televisiva”. Quem está por cima e demoniza o consumo cultural dos pobres, esquece-se ou finge se esquecer de que uma viagem a NY para visitar o Museu de Arte Moderna custa caro! Esse argumento de quem está por cima é, na verdade, um ardil, pois essa gente sabe que no dia em que o consumo cultural for realmente democratizado; no dia em que o povão tiver acesso aos bens de consumo das elites, acaba-se a distinção cultural e a hierarquia entre as pessoas. Essa gentalha que se acha inteligente por desprezar publicamente o consumo das massas é, portanto, ardilosa e hipócrita (quer dizer, algumas reproduzem essa mentalidade até sem se dar conta, porque nunca pararam para se questionar). E olha que estou me referindo apenas àqueles que realmente consomem belas letras, belas artes, belas músicas, e não àqueles que fingem consumir, perdendo o tempo em mesas de bares criticando a tevê e a cultura de massa.
Com os filósofos franceses Michel Foucault e Michel de Certeau, aprendi que há resistências para toda disciplina (ou tentativa de sujeição ou produção de “corpos dóceis”). Todo consumo, ou toda leitura, ou toda recepção é feito num contexto; a partir de uma história de vida. Por isso, significados ou sentidos são produzidos mesmo nesse momento da recepção, por mais que os emissores das mensagens pretendam controlar os significados e, assim, manipular os receptores. Durante muito tempo, os intelectuais desprezaram essas resistências, esses desvios produzidos pelos subalternos. Durante muito tempo, os “iluminados” se outorgaram o papel de definir o que é melhor para a “massa ignara”. Durante muito tempo, esses “iluminados” desprezaram as soluções e arranjos elaborados pelas massas para lidar com a falta e a opressão cotidianas. Os “iluminados” nunca pararam para pensar que “se milhões de pessoas trocam um comício por um último capítulo de novela, isso não pode ser considerado um mero equívoco”, como disse outro filósofo francês, Jean Baudrillard. Os “iluminados” nunca repararam que os diferentes grupos que constituem as audiências podem se politizar a partir do consumo de programas televisivos. E só recentemente, no Brasil, pesquisas de recepção derrubaram o discurso dos inimigos da telenovela, que afirmavam que a mesma era um “ópio” que “despolitizava” e “idiotizava” as massas. Pesquisas que deixaram claro como os sentidos que as massas podem produzir a partir da telenovela podem ser mais relevantes politicamente do que imaginam os “iluminados” – os mesmos que, hoje, trocaram de objeto e “demonizam” o BBB. A edição de que participei teve um impacto político-cultural sem precedentes no imaginário popular; e não sou só eu que o digo: no último censo feito pelo IBGE em que apareceu um aumento no nível de tolerância à homossexualidade no Brasil, a principal explicação dos consultados para essa tolerância foi a minha presença/performance/discurso no reality show. E alcançar esse impacto político positivo foi um dos motivos de eu ter me lançado naquela aventura depois de anos dedicados ao jornalismo e à educação superior. Sou um discípulo de Antonio Gramsci!
Quando alguém não tem argumentos teóricos sólidos e fala só a partir do senso comum produzido pela “intelligentsia” de segundo caderno de jornal diário; quando alguém desconhece a maior parte da produção intelectual recente sobre os meios de massa e as novas tecnologias da informação, só pode cair em crítica óbvia e ressentida às celebridades. Graças a Deus não sou celebridade. Já pensou ter de conviver com essa gente não premiada pela vida vibrando contra minha pessoa? Ainda bem que não sou celebridade! E é preciso que a “intelligentsia” de segundo caderno se aprofunde na proposta da Pop Art, para não ler como negativo aquilo que Warhol pensou como algo positivo: a democratização do star system!


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Big Brother Brasil: A era das modinhas fora de moda

Reality show que dispensa definições, ou qualquer tipo de explicação, até mesmo por que depois de conviver arduamente com dez edições do programa, assistindo ou não, não fica difícil saber do que se trata, e até fazer nosso próprio julgamento critico, e na maioria dos casos, pseudo- critico. Em meio a atribulada edição numero onze, e a euforia duradoura dos telespectadores de um programa que já deveria ter morrido a muito tempo, como grande parte dos programas da TV aberta brasileira, ao deparar-se com uma série de criticas aos fiéis e assíduos telespectadores deste audacioso programa do qual merece minhas sinceras condolências, fiquei incomodado com algumas questões em relação ao senso critico, e a definição de cultura por pseudo intelectuais ou pseudo cultos que brotam feito capim pelo meio virtual. Ano após ano, o reality não perde seus fiéis seguidores e matem sua audiência, seus patrocinadores, e muita gente contribuindo com ligações que enchem os bolsos dos nossos queridos empresários da comunicação, mas quem trabalha para isso merece claro. O programa que conta com a falsa sensação de espontaneidade, expõe claramente a manipulação do andamento, ou enredo como queiram, não a toa conta com uma direção que deixa claro os passos dos participantes, estimula divergências, produz em meio a pessoas aparentemente comuns um esboço fictício e insosso de teledramaturgia. Muito provavelmente os pseudo críticos ao lerem o titulo da postagem nem se darão o trabalho de ler o texto todo, por que para eles basta criticar o que já foi criticado por muita gente, usando das justificativas alheias, não precisando então construir seus próprios conceitos. Deve estar na moda fazer criticas aos padrões culturais, as preferências alheias. É modinha? Quem me conhece saberá que meu ponto de vista com relação ao programa é incisivo e consistente no que tange um formato totalmente voltado para a manutenção das condições classistas, reforçando o consumismo, a valorização de sub super heróis, a sexualização banalizada, a divisão de classes, a competição, a corpolatria, dentre vários fatores que são mais que descrédito a qualquer tipo de programa de televisão. Neste sentido, fazer critica ao programa em si me parece justo e direito de quem sabe de sua existência, porém tecer critica a respeito de quem o assiste me parece agressivo, intolerante, soberbo, torpe, e não faz jus a um verdadeiro ponto de vista critico. É justo criticar aquilo que se conhece, aquilo que se conhece muito bem, criticar sem conhecer ao que me consta não passa de puro preconceito, ou seria mero equivoco meu? Eu tenho assistido alguns trechos da edição onze do reality show, e não haveria por que me justificar, porém considero os motivos justos, ou pelo menos plausíveis, ao saber da existência de um transexual como participante, me instigou analisar como a sociedade e a micro sociedade dentro da casa lhe dariam com tal situação. E por mais que eu ache que o programa já deveria estar morto, sempre vejo a possibilidade de aprender um pouco mais com esse tipo de miséria televisiva que expõe o que há de pior na sociedade, o que de certa forma não me parece tão mal assim, expor a sociedade pode ser uma ótima forma de tirar esse véu de fumaça que cobre os nossos olhos. Assim que conseguimos enxergar os pseudo intelectuais, e os pseudo mente aberta, aqueles que acreditam estarem livres de seus preconceitos, e por mais que sofram miseravelmente com o preconceito enquanto vitimas, tornam-se algozes de outras minorias e atacam implacavelmente. Vale lembrar que numa era repleta de novidades excêntricas, onde as preferências variam de Restart a Justin Bieber, de Ursupadora a novela das oito, de cantoras drogadas a ícones teens, de coldplay a calcinha preta, de Fiuk a roupas coloridas, de heterossexuais a transexuais, gostar ou não gostar de alguma coisa dever ser no mínimo respeitado, por mais que seja difícil para você imaginar que as pessoas sejam diferentes e prefiram outras coisas. O que tem que entrar em voga é a alteridade que anda perdida pelo mundo a fora, ninguém consegue se por no lugar de ninguém. Para quem não anda assistindo o reality e finge que anda fazendo algo bem mais útil como ler um livro, e para os que acompanham, encontrei um vídeo sobre transexualidade na infância, só que o vídeo não é para pseudo intelectuais, muito menos para pseudo mente aberta, é para quem tem humildade e generosidade ao tratar do sofrimento do outro, se pondo no lugar do mesmo. 











terça-feira, 11 de janeiro de 2011

NAS CURVAS DA SOLIDÃO


O meu nome não é rei, não é vida bandida, não é estrada, nem avenida
Eu seguia a mais de meia noite, e bebia a mais de 100 por hora
E corria nos pensamentos, lembrava e afogava toda magoa
Eu voltava pra casa, atravessava a escuridão
E resolvia meus problemas, gritando aos 4 ventos
Eu já não estava mais na mesma mão
E o sinal já não era mais vermelho
Mas, eu resolvi parar, pra não seguir chorando
Consentindo com a ilusão
Daquela noite, de todas, foi em vão
Eu amava águas passadas, sobre rodas de uma moto prata
Nas curvas da solidão
Remoia o vazio, na arrancada do motor
Distraído, impulsivo, não é amor, é colisão
É batida a meia roda, meio tanque, contra mão
Já passava da chegada, mas ainda acelerava
Inconseqüente e imprudente
Não vi que aquele sinal aberto, não era certo
Ruas vazias, noite tão fria, mas quente do verão
Ficava na lembrança, amizade de estação
Como a carcaça, da moto pelo chão
Um vai e vem de ninguém
Mais uma garrafa de cerveja abandonada, nas minhas mãos
E ainda temos tanto tempo
Mas o tempo não é infinito, na estrada há perigo
Pra que se ferir sozinho?
Nas curvas da solidão, contra mão.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Decidir-se não neutro.


Existem momentos que pensamos em guardar nos mais profundos e obscuros arquivos dentro de nosso ser. Como o cervo que o menino Gordon  sozinho observa gracioso bem próximo a ele, quando estavam em busca do corpo de um menino desaparecido no filme de Stephen King, Conta comigo. Como ele, nós ou eu, também tento resguardar alguns destes incríveis momentos, não sei se por medo que não se compreenda, ou pelo simples sabor de manter aquilo exclusivamente seu. Eis que me ocorreu uma situação inusitada no dia de hoje, que me remete a uma outra situação do mesmo teor que ocorreu a pouco mais de um mês. Contudo, acredito que eu tenha que explicar antes o que me deixou assim "apurrinhado". Talvez a maioria ainda não tenha percebido a série de defeitos que possuo, mas um deles, talvez o maior, é o fato de se orgulhar de cada um destes defeitos. Explicarei melhor. Trata-se de defeitos que têm uma certa consistência, entendam, não se trata de meros caprichos, birras ou dramas. São defeitos pautados em princípios, que brotaram ao longo dos anos dentro de mim. Um desses "defeitos" é a não neutralidade diante de quaisquer situações inusitadas. É um fato consumado, que já passei a odiar pessoas só de perceber o quão neutras elas são, e isso não tem nada a ver com o simples ato de ser indeciso, é a neutralidade cruel, decidida, escolhida, é quando se acredita ser neutro sem saber, que ser neutro é tomar uma decisão, que é justamente a decisão de não tomar decisão alguma. Visto a minha decisão consciente de jamais me por como neutro em nenhuma questão, então mesmo querendo manter a situação da qual me remeti inicialmente, como uma situação só vivenciada por mim, decidi que talvez expor fosse a atitude menos neutra que eu poderia ter, e não poderia ser diferente, já que este é um dos meus grandes rancores no viés das relações humanas. Deste modo, vamos aos fatos, sendo que um deles ocorreu hoje, quando sai decidido a fazer uma caminhada seguido de uma corrida num bairro novo aqui da cidade, onde algumas pessoas costumam fazer isso, pois sim, eu estou fazendo isso com freqüência, normalmente vou correr no parque do ingá em Maringá, mas como estava sem companhia para isso, decidi ficar por aqui mesmo. Fui até lá, o sol estava terrivelmente quente, latejando na minha cabeça, mas esforçado tentei terminar as três voltas das quais me propus. Na última volta, quando ia pegar meu caminho de casa, e sair do bairro, três meninos numa faixa de 13 e 14 anos, de bicicleta, parados na esquina jogando pedra na parede de uma casa em construção, o que já reparei  não gostei muito das atitudes, continuei e me aproximei, afinal era caminho, e ouvi eles conversando, "Se você pegar ele eu entro", "é a gente entra", e depois de ouvir isso logo deduzi que estavam falando em bater em alguém, mas segui meu caminho, pois percebi que estavam falando de alguém que eu não conhecia, porem, eles me passaram de bicicleta, e um menino vinha descendo em direção contrária, sozinho, do outro lado da rua. Os três meninos o cercaram com a intenção de bater nele, e eu passando ali, do outro lado da rua. Eu me pergunto o que eles têm na cabeça? E respondo eu mesmo, nada. Eles estão pautados numa sociedade que fecha os olhos, que foge dos problemas, que não enfrentam de frente, que deixam seus filhos morrerem por pura covardia, que se fingem de cegos e banalizam a brutalidade indiferentes a tudo, os neutros. O que eles não contavam, é que comigo não meu bem! Aqui não tem neutralidade, e eu jamais ia passar por ali, ver aquilo acontecendo e fingir que não era comigo. Antes que dessem os primeiros golpes, intercedi, apartando a briga, sem violência claro, só chamando a atenção deles para como se deve resolver os problemas sem brigar, mandei cada um para um lado e fui embora, coisa boba, sim, mas quantos fariam isso? Não tô dizendo para a negada em massa sair por ai se metendo em briga, é necessário ter a perspicácia, a sensibilidade de saber que é possível e indispensável a sua interseção, e então agir. Assim, me reporto a outro fato, que ocorreu comigo no dia que fui levar minha mãe ao médico. Bem fiquei a esperando no lado de fora do trabalho dela, sentado na minha moto, ela estava demorando, foi quando notei uma senhora que vinha do outro lado da rua, virei o rosto, abaixei a cabeça, a senhora já tinha passado, quando levantei os olhos ela vinha próximo de mim do sentido oposto como num passe de mágica, e olhando profundamente nos meus olhos. Ela disse: "Você acredita em Deus né?" e eu respondi que sim, e ela prosseguiu - "Jesus te ama e você sabe disso, eu estava do outro lado da rua, e senti que tinha que te dizer isso, e por isso estou aqui, porque eu DECIDI, que sempre quando eu sentir a necessidade de dizer isso alguém, não importa quem, nem o lugar, nem a vergonha, eu vou dizer", e disse mais - "Coisas muito boas vão acontecer na sua vida, eu sei que esta sofrendo no momento, mas Jesus vai mudar a sua vida, e não estou levantando nenhuma bandeira de igreja, por que o que importa é dizer que Jesus te ama". Nesse sentido, eu me senti tão sem palavras, mas tão agraciado de estar ouvindo aquilo, por que de fato, da mesma forma inusitada como ela apareceu, ela também desapareceu, como num passe de mágica, e isso foi real. Ela ter tomado aquela atitude, para alguns pode parecer tão banal, mas eu achei tão significativo, tão importante. Ela decidiu, que não iria ficar neutra as questões que ela acredita, e aquilo foi admirável, e provavelmente eu nunca mais verei aquela senhora na minha frente, foi uma experiência unica. Dali, minha mãe apareceu e saímos direto para o médico, e até então não havia contado isso para ninguém. E nesse viés, foi que eu DECIDI  relatar tais acontecimentos, que a principio parecem tão irrelevantes, mas que podem sem que eu saiba serem muito significativos para outras pessoas. E assim, mantenho esse defeito do qual me orgulho muito, o de não ser neutro.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...