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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Poema da permissão



Solicito o direito de nascença, o direito da descrença.
Aos bem aventurados amansados pelo fruto do trabalho árduo,
Elevo meus pensamentos desordenados
E o meu pouco cortejo aos seus abonos salariados.

Minha felicidade se mede em cifras
Quando em cifras se enervam pulmões áridos.
Respirar é condição de existência.
Aceitar é condição de demência.

Não reclamas pelo sol quente, nem pela chuva cotidiana.
São obras divinas, dizem os ocos otimistas.
Trabalham feito máquinas, vivem cheios de ressalvas
Tiram férias vão às praias
E me pedem intimistas.

Não abro mão, ó bem sucedidos!
Jesus te ama, dizem ungidos.
Reduzem o caos, te reduzem.
Reduzem suas reflexões, suas ideias.
Reduzem o seu modo de ver o mundo.
Chamam-te de pessimista
E numa redoma de vidro pronta a ofender
Vociferam: seu comunista!

Deem-me ó felizes algozes dos desafortunados
O direito a repudiar a desigualdade e a injustiça
Concedam-me o direito a existir como aprendi
De indignar-se com o óbvio, relutante a tua missa.
Não sou cordeiro, tampouco ei de me sacrificar.
Com o décimo terceiro salário
Com as férias reduzidas
E a visão empobrecida,
Pela manutenção, dessa classe,
Já enriquecida.




segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Poesia seca



São tantas poesias secas
São tantas vidas vazias
Que eu passo a frente dos dias
Como quem clama ouvir nostalgias

Exclamam: Viver de passado é museu!
Quem dera excluir da memória
Interceptar a história
Romper o que já se envolveu.

O que se cativa, se gruda, se finca
Como bomba de napalm
Arde, incendeia
Marca na pele, como gado
A tatuagem que se frustra, se trinca
Tudo que vive de passado.

A ideia construída do outro
É o aborto prematuro
O reflexo do passado
Inventando um futuro.

Saudosista de meia pataca
Nostalgia pela culatra
Lembra mesmo do que não viveu
Perpassou por casas vazias
Conheceu pessoas sombrias
Reclamou o que nunca foi seu.

O passado é abstrato em forma de aroma
Tem conteúdo, tem preenchimento
Vem cheio de coisas uteis
Desusadas, abandonadas
Termina com laços fúteis
Poesias, degoladas.

O passado é uma carta escrita com amor
Faz sentido, tem sentimento
Escreveu-se cheia de atitudes
Desonradas, descartadas
Termina com “desvirtudes”
Vidas rasas, amassadas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Absorvo

Feito guardanapo velho de papel
absorvo.
Absorvo feito gente grande capaz de abstrações.
Inerte a observar as promessas incertas
absorvo.
Feito quem observa o horizonte inalcançável
absorvo.
Feito esponja usada toda em fel
absorvo.
Absorvo o observável, e intocável
Pelo prazer de não morrer, absorvo.
Feito terra regada em lama, a sete palmos
absorvo.
E quando absorver for insuportável
talvez exploda.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ela.

Ela disse que eu sonhava demais
disse que eu queria algo que talvez não fosse o que eu realmente precisava,
evidente que ela me conhece bem,
evidente que eu emudeci diante de saber que ela sabe de tudo aquilo que nem eu sei as vezes.
Ela se preocupa com meu insucesso, com minhas lagrimas e com meus sonhos longínquos e irreais.
Ela parte do real, daquilo que é possível ver em mim, na minha aparência, na minha expressão.
Ela é mais do que eu imaginei.
É quem me aguarda chegar na beira do cais com um sorriso tranquilo de conforto para a alma.
Ela esta cansada, entristecida, e com razão.
Eu estou inquieto, sem a solução.

Conta comigo

"Eu nunca mais terei amigos como os que eu tive aos 12 anos. Jesus e alguém tem?". Esta foi a última frase escrita na maquina de escrever de Gordie Lachance(Wil Wheaton), depois que seu filho junto a um amigo adentraram na sala com uma voz estridente chamando por ele. Lá fora no quintal todo gramado ao lado de um jipe brincando com toalhas de banho com seus filhos o filme termina com a música "Stand by me" de Ben E. King. Nó na garganta. Vontade de chorar. Um sentimento saudosista toma conta. Um querer ter vivido aquilo, exatamente daquele jeito. Ter tido amigos e histórias que marcassem uma adolescência com aventuras e descobertas. E toda vez que eu ouço a musica de Ben E. King, eu me emociono, e lembro exatamente de detalhes do filme, como o destino dos garotos narrado pelo próprio Gordie Lachance já adulto, principalmente quando ele cita o Cris Chambers ( River Phoenix) que sempre com seu senso de justiça, e com sua sensibilidade demonstrada durante todo o filme, terminou morto a facadas em um restaurante, por um motivo torpe.


Ocorre, que nos últimos tempos, poucos filmes, poucas histórias estão conseguindo passar o simples, o cotidiano de modo especial. Ocorre, que as pessoas transformam as relações em ideias mirabolantes do que elas deveriam ser. A exemplo, os filmes atuais buscam suprir essa ânsia pelo especial, e nunca atingem efetivamente aquilo que há de mais simples em nosso ser, aquilo que nos prende a vida, os laços de amor e de amizade que criamos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A homogeneização partidária e a grande vitória do coeficiente eleitoral em Sarandi.



As perguntas que não querem calar: A população consegue entender o que levou o segundo vereador mais votado de Sarandi a não ter direito a uma cadeira dentro da câmara? Caso soubessem disso, como agiriam diante desta possibilidade? A população sabe o que é coeficiente eleitoral? A população sabe o significado das siglas partidárias que escolheram para representar sua cidade? A população sabe que os partidos foram construídos historicamente dentro de uma sociedade com os imperativos da luta de classe e da ideologia burguesa? Sabem quais as filosofias que baseiam e norteiam cada partido? A população sabe que a ideia principal de tudo isso, é justamente que ignorem estes detalhes importantes da eleição? Afinal de contas, quem são as pessoas que constituem esta população? Como esta população enxerga o mundo? Como enxergam a política? Como se relacionam com os fenômenos sociais?
As inquietações diante do óbvio e da falta de respostas deveriam ser latentes em cada ser existente dentro da sociedade, no entanto o que temos é uma série de instrumentos ideológicos para a manutenção deste modelo de sociedade que concede a outras gerações a responsabilidade de transformar o mundo.
Não há transformação, quando nos deparamos com leituras longas e difíceis preteridas em detrimento da indústria do consumo e do entretenimento. Prometi a mim mesmo que não mais desenvolveria textos almejando esclarecer dentro do raio de alcance algumas poucas mentes obscuras e já tomadas pelas ideias hegemônicas burguesas. Contudo, mesmo sabendo que poucos terão a capacidade de fazer as abstrações necessárias para compreender o meu desatino literário sobre o processo eleitoral do ultimo dia 7 de outubro e a respeito de todo o contexto que o permeia, me sinto no dever de mais uma vez tentar explicar esse disparate social.
O primeiro ponto a ser destacado é o de compreender o porquê as pessoas ao seu redor estão descontentes com os resultados da eleição, se foram estas pessoas que com seus votos teoricamente elegeram este quadro. Afinal de contas, onde se encontram as pessoas que construíram esse panorama eleitoral? Uma cidade com mais de 80 mil habitantes, com um eleitorado de 59.410 apurados pelo TSE, com quase 4 mil entre votos brancos e nulos? Quais são os instrumentos que estão faltando para que tenhamos clareza sobre o panorama que vem sendo construído na política nacional? Internet? Educação? Informação? Mas como esses instrumentos seriam utilizados se eles fossem de acesso a todos? Tenho sérias duvidas quanto as justificativas a respeito do caos em que nos encontramos neste episódio grotesco das eleições municipais, principalmente as eleições de Sarandi.  Talvez seja um equivoco responsabilizar a falta de acesso às informações, por que informações são dúbias, são passiveis de interpretação, e podem ser utilizadas ao bel prazer de quem as toma posse. O que realmente pode definir como serão utilizadas estas informações é o esclarecimento, a posse dos conhecimentos burgueses, para então participar das eleições de um modo disposto a transformar.

Ocorre que, na medida em que eles começam a participar, as contradições de interesses que estavam submersas sob aquele objetivo comum vêm à tona e fazem submergir o comum; o que sobressai, agora, é a contradição de interesses, ou seja, o proletariado, o operariado, as camadas dominadas, na medida em que participavam das eleições, não votavam bem, segundo a perspectiva das camadas dominantes quer dizer, não escolhiam os melhores; a burguesia acreditava que o povo instruído iria escolher os melhores governantes. Mas o povo instruído não estava escolhendo os melhores. Observe-se que não escolhiam os melhores do ponto de vista dominante” (Saviani, 2000).

A participação popular deve ser então sabotada de modo que ela não compreenda essa ação. Para Saviani (2000) o significado político, basicamente, é o seguinte: é que quando a burguesia acenava com a escola para todos (é por isso que era instrumento de hegemonia), ela estava num período capaz de expressar os seus interesses abarcando também os interesses das demais classes. Nesse sentido advogar escola para todos correspondia ao interesse da burguesia, porque era importante uma ordem democrática consolidada e, correspondia também ao interesse do operariado, do proletariado, porque para eles era importante participar do processo político, participar das decisões.  "Ora, então essa escola não está funcionando bem" foi o raciocínio das elites, das camadas dominantes; e se essa escola não está funcionando bem, é preciso reformar a escola. Não basta a quantidade, não adianta dar escola para todo mundo desse jeito. E surgiu a Escola Nova, que tornou possível, ao mesmo tempo, o aprimoramento do ensino destinado às elites e o rebaixamento do nível de ensino destinado às camadas populares. É nesse sentido que a hegemonia pôde ser recomposta. Sobre isso, haveria coisas interessantíssimas para a gente discutir em relação ao que está ocorrendo no Brasil, hoje; a contradição da política educacional atual, em que a proposta de base, referente ao ensino fundamentai, é, a meu modo de ver, populista, e a proposta de cúpula, em relação à pós-graduação, é elitista.
         Assim, chegamos ao segundo ponto, a hegemonia burguesa que tem como principal objetivo disseminar a ideia de que não existe desigualdade ou diferenças entre as classes. Desse modo, transfere a igualdade para educação, para saúde, para justiça, e ao modo de pensar que se torna equivalente dentre a massa popular. Concomitantemente, a massa visualiza coisas importantes como as filosofias partidárias como desimportantes, como se fossem tudo a mesma coisa, como se tivessem os mesmos significados. Hoje é frequente entre a opinião popular ouvirmos coisas do tipo “eu não voto em partido”, “eu voto na pessoa”, pois bem, a pessoa em que você vota não esta descolada de um partido, ela é filiada a um partido e subentende-se que ela acredita na filosofia deste, bem como, representa os interesses do partido dentro do poder político. Diante disso, se não há compreensão do que significa cada sigla partidária, e o que cada um deles defende, estaremos alheios aos verdadeiros interesses da tomada de poder em nossos municípios. O que temos atualmente é uma extensão histórica da calhordice humana, que para assumir o poder, ou mantê-lo, é capaz de disseminar ignorância, e falsas informações a fim de manipular a opinião popular. A opinião popular manipulada, também é confundida pela quantidade de informações, e não consegue discernir entre falsas e verdadeiras, relembrando que o povo não aprendeu a buscar as informações por conta própria, são passivos, e aguardam que as informações caiam em suas mãos sem qualquer trabalho. Por isso, acreditam na primeira mentira que ouvem.
No Brasil criou-se uma cultura no mínimo estranha chamada coligação partidária. Na disputa pelo poder vale tudo, até mesmo a união de ideias extremamente opostas com o mesmo objetivo: conseguir votos dos eleitores desinformados. Mas qual o objetivo de montar coligações homéricas para disputa das eleições? Antes de qualquer afirmação sobre as ideologias partidárias, faz-se necessário observar uma lista dos partidos ativos no país.

Nome do partido
Sigla
Número eleitoral
Data de registro
Número de filiados[2]
Presidente
Ideologia
PMDB
15
2 354 388
PTB
14
1 180 541
PDT
12
1 207 639
PT
13
1 549 261
DEM
25
1 094 593
PC do B
65
337 355
PSB
40
577 233
PSDB
45
1 353 686
PTC
36
172 931
PSC
20
364 664
PMN
33
216 121
PRP
44
214 415
PPS
23
467 199
PV
43
336 017
PT do B
70
159 378
PRTB
28
113 735
PP
11
1 415 620
PSTU
16
13 294
PCB
21
15 937
PHS
31
141 534
PSDC
27
165 609
PCO
29
2 746
PTN
19
126 060
PSL
17
199 112
PRB
10
287 356
PSOL
50
66 043
PR
764 375
PSD
55
174 662
PPL
54
16 636
PEN
51

Ao observar a tabela anterior com um pouco de atenção, principalmente nas ideologias partidárias, teremos subsídios para questionar algumas coligações. No entanto o que temos que ter em mente, é que boa parte dos partidos na verdade compartilham sim da mesma filosofia, e muitos não assumem verdadeiramente suas ideias. Ocorre que a homogeneização partidária, origina-se de um único interesse, ter acesso ao fundo público, e beneficiar os interesses privados. Vejamos o caso do município de Sarandi: O prefeito eleito Carlos Alberto de Paula, do Partido Democrático Trabalhista – PDT formou coligação com os seguintes partidos: PRB/PP/PDT/PMDB/PSC/PPS/DEM/PSDC/PHS/PMN/PSB/PPL/PSD e PCdoB. A partir disso, voltemos as ideologias de cada partido na tabela supracitada, e teremos uma miscelânea disparatada de ideologias, como, por exemplo, CentrismoFundamentalismo,Sincretismo político de mãos dadas com EsquerdaSocialismoComunismo,Marxismo-LeninismoProgressismo. Temos ainda o CentrismoFundamentalismo e Democracia Cristã, junto da  Esquerda, Nacionalista, Socialista. Ora, que patacoada é essa? O que pode ter levado  partidos com ideologias tão diferentes a se unirem?
Temos então o terceiro e ultimo ponto, mas não menos importante. Na sociedade de classes, a fragmentação do pensamento é uma constante, a fragmentação do trabalho, da pratica e da teoria, das ideias e da materialidade, com o objetivo de nos tornar alheios.
A fragmentação partidária, para a homogeneização mais tarde é a bola da vez. São os partidos, junto com os interessados em beneficiar-se do fundo publico que financiam uma campanha. Quanto mais partidos, maior é o montante de dinheiro a ser gasto na campanha, e maior a quantidade de apoiadores/investidores. Para tanto, a ideologia do partido torna-se irrelevante e preterida, pois nesse jogo político, partidos independentes financeiramente, não terão força suficiente para construir uma grande campanha, e a luta torna-se desigual, ao contrario do que a classe dominante insiste em pregar, sobre a democracia.
 Esse desinteresse generalizado sobre as ideologias de cada partido por parte da população se dá por meio da descrença inculcada em relação a política nacional, que reforça a ideia que político é tudo igual, independe de partido político, e também na desqualificação de partidos independentes e de esquerda realmente. Partidos como o PT que sempre tiveram ideias de oposição ao neoliberalismo e elitismo, só conseguiram tomar o poder quando renderam-se em partes a esse jogo político, construindo alianças no mínimo duvidosas. Os poucos que permaneceram fiéis à ideologia enfrentam conflitos internos que prejudicam a consolidação do partido em algumas situações, como foi o caso de Sarandi. O Vereador Bianco, foi o segundo mais votado nas ultimas eleições, um candidato do PT que mantém suas convicções de um partido radicalista em sua essência, engolido pelo sistema.
O vereador Bianco segundo mais votado em Sarandi não entrou na câmara de vereadores por conta do coeficiente eleitoral, que a maioria da população desconhece. O coeficiente eleitoral trata-se de um sistema a fim de promover a democracia e a heterogeinização na câmara de vereadores. Como? Com o coeficiente eleitoral os votos direcionados para cada coligação partidária serão decisivos para a quantidade de cadeiras que este terá direito dentro da câmara, assim por mais votos que uma coligação obtenha outras coligações também terão a chance de obter uma quantidade de votos para conseguir pelo menos uma cadeira, assim criando a possibilidade de termos oposição dentro da câmara de vereadores. O que de fato acontece, é que com este sistema existe a possibilidade de aumentar a quantidade de cadeiras de acordo com a quantidade de votos angariados. Assim surgem as grandes coligações, com pequenos partidos, como foi o caso da coligação do prefeito eleito Carlos de Paula.
A fim de homogeneizar a câmara tendo a maioria dos vereadores a seu favor, o PDT conseguiu construir uma grande coligação que por sua vez disponibilizou uma grande quantidade de candidatos a vereador, que podem ser considerados as “iscas” de votos. O que ocorre, é que dentro da coligação já temos os candidatos com forte possibilidade de se elegerem, assim os subcandidatos vão apenas garantir uma maior quantidade de votos para que a chance de conseguir o máximo de cadeiras seja concretizada. Foi assim que o Carlos de Paula conseguiu por dentro da câmara, vários “capatazes” como Ailton Machado, Cilas Morais, Rafael do Povão, Nito, Roberto Grava, Nildão, Belmiro Barbeiro, Erasmo da saúde, Adilson e Nelson Lima. Todos os candidatos a vereador eleitos estão dentro da coligação “A transformação continua” do Carlos de Paula, então o que era para garantir democracia foi usado como instrumento para conseguir a centralização do poder. Estes vereadores serão na verdade facilitadores dos desejos espúrios do atual prefeito, e não terão absolutamente nenhum impedimento para tanto.
Por conta do coeficiente eleitoral, um candidato com 756 votos se apossou de uma cadeira ocupando o lugar de um candidato com 2035 votos, e você ainda tem a pachorra de dizer que vota na pessoa, e não no partido? Saiba então que votar na pessoa, muitas vezes não é o suficiente para elegê-la, para isso, é preciso observar quem são os partidos que compõem uma grande coligação, e automaticamente descartá-los, por que partidos que coligam com outros partidos de ideologias diferentes na verdade não tem uma ideologia consolidada, e muito menos preocupam-se verdadeiramente com as questões profundas que assolam a nossa sociedade, estes são oportunistas, e pretendem reproduzir e manter a sociedade tal qual ela se constitui, fragmentada, e classista, desigual e assistencialista.
Claro que não podemos delegar aos torpes desinformados o exercício autônomo da cidadania, se temos uma desinformação generalizada e intencional. A eles cabem buscar outros meios, cabem aprender a ouvir, e a acreditar depois de fazer os devidos questionamentos e reflexões. Cabem a eles iniciar leituras alternativas, e terminarem essas leituras, e interpretá-las. Sair do senso comum exige um esforço desumano para a classe explorada, mas é obrigatório, é essencial. Não se podem culpar os pobres por não saberem votar, ou por desconhecerem os tramites deste fenômeno democrático, afinal de contas não são só eles que legitimam o fio condutor da reprodução social. Também temos uma classe média idiotizada, e com um sério problema cognitivo em um processo falso de ascensão social, o que os torna interesseiros, covardes, imediatistas e traiçoeiros, e estes não reproduzem somente pela desinformação, mas pela cretinice de buscarem na corrupção, na falta de caráter, a possibilidade de beneficiar-se do poder publico das formas mais escusas. A soma de uma classe média idiotizada, de uma classe miserável desinformada e facilmente comprada, e de uma burguesia conservadora, resulta na vitória da manutenção do capital, na reprodução do sistema econômico de desigualdades, na continuação das relações fragmentadas, equivocadas e distorcidas.


Rodrigo Eduardo dos Santos


SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 33.ª ed. revisada. Campinas: Autores Associados, 2000.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre.  Anexo: Lista de partidos políticos no Brasil. Endereço eletrônico: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_partidos_pol%C3%ADticos_no_Brasil. Acesso em 15/10/2012.


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