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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Poema da permissão



Solicito o direito de nascença, o direito da descrença.
Aos bem aventurados amansados pelo fruto do trabalho árduo,
Elevo meus pensamentos desordenados
E o meu pouco cortejo aos seus abonos salariados.

Minha felicidade se mede em cifras
Quando em cifras se enervam pulmões áridos.
Respirar é condição de existência.
Aceitar é condição de demência.

Não reclamas pelo sol quente, nem pela chuva cotidiana.
São obras divinas, dizem os ocos otimistas.
Trabalham feito máquinas, vivem cheios de ressalvas
Tiram férias vão às praias
E me pedem intimistas.

Não abro mão, ó bem sucedidos!
Jesus te ama, dizem ungidos.
Reduzem o caos, te reduzem.
Reduzem suas reflexões, suas ideias.
Reduzem o seu modo de ver o mundo.
Chamam-te de pessimista
E numa redoma de vidro pronta a ofender
Vociferam: seu comunista!

Deem-me ó felizes algozes dos desafortunados
O direito a repudiar a desigualdade e a injustiça
Concedam-me o direito a existir como aprendi
De indignar-se com o óbvio, relutante a tua missa.
Não sou cordeiro, tampouco ei de me sacrificar.
Com o décimo terceiro salário
Com as férias reduzidas
E a visão empobrecida,
Pela manutenção, dessa classe,
Já enriquecida.




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