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domingo, 14 de dezembro de 2014

A nova Sarandi e a segregação socioespacial financiada pelo Estado.



A segregação socioespacial é um dos principais aspectos que caracterizam as grandes metrópoles , mas também pode ser vista nas metrópoles menores e até em pequenas cidades que seguem a mesma lógica, um exemplo claro dessa segregação no espaço urbano é a cidade de Maringá, com seus bairros nobres e seu novo centro. O fenômeno da segregação socioespacial, entendido dentro da lógica capitalista contraditória, configura-se pela apropriação dos melhores espaços da cidade pela minoria rica e o afastamento da população de baixa renda para os espaços mais precários e desqualificados da cidade. Assim, a segregação socioespacial reflete as desigualdades econômicas, sociais e de classe características do sistema capitalista, influenciando nas formas de ocupação residencial, na oferta de serviços e na infraestrutura.

Nesse sentido, o principal meio encontrado pelos menos favorecidos para satisfazer a necessidade de moradia é a autoconstrução, que reflete o descaso do poder público no investimento de infraestrutura e serviços, implicando em condições de moradia indignas e precárias. Sendo assim, o Estado atua como um dos principais agentes segregadores, atuando em favor dos interesses dos capitalistas, em detrimento dos interesses da população pobre. O Estado, como agente legal do direcionamento da habitação de acordo com as classes sociais, favorece os interesses das classes altas, inviabilizando o acesso das melhores áreas da cidade às classes menos favorecidas e omitindo-se em relação aos principais problemas dos espaços periféricos de habitação. Além disso, vale destacar outra ação segregacionista do Estado, com a construção de conjuntos habitacionais populares em lugares distantes do centro da cidade, com oferta precária e insuficiente de serviços básicos à população, como ocorreu em Maringá com a construção de Conjuntos Habitacionais extremamente distantes do centro da cidade e da infraestrutura oferecida pelo poder público.

Outro importante agente segregador é o proprietário fundiário, que tem interesse no aumento do valor de troca da terra e para isso pressiona o poder público para o investimento em infraestrutura, em troca do aumento dos impostos cobrados. Assim, é notável a articulação e a ação conjunta desses dois agentes que colaboram, fundamentalmente, para a segregação socioespacial.

Outro ponto não menos importante é identificar diante desse modo de organização urbano social, como o poder público esta a serviço não da população, mas sim das empreiteiras, das loteadoras, das grandes industrias, e dos grandes empresários, bem como a serviço dos próprios interesses.

No caso de Maringá, temos claro e límpido como a água jorrando da fonte com a chegada do fim de ano, como a segregação sócioespacial é gritante. O poder publico investe consideravelmente no embelezamento do centro da cidade e dos bairros já ocupados pela classe mais abastada de Maringá. É possível verificar na segurança massiva no centro com a circulação constante de policiais, nos canteiros e flores maravilhosas que enfeitam essas partes especificas da cidade, na limpeza, na condição do asfalto sempre impecável, nos eventos oferecidos, enfim, o dinheiro é injetado numa única parte da cidade, no entanto ele é arrecadado igualmente de todos os habitantes da cidade, não existe taxação das grandes fortunas. Enquanto isso o morador dos bairros periféricos, caso queira se beneficiar de toda essa beleza de fim de ano, pelo menos temporariamente já que jamais terá condições de morar no centro da cidade muito menos nos bairros nobres, este, tem que se deslocar do seu bairro até o centro da cidade onde se concentram os grandes investimentos em infraestrutura, que valorizam significativamente os proprietários de terrenos, estabelecimentos, imóveis que se localizam nesses locais. Os canteiros de Maringá, não são para os moradores de Maringá, pelo menos não para todos.


E nesse mesmo sentido vem esse projeto da nova Sarandi, como um modelo de organização socioespacial segregacionista, que ignora as mazelas de uma Sarandi já existente para beneficiar os interesses de um pequeno grupo que tem muito a ganhar, com esse novo espaço, que antes mesmo de existir já vale um bom dinheiro. Se realmente houvesse o interesse em beneficiar a população de Sarandi, os investimentos deveriam ser obviamente destinados a Sarandi que já é uma realidade, e não numa ideia de uma nova e distante cidade. Se toda essa infraestrutura, se todo esse projeto, se todo esse planejamento fosse com o objetivo de revitalizar a Sarandi que já existe, valorizando quem já tem suas moradias há anos, quem já tem seus comércios há anos e que há anos sofrem com a precarização do serviço público, eu acreditaria nesse projeto. Mas se esse projeto esta sendo idealizado para um espaço vazio, distante do espaço que já é uma realidade, quer dizer que esse projeto não é para o morador de Sarandi, esse projeto vai de encontro aos interesses das loteadoras, de grandes empresários, de gente com bala na agulha para estar se apropriando dessa nova Sarandi que vai receber toda a infraestrutura que a velha Sarandi não tem, sem deixar escapar o detalhe, de que o dinheiro utilizado para isso, vem do contribuinte da velha Sarandi. Desta forma os moradores reais de Sarandi não podem corroborar com essa ideia de nova Sarandi, já que esta não é para os mesmos. Não importa o quão o discurso seja bonito, não importa o quão o discurso nos diga que a nova sarandi vem no sentido de melhorar também a velha Sarandi, Mentira! A ordem jamais deveria ser essa, primeiro a nova e consequentemente a velha, muito pelo contrário, primeiro deve-se organizar e se investir no que já existe, e se for necessário a expansão que isso ocorra naturalmente, e não forçadamente com interesses espúrios de se auto beneficiar como vem fazendo há tempos a administração liderada pelo prefeito Carlos de Paula junto com seus vários comparsas.

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