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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A intolerância manda E-mail

Faz algum tempo que recebi este E-mail, e o respondi detalhadamente a quem me mandou. Fiz isso por que percebi no texto um ranço de desinformação misturado com preconceito, e como eu já disse, se tem uma coisa que me incomoda é perceber a ignorância humana fazendo escola nas minas costas, se utilizando da minha caixa de E-mail, e isso não pude deixar passar. Logo abaixo o texto e as minhas colocações a cerca do assunto:

“Apareceu alguém com algum discernimento” 

1° (Alguém quem? Dizer que tem discernimento qualquer um diz, ter é diferente. Concluir que alguém tem discernimento só por que concorda com o que a pessoa diz, é demonstrar-se totalmente manipulável e complacente com causas de interesses próprios)

“Comentários de um GAY sobre o movimento patrocinado pela Rede Globo!”

2° (Dizer que é gay qualquer um diz, ainda mais por meio de um texto sem nenhuma referência, onde qualquer pessoa possa ter vomitado tais idéias, como saber se quem escreveu esse texto é um homem, uma mulher, um gay, rico, pobre? Eu já disse, concordar com algo, não significa que isso seja realmente fidedigno,confiável ou irrefutável)

“Finalmente, alguém tremendamente lúcido, inteligente, esclarecido e principalmente uma pessoa que respeita o espaço dos outros!”

3° ( Uma pessoa que respeita o espaço dos outros?!! Isso quer dizer que tem um limite que divide os espaços dos quais os gays e os héteros podem freqüentar? E pelo jeito o espaço heteronormativo é maior. Este espaço quer dizer representatividade, e todos os seres humanos querem se ver representados em todos os espaços, seja na televisão, seja na sociedade, mas se uma minoria ganha um espaço maior que o da dita “maioria” logo o espaço esta sendo invadido? Venhamos e convenhamos se o espaço dos gays se restringe ao gueto, ou a liberdade de ser gay só dentro da tua casa, para mim fica claro que estão sim em desvantagem e merecem sim ser melhores representados, mesmo que seja numa novela meia boca da tal Rede Globo, e se você pensa o contrário disso, ou acha isso um exagero, claramente você é preconceituoso, não seja hipócrita)

“Tenho 42 anos, sou gay, torcedor do cruzeiro, advogado e moro em Londres.”

4° (Mora em Londres? Creio eu que Londres e Brasil sejam duas realidades diferentes).

“Nunca sofri nenhum tipo de discriminação em 

virtude de minha orientação sexual.

 5° (Claro que não sofreu discriminação! O paquiderme é advogado e mora em Londres, tem que ser muito idiota para passar tão batido numa informação dessas. A realidade de muitos gays é muito diferente dessa, as condições financeiras são fatores importantes na forma como a sociedade que se pauta na hipocrisia e nas aparências, para a aceitação de qualquer individuo)

“E como gay, penso que tenho alguma autoridade 

nesse assunto.

 6°( Não tem! Ser gay não dá autoridade nenhuma nos assuntos que dizem respeito a orientação sexual, assim como ser pai, não dá autoridade nenhuma no assunto paterno, assim como ser deficiente físico não dá autoridade nenhuma nos assuntos sobre deficiência, assim como ser negro não dá autoridade nenhuma em assuntos sobre racismo. Todas estas situações são condições naturais, você só é autoridade em algum assunto quando estuda, pesquisa, se forma, faz pós graduação, doutorado, enfim, com certeza, não é autoridade no assunto.)

“Primeiramente - e já contrariando a turba - gostaria de expressar minha sincera simpatia pelo Deputado Bolsonaro, que no fundo deve ser uma pessoa de uma doçura ímpar, apesar de suas manifestações "grosseiras e/ou politicamente incorretas".

“Mas ele está corretíssimo em suas ponderações 

sobre as ideais dos gays brasileiros.

7°(Jair Bolsonaro, é um deputado que defende a volta da ditadura Militar, se você acha isso uma doçura impar, eu torço fervorosamente para que ele consiga. Por que só sentindo na pele talvez se entenda o que é ditadura. Mas claro, gente covarde, traiçoeira e egoísta não sofre muito com isso, por que é capaz de entregar o amigo ou a própria mãe para salvar a própria pele. Jair Bolsonaro é um fascista, sabe o que isso quer dizer? Espere sentado alguém mandar-te um E-mail explicando, ou pesquise em algum site de confiança)

“Vou direto ao assunto:Nunca tive problemas em ser 

homossexual porque sou uma pessoa comum, quase

 igual à vida de qualquer heterossexual.

8°(E por que deveria ser diferente? Qual a novidade em ser uma pessoa comum? Sim meu querido, são as pessoas diferentes que sofrem preconceitos, e não as pessoas que passam desapercebidas por aí. Só que isso não exime uma pessoa de ter problemas em relação a orientação homossexual, se não houvessem problemas em ser homossexual, nem eu nem você teríamos escrito estas linhas discutindo pontos de vista divergentes. O problema é, que você só vê o teu caso, e não TODOS  os casos, como um problema seu. O nome disso é egoísmo)

“Esse negócio de viver a vida expressando 

diuturnamente sua sexualidade é uma doença.

9° (Se isso é uma doença eu realmente não sei, mas no que tange a expressar diuturnamente a sexualidade, isso cabe não somente aos gays, mas aos héteros, que se beijam nas ruas, nas praças, nos filmes, nas novelas, no portão de casa, enfim, proibir qualquer tipo de expressão da sexualidade é uma coisa coerente para quem é a favor da volta da ditadura militar, e não para alguém que se diz esclarecido)

“A sexualidade é algo que se encontra na esfera da 

intimidade e não diz respeito a ninguém.

10°(Entendo que beijo também é expressão da sexualidade. Porém ao se especificar isso somente ao ato sexual em si, concordo que não diz respeito a ninguém, no entanto não é o que acontece, a igreja, por exemplo, condena o sexo homossexual, é da conta dela a intimidade sexual? Não! E mesmo assim ela interfere. Sem dizer da intimidade sexual hetero que é amplamente divulgada nas novelas da Rede Globo. Ou não?

“Não tenho trejeitos e não aprecio quem os tem.

11°(Não fumo, e não aprecio quem fuma. Veja como isso é uma questão de preferência pessoal, e não deveria definir o grau de importância de uma pessoa. Não aprecio fumantes, mas eles existem, e mais do que fumantes são pessoas, que podem ter muitas virtudes, ou vários outros defeitos. Percebe?)

“Para mim, qualquer tipo de extremo é patológico.

12°(Para você? Pergunto novamente, quem é você para falar de patologia? Um advogado? Deixe esse assunto para um médico especializado, extremos podem não ser uma doença como esta dizendo, que tal pesquisar antes de sair dizendo qualquer coisa por ai?)

“Minha vida é dedicada e focada em outras coisas, 

principalmente o trabalho.

Outros, como doentes que são, vivem a vida focados 

na sexualidade

O machão grosseiro e mulherengo ou a bicha louca demonstram bem estes extremos.” 

13°( Ta ai a diferença. Machão grosseiro e mulherengo sofre preconceito? É espancado na rua? É alvo de piada? É oq eu eu disse, os extremos não necessariamente são doenças, mas se forem, não vejo como cura nem punição a marginalização e o espancamento)

“Qualquer tipo de pervertido ou depravado (como a 

Preta Gil), o pedófilo, estão neste mesmo barco.

14° ( Está claro nesta frase a intenção sórdida de jogar tudo no mesmo saco, para ignorantes entenderem perversão e pedofilia como se fosse a mesma coisa que homossexualidade, sendo que são coisas distintas. Ser pervertido não é uma exclusividade dos gays, heteros também são pervertidos. E pedofilia, isso sim é uma doença, comprovado cientificamente, procure saber sobre isso, já que não entende tão bem assim de patologias)

“Nunca fui numa parada gay  e jamais irei, pois para 

mim aquilo é um circo de loucas horrorosas, uma 

apologia à bizarrice e à cocaína.”


15°(Mais uma vez jogando tudo no mesmo saco. Generalizar é uma forma ótima de não precisar identificar os pormenores. Quer dizer que ser gay é sinônimo de drogado? De bizarro? A parada gay com certeza tem muito equívocos, mas não são maiores que este texto estúpido)

“Sejam francos e falem a verdade!

Hoje aplaudimos o bizarro e a perversão doentia 

ainda levamos nossos filhos pra assistir esses desfiles.

Se a parada gay realmente fosse um ato político, 

relembrando sua real importância histórica, muita

bem caberia no carnaval - abrindo o desfile das 

escolas de samba. Muito mais apropriado.

16°(Se fosse um ato político caberia no carnaval abrindo o desfile??? Mas que porra você entende de ato político para dizer uma asneira dessas? Nenhuma ato político ficaria bem num desfile de carnaval. E falando nisso o carnaval é um ótimo exemplo das bizarrices e da perversão heterossexual, não acham? Ou mulher pelada dançando na televisão em horário nobre é coisa pura de Deus?)

“Está rolando sim, um movimento das bichas 

enlouquecidas, no sentido de transformar o mundo 

num grande puteiro-hospício gay.”

17°(O que tá rolando é um movimento sério, de uma minoria séria e engajada que luta pelos seus direitos, se a bicha de Londres, advogada, não precisa reivindicar os direitos, não se dê o trabalho de tentar atrapalhar quem ainda luta por isso. É como se um negro dissesse que o racismo não existe,  ou chamasse todos os negros de loucos por lutarem pelos seus direitos de minoria. Percebe?)

“Eu tenho um sobrinho de 11 anos e nunca senti a 

necessidade de explicar para ele que o "titio é gay" 

isto é uma palhaçada.

As crianças devem ser educadas no sentido de 

respeitar o próximo e ponto.

Isto engloba tudo.

18°( Mania de generalizar não é mesmo? Isso engloba tudo não é mesmo? Pois bem, a educação não pode ser generalista, ela perpassa especificidades, por isso, existem diversos conhecimentos e disciplinas nas escolas. Essa história de respeitar o próximo só funciona em provérbios da Bíblia. A gente respeita aquilo que a gente conhece, e que a gente aprende a respeitar. È preciso explicar sim, as coisas não surgem do além, tudo tem uma origem e uma explicação que não é a mesma para todas as coisas).

“Se pararmos para olhar como o mundo se encontra,

 temos que reconhecer que o modelo de educação 

que se desenvolve há décadas foi criado no sentido de

 deseducar e desestruturar cultural e 

intelectualmente as massas.” 

“Universidades por todo mundo vomitam milhões de 

pseudos-intelectuais todos os anos, mas tudo piora a 

cada dia e caminhamos a passos largos para o 

buraco.

“Todos os governos do mundo conspiram contra seus 

próprios cidadãos e se transformaram em grandes 

máfias, junto com os Bancos e as Corporações estão

 levando tudo, inclusive (e principalmente) nossa própria humanidade.” 

“A corrupção se alastra pelo globo e nunca vimos 

tantas guerras e descrições que vão desde o aspecto 

moral, até o material - a destruição de nosso próprio

 planeta.

“A coisa está tão feia, mas tão feia, que somente uma

 intervenção "divina" é capaz de frear nossos insanos

 governantes e a turba alucinada.”  

19°(Tudo no mesmo saco de novo? Problemas com educação e corrupção não são culpa de gays. Que história é essa de tentar desqualificar uma classe com defeitos que pertencem a todas as pessoas, sejam heteros ou gays? A educação não foi criada para deseducar nem desestruturar, o sistema capitalista é que se apropria da educação como ferramenta para a manipulação das massas, assim como este texto faz, usando da falha educação de alguns, para divulgar inverdades, informações errôneas, sem bases, sem referências, sem fundamentos)

“E digo mais !

A fonte desse movimento encontra-se dentro da Rede Globo, onde a viadagem anda solta, basta ver as novelas, desde muito tempo atrás.”

“Os maiores interessados no crescimento desse movimento gay são os diretores dessa TV desumana, a Globo,  que no fundo no fundo, mostrando relacionamentos homossexuais como se fosse moda, incita as crianças e jovens a assumirem um lado feminino, que em tese, às vezes nem existe de fato.”

20°(Nenhum tema chega na televisão a toa, antes disso, estavam nos telejornais, com casos de ataques a gays, nas escolas com casos de bullying. A televisão tem obrigação de prestar um serviço de informação e conscientização, por que caso não saibam ela tem uma responsabilidade social, por ser um concessão pública, e influenciar as idéias da maioria da população. Se tem esta concessão pública, todos que pagam impostos devem ser representados)
  

“Se ninguém disser um BASTA, BEM ALTO a essa 

gayzada frenética, a coisa sairá dos limites - como já 

está saindo.” 

“Essa é a expressão de milhares e milhares de 

pessoas, para não dizer milhões.”  

“Os gays precisam de amor e compreensão, não de 

fanatismo apregoado pelas bichas ensandecidas”

21° (Os gays não precisam de amor e compreensão de uma pessoa que quer dar um basta na gayzada frenética, precisam de respeito e direitos iguais perante o resto da sociedade)

A CÉLULA MATER DA FAMÍLIA DE COMERCIAL DE MARGARINA


Ao ler a  opinião   do leitor do diário,  Juarez Firmino  se posicionando contra à entrevista de um juiz do STF , favorável as decisões relacionadas à união estável entre iguais e a adoção por parte de casais homossexuais, senti-me consternado ao denotar que o preconceito velado ganha diversas justificativas infundadas, desinformam e estimulam o ódio em nome da moral e dos bons costumes da super valorizada família nos moldes tradicionais. Ele questiona o fato das crianças terem direito a optar por famílias tradicionais, desprezando a situação em que se encontram as crianças a espera de uma família. As crianças não precisam de famílias tradicionais, elas precisam de um lar, de amor, respeito e educação, e o provimento dessas condições nunca disse respeito à orientação sexual. A criança pode escolher uma família tradicional, porém eu me pergunto, a família tradicional escolhe a criança? Está claro que, a maioria dos casais busca crianças recém nascidas, de boa aparência, enquanto que as crianças mais velhas vão sendo deixadas de lado. Um estudante de direito deveria no mínimo conhecer os procedimentos utilizados para uma adoção, e compreender que orientação sexual não é fator determinante para definir quem pode e quem não pode adotar. Se a homossexualidade fosse uma opção como destaca Juarez, concomitantemente a heterossexualidade seria também uma opção, abrindo a possibilidade de escolha para ambos os lados, sendo assim, é preciso compreender que se, orientação sexual não é uma escolha, se torna impossível que uma criança se transforme em homossexual pelo simples fato de ter pais homossexuais. Se assim fosse, crianças, frutos de uma relação heterossexual, pertencente a um ambiente heterossexual jamais seriam homossexuais, o que não é verdade. A mídia é capaz de influenciar aquilo que provém dos desejos, do querer humano, não aquilo que é inato ao ser humano, que independe da vontade ou escolha.
Não dá mais para ignorar que o modelo de família mudou muito nos últimos tempos, e isso não é uma questão de ser antiquado ou moderno demais, isso diz respeito às condições que o Estado e o modelo social impõem. Muitos sabem que a origem da família diz respeito à questão econômica, a passagem de heranças materiais de uma geração para outra, porém, hoje família é constituída às vezes de pai e filho, às vezes de neto e avó, de marido e mulher, de amigos, sorte da criança que tem um ambiente acolhedor que se possa chamar de família realmente, não uma família de aparências, tradição e moralidade que na maioria das vezes não passa de uma bela fachada. Casais heterossexuais não são a garantia de um lar adequado para nenhuma criança, vide a quantidade de crianças abandonadas, maltratadas, violentadas, passando fome dentro do seio da tal família tradicional. Ou será que família tradicional não diz respeito as família pobres do país? As garantias são outras, dos quais profissionais capacitados, como os assistentes sociais, investigam a ponto de identificar se existem ou não a possibilidade da adoção.
Qualquer opinião que despreze o mínimo de conhecimento sobre o assunto se pauta no preconceito, que se vale de argumentos torpes, que não condizem com a realidade, distorcem os fatos de modo conveniente com os interesses próprios, como por exemplo, a péssima conduta de botar no mesmo saco homossexualidade e pedofilia, uma, orientação sexual, outra, doença comprovada. Muitos pedófilos são heterossexuais, muitos violentam os próprios filhos, isso é família tradicional? A miséria e a desagregação da família não têm nada a ver com a orientação sexual das pessoas. Todos querem opinar sobre os direitos de uma minoria, isso seria a ditadura da maioria? A imposição dos moldes tradicionais de família, a família que não é tão tradicional assim? Será que os gays estão impondo alguma coisa, ou somente estão lutando pelos seus direitos, enquanto cidadãos, pagadores de impostos, seres humanos, bons consumidores, e eleitores, votam e por isso merecem ser representados pelo Estado. Eles merecem constituir suas próprias famílias. A democracia não pode ser justificativa para relegar os direitos a ninguém. As pessoas não escolhem ser gays, mas podem muito bem escolher ter ou não filhos, isso sim é uma opção, e direito garantido, por exemplo, a casais heterossexuais com problemas de fertilidade.
Em um estado laico, moral religiosa só cabe mesmo em família tradicional, e não decidindo a vida de outros tantos. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ama-se as flores, desde que não desabrochem.

Como se as cores e as flores pudessem me trazer a paz. Como se os traços e os sonhos por dentro me fossem capaz, são superficiais, são sacrifícios, que não me cabem e não me dizem respeito. E sempre que o vento bater no meu rosto, eu ei de chorar, ao lembrar que o futuro é incerto demais, não se pode “desadubar”. Assim, as histórias insanas vão sempre perdendo o sentido, mas todo o sentido que existe, as flores humanas que dizem, que somente loucas normais, constroem um belo jardim, e as flores insanas não são naturais. Como se as flores pudessem sentir, se escolhessem um tempo, botões vão abrir. Flores somente são flores por desabrochar, flores não deixam suas cores e sem desamores não podem voar. Não olhe assim, para as flores que, jasmim, nunca será, seja o compasso livre, amargo, enclausurado da canção, no ritmo de flores que são flores quando são, mesmo que o jardineiro diga não. Somente serão flores, as flores que se declararem, e insistirem que a flor tem que se abrir, brilhar e encantar. Flores murchas para mim é que não são normais e muito menos naturais, em si, destoam do seu jardim. Não se pode ser, uma flor que trás conflito em cada pétala, sem mais, sem paz, sem os flagelos das plantas naturais, são tão superficiais, estragam com o tempo, não há adubo lento, não há brisa nem vento, nem um sopro de solidão, a flor caída pelo chão, desanimada com o jardim de imensidão.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Meu vitral arranhado e a minha cara de nada

Eu estou triste. Sim muito triste imensamente triste de perceber como meus atos são banalizados, como cada palavra, cada passo é tão imóvel, tão paralisado e invisível. É inconsolável essa dor de notar o quanto o mundo é um lugar que não me cabe, não me encaixa, por maior que seja. Seus quatro cantos me parecem gaiolas e jaulas. Sinto-me preso dentro de mim, e das minhas idéias tão comuns e tão banalizadas, e dos meus pontos de vista que são vistos com tanta indiferença.  Estou muito cansado de notar que as minhas preferências nem se quer fazem sentido ou diferença, são só a minha cara, uma cara de nada, uma cara comum, sem estilo, sem individualidade. Estou cansado de me transformar sempre, e nunca ser quem eu sou de verdade, por que ser quem eu sou, e não ser nada, simplesmente não parece arranhar o vitral que cobre o universo, não modifica, não comove, nem se quer move uma pena de lugar. Estou cansado do meu cheiro fúnebre, triste e inerte, e dos meus risos, vazios, sem qualquer sentido, muito pouco retraído e tão sincero, mas por tão pouco e tão poucas vezes. Cansado de tentar mostrar todo esse nada que eu sou, sem saber, sem entender, sentindo a essência estranha do que é a morte, e morrendo todos os dias sem velório, sem choro, sem lágrimas. Trancam-me no caixão escuro da minha própria solidão e dos meus próprios anseios aniquilados, e não jogam ao menos uma flor. Eu sou tão vago, tão estúpido, tão presunçoso quanto sou confiante em mim mesmo. Estou cansado das melodias profundas que combinam com as dores profundas que esmagam meus dedos na hora de escalar as paredes úmidas desse poço, que se configura escuro. Deitado no canto, meus olhos sangram a cada irrelevância sobre tudo aquilo que considero o mais importante, que nunca foi importante para ninguém. Como se essa dor fosse indiferente ou inexistente, como se vivesse a base de remédios, de calmantes, e o medo se escondesse nos comprimidos e no sono sem futuro, sem rumo, sem esperança de acordar.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Bancada evangélica, o inseto teocrático do parlamento.


O zumbido da teocracia ensurdece na pós - modernidade a casa da democracia e do Estado laico, a bíblia se transfigura na constituição brasileira, e os pastores decidem a vida de um povo miscigenado, cheio de diferenças culturais, de raça, de classes, de sexo, como se num nazismo deliberado, as raças arianas fossem agora, as crentes em Deus, brancas, heteronormativas e conservadoras dos valores morais e dos bons costumes. Nada de prazeres sexuais, nada de quaisquer tipos de prazeres que não sejam aqueles que se tem ao receber o dízimo da igreja, do templo, do antro de fé e sabedoria divina, aquela que explica tudo o que a ciência não consegue explicar, ou seria o contrário? Cansei-me de assinar petições, cansei de me sentir de mãos atadas vendo os movimentos sociais que vão contra todo esse tipo de soberania teocrática sobre o povo brasileiro, se movimentando nas ruas, e em troca recebendo pedras, tiros, gás de pimenta, balas de borracha, socos e ponta pés, xingos e humilhações, enquanto risos internos, e gargalhadas espalhafatosas sem um pingo de vergonha se declaram no congresso com a mais pura falta de consideração com o cargo que se ocupa, são ridículos, e agem como se fossem donos do país e do povo que aqui habita, e só agem assim, por que ainda são mínimos os movimentos, apesar de não parecer, e de estar gradativamente aumentando, porém ainda falta articulação, falta planejamento para que os movimentos se tornem maiores e mais significativos. As classes estão fragmentadas bem como o sistema condicionou, os PM’s da Bahia são os mesmos que entram em confronto com civis que se manifestam reivindicando seus direitos, as classes não entram em consenso, e assumem brigas isoladas e individuais. Cada grupo defende seus próprios interesses, e o momento agora é justamente o de buscar apoio dos outros grupos, sem chantagens, sem alianças que mais tarde tragam a tona os mesmos problemas, é preciso de clareza, de um jogo limpo, onde as minorias se tornam maioria não por um ou outro direito, mas por todos eles. O poder sempre foi o poder, e sempre contou com a fácil manipulação da massa, mas diante de nossos olhos, um bando de fundamentalistas religiosos, capazes de decapitar pecadores, e queimar gays numa fogueira está tomando a frente desse poder que nunca foi honesto e integro, e agora se constitui na volta da inquisição e da caça as bruxas.
Como insetos que bebericam sobre as fezes, a frente evangélica, que não consigo entender como chegou ao poder, se empanturram com a ignorância e com o atraso do desenvolvimento dos direitos no Brasil, temas que são polemizados, justamente por essa cultura arcaica, démodé, cheia de “não me rele não me toque”, que é uma cultura burguesa, e faz da ideologia burguesa a ideologia de todas as classes, que se curvam aos seus valores do que é erudito, do que é certo, do que é moral, do que é natural, do que é normal, e assim regem a vida de todos nós. Nesse sentido, pessoas comuns, desinformadas, ignorantes, e sem discernimento suficiente ao ficarem de frente com temas como aborto, homossexualidade, ou ocupação de terras, se apegam a ideologia que já esta inculcada, a burguesa, que não admite novidades, movimentos contrários, adversidades, e que prima pelo privado, pelo poder de uns sobre os outros, usufruindo dos paradigmas a cerca disso.
Não são “moderninhos” como muitos alegam por ai, como alegaram que eram “rebeldes”, ou subversivos na ditadura, são pessoas com capacidade de discernir, e com coragem de expor claramente o contexto abusivo, traiçoeiro, covarde.
Qualquer cidadão comum sabe das injustiças, da pobreza, da corrupção, das diferenças entre ser rico e ser pobre, o que não sabem, é que só sabem aquilo que quem tem o poder, determina que possam saber. Sabem daquilo que é óbvio, mas são incapazes de interpretar, decodificar, e nesse sentido transformar. Por isso, lamentam individualmente, e não sabem de sua força. Enquanto isso, os insetos ignorantes, fundamentalistas religiosos, se descobrem no poder, se descobrem com a faca e o queijo nas mãos, e põe em cheque até mesmo o que há de mais moderno na sociedade, a eleição da primeira mulher a presidente de um país, transformando em jogo político os direitos de minorias, que são usados como moeda de troca, sabe-se lá por quais motivos.
O que me deixa bestificado é tudo isso acontecer mesmo tendo um Estado considerado laico. Sem esquecer que Estado LAICO não tem nada a ver com retirar Deus da vida das pessoas, pelo contrário, é justamente uma forma de garantir a diversidade de manifestações religiosas, fora do congresso. Imaginem só, se a maior parte do legislativo tivessem como religião o islamismo e aprovassem leis de acordo com suas respectivas religiões? O que a CNBB diria sobre isso? Por isso, é inconcebível que uma frente evangélica atue no congresso, baseados em suas crenças e em seus dogmas religiosos, sejam eles quais forem. 
Este movimento contra a homofobia é mais do que valorizar uma minoria especifica, tem a ver com a valorização e o respeito entre os seres humanos de modo geral, respeitando toda e qualquer diferença, seja física, social, política ou a sexual, que é a que esta em questão. Daí que partem os comentários muitas vezes contra este tipo de movimento, por alegarem ter no país uma série de outros problemas que seriam muito mais relevantes e mereceriam muito mais atenção por parte da sociedade civil, como a educação, a corrupção e a violência, mas o que é a marcha contra homofobia se não um movimento organizado justamente contra os políticos que não valorizam o respeito às classes minoritárias, e que usam de cargos públicos para se beneficiarem? O que é a marcha contra homofobia se não um momento de tornar a sociedade menos ignorante e mais educada em relação a um assunto que mesmo que indiretamente lhe diz respeito, vide os programas contra homofobia nas escolas? O que é a marcha contra homofobia se não um ato em repudio a violência contra as minorias, todas elas, não só os gays, mas os negros, as mulheres, as crianças, aos marginalizados socialmente?
Contudo, não adiante esperar de fundamentalistas que entendam e que se posicionem de outra forma que não a posição que tomaram contra tudo aquilo que consideram pecados mortais, não adianta esperar pacientemente que a massa tome o partido das minorias, das quais a própria massa faz parte, é necessária uma força ideológica tão efetiva quanto à ideologia burguesa, que vá contra, que se oponha, e que leve a outro nível de consciência. Se isso se faz com educação, eu acredito, contudo, chegamos numa situação extrema, e só a luta agressiva e violenta me parece ter resultados mais efetivos. Talvez a guerra pela paz seja um vício, ou um ciclo vicioso.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Quem não tem nada a perder não sabe quando parar"


Todos construíram ao longo da vida uma série de laços, com pessoas, com coisas, com o mundo, e cada laço desses, representam como bem disse em Fronteiras do Pensamento, Zygmunt Bauman, a segurança, que se equilibra fatalmente com a liberdade, ou seja, quanto mais laços forem construídos, maiores serão as chances de perdas, esse medo de perder o que construímos, é o que nos torna preso, paralisado, atado, concomitantemente ao aumento brutal das violências urbanas, da barbárie humana, e da eterna briga maniqueísta entre o bem e o mal. Em contrapartida, quanto menos temos a perder, mais livres e mais destemidos vamos nos tornando, porém, somente quando a sensação for de absolutamente nada a perder, que a liberdade pode ser sentida na integra, neste momento percebemos como os ciclos se fecham, se encaixam perfeitamente, vejam o sistema carcerário no Brasil, que aponta, que quando não se tem mais nada a perder, ainda lhe resta a liberdade, a ser perdida. Segundo Zygmunt Bauman, a liberdade nos últimos anos tem aumentado o que aumenta também a insegurança, o que a principio eu não havia concordado, porém interpretei que a liberdade da qual ele mencionava, tratava-se de uma liberdade generalista, ampla, onde cabem todos os tipos de conceitos, até mesmo as falsas sensações de liberdade. E isso é real, entretanto a ignorância que impera, faz com que a maioria faça as relações equivocadas, como por exemplo, acusar os avanços tecnológicos como responsáveis por toda a desgraça na terra, ou como acusar a liberdade de expressão ou os direitos humanos como responsáveis por toda a onda de violência, alegando que a falta de punição nesses casos gera a libertinagem, os abusos as regras, as normas, enfim ferem o sistema orgânico da sociedade civil. O fato é que a liberdade não existe, e por isso lhe foi dado um nome, para que saibamos identificar aquilo que não nos pertence realmente na sua essência. O que existe e vem se propagando é uma quantidade cada vez maior de pessoas que estão sendo usurpados todos os dias de seus direitos, de suas posses, de poder ir e vir, de poder se mover e construir e transformar, e estes vão se somando ao grupo de pessoas que já não tem mais nada a perder, e por não terem o que perder, são capazes de tudo para defender o pouco que lhe resta, até mesmo o direito de serem insanos para esquecerem tudo aquilo que lhes foi tirado. Assim, as atrocidades que parecem injustificáveis aos nossos olhos que ainda brilham por termos o que perder, julga e pré- julgam os atos e os devaneios da sociedade pós - moderna. O medo de perder cria preconceitos, opiniões absurdas, e diante dessa ampla liberdade generalista das quais acreditam ter alcançado em sua plenitude, observam-se implorando a ditadura e a repressão, a ordem e o progresso, o liberalismo e o conservadorismo, os bons costumes e os valores morais, e Deus no coração daqueles que não tem nada a perder, como forma de compensação, assim se constrói a segurança, no entanto, pode ser tarde demais, o crescimento de pessoas a não ter nada a perder é constante, e ouso dizer irreversível, a solução talvez seja a barbárie, a morte, ou talvez simplesmente não exista solução, por que a cada pessoa que estuda e abre sua mente, dez pessoas são jogadas para a ignorância perpétua, e se fecham.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sob

Sob todos os lados e todas as dores, sob todos os vícios e tantos rancores
Sob nossos olhos, sob a nossa guarda, sob as nossas guerras e sob as nossas armas
Sob nossos sonhos, sob a nossa pele, sob o nosso mundo, sob o submundo
Sob o nosso grito, sob as nossas preces, sob o imaginário, sob o que não deve
Sob tudo, sob todo mundo, sob mim, sob quase ninguém
Sob tudo, sob os homens, e todos aqueles que acreditam sob todas as coisas
Sob toda indiferença, sob toda crença, sobretudo, sobre todos nós.
Sob todos os egos inflados, sob toda ostentação e a justiça sob a verdade
Sob encontros e desencontros, sob os conflitos e a conformação
Sob todas as aceitações, sob todas as submissões
Sob todos os erros marcados, sob todas as repetições
Sob os poemas nunca recitados, sob toda incompreensão
Sob toda essa saudade, sob a falta de educação
Sob mim e sob as minhas próprias razões, sob tudo aquilo que se acredita
Sob toda a mistificação, sob toda ideologia e suas obras demoníacas
Sob todas as cores do arco Iris, sob todas as diferenças e as desigualdades
Sob todas as mulheres arrancadas de si, e sob todas as idéias arrancadas de mim
Sob toda divisão de classes, sob toda acumulação primitiva, sob o capital e suas delicias
Sob o consumo e a desilusão, sob os desejos e os anseios, sob toda a culpa
Sob todos os subjugados e sob todas as condenações, sob todos os valores morais
E sob todos os risos normais, sob toda a sua empáfia e sob todo o egoísmo inculcado
Sob toda uma cultura, sob toda sua historia, sob o medo e sob a desinformação
Sob você, que não entende que não compreende, que esta sob.

Dos bons samaritanos que eu odeio


Sabe quando você esta realmente ferrado? Não, eu definitivamente não to falando de bater o pé na quina de algum móvel, ou não conseguir entrar no MSN, e não é também da sua balada que não deu certo, muito menos do bolo que tu levou, eu estou falando sério, sobre uma série de infortúnios que duram digamos, mais de 20 anos, isso por que não quero ser mais exato e dizer 26.
Nesse meio tempo, quando se esta ferrado, bem no momento critico da coisa, surgem as “ajudas” dos “bons samaritanos” de plantão. Sabe, eu confesso, que sim, eu preciso muitas vezes de ajuda, quase sempre, mas eu me esqueço que os seres humanos, são extremamente complexos, e alguns deles em especifico, são definitivamente incapazes de discernir o que significa realmente ajudar. Ajudar pressupõe não pedir nada em troca, e esse nada, não inclui somente coisas materiais, inclui o terrorismo que o “bom samaritano” faz quando transforma sua ajuda em algo que pode ser perdido a qualquer momento, aquele tipo de ajuda, que diz respeito a sua total submissão e aceitação do que lhe é imposto pelo “bom samaritano”, que no cume do teu egoísmo se sente no direito de sentir-se ferido, quando quem tem esse direito de sentir-se abalado e ferido, é justamente aquele que precisa de ajuda, que se encontra vulnerável, por isso eu duvido de qualquer tipo de ajuda que venha com um “pode contar comigo para qualquer coisa”, por que bastam pouquíssimas coisas, para quem precisa de ajuda se deparar com um “sinto muito, mas desse jeito eu não posso fazer mais nada por você”, ou seja, lava-se as mãos tão facilmente que me deixa até com medo de algum dia realmente depender da ajuda de determinadas pessoas. Meu querido, o problema é meu, é comigo, caia na real, sou eu que preciso de compreensão, são as minhas atitudes erradas que deve ser relevado, não o contrário.
De que adianta alguém que te ajuda e corre para listar as ajudas que lhe fez? Que tipo de ajuda egoísta é essa, que sente prazer em mostrar que sem essa ajuda, você não seria nada? Gratidão é uma coisa que se tem ou não, ajuda é uma coisa que se dá sem esperar simplesmente nada, o contrario disso, no meu vocabulário não se chama ajuda, se chama oportunismo, ego, e falta de educação com a fragilidade alheia. Eu não sou obrigado a estar passando por um conflito imenso, e ter como ajuda um tipo de gente que agrava mais ainda seus conflitos, ou gera outros tipos de conflitos. Eu não preciso disso, eu preciso de tranqüilidade, não de mais cobranças, não de mais pressão.
Hoje, ou eu aprendo a lhe dar com isso, ou eu agrego a minha vida ainda mais problemas, e como eu já me cansei do mundo dos problemas girando ao meu redor, mais uma vez eu ei de abstrair, para manter-se vivo, seja lá por quais motivos, mas vivo.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O inferno e a submissão aos paradigmas religiosos na sociedade do capital.


Existe em comum entre as religiões justamente a busca por salvação, uma busca aparentemente pouco interessada em tornar os sacrifícios terrestres em moeda de troca para uma eternidade no paraíso. O homem coisa morre todos os dias por dentro e por fora, e vive uma vida vazia de viver, recheada de uma esperança no fim, no além, no que há depois das dores terrenas. O homem coisa acredita que o voto de pobreza, que o nome limpo, e a dignidade são as únicas coisas que lhe restam, e amedrontados pelos dogmas religiosos de um inferno concreto, com demônios, e larvas ferventes, deixam-se usurpar suas vidas, com o verdadeiro sentido de viver.
Quem nunca foi repreendido por estar se divertindo enquanto outros estavam ajoelhados aos pés de algum santo rezando e clamando a Deus em troca de créditos para o céu? Oras, valerá mais a pena viver uma vida de sacrifícios na terra, para não enfrentar a fúria de Deus, que impiedoso mandará sem passagem de volta, seus filhos rebeldes para o fundo do inferno.
É cruel essa cultura do inferno, de pessoas inseguras, amedrontadas, que se privam por não acreditarem nelas mesmas. No entanto, crêem em tantos absurdos, que se esquecendo de acreditar em si mesmas, vêem-se como meros pecadores, esperando a redenção. Não há de se por em discussão as crenças, crer é algo tão peculiar, tão intimo, não diz respeito à opinião alheia, a não ser quando essa crença faz parte de uma série de crenças construídas socialmente com objetivos pouco amistosos de manipulação da consciência social. Crer em si mesmo, seria no sentido da meritocracia, agradecer a si mesmo pelas graças diárias, que não são destinos, são conseqüências de atitudes concretas que fazem parte da realidade e independem de qualquer crença em algum ser superior. Digamos que alguém exposto culturalmente a existência de um ser onipotente, tomado como verdade absoluta, ao deparar-se com a consciência da realidade da não existência de um ser acima de todas as coisas, ao se por de frente com as contradições e crueldades do mundo capitalista, sentir-se-á solitário. Os homens há tempos vêm sendo construídos assim, covardes, dependentes, incapazes de tomarem decisões, conformados, bem como o sistema pede. Diante dessa covardia, sem saber onde amparar-se, define impossível e inaceitável a inexistência de um Deus que o salve e que resolva seus problemas terrestres.
Essa ideologia capitalista cristã, que cria essa consciência do bem e do mal, do céu e do inferno, é a mesma que é impiedosa diante das diferenças de classes, tem como principal foco, a preservação da propriedade privada, a concentração das riquezas e a exploração do trabalho do homem coisa, que dentro do ciclo, se vê como parte de uma passagem bíblica, o pobre, que receberá o milagre, e terá o direito sagrado ao reino dos céus. Este condena os atos humanos, os atos carnais, e os instintos e desejos que emergem no homem. O homem animal é visto em suma, como o demônio, a possessão, enquanto o homem reprimido de seus desejos, contra sua natureza, temente as normas e padrões sociais, garantem eticamente o seu espaço ao lado do ser supremo, nos campos verdejantes do paraíso eterno. Sejamos irônicos com a sensibilidade máxima para compreender minhas palavras, que são sérias, contudo permeiam o caminho critico da comédia, do cômico, do tragicômico.
Somos todos irmãos, filhos do mesmo pai, entretanto, humanos o suficiente para diante do nosso livre arbítrio julgar e condenar na terra. E a justiça terrestre é cega, mas a divina meu caro, essa não erra, mas também nunca acertou. Pregou o salvador na cruz, e condena dia após dia uma multidão a morrer de fome, sem ter onde morar, sem a dignidade que alguns, classe média tanto se orgulha, e não bastasse isso tudo, ainda tem que sentir-se culpados, pecadores, e amedrontados pois além do inferno da terra, um outro bem pior, caso não siga as regras sociais impostas, ou os dogmas da igreja, que para mim são a mesma coisa, o espera após a morte do corpo, da carne, dos instintos animais.
O mal, também é um constructo social, e depende dos valores morais que foram designados por um grupo social, e enquanto paradigmas se reproduzem pela história. O mal hoje se representa de várias formas, e vão desde os marginalizados que não tem o que perder nas ruas, que podem matar por uma pedra de crack, mas que são produtos do próprio sistema, mesmo a classe média que se esconde atrás de cercas elétricas insistindo em negar, até a liberação dos instintos mais primitivos do homem, como matar para comer, ou por qualquer outro motivo passional. O homem vai realmente para o inferno? Então qual o sentido dele pagar pelos crimes aqui na terra? Crimes esses que existem por que homens decidiram sobre quais atitudes não seriam aceitáveis em sociedade. Os punidos pela justiça terrestre seriam punidos duas vezes, uma aqui e outra no inferno. Uma viva a impunidade que pode ser resolvida no inferno. O fato é que o inferno tornou-se a primeira e ultima instancia, para controlar a consciência da sociedade, primeira por que desde a tenra infância, aprende-se no berço da religião quais os valores morais que cercearão sua liberdade de ser quem é pelo resto da vida, e se mesmo assim ousar transgredir, te mostrará o inferno na terra, e alertarão de que o inferno após a morte pode ainda ser pior.
Temer o inferno é nada mais do que reproduzir os paradigmas sociais capitalistas, que sobrevivem das massas acéfalas, crentes, que ao invés de enfrentar concretamente os conflitos que lhes surgem, ajoelham-se num altar, e aguardam um milagre, depois ignoram todas as evidências de que as soluções se deram de modo real, concreto, e atribuem os resultados aos seus atos simbólicos e abstratos. E assim o inferno se solidifica, e vira arma na mão de quem tem o poder.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Paralelo para mim

Estava por aqui, imaginado como seria se o medo que eu sinto de viver, não interrompesse todos os meus caminhos. Acostumei-me a viver a vida dos personagens, e o máximo do meu desafio, é o desafio que o mocinho da novela das oito vive. Não aprendi a superar os meus desafios, não aprendi a viver a minha vida, a realidade imita a arte, mas minha capacidade tem como limite viver somente a parte do final feliz. Toda vez que o clímax da minha vida entra tempestivamente em ação, a sensação de viver me corrói o estômago, uma dor de barriga interminável, um frio constante, uma irritação nos lábios inferiores, um surto depressivo suicida, uma vontade de não existir, uma crise de identidade me abate, como um animal pronto pra ser consumido. É uma síndrome? Covardia? Medo? Não sei. O que sei, é que as dores são físicas, é real, tomaram a minha vida, saíram da ficção, e tomaram meu corpo. Eu não posso ser o protagonista da minha vida, eu não sei como lidar com a fama de ser quem eu sou. Eu não estou preparado para viver esse personagem, eu. Posso ser quem eu quiser no submundo das idéias, por que viver a realidade? Eu tenho consciência do perigo que corro, ando sobre a linha estreita, da insanidade. Não sei ao certo o quão diagnosticável pode ser, nem ao menos se é uma doença, contudo dói, paralisa, deixa tremulo, impaciente, ansioso. 

Ao papel não digo adeus. A vida, todos os dias.

A vida. Algo relativamente longo, que alguns abonados, afortunados, realizados, vomitam como curta, passageira, uma só. Às vezes confesso, me parece tão longa, em outros momentos, no reflexo do espelho, salto os olhos de susto, o tempo passou rápido sim, eu não sei ao certo o quanto da vida foi realmente vivido, o que posso dizer, é que consequências trágicas da não vida assombram meu presente, e, por conseguinte meu futuro, se é que há. 
Eu queria não precisar admitir, no entanto, esta é uma carta de derrota, sim, ela é. Uma carta de quem se deu por vencido. Os que acreditam em forças divinas e sobrenaturais julgarão e condenarão minha conformação, minha desistência. Alguns ainda dirão que as chances são as mesmas para todos, eu não duvido de mais nada, o problema esta claro, e sou eu mesmo. Já desejei inúmeras vezes ser protagonista da minha própria história, mas nunca pude imaginar que a minha história fosse ter um enredo dramático, no entanto não a ponto de superações e grandes revira voltas. A cruz, ao contrário do que dizem é sim mais pesada, e tenho ciência que não é somente a minha.
Eu realmente gostaria de sacudir a poeira, olhar no espelho, me chamar de gostoso e ser feliz, independente de qualquer coisa. Na verdade fiz isso várias vezes. O problema é justamente esse, as repetições, a quantidade de vezes que tenho que fazer isso. A cada sacudida que dou, espero a nova tempestade de areia, e ela sempre vem.
O menino reclamão aqui, não tem do que reclamar, e realmente, eu não teria coragem de expressar todas as passagens difíceis que tive, eu sei, todo mundo tem momentos assim, eu não tenho a menor duvida disso.
Meus momentos somam-se infelizmente a tudo aquilo que eu não sou, forte, resistente, indiferente, afortunado dos dons da sorte, o que me faz muita falta. A poeira na roupa fica cada vez mais pesada, solidificou-se, chacoalhar esta ficando complicado. Cada dia que passa torno - me aquilo que  mais temia, eu mesmo. O gene ruim. A ovelha negra. Vitima de si mesmo. Quem quer ser assim? As pessoas agem como fosse realmente uma escolha, enquanto eu me sinto de mãos atadas. Dói-me profundamente não ter sido o que eu queria, me dói não ter visto em momento algum a oportunidade de ousar, de ser eu por completo, eu não sei ao certo em que momento começou essa história de não poder ser. O que me recordo, é que a cada vez que isso se passava pela minha cabeça, eu me lembrava das conseqüências, das mágoas, das dores, das comparações, dos estereótipos, dos olhares condenadores, do futuro incerto, e isso tudo sempre me deixou tão inseguro, paralisado, como se o portal de volta para casa se fechasse na minha frente a cada episódio, antes mesmo que eu pudesse atravessá-lo. Isso nunca passou, se estende interminavelmente, e o futuro, me parece cada vez mais assustador e obscuro, lamento admitir, lamento mesmo.
O tempo passou, as pessoas passaram, eu fiquei aqui, esperando a minha vez, que chegou tantas vezes, na hora e no lugar errado, e foram tantos os erros, que aqui, hoje, cansado, exausto de não ter realmente com quem contar, ou de não ter mais coragem de contar com alguém, me despeço de mim, porém jamais digo adeus a você, papel, que me aceita, sem quaisquer julgamentos. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A tampa da laranja podre, e as frutas proibidas.


O par. A metade. A ilusão. Não tenho medo de esfregar isso na minha própria cara, pois sei bem, nem todos viverão uma grande história e nem todas as grandes histórias são tão grandes assim, digo isso, não com grande conhecimento de causa, mesmo por que, quem sou eu para entender de grandes histórias, se nem ao menos vivo uma. Não por falta de vontade, talvez até tenha tido oportunidades, contudo, vale lembrar, que grandes histórias, só acontecem de verdade, quando ouvimos tempos depois, e desconsideramos a bela porcaria que a tal história foi.
Eu já pensei em ser bonito, tentar ser mais simpático, sociável talvez, tudo por uma história, e tudo que consigo escrever, não passam de algumas linhas desconexas, desarticuladas, desprovidas de realidade, letras que fincam raízes em meras ilusões.
Nenhuma grande história começa como a minha, ou como várias a fora, que se fazem sem protagonistas, história bonita tem gente de atitude, tem gente que fala bonito a todo o momento, sempre com um ótimo conselho. Grandes histórias, ou tem gente muito bonita, ou muito feia, ou tem gente imensamente feliz, ou tão no fundo do poço, que o compadecimento do leitor, aquele que lê e re-lê aumenta o ibope. Ser normal, é um sacrilégio para grandes histórias, não faz nenhum sentido ser normal, e talvez essa tenha sido a pedra no sapato, ser comum demais. Soma-se esse ar comum, com essa cara de nada, e temos como resultado um mero figurante da vida dos outros. Claro que os protagonistas, generosos e impecáveis como só eles são, dirão: “Faça sua própria história, todos somos capazes”, imensamente fácil vomitar otimismo com todos os holofotes voltados para si mesmos. Alguns confundem as minhas reivindicações, me depreciam como se o meu querer, fosse justamente o contrário de toda a humanidade, como se eu com meu coração amargurado quisesse o fim de todas as grandes histórias, o que me lembra aos “achismos” sobre o comunismo e socialismo serem um conjunto de pessoas querendo dividir a pobreza. Acordem meus caros, o que querem os socialistas é a divisão das riquezas, e o que eu quero, é a divisão da felicidade. Posso eu viver grandes histórias também?  Claro, não depende de vontade, tem a ver com ousar ser, e eu definitivamente não fui, até agora, eu não fui. E ser, eu sei, é tão fundamental. Entretanto ser, é desconstruir tudo aquilo que eu sou, e nada mais que isso.
Particularmente, viver uma grande história sempre esteve nos meus planos, até que a cada ilusão de que isso seria possível, tive que me deparar com a realidade, do eu, dos outros, dos fatos. Toda laranja tem a sua metade, e eu no meu estado de loucura vejo isso por todos os lados, nas ruas, nos parques, nos shoppings, no trabalho, os pares tomam conta, e no alto da minha insanidade, me percebo podre, isso mesmo, uma metadinha pequenina, e podre, sem par. Não entendam mal, é uma laranja podre, às vezes saboreada, por motivos diversos. O fato é que não tem par para fruta podre, tenta um encaixe daqui, um encaixe dali, topa com umas frutas proibidas, mas são só frutas, se chupam, se espremem, viram bagaço, e continua podre e sem a metade, aquela que até as laranjas mais solitárias, tem.
Não é nada fácil perceber que sempre falta alguma coisa, é a partida que nunca sai da estação, o destino que nunca chega, é como a areia que corre entre os dedos, cada um com seu mundo, com seu jeito de ser, laranjas lindas por assim dizer, outras tão agradáveis de falar, outras parecem que nasceram para você, e quando você se abre, laranja podre, desencaixam, desiludem, e uma outra tampa sã, te toma o lugar num piscar de olhos, e você nem sabe ao certo como isso aconteceu.
É como um fruto que não sabe de que pé caiu, sem origem, vê-se sem rumo, perdido entre as folhas secas, acaba virando adubo para que novos frutos, mais doces, mais viçosos, e já com tampas, amadureçam, cresçam, e se divirtam pomar a fora. Irônico, nunca ser colhido, estando ali tão próximo da sanidade das outras laranjas, aquelas que se aproximam como quem não quer nada, e querem tantas coisas. Tanto que às vezes de fruto, me transformo em árvores, que é para deixar que subam, escalem, façam a ponte, me sinto sinceramente usurpado, como já fui outras ocasiões. Não sei se me acostumo, se mesmo podre resisto, se finjo ser uma laranja podre feliz. É o que todos querem, não é mesmo? Claro, sou eu meu próprio algoz. Estúpido, infértil, sem história alguma pra contar. Laranja podre querendo ser salada de frutas, não é natural, não é normal, só comum. E ser comum, não faz uma grande história.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vinte e seis


Casou? Não casei. Teve filhos? Não. Saiu da casa dos pais? Não saí. Mora em um puxadinho no fundo de casa? Não. Engravidou uma menina de 17 anos? Não. Esta preocupado com o seu futuro? Sim. Como é ter vinte e seis anos? Não recomendo a ninguém, mas vou ser mais específico. Com vinte e seis anos, você percebe que o tempo passou, e que agora é um semi trintão, que não concluiu ao menos 10 % das coisas que gostaria de ter feito, nota que o tempo passa para todo mundo, e tem medo de ficar velho e gordo, e mais feio do que já é. Ter vinte e seis é ficar remoendo o passado, lembrando da infância, e de tudo o que poderia ter feito de diferente, que não fez, mas que outros fizeram e deu certo.
Um belo dia você acorda e todos os seus amigos de infância estão casados, grávidos, mudados, carecas, gordos, e tão frios com você, a intimidade e os assuntos em comum deixaram de existir desde o mundo adulto, acho que por isso ficam mesmo só as lembranças de uma infância de tantas histórias para contar. Sabe aqueles fins de tarde que se estendiam pela noite com os mais variados assuntos, e ininterruptas gargalhadas das coisas mais tolas que adolescentes podem fazer? Sabe aquela galera toda reunida, com tanto assunto que tem que brigar para falar? Lembro como se fosse hoje, todos sentados na mureta de tijolo, só não lembro bem do que falávamos, por que se eu lembrasse, hoje eu traria a tona o mesmo assunto, chorando por atenção, suplicando pelo sentimento de reviver o passado por mais um minuto que seja. Eu me recordo que por um instante eu fugi, eu fui o culpado, mas outros instantes, parece que pelos acasos e descasos da vida, convergiram para o distanciamento daquilo que parecia imortal. E hoje, só esta imortalizado nas minhas memórias, em poucas fotos, me entristece não ter registrado tantas coisas, por isso hoje eu necessito que tudo seja fotografado, afinal hoje, é o passado de amanhã. Não há mais vida na minha rua, e no funeral, me sinto tão solitário, nessa idade, nesses vinte e seis anos, nunca me senti tão sozinho, e tão morto. Mortificado, a cada casamento que deveria ser de alegria e é, a cada partida, a cada um que nunca mais voltou, a cada um que se foi pra algum lugar além do que eu possa manter os laços de amizade, a cada filho gerado, a cada vídeo de casamento onde eu apareço  ainda criança, junto, posando de inocente, e ai me lembro, que só tenho essa saudade justamente, por que, eu era o autor, eu construía a minha história junto com os outros, e no ápice da minha dependência, eu era tão independente, por que ainda era capaz de descobrir sem medo, medo de errar, que só se ganha quando adulto. Aos vinte e seis, o tempo passa tão rápido, e o mundo fica tão pequeno quanto seus sonhos. Tudo aquilo que te fascinou magicamente, hoje te parece tão bobo, tão tolo. Me lembro da primeira vez que ousei aventurar-se em dar a volta no quarteirão. Magistral! E a primeira vez que tomei um ônibus sozinho, era eu fazendo a minha história com tanta propriedade. Eu acho que jamais conseguirei traduzir aqui, em palavras, ou em qualquer outro lugar o que está na minha memória, é tão particular. Ontem, no casamento de um amigo de infância, ao me ver no vídeo, percebi como as vidas se cruzam, se descruzam, se afastam, e com vinte e seis, se não segue os padrões, se esta meio atrasado na ordem cronológica, a impressão, é que parou no tempo, retrocedeu, não cresceu a ponto de esquecer o passado, tão forte ainda por aqui. Alguma coisa aconteceu, algo deu errado, soa injusto isso tudo ter que permanecer no passado, tão distante, mas vejo que qualquer tentativa de trazer de volta, pode ser um desastre, um show de horrores. Os egos talvez sejam maiores que tudo o que já existiu entre nós. Esquece a corrente jogada no fio, o acidente na esquina de casa, as mandiocas roubadas do vizinho, a fogueira na data vazia, o pique esconde na plantação de vassoura, esquece a cidade desenhada no asfalto, ou na terra quente do quintal, debaixo da mangueira, dos boizinhos de plástico, das pinhas roubadas, do mês castigo, das bolas rasgadas, e das brigas homéricas com os vizinhos mais velhos, intolerantes às crianças. E vou mais longe, esquece do teatro de fim de ano, do amor do pré, do cheiro do Quick de morango, da minha capa de chuva transparente, da quadrilha, da professora do pré. Esquece dos panfletos que entregamos Deus sabe onde, dos sorvetes que vendemos, dos papelões que pegamos, das brincadeiras que brincamos. Esquece desses vinte e seis anos, que nos uniram, nos separaram, e deixaram nas fotos, e nas lembranças um sabor amargo de tempo que não volta mais. Mas esqueça sozinho, casado, mudado, pois eu não me esquecerei jamais. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O vírus do trabalho.


Não tem remédio, não tem cura, não tem solução. Esta espalhado aos quatro cantos, está arraigado em cada cristão, evangélico, homofóbico, gente de boa índole, moço de família, conservador dos bons costumes, pequeno e grande burguês a ideologia burguesa, de que trabalhar é a única dignidade que resta, aos pobres mortais. Feridos em suas dignidades, os pobres desempregados, se estapeiam em filas, em vias de retrocesso, deixam seus nomes, e suas funções, estão as ordens, prontos para produzir, reproduzir, regozijar da vida assalariada. Quem diria, que o trabalho, com suas inúmeras transformações, sendo o fenômeno fundante do ser social, aquele saudoso trabalho, espontâneo, regulador das atividades biológicas, primárias, básicas, tido como intercâmbio do homem com a natureza, para a produção das necessidades reais, estivesse tão próximo, do abismo em que se encontra, abismo coberto pelo véu da mercadorização, da coisificação do homem, da fetichização das mercadorias. 
A essência do trabalho estava justamente nestas relações diretas com o instrumento de trabalho, com os produtos deste trabalho, e com a real necessidade de se trabalhar. Vejam só como estamos subordinados a ideia de que o trabalho, ainda esta ligado as minhas necessidades primárias. Mas qual a relação direta que temos com o nosso trabalho, seja produtivo ou improdutivo, seja um assalariado ou um operário? Toda esta fragmentação que me distancia de quem eu sou, e das minhas reais necessidades, e como tudo isso se interliga de modo fascinante no sistema de metabolismo social do capital, só me fazem descolar-se ainda mais de tudo aquilo que até então, julgava a unica verdade. Para isso, aprendi a função dos paradigmas. Se não compreendermos as origens e as transformações do trabalho, que o subordinou as necessidades de reprodução do próprio sistema, com a fragmentação, o afastamento do sujeito da objetividade e da totalidade da produção de sua própria vida, não seremos capazes de discernir, o nosso verdadeiro papel no mundo do trabalho e das relações humanas que se inserem na sociedade capitalista.
Quem blasfemaria contra a ideologia capitalista dizendo sobre o horror de se ter que trabalhar de 8 a 14 horas diárias? Quem poria em discussão o horror de ser obrigado a viver em função de produzir coisas que não lhe dizem nenhum respeito, de ter que acordar cedo todos os dias, de fazer horas extras, de não ter tempo verdadeiramente livre? Quem atentaria contra o sistema de produção que move o mundo, que move a economia, que faz o dinheiro e as mercadorias girarem? Quem faria a critica aos lucros exorbitantemente incomparáveis em relação ao salário pago aos empregados?
Na verdade, por dentro, os trabalhadores agonizam aprisionados ao ódio que se mistura a conformação anacrônica, não exteriorizam de modo contundente, e culminam no ciclo vicioso e estático que torna imutável, incurável,  é o vírus. A doença, que torna pálido, anêmico, de cama, que mata veladamente, eles inventam de tudo, televisão, praças, shoppings, ginásticas laborais, tentam manter vivos, afinal, são mão de obra, são massa, mas se morrem, eis que nascem outros tantos sem berço, sem o sangue burguês.
Me pergunte a fórmula da riqueza, e responderei, nasça rico, ou dê jeito de explorar o trabalho de outrem. Seja o dono do meio de produção, e da matéria prima, seja o intermediário dos outros homens, com seus meios de subsistência, e lucre milhões com isso. Alie-se ao mercado, a competição, ao consumismo, a alienação. Parece fácil? Se fosse, não teríamos tão poucos com o verdadeiro poder nas mãos. Assalariados que ganham mais, outros ganham menos, uns mandam, outros obedecem, e isso é tão óbvio, a classe é uma só, mas nunca vão concluir isso por si mesmos enquanto o sistema fragmentar as relações humanas e de trabalho. 
Como zombies, admiram quem trabalha noite e dia sem parar, se orgulham, e dão exemplos as gerações seguintes, reproduzem os paradigmas. Mortos vivos, vão e voltam para suas casas, onde permanecem com a televisão, quando  muito os livros, alguns estudam, buscam de certa forma se libertarem, estes agonizam conscientemente, de olhos abertos, com a boca seca de tanto gritar e ninguém ouvir. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Do que é feito a educação?


Hoje, com olhos de gente grande, faço rugas na testa tentando puxar pela memória quais eram as minhas atitudes de aluno, quais eram as atitudes dos meus professores e como era a escola a qual pertenci por uma década inteira. Muito tempo não acham? Do pré ao fim do ensino médio foram longos 12 anos, 11 na mesma escola. Posso dizer que acompanhei por um longo  período o processo de desenvolvimento estrutural, desde as salas novas, aos muros de concreto que substituíram os alambrados de ferro. Foram várias pessoas, indo e vindo, vários professores indo e vindo, alguns estiveram desde o inicio e permaneceram, alguns amigos carrego até hoje como grandes companheiros. 
O que eu quero me perguntar mesmo, é como é que andava a minha educação, e a educação na minha escola nesses tempos. Quero saber da minha vontade de estudar, de ler, das minhas facilidades em aprender, em prestar atenção, em buscar conhecimento, em escrever, em criar, em respeitar. Eu fui um bom aluno? Eu tive bons professores? Eles sofreram comigo e com a situação a qual eram sujeitados? Por que eu realmente nunca pensei que pudesse estar desse lado, o do professor. Sim, além dos 12 anos, foram mais 5 anos estudando no ensino superior, aprendendo coisas que em 12 não fizeram nem cócegas no meu cérebro. Hoje, eu vejo que aprendi muita coisa, contudo, o desafio maior, é justamente transmitir todo esse conhecimento que me abriu a mente, às mentes fechadas, caminhando contra todo um sistema de ensino que aprendeu que não precisa ensinar muita coisa, o sistema cooptado e inserido no modelo capitalista não vislumbra grandes cérebros, e contenta-se com seres alfabetizados, capazes de tornarem-se massa de manobra no máximo, sem grandes possibilidades de articulação e transgressão do modelo social vigente. 
Aos que sonham ser professores e compartilhar de um ambiente de cultura e intelectualidade, acreditem, eu fiquei bestificado com a ignorância, a falta de companheirismo, a grosseria, a falta de comprometimento, e vejam só, a falta de EDUCAÇÃO por parte dos mesmos. Um ambiente hostil, um ambiente calcado na covardia de homens traiçoeiros construídos pelo sistema. Uma decepção. Como lidar com a falta de compaixão, com a falta de solidariedade daqueles que deveriam ser os primeiros a te acolher? Ronda um preconceito obscuro por todos os lados meio aos educadores, meio ao ambiente já hostilizado. Preconceito com quem esta iniciando, preconceito com professores do PSS- Processo de Seleção Simplificada, e o preconceito com o professor de Educação Física, o que não é novidade para ninguém. E eu me pergunto, com tantos desafios, ainda somos obrigados a enfrentar esse tipo de situação? 
E me pergunto, pais, vocês se preocupam com a educação de vossos filhos? Será que ninguém consegue perceber onde chegamos? Ou será que fingimos? Não sei o que sabem sobre as escolas, mas o que vejo, é um lugar tomado por dinossauros e fosseis de uma educação que já não dá mais conta de ensinar nos moldes tradicionais, e faz desse angu, o prato principal. Já esta muito claro que a preocupação do Estado e da secretaria de educação, é com os números, as estatistias, quanto mais alunos aprovados, maior o índice de alfabetizados, de corpo na escola, menos evasão. Ora, se está tão fácil assim ser aprovado, por que desistir? Não que eu deseje alunos desistindo, mas isso é tão estratégico. O pré histórico livro de chamadas ainda é o meio de controlar professores e alunos, misturando-se aos conselhos de classe, que são medonhos. Um tal de aluno que não pode reprovar daqui, e não pode reprovar dali. Professor fazendo das tripas coração para passar aluno, fazer livro de chamada, avaliar, dar aula, cumprir horários, planejar aula, e ele ainda tem que se atualizar. O caos. assim eu caracterizo a educação. Os alunos, em grande parte estão se transformando em mão de obra, seres não pensantes, não críticos, emburrecidos, ignorantes, e semi analfabetos. Os professores mais velhos estão cansados, e espalham um discurso derrotista e conformado, diante de uma educação desestimulante. Te pedem inovação e criatividade, e não lhe oferecem ao menos uma cartolina, a falta de material, de condições estruturais, de quadras, de materiais esportivos, somam a todos os problemas deste ambiente e montam um quadro desesperador. 
Dia desses tentei trabalhar um texto em sala de aula, e desisti quando percebi que os alunos não tinham capacidade de interpretação suficiente para entender e debater o assunto, eles eram do ensino médio. Me senti frustrado, não necessariamente derrotado, mas refleti sobre os discursos fúnebres sobre a educação que veio dos outros professores. As mãos parecem atadas vez ou outra, por que se briga com aluno que não quer aprender, se briga com professor que não te respeita, se briga com funcionários que não querem trabalhar, por que se você começar a movimentar a estrutura, consequentemente os outros tem que se mover, e é tamanha a estagnação, que as reações são as mais adversas, desde caras feias, a caras mais feias ainda. O fato é que o ambiente escolar me parece mudado, as salas de aula me parecem causar um certo desconforto, uma vontade de fugir, a sala dos professores me parecem frias e emburrecidas, e todos caem nessa teia do Estado, que nos faz insetos enredados, sem ter pra onde fugir.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

OS REIS E A PERFEIÇÃO.


Minha vida passageira, minha canta Cantareira
Passarinho passa areia, lado ninho a ladeira
Lava roupa lavadeira, roupa lava vida inteira
Borboleta, bobo, teia, da aranha sanfoneira
Macho marchará na rua, dobra esquina meia lua
Sol lá tente novamente, dó ré mi facilitou
Foi gol quente, incendeia, Cava lei, depois rodeia
Figura antes, e depois, nunca pr’outra agonizou
Sempre as margens, respirando um resto de vento
Caro magro, vago, simulacro ao relento
Diz, pressente, displicente, diz contente...
Conta comigo, conta conto, dá desconto
Rei ti ciências de um parágrafo mudo, ausente.
Sair e dar a mão no Irã, diz: crime, nação.
Sair e dar a mão no Irã é discriminação, na mão, na mão.
É descaminho contra árido da fronteira, é de volta
É de contra, mão sem ato, sem rumo
É daqui deste lugar, sem par, que sumo
Aos olhos dos eleitos, perfeitos, dessa gente que não é gente
Rei invente! Rei entenda! Rei suscite a mim que sou eu.
Não seu, mas nas tuas mãos, no teu Rei, nado, me afogo.
Diz: Caracterizado de homem como um, como outro.
Rei levante! Irrelevante talvez
Para quem dentro da saga cidade, ex – cura, esmurra
Como quem a ponta, fura, cega, manipula
Mãe pula meus desejos e minha alma
Fama, ilha, cortejo que não se dissipa
Família: bocejo de quem discrimina.
Bananal, banal, Brasil, carnaval.
No próprio ventre o gargarejo sufocado, amor to enterrado
Diz crente, mas não acredita ao menos no que diz
Diz tudo como quem diz da boca pra fora.
Condena! Diz: crime, nação.
Rei integrado, Reificado com toda essa perfeição.
Abatido, e não representado, consumido
Mercado ria, ria da nossa cara, ri de mim que te consumo, que te desejo
Passaria passarinho, antes da morte o beijo, antes do sangue, o vinho.
Castra a ação, antes de ser, interrompe o amor.
A base de mordidas, pauladas, agressões, trans- gressões, trans-sexuais.
Diz crente novamente, aparta o beijo violento na televisão
Se diverte nas ruas, o reis de paus na mão.






segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Espasmos de uma noite só.


Eu só queria ter um pouco de paz, eu só queria não ser nada demais
Eu só queria não olhar pra você...
E sentir, que não posso ser mais nada além
Só não queria te ver nos jornais
Te encontrar nas redes sociais
Olhar seus álbuns, suas fotos, retratos
Que só me lembram meus erros, meus traços
Meu jeito teu, de ser, sem contar com ninguém
Sem sonhar, sem ser, aquilo que eu sempre quis

Te ver feliz não é nada demais
O que dói mesmo é o que você deixou pra trás
Eu sei que sonho só se for assim
Desse seu jeito de ser tão feliz
Que me parece tão errado, é o seu jeito interessado
Interessante às vezes ser ruim
Com esse jeito de ser todo clean
Meninos sofrem por amar demais
Mas as meninas sempre sofrem mais

E agora eu sei que o erro foi meu
Por que acreditei que era verdade o dia que te conheci
E agora eu sei que tudo não passou
De um momento em glória, sem amor
Desconstruído na contradição
Dos nossos passos, ilusão
Mas agora vejo o quanto eu cresci
Mesmo com o gosto amargo de ser deixado assim.

Da janela do meu quarto, das verdades que eu digo
E dos perigos, sem amigos pra contar
E dos vestígios, as lembranças sem parar
Se dissolvem como o álcool
Ou o teco no cigarro.

Talvez no escuro do meu labirinto
Da morte do meu signo
Eu seja esquecido
E nunca passe a mesma dor
E nunca ouça alguém dizer, que é amor.

Talvez, sem lápide, sem brinco
Eu seja claro enquanto digo
Amores já não valem mais a pena
Amigos são destinos, são escolhas, é dilema
É problema, é cinema, mas nem sempre tem final feliz.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

NÃO VOU ACEITAR SUAS OPÇÕES RELIGIOSAS!


Para quem acompanha o Blog já deve ter visto esse texto alguns posts atrás, contudo, em virtude de uma manifestação promovida pelos Livres Pensadores resolvi repostar remetendo a postagem coletiva em defesa do Estado Laico, se avolumando nesta justa manifestação de quem preza pela liberdade de TODAS as manifestações religiosas, mas antes de tudo, pela não discriminação que acontece e se justifica pela liberdade de expressão dos parlamentares que desejam professar suas religiões no Congresso Nacional.
Caros ungidos no óleo extraído do sangue do redentor! Crentes infames na salvação da alma, na vida após a morte, e na redenção dos pecados. Julgadores das vidas alheias, esperando o julgamento final, contando com o ovo na cloaca da galinha, como se já estivessem garantidos no reino fantasioso dos céus. Caros pastores dos horrores, do escambo religioso, da troca da opinião e da razão, por uma eternidade celestial e imune ao fogo do inferno. Caros covardes cristãos, que se defecam por conta de um diabo inventado, e que acham que fé tem a ver com ler a bíblia, rezar uma vez por dia, e pedir muito a um ser superior que não os deixe na mão na hora do arrebatamento. Caros defensores da palavra divina escrita por meros cagões que possivelmente são tão pecadores quanto você, o que é normal, já que somos todos pecadores, buscando a evolução do espírito, para a aceitação santificada, idealizada, ungida, benzida pelos dedos grandes do iluminado, não é do sol que eu estou falando.
Até aqui, a maioria dos cristãos de boa índole, e dos evangélicos que amam todo mundo sem diferenças, e querem salvar todas as almas mundanas que fazem sexo por prazer e não para reprodução, já devem ter tido uma sincope, já devem ter me julgado e condenado em nome do senhor. Pois vejam que interessante como é normal ouvir isso da boca dos ungidos no óleo santo, que em nome do senhor, isso, em nome do senhor aquilo, já notaram? Que em nome do senhor muita gente foi cruelmente injustiçada e assassinada, e não, não eram os perseguidos por seguirem a palavra de Deus, eram os perseguidos pelos seguidores dessa palavra tão mal interpretada, que se alastram como erva daninha pelos quatro cantos do mundo, pregando, insultando a inteligência, e desprezando a racionalidade. Sabem por que Deus tem todas as respostas? Por que nós, seres humanos, não as temos. Assim atribuir o que não se pode responder a uma entidade superior, baseado nos simples fato de ser ignorante, e não acreditar que só o homem é capaz de transformar o mundo, isso meus caros, é um prato cheio para os que fingem acreditar, fingem tão bem que gritam aos quatro cantos, fingem tão bem, que a grande massa, orientada, manipulada e obediente, para não ter o trabalho de se questionar ou ter opinião própria, o que exige um mínimo de cérebro, preferem seguir a onda religiosa do momento, vivendo no mundo do maniqueísmo, do moralismo, e do Deus dos conformados, que explica claramente que o destino está tão traçado, que os caminhos só te levam a um único lugar, continuar sendo o que você é, um nada ungido esperando salvação, fazendo voto de pobreza, esperando em Cristo ungido que seja recompensado no final, bem lá no final. Ora, meus caros, aqui vos fala não um ateu, não um agnóstico, muito menos um evangélico ungido. Aqui vos fala um ser humano que culturalmente se diz católico, batizado, crismado, catequizado, de família inteira católica, alguns praticantes, outros nem tanto, aqui vos fala alguém que durante anos recebeu a informação de que no fim, tudo vai dar certo, que Deus escreve certo por linhas tortas, que o sofrer de hoje será recompensado por meu voto de pobreza, por minhas boas ações, e pelo dízimo ofertado na igreja ungida. Contudo, aqui também vos fala, alguém que questionou, que leu, que abriu a mente, que sentiu-se a vontade para dizer não ao dogmatismo e ao fundamentalismo, alguém que não aceita que a resposta seja um mistério, sendo o homem tão capaz, tão inteligente a ponto de criar coisas inacreditáveis.
Discutir religião com alguém que não se questiona, não reflete, e foge da racionalidade, é esmurrar uma faca afiada repetidamente, é inútil. Pedir que estes leiam este texto, e concordem, ou simplesmente reflitam, é tão inútil quanto, eu não os recrimino por isso, afinal de contas, eu sei bem como é ler e ouvir o que uma parcela ungida em Cristo propaga por ai, quase um vômito, sei bem como é não conseguir ler até o final tanto equivoco, tanta indução ao erro, e tanta má fé com uma massa que não costuma pensar por si só. Sinto e compartilho das mesmas náuseas que sentem ao me ouvir dizendo tantas asneiras, levantando tantas questões, que para vocês, resume-se em mentiras e verdades, em bem e mal, mas para mim, não passa de intolerância aos que optaram, por que veja bem, religião sim é uma OPÇÃO, apesar de muitas vezes, principalmente na igreja católica, tenha-se o costume de batizar antes mesmo que o individuo se dê conta, do que se trata a tal religião, e não venham me dizer que a comunhão, e a crisma são uma possibilidade de se decidir se é isso mesmo que vai seguir, quem depois de ouvir que vai para o fogo do inferno caso não siga os dogmas da igreja, vai mudar de idéia? Quem quer decepcionar toda uma família por não acreditar nas mesmas coisas? Meus caros existem uma máquina de fazer crente (evangélicos), uma máquina de fazer católicos, e o ritmo é frenético, não dá tempo de perguntar se você quer ou não ser ungido, só dá tempo de julgar, condenar, e queimar no fogo do inferno.
Neste momento, muitos devem estar afoitos em refutar o que estão lendo, vão em frente, somos todos capazes de opinar, de juntar argumentos, mas, por favor, não me venham com versículos, nem frases prontas, não tentem me convencer que falta Deus na minha vida, por que se ele realmente existe, é bom que ele seja realmente muito generoso, e não os julgue como estão acostumados a fazer com os outros.
É preciso meus caros, que vocês entendam, que por mim, o Estado nem existiria, por que ele não me representa, ele representa as idéias burguesas, e esta a favor dela. É preciso que entendam meus caros, que o capitalismo se constitui e se mantém pelas diferenças e pelas desigualdades, e nele mesmo se encontra a incitação para a discriminação, tão estratégico, tão manipulativo, percebam o quanto as minorias, o quanto os diferentes grupos se digladiam, se insultam, travam brigas homéricas, um pequeno grupo nos governa, e reina sob a guerra anunciada, premeditada, inventada, tão falsa quanto a moral que tanto se prega, tão falsa quanto o modelo de família que você acredita ser o único, tão falsa quanto a tua covardia em aceitar que na eternidade seus problemas estarão resolvidos, por enquanto, só resta sentar e esperar, ou ajoelhar, e rezar.
Assim sendo, meus caros, o Estado que eu não quero, e que é laico, sim LAICO, acreditem se quiser, e é preciso que saibam disso, e compreendam o motivo de ser laico. Não é por que o Estado não precisa de Deus ungido, ou por que o Estado é coisa do demônio, se bem que... Enfim, o Estado é laico justamente para proteger as diversas manifestações religiosas, não permitindo que de acordo com os governantes que ocupem o poder, uma religião suprima todas as outras. Imagine você, se ao invés da constituição, a bíblia, ou o alcorão, ou outros dogmas orientassem a organização da vida social? Deixemos o dogma do Estado, a constituição, nos orientar, ou padeceremos a mercê da guerra religiosa a nos desorientar? 

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