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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Diárias aprovadas, discursos demagogos e a inércia do movimento popular.

Foto - Hilário Gomes



Mais uma vez, enquanto muitos estavam preocupados com seus problemas particulares, totalmente alheios, voltando do trabalho, vendo televisão, preparando o jantar, buscando o filho na escola, se preparando para a aula na escola ou na faculdade, enfim, todos aqueles afazeres diários, comuns à vida de qualquer pessoa, na Câmara Municipal de Sarandi uma série de atrocidades estavam se concretizando sob o aval dessa inércia do movimento popular. Muitos se indignam em suas casas, muitos se perguntam o que podem fazer. Muitos até pensam em fazer, mas definitivamente, nada fazem. E assim torna-se extremamente confortável aos vereadores eleitos aprovarem o que bem entendem, mesmo que isso seja totalmente contra os interesses reais da população. População essa que nem se quer sabe o que esta acontecendo, nem se quer se preocupa em saber o que é de seu interesse ou não.

Hoje na câmara dos vereadores de Sarandi foi aprovado o projeto que concede diárias aos secretários, vice-prefeito, procurador jurídico e chefe de gabinete, e quem afinal de contas sabe o que isso significa? O que nós sabemos é que uma fatia do dinheiro público vai servir para pagar a estadia de secretários em possíveis viagens. Como você eleitor vai saber qual o objetivo e qual a importância de um secretário utilizar-se dessa diária para pagar suas viagens?

Eu sei que parece não ser da nossa conta, no entanto se pensarmos bem, esta conta quem esta pagando é você. Eis a questão então, você concorda de fato em pagar para que secretários possam viajar sem que você saiba qual o motivo desta viagem?

Inicialmente foi dito aos presentes que o projeto havia sido tirado de pauta para ser melhor analisado, o que configurou claramente uma estratégia para dispersar os presentes, no entanto prosseguindo a sessão o projeto retornou a pauta como num passe de mágica. No fim das contas, o projeto de concessão de diárias foi aprovado mesmo sob protestos dos poucos presentes na câmara municipal, o único que votou contra foi o vereador Nelson Lima que vem se posicionando como bode expiatório dessa trama repulsiva que vem sendo tecida pelo grupo político dominante da cidade. Até agora essa trama vem minando as possibilidades reais de articulação da população. O fato de o Vereador Nelson Lima ter pedido a CPI para investigação do prefeito afastado sob suspeita de fraude em licitação da educação sem discutir e pedir apoio da população não passou de uma estratégia para acabar com as possibilidades de haver realmente a CPI, pois agora a não ser que haja um fato novo, uma CPI proposta pelo povo não será aceita pela câmara, visto que já votaram contra uma vez.
Seguindo esta lógica, hoje mais uma vez Nelson Lima votou contra as diárias, no entanto, tudo isso não passa de uma conveniente ação para desarticular o movimento contrário. Os votos para este tipo de projeto já chegam para discussão claramente combinados, para que a decisão final seja em prol dos interesses deles e contra a população. Ocasionalmente os vereadores Nildão, Nito e Rafael faltaram a sessão, o que seria muito conveniente.

Os vereadores também aprovaram um projeto que veta os exames que detectam anemia nos alunos das escolas municipais de Sarandi. Ou seja, eles votaram contra a saúde das crianças que estudam nas escolas municipais de Sarandi, sem motivo algum, sem qualquer justificativa plausível. Isso é simplesmente inaceitável!

O vereador Erasmo do PCdoB que de oposição não tem absolutamente nada, apresentou uma solicitação fajuta para que se peça a ALL a diminuição da buzina do trem que cruza a cidade. Ora, que diabos de discussão imbecil é essa? Percebem a contradição? Assuntos realmente relevantes são tratados com descaso, são aprovados rapidamente, sem discussão e sem justificativas, enquanto uma solicitação de diminuição das buzinas de trem merece uma fala de justificativas do vereador Erasmo. Quanta patifaria! Só me resta sentir náuseas.

Não contente, o vereador Aílton resolveu fazer também um discurso completamente demagógico, quase como alguém que pleiteia se eleger, no caso dele já eleito, deve ser uma mistura de vaidade com o desejo de manipular a opinião popular a seu favor. Rasgou seda para o projeto do Nelson Lima sobre o PROERD, como se realmente fosse uma preocupação dele, disse mil asneiras, e no fim das contas, incomodado com a manifestação dos presentes na câmara de vereadores iniciou a vitimização, acusando os presentes de não terem educação, de não terem bom senso, e de não os deixarem falar. Pergunto-lhes, onde afinal de contas esta faltando bom senso? A população é quem não tem voz alguma na câmara de vereadores, são eles que falam asneiras sem dar atenção alguma aos reclames da população. São eles que solicitam diminuição de buzina de trem, e nós que não temos bom senso? São eles que vetam exames para alunos das escolas de Sarandi e nós que não temos bom senso? São eles que concedem diárias para viagens irrelevantes de secretários e nós que não temos bom senso? Afinal de contas, qual o conceito de bom senso desse vereador Aílton Machado?

Eu vou dizer o que é bom senso minha gente. Bom senso é parar de ficar depositando no outro uma responsabilidade que é nossa. É sair de casa para ir à câmara de vereadores olhar na cara de cada um, e exigir que eles façam o que a população quer, e não o que eles bem entendem. É parar de se indignar de casa, e meia hora depois esquecer o que esta acontecendo na tua cidade. Bom senso é compartilhar essas informações, e todas as informações sobre o que estão votando e aprovando no município. Mas não basta ver na rede, não basta curtir na rede, não basta compartilhar na rede, é preciso se posicionar de verdade, é preciso lotar aquela casa de leis profanada a cada sessão. Bom senso mesmo é sair da inércia.

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