Foto - Hilário Gomes |
Mais uma vez, enquanto
muitos estavam preocupados com seus problemas particulares, totalmente alheios,
voltando do trabalho, vendo televisão, preparando o jantar, buscando o filho na
escola, se preparando para a aula na escola ou na faculdade, enfim, todos
aqueles afazeres diários, comuns à vida de qualquer pessoa, na Câmara Municipal
de Sarandi uma série de atrocidades estavam se concretizando sob o aval dessa
inércia do movimento popular. Muitos se indignam em suas casas, muitos se perguntam
o que podem fazer. Muitos até pensam em fazer, mas definitivamente, nada fazem.
E assim torna-se extremamente confortável aos vereadores eleitos aprovarem o
que bem entendem, mesmo que isso seja totalmente contra os interesses reais da
população. População essa que nem se quer sabe o que esta acontecendo, nem se quer
se preocupa em saber o que é de seu interesse ou não.
Hoje na câmara dos
vereadores de Sarandi foi aprovado o projeto que concede diárias aos secretários,
vice-prefeito, procurador jurídico e chefe de gabinete, e quem afinal de contas
sabe o que isso significa? O que nós sabemos é que uma fatia do dinheiro
público vai servir para pagar a estadia de secretários em possíveis viagens.
Como você eleitor vai saber qual o objetivo e qual a importância de um secretário
utilizar-se dessa diária para pagar suas viagens?
Eu sei que parece não ser da
nossa conta, no entanto se pensarmos bem, esta conta quem esta pagando é você.
Eis a questão então, você concorda de fato em pagar para que secretários possam
viajar sem que você saiba qual o motivo desta viagem?
Inicialmente foi dito aos
presentes que o projeto havia sido tirado de pauta para ser melhor analisado, o
que configurou claramente uma estratégia para dispersar os presentes, no
entanto prosseguindo a sessão o projeto retornou a pauta como num passe de
mágica. No fim das contas, o projeto de concessão de diárias foi aprovado mesmo
sob protestos dos poucos presentes na câmara municipal, o único que votou
contra foi o vereador Nelson Lima que vem se posicionando como bode expiatório
dessa trama repulsiva que vem sendo tecida pelo grupo político dominante da
cidade. Até agora essa trama vem minando as possibilidades reais de articulação
da população. O fato de o Vereador Nelson Lima ter pedido a CPI para
investigação do prefeito afastado sob suspeita de fraude em licitação da educação
sem discutir e pedir apoio da população não passou de uma estratégia para acabar
com as possibilidades de haver realmente a CPI, pois agora a não ser que haja
um fato novo, uma CPI proposta pelo povo não será aceita pela câmara, visto que
já votaram contra uma vez.
Seguindo esta lógica, hoje
mais uma vez Nelson Lima votou contra as diárias, no entanto, tudo isso não
passa de uma conveniente ação para desarticular o movimento contrário. Os votos
para este tipo de projeto já chegam para discussão claramente combinados, para
que a decisão final seja em prol dos interesses deles e contra a população.
Ocasionalmente os vereadores Nildão, Nito e Rafael faltaram a sessão, o que
seria muito conveniente.
Os vereadores também
aprovaram um projeto que veta os exames que detectam anemia nos alunos das
escolas municipais de Sarandi. Ou seja, eles votaram contra a saúde das
crianças que estudam nas escolas municipais de Sarandi, sem motivo algum, sem
qualquer justificativa plausível. Isso é simplesmente inaceitável!
O vereador Erasmo do PCdoB
que de oposição não tem absolutamente nada, apresentou uma solicitação fajuta
para que se peça a ALL a diminuição da buzina do trem que cruza a cidade. Ora,
que diabos de discussão imbecil é essa? Percebem a contradição? Assuntos
realmente relevantes são tratados com descaso, são aprovados rapidamente, sem
discussão e sem justificativas, enquanto uma solicitação de diminuição das
buzinas de trem merece uma fala de justificativas do vereador Erasmo. Quanta
patifaria! Só me resta sentir náuseas.
Não contente, o vereador Aílton resolveu fazer também um discurso completamente demagógico, quase como
alguém que pleiteia se eleger, no caso dele já eleito, deve ser uma mistura de
vaidade com o desejo de manipular a opinião popular a seu favor. Rasgou seda
para o projeto do Nelson Lima sobre o PROERD, como se realmente fosse uma
preocupação dele, disse mil asneiras, e no fim das contas, incomodado com a manifestação
dos presentes na câmara de vereadores iniciou a vitimização, acusando os
presentes de não terem educação, de não terem bom senso, e de não os deixarem
falar. Pergunto-lhes, onde afinal de contas esta faltando bom senso? A
população é quem não tem voz alguma na câmara de vereadores, são eles que falam
asneiras sem dar atenção alguma aos reclames da população. São eles que
solicitam diminuição de buzina de trem, e nós que não temos bom senso? São eles
que vetam exames para alunos das escolas de Sarandi e nós que não temos bom
senso? São eles que concedem diárias para viagens irrelevantes de secretários e
nós que não temos bom senso? Afinal de contas, qual o conceito de bom senso
desse vereador Aílton Machado?
Eu vou dizer o que é bom
senso minha gente. Bom senso é parar de ficar depositando no outro uma
responsabilidade que é nossa. É sair de casa para ir à câmara de vereadores
olhar na cara de cada um, e exigir que eles façam o que a população quer, e não
o que eles bem entendem. É parar de se indignar de casa, e meia hora depois
esquecer o que esta acontecendo na tua cidade. Bom senso é compartilhar essas
informações, e todas as informações sobre o que estão votando e aprovando no município.
Mas não basta ver na rede, não basta curtir na rede, não basta compartilhar na
rede, é preciso se posicionar de verdade, é preciso lotar aquela casa de leis
profanada a cada sessão. Bom senso mesmo é sair da inércia.
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