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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Acreditava...




Quando eu acreditava ninguém acreditou... ainda lembro dos primeiros sonhos, contrastando com as primeiras realidades, os primeiros traumas e o primeiro beijo que nunca existiu...

com sete anos já chegava trocando as pernas, totalmente alcoolizado, embriagado e humilhado...

Aos sete já destruia sonhos de forma homeopática...

Quando eu acreditava ninguém acreditou...

ainda lembro do perfume adocicado do canudo frito, que aos sete já cariavam os dentes, do cheiro do moleton que se perdeu em um tempo que já não sei dizer se foi o melhor...

lembro das aulas metódicas da catequese, e doteatro evangelizador na missa aos domingos...

da chuva fina como seda e das manhãs de coberta no sofá da sala...

da destreza em dobrar uma banda de pão francês e umedecer no chocolate quente...do cheiro forte da cera vermelha que tornava brilhante o piso de fora...lembro que meus sonhos estavam lá...

lembro de quando acreditava, mas ninguém acreditou, a rua hoje asfaltada era barro sim senhor!

a caixa de giz de cera era o perfume mais suáve, cheiro de liberdade, sempre atrelado ao enxofre da prisão... a dependência sendo semeada inconscientemente, rumo ao indesejado fracasso...

lembro do primeiro gole...da primeira perda...e de todas as outras...

lembro de acreditar e sonhar...o jornalismo, a arte, o cinema...lembro de já ter corrido atrás, de ter tido esperança...

mas já não me lembro e nem quero lembrar quem eu sou.

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