Passava do meio dia, já havia dado tempo de se recuperar do sapo do almoço. Debruçado sobre o centeio, dobrei uma das pernas como de costume, relaxei os ombros, recai o semblante, mais uma vez, dentre as mil. Abri o zíper da calça, chutei os sapatos de lado, observei o panorama, refleti: Eles já não fazem parte daquilo que me constitui, já não fazem parte de nada, sigo sozinho, não pela primeira vez, sigo sozinho, por que sigo pelo único caminho. Não há opções. E não há, justamente por que não há espaço, não cabe dentro de tudo o que eu compreendi do mundo, nem se quer um resquício de todo esse ar de indiferença. Senti-me, um estranho até para mim, recuei nas falas, recuei na alegria, recuei nas expectativas, recuei, por que não há de se levar a diante qualquer tipo de relação que possa mortificar qualquer possibilidade de existir, qualquer possibilidade de sentir-se vivo. Caminho agora, alardeando entre as floras, entre os perfis, entre os costumes, toda a ausência. Toda a ausência, parte da incompreensão, do egoísmo, do olhar para si. Notei, que ao observar o quanto eles se amam, a si mesmos, me senti enojado, eles falavam a todo instante, deles mesmos, não havia conversa, era como se houvesse uma parede que ecoasse para dentro o diálogo. Refleti, por mais um minuto: Avaliei meus posicionamentos, constatei inevitavelmente, o que não podem negar, eu sempre estive ali, eu sempre soube e fui “ouvidos” há quem tinha o que dizer, eu sempre perguntei, me interessei, dei importância, sempre a disposição, e, no entanto, isso nunca foi, absolutamente em momento algum recíproco. Como sempre, eles primam pelo monologo, eles falam sobre eles, eles perguntam sobre eles, sofrem por eles, e por mais que eu tenha interesse, por mais que eu dê importância, e por mais que eu tenha dado fé, e por mais que eu tenha criado expectativas, não há laço algum, que não se desfaça mediante, todo esse azedume, toda essa ausência de essência, todas essas opiniões contrárias, toda essa falsidade, toda essa covardia, todo esse preconceito velado, toda essa hipocrisia. Compreendi de fato, que esse caminho só é doloroso, por que eu aprendi a observar a paisagem, o contexto. Aprendi a interpretar a realidade, e cada passo nessa avenida é um momento de náuseas, de decepções, de indignações. O não conceber a possibilidade de que tornem superficiais, banalizem, ou reduzam tudo aquilo que faz parte do teu ser, tudo aquilo que faz parte da tua identidade, da tua essência, se torna maior do que a capacidade de tolerar. Quando chega o momento que percebe não ter absolutamente ninguém para dizer o que pensa de verdade, quando percebe, que o único lugar capaz de aceitar seus devaneios são os papeis, é que de fato nota que não existem laços capazes de amarrar absolutamente nada, e que se é para falar de si mesmo, e se é para não ser ouvido, prefiro dialogar comigo mesmo, um estranho, na avenida da solidão. Prefiro a solidão a esse diálogo torto e infeliz, prefiro a solidão a esse conceito raso sobre o interesse, sobre dar importância, e essa falta de capacidade de se por no lugar do outro.
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Pedras na janela