Difícil acreditar que estamos falando de seres (des)humanos racionais ao tratar de uma pluralidade de pensamentos idealistas, pautada em irônicos e sínicos homens que por acharem estar travando uma guerra, acabam ferindo mais que o seu próprio ego, ferem também a dignidade alheia, ferem a verdade, ferem o verdadeiro conceito de coletivo, de união, e de luta (des) interessada, porém com foco, com ponto de vista, com tomadas de partido, com atitude, com honestidade, com o tal do caráter, que há muito se perdeu em meio as falácias, festas e superficialidades, que atendem nada menos que os desejos imediatistas, e que por isso se tornam a primeira vista essenciais. Há tempos que anseio denunciar de dentro da luta, de dentro do grupo, porém no caminhar diário, oprimido como qualquer um, me vi enquanto alguém engajado de pouca inteligência, e de muita indignação. Como lutar para defender justamente os direitos daqueles que insistem em dizer de modo conformado que isso não passa de uma rebeldia desmedida e inconseqüente? Como lutar pelos direitos daqueles que num flerte a la Judas, te passam uma rasteira, e dificultam a caminhada? Dentre os Cains e Abels, e os mal agradecidos, somos todos infeliz ou felizmente da mesma fornada, todos se caracterizam pelos polegares opositores, dotados de inteligência, e capacidade de evolução. O que define a causa de cada um? O que define se alguém algum dia terá ou não uma causa? O que me faz acreditar na minha causa? Deve ser justamente o fato desta causa não ser simplesmente a minha, deve ser pelo choro amargo que molha a garganta seca e mantém o nó atado, ao se perceber incomodado, rodeado de acomodados pelas causas alheias. Não! Eu definitivamente não posso aceitar, que alguém que obstante de tudo tenha tido uma vida cruelmente pobre, ou mesmo levemente pobre, ou ainda regada de insuficientes mordomias que o modo capitalista rege, consiga discriminar a classe dos pobres. Eu não consigo aceitar que um negro não seja a favor da cota racial, ou que um pobre não seja a favor da cota social, e que um homossexual não seja a favor da criminalização da homofobia, ou que alguém que por toda a vida estudou em escola pública não defenda a cota para os mesmos. Não, eu não acho que estas são as soluções perfeitas. Mas o que não se compreende é como estamos sendo mal agradecidos com aqueles que lutam diariamente pelos direitos das minorias, contra os preconceitos, contra os homofóbicos, contra os racistas, contra todo o tipo de repressão. As cotas são as migalhas, é a lavagem aos porcos, devido a toda uma história de luta. Sim, eu também acho que tudo isso não passa de estratégia política, uma tentativa de amortecer possíveis revoltas. Mas daí, você fazer parte de uma minoria, e conseguir ir contra ela, é digno de um covarde, de um conformado, de um acomodado rastejante, que deixa os “insetos interiores” crescer dentro de si. Eu já disse e repito, se o preconceito esta ai para todo mundo ver, por que diabos tentar botar panos quentes? Sou sim a favor da cota para negros, mesmo alguns negros, e alguns “burros” acharem ser um reforço da discriminação, mesmo alguns achando que isso é reforçar a exclusão. Mas ninguém pensa que para um grupo que por toda uma vida foi excluído não interessa as apologias baratas feitas pelos pequenos burgueses. É nisso que querem que acreditemos, é assim que querem que as minorias ajam, de forma que corroborem para continuidade da posição de minoria, fingindo sempre que esta tudo bem, que não somos minoria, que não somos descriminados. Essa desavença entre classes é parte das estratégias. Por uma classe contra a outra é parte da estratégia. Se por toda sua vida você estudou em escola particular e não tem direito a cota na Universidade pública, provavelmente será contra a cota, e alguns “(des) cerebrados” que por toda a vida estudaram em escolas públicas também vão achar isso injusto, pois bem, não da pra chorar pelo leite derramado. Eu já disse em outro post que o certo era a não existência da propriedade privada, ou seja, da escola particular, afinal de contas todos os filhos de Eva deveriam supostamente ter direito ao mesmo tipo de educação, mas isso não é a realidade, a cota para estudantes de escolas públicas não muda a realidade, mas eu enquanto estudante da escola pública, acho mais que merecido a cota, e digo mais, seria de extrema importância que as Universidades públicas abrissem espaço somente para quem estudou em escola pública, para só assim existir uma possibilidade mais concreta de mudar a realidade. Já imaginou os pequenos burgueses colocando seus filhos nas escolas públicas? Duvido que não pensariam em valorizar mais o ensino público. Cansa! È uma sensação de expulsão do paraíso todos os dias, é ser traído todos os dias, é sentir-se sozinho todos os dias. Eu definitivamente devo ser um filho adotado de Eva.
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