O viado não sai da boate, não sai da balada, não sai dos barzinhos, não sai do glindr, não sai do hornet, não sai da UOL, mas não chame o viado para defender o direito das minorias, ele não tem tempo.
Hoje na Câmara Municipal de Maringá foi aprovado em primeira discussão em regime de urgência um projeto de emenda do vereador Luciano Brito do (PROS) no Plano Municipal de Educação (PME) que trata da alteração do termo gênero para sexo.
Eu como professor da rede municipal de educação de Maringá, e preocupado não somente com essa meta, mas com todas as outras que estão contidas no PME fiz questão de estar presente.
Assim que cheguei na câmara municipal de maringá, que desde sua origem tem estampada no centro da plenária uma cruz, que desrespeita todas as outras religiões e não religiões, me deparei com a seguinte cena: Logo do portão já ouvi alguns gritos, me aproximei da porta e percebi uma movimentação e uma espécie de resmungo ecoando. Cheguei mais perto, não havia como entrar, a câmara estava lotada, completamente cheia, e mais próximo percebi uma espécie de oração, que estava no fim, no término, um AMÉM coletivo uníssono me arrepiou a espinha de ponta a ponta. A câmara municipal por um momento me pareceu qualquer templo religioso, menos uma câmara de vereadores. Eu queria muito sair dali, fugir, correr sem olhar para trás, acordar daquele pesadelo, mas logo ali na porta percebi um punhado de VIADO que REAGE, um grupo pequeno, e a única obrigação que eu tinha, era a de me manter firme , mesmo com o estomago revirando.
Haviam muitos cartazes, alguns diziam por exemplo: “gênero não!”, “Contra ideologia de gênero nas escolas”, “forma comunistas”, entre outras. Uma menina, ainda criança no ombro do pai empunhava o cartaz com os dizeres “gênero não!”.
Em vários momentos aquela massa teleguiada por pastores e padres vociferaram dizeres como “FAMÍLIA! FAMÍLIA!”, como se a questão de gênero tivesse alguma relação com o modelo de família a qual eles defendem e acreditam ser o único possível.
O vereador Luciano Brito discursou 3 ou 4 vezes, e transbordou em proselitismo religioso, mencionou movimento neo-ditatorial, mencionou uma suposta “ideologia de gênero” que segundo ele estaria propondo construir ou incentivar alguma coisa que nem ele mesmo soube explicar, mas que facilmente ele entende como “ensinar as crianças a serem gays ou transgêneros”. Foram discursos longos encharcados de ignorância, desconhecimento, proselitismo, e agrado aos fiéis de sua igreja que lotavam a câmara. Ele foi ovacionado várias vezes, aplaudido sob o coro de ““FAMÍLIA! FAMÍLIA!”, e eu não conseguia entender ao certo, que tipo de família é essa que não permite qualquer outro tipo de família, que não permite que outras pessoas sejam felizes da forma que elas escolheram.
Os VIADOS REAGIRAM mesmo sendo um grupo pequeno, resistiram, reivindicaram e em todos os momentos, os VIADOS foram VAIADOS. Houve quem disse, que “esse viados são minorias, não tem nem que tá falando”, pasmem.
Fez proselitismo religioso também outros vereadores, como Dr. Sabóia, na mesma linha de Luciano Brito, defendeu o fim do termo gênero, sem sequer saber o que significa, seus argumentos como de costume estão baseados no que a bíblia diz.
O vereador Flávio Vicente reproduziu o mesmo discurso sobre família ser constituída de homem e mulher e mais uma séria de impropérios impronunciáveis.
Falou Mario Verri, que tentou sair pela tangente, falou, falou e não disse nada, e ainda teve que ouvir um “VAI PRA CUBA” por ser do PT.
Falou também o vereador Humberto Henrique do PT, que deixou claro que votaria pela alteração do termo gênero para sexo junto com Luciano Brito, Sabóia, assim como votaram TODOS os vereadores.
Enfim, aquilo foi um circo dos horrores. Nunca na minha vida eu havia visto uma câmara de vereadores lotada para discutir o PME. E nunca estaria, se não tratasse dessa questão de gênero. Já alertei anteriormente, os padres e pastores estão fazendo uma cruzada “santa” em favor de uma família que nem eles mesmos conseguem sustentar. As câmaras não estão lotadas atoa, os fiéis estão seguindo as ordens, estão sendo orientados, e manipulados, como sempre foi feito nos templos e nas religiões. Uma multidão incapaz de pensar por si só, seguindo ordens, robôs, alienados e ignorantes.
Este crescimento do fundamentalismo religioso está cada dia mais assustador, e mais assustador são os discursos utilizados por estes fiéis, padres e pastores. A forma como eles estão se organizando, se infiltrando em todas as câmaras municipais, por todo o país, espalhando mentiras sobre o significado de gênero, argumentando da forma mais vil, desqualificando todo um trabalho buscando a igualdade, o fim do machismo, o fim da discriminação, a desconstrução de preconceitos e a inclusão dos transgêneros nas escolas, deve ser levada em consideração, não pode ser ignorada, não pode ser levada na brincadeira. A opinião nós podemos até relevar, mas intervenção no âmbito político, enfiando goela abaixo dogmas religiosos baseado em religião não pode ser admitido de maneira alguma.
Quando é que esses viados vão começar a entender que eles precisam REAGIR? Quando vão entender que enquanto viados tem a obrigação de se posicionar, de militar pelos direitos de toda e qualquer minoria? Quando vão entender a importância de estarem presentes não só nas baladas ou nos sites de encontros, mas também no âmbito politico debatendo, propondo a discussão, lutando, fazendo no mínimo volume, mostrando apoio, mostrando que existe, dando visibilidade ao movimento, que é mais que um movimento dos VIADOS, é um movimento por direito a quem nesta sociedade já nasce sem direitos, e é sempre silenciada quando os reivindica.
Eu to cansado de VIADO postando foto em festa, em balada, CAZAMIGA, jogando conversa fora, falando coisas sem importância, efêmeras, despolitizadas, ausentes, neutras, em cima dos muros da vida. Eu to cansado de preto defendendo o cristianismo sem ter a real noção de como o cristianismo escravizou e tratou os negros. Eu to cansado de mulher que se diz “feminina, e não feminista” como se tivesse sendo genial, e com uma incapacidade mental tão grande que não consegue entender que só tem os direitos que tem hoje, por que feministas os conquistaram, e não “femininas”. Tô cansado também de mulher que vai nessa igreja cristã que sempre pregou a submissão da mulher ao homem. Os únicos que deveriam ainda frequentar essa igreja e o cristianismo, são os homens, cis, héteros, brancos, eles sim combinam com esta religião e com esse deus.
O resto minha gente, o resto devia estar brigando contra o machismo, contra o patriarcado, contra a dominação instalada há gerações de um gênero sobre o outro, de uma raça sobre a outra, de uma classe sobre a outra.
Ou esses VIADOS REAGEM, ou sinceramente, não tem mais como te defender.
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