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domingo, 14 de junho de 2015

A caridade, o caridoso e a massagem no ego.

O caridoso e a caridade não existiriam, não fosse a desigualdade social. O caridoso e a caridade não fariam sentido se as políticas públicas objetivassem o fim das desigualdades. Como o caridoso poderia sentir-se privilegiado na doação, se não houvesse a necessidade da doação? A caridade vive da pobreza e da desigualdade. Para não morrer a caridade vocifera contra políticas efetivas de promoção real da igualdade. O caridoso apelidou o bolsa família de "Bolsa esmola" O caridoso apelidou as cotas raciais de "O nível das universidades vai cair" e "vitimismo". O caridoso apelidou a pobreza de "meritocracia", e de "deve-se ensinar a pescar, não deve-se dar o peixe". O que seriam dos caridosos sem os orfanatos, cheio de crianças pobres e negras? Mas o caridoso não exita em condenar as crianças pobres e negras da favela quando absorvidas pela criminalidade. A caridade não tem nada a ver com empatia, não tem a ver com se por no lugar do outro. A caridade é uma dependência sádica em estar numa posição superior de opressor, e poder massagear o ego com atitudes magnânimas, limitando e comandando até onde o oprimido pode ir.

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