É muito fácil exigir respeito para que seja respeitado quando se
vive beneficiado dos privilégios sociais. Proponho um exercício
simples: Imaginemos que vivemos numa sociedade homonormativa, onde os
heterossexuais são vistos como abominações, pecadores e
antinaturais. Um mundo onde héteros são perseguidos pelas
religiões, são marginalizados, rejeitados pelas famílias. Um lugar
onde ser hétero signifique ter que viver escondendo sua sexualidade,
fingindo ser o que não é. Então você e um grupo de héteros,
cansados de serem perseguidos e assassinados, resolvem lutar, fazer
dia do orgulho hétero, fazer protesto, sair as ruas, chamar a
atenção, reivindicar direitos, reivindicar pelo direito a viver, o
direito de não ser atacado nas ruas pelo que você é, o direito de
amar quem você quiser, o direito de formar uma família, o direito a
não ser demitido ou ser aceito no mercado de trabalho. E nesse
protesto, pra chamar atenção para os héteros crucificados e mortos
por serem héteros, resolvem encenar um episódio religioso, como a
crucificação de cristo, e ai, a sociedade homonormativa começa a
te odiar mais ainda, e a dizer que se você quer respeito, tem que
respeitar a religião dos gays. Mesmo você fazendo parte de um grupo
que corre o risco de ser morto diariamente por conta de discursos de
ódio religiosos, por conta de interpretações de um livro daquela
religião, e não só o risco de ser morto que é o pior, mas
simplesmente correndo o risco de não poder ser quem você é, de ter
que fingir uma vida inteira. Se fizer este exercício e continuar com
o mesmo pensamento sobre a encenação na parada gay fazendo alusão
a Cristo crucificado, faz-se necessário um processo intensivo de
desconstrução de preconceitos.
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