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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Família Tradicional



Essa é a família tradicional
Respeita os bons costumes
Defende a moral.
Diz que a família é homem e mulher
Do tipo margarina do comercial,
Crianças bem branquinhas, eugenia geral.
Se você não se encaixa, não tem que viver.
Bandido morto é bom, tem que morrer!
Menor já sabe bem, fez por merecer.
Cadeia, prisão, é a solução!
Pena de morte em vida pra socorrer,
As famílias em perigo, em sua mansão.

stop stupid , die my darling!

Pra ela estado é laico, mas não é ateu
Racismo ao contrário, ela diz que sofreu

Essa é a família tradicional
Respeita os bons costumes
Defende a moral.
Diz que dar o peixe, é bolsa esmola
E de barriga cheia, odeia a escola
É anticomunista, mas adora um fascismo
Diz que a evolução é pelo criacionismo.
O homem do barro, a mulher da costela
Adão e Eva e um macaco ateu
Cain matou Abel
Incesto eterno, fudeu!

stop stupid , die my darling!

Pra ela a biblia é lei
E todos tem que seguir
Inquisição moderna para o gay que assumir.

Essa é a família tradicional
Respeita os bons costumes
Defende a moral.
Pratíca o linchamento e se apega com “Deus”
Melhor aquele preto, antes ele que eu!
Odeia o pecado, não o pecador
Travesti morta, como manda o pastor!
Prega na igreja a matança geral
E cria uma cena de “bem contra o mau”.

stop stupid , die my darling

Pra ela todo mundo tem direitos iguais
Mas a minoria tá querendo demais!

Essa é a família tradicional
Respeita os bons costumes
Defende a moral.
Adora a polícia, o BOPE é herói
Intervenção militar, não favela não dói
Isenta de impostos nos templos reais
Hosana, Hosana, é privilégio demais!
Se banca da herança deixada dos pais,
Odeia as cotas, “o esforço é que faz”;
Meritocracia é mantra europeu
Neoliberalista “quem manda sou eu”
“Se aqui eu cheguei, você pode chegar”
“O capitalismo é um belo lugar”

stop stupid , die my darling

Pra ela existe ideologia de gênero
Doutrina crianças a virarem gays
Xvideos nas escolas e o menino efêmero
Vai virar viado em menos de um mês.

Essa é a família tradicional
Respeita os bons costumes
Defende a moral.
O desarmamento é um belo sinal
Do cristianismo fraternal.
O estupro, o assovio, iniciação sexual
É coisa de menino da universal
Meninas que se cuidem
A vagina é de deus
Meninos não respondem pelos atos seus.
Veste uma saia, bota um véu
Menino engole o choro
E traz seu troféu.

stop stupid , die my darling

Pra ela agrega estrangeiro europeu
“Haitiano só quer o dinheiro que é meu”

Essa é a família tradicional
Respeita os bons costumes
Defende a moral.
Pra ela o nordestino é guerreiro da Dilma
Separa o norte e o sul
Quero escravos de cima
Gente que não reclama desde a lei áurea
Lugar de mucama é dentro da senzala
Quarto de empregada é uma mera fachada
Direito trabalhista atrapalha a jornada.


stop stupid , die my darling

terça-feira, 16 de junho de 2015

REAGE VIADO!



O viado não sai da boate, não sai da balada, não sai dos barzinhos, não sai do glindr, não sai do hornet, não sai da UOL, mas não chame o viado para defender o direito das minorias, ele não tem tempo.
Hoje na Câmara Municipal de Maringá foi aprovado em primeira discussão em regime de urgência um projeto de emenda do vereador Luciano Brito do (PROS) no Plano Municipal de Educação (PME) que trata da alteração do termo gênero para sexo.
Eu como professor da rede municipal de educação de Maringá, e preocupado não somente com essa meta, mas com todas as outras que estão contidas no PME fiz questão de estar presente. 
Assim que cheguei na câmara municipal de maringá, que desde sua origem tem estampada no centro da plenária uma cruz, que desrespeita todas as outras religiões e não religiões, me deparei com a seguinte cena: Logo do portão já ouvi alguns gritos, me aproximei da porta e percebi uma movimentação e uma espécie de resmungo ecoando. Cheguei mais perto, não havia como entrar, a câmara estava lotada, completamente cheia, e mais próximo percebi uma espécie de oração, que estava no fim, no término, um AMÉM coletivo uníssono me arrepiou a espinha de ponta a ponta. A câmara municipal por um momento me pareceu qualquer templo religioso, menos uma câmara de vereadores. Eu queria muito sair dali, fugir, correr sem olhar para trás, acordar daquele pesadelo, mas logo ali na porta percebi um punhado de VIADO que REAGE, um grupo pequeno, e a única obrigação que eu tinha, era a de me manter firme , mesmo com o estomago revirando. 
Haviam muitos cartazes, alguns diziam por exemplo: “gênero não!”, “Contra ideologia de gênero nas escolas”, “forma comunistas”, entre outras. Uma menina, ainda criança no ombro do pai empunhava o cartaz com os dizeres “gênero não!”. 
Em vários momentos aquela massa teleguiada por pastores e padres vociferaram dizeres como “FAMÍLIA! FAMÍLIA!”, como se a questão de gênero tivesse alguma relação com o modelo de família a qual eles defendem e acreditam ser o único possível.
O vereador Luciano Brito discursou 3 ou 4 vezes, e transbordou em proselitismo religioso, mencionou movimento neo-ditatorial, mencionou uma suposta “ideologia de gênero” que segundo ele estaria propondo construir ou incentivar alguma coisa que nem ele mesmo soube explicar, mas que facilmente ele entende como “ensinar as crianças a serem gays ou transgêneros”. Foram discursos longos encharcados de ignorância, desconhecimento, proselitismo, e agrado aos fiéis de sua igreja que lotavam a câmara. Ele foi ovacionado várias vezes, aplaudido sob o coro de ““FAMÍLIA! FAMÍLIA!”, e eu não conseguia entender ao certo, que tipo de família é essa que não permite qualquer outro tipo de família, que não permite que outras pessoas sejam felizes da forma que elas escolheram.
Os VIADOS REAGIRAM mesmo sendo um grupo pequeno, resistiram, reivindicaram e em todos os momentos, os VIADOS foram VAIADOS. Houve quem disse, que “esse viados são minorias, não tem nem que tá falando”, pasmem.
Fez proselitismo religioso também outros vereadores, como Dr. Sabóia, na mesma linha de Luciano Brito, defendeu o fim do termo gênero, sem sequer saber o que significa, seus argumentos como de costume estão baseados no que a bíblia diz. 
O vereador Flávio Vicente reproduziu o mesmo discurso sobre família ser constituída de homem e mulher e mais uma séria de impropérios impronunciáveis.
Falou Mario Verri, que tentou sair pela tangente, falou, falou e não disse nada, e ainda teve que ouvir um “VAI PRA CUBA” por ser do PT. 
Falou também o vereador Humberto Henrique do PT, que deixou claro que votaria pela alteração do termo gênero para sexo junto com Luciano Brito, Sabóia, assim como votaram TODOS os vereadores. 
Enfim, aquilo foi um circo dos horrores. Nunca na minha vida eu havia visto uma câmara de vereadores lotada para discutir o PME. E nunca estaria, se não tratasse dessa questão de gênero. Já alertei anteriormente, os padres e pastores estão fazendo uma cruzada “santa” em favor de uma família que nem eles mesmos conseguem sustentar. As câmaras não estão lotadas atoa, os fiéis estão seguindo as ordens, estão sendo orientados, e manipulados, como sempre foi feito nos templos e nas religiões. Uma multidão incapaz de pensar por si só, seguindo ordens, robôs, alienados e ignorantes.
Este crescimento do fundamentalismo religioso está cada dia mais assustador, e mais assustador são os discursos utilizados por estes fiéis, padres e pastores. A forma como eles estão se organizando, se infiltrando em todas as câmaras municipais, por todo o país, espalhando mentiras sobre o significado de gênero, argumentando da forma mais vil, desqualificando todo um trabalho buscando a igualdade, o fim do machismo, o fim da discriminação, a desconstrução de preconceitos e a inclusão dos transgêneros nas escolas, deve ser levada em consideração, não pode ser ignorada, não pode ser levada na brincadeira. A opinião nós podemos até relevar, mas intervenção no âmbito político, enfiando goela abaixo dogmas religiosos baseado em religião não pode ser admitido de maneira alguma.
Quando é que esses viados vão começar a entender que eles precisam REAGIR? Quando vão entender que enquanto viados tem a obrigação de se posicionar, de militar pelos direitos de toda e qualquer minoria? Quando vão entender a importância de estarem presentes não só nas baladas ou nos sites de encontros, mas também no âmbito politico debatendo, propondo a discussão, lutando, fazendo no mínimo volume, mostrando apoio, mostrando que existe, dando visibilidade ao movimento, que é mais que um movimento dos VIADOS, é um movimento por direito a quem nesta sociedade já nasce sem direitos, e é sempre silenciada quando os reivindica.
Eu to cansado de VIADO postando foto em festa, em balada, CAZAMIGA, jogando conversa fora, falando coisas sem importância, efêmeras, despolitizadas, ausentes, neutras, em cima dos muros da vida. Eu to cansado de preto defendendo o cristianismo sem ter a real noção de como o cristianismo escravizou e tratou os negros. Eu to cansado de mulher que se diz “feminina, e não feminista” como se tivesse sendo genial, e com uma incapacidade mental tão grande que não consegue entender que só tem os direitos que tem hoje, por que feministas os conquistaram, e não “femininas”. Tô cansado também de mulher que vai nessa igreja cristã que sempre pregou a submissão da mulher ao homem. Os únicos que deveriam ainda frequentar essa igreja e o cristianismo, são os homens, cis, héteros, brancos, eles sim combinam com esta religião e com esse deus. 
O resto minha gente, o resto devia estar brigando contra o machismo, contra o patriarcado, contra a dominação instalada há gerações de um gênero sobre o outro, de uma raça sobre a outra, de uma classe sobre a outra.
Ou esses VIADOS REAGEM, ou sinceramente, não tem mais como te defender.

domingo, 14 de junho de 2015

A caridade, o caridoso e a massagem no ego.

O caridoso e a caridade não existiriam, não fosse a desigualdade social. O caridoso e a caridade não fariam sentido se as políticas públicas objetivassem o fim das desigualdades. Como o caridoso poderia sentir-se privilegiado na doação, se não houvesse a necessidade da doação? A caridade vive da pobreza e da desigualdade. Para não morrer a caridade vocifera contra políticas efetivas de promoção real da igualdade. O caridoso apelidou o bolsa família de "Bolsa esmola" O caridoso apelidou as cotas raciais de "O nível das universidades vai cair" e "vitimismo". O caridoso apelidou a pobreza de "meritocracia", e de "deve-se ensinar a pescar, não deve-se dar o peixe". O que seriam dos caridosos sem os orfanatos, cheio de crianças pobres e negras? Mas o caridoso não exita em condenar as crianças pobres e negras da favela quando absorvidas pela criminalidade. A caridade não tem nada a ver com empatia, não tem a ver com se por no lugar do outro. A caridade é uma dependência sádica em estar numa posição superior de opressor, e poder massagear o ego com atitudes magnânimas, limitando e comandando até onde o oprimido pode ir.

Blasfêmia de cu, é rola.

Preguiça desse cristianismo que assassina trans todo dia, e vem com esse ar de choque moralista com interpretação de protesto fazendo alusão a crucificação de um personagem que só tem importância pra quem é cristão. A intenção de protesto é chocar mesmo, se fosse pra garantir direitos de quem já é privilegiado na sociedade a gente chamava de marcha contra a corrupção e andava entregando umas rosas brancas pedindo o fim da violência nos jardins, no Leblon ou em Ipanema. E se chocou tanto, é por que o fundamentalismo religioso está maior do que se pode imaginar. É uma junção de ignorância, incapacidade de interpretação, e incapacidade de se por concretamente no lugar do outro. Os LGBTTS não devem nenhum respeito com o cristianismo, muito menos com o fundamentalismo religioso, assim como negros nem sequer deveriam entrar numa igreja visto o que a igreja já fez, assim como índios, assim como as mulheres. Vai ter trans interpretando jesus sim, e se reclamar, mando fazer a paixão de cristo de salto alto e batendo o cabelo.

O Opressor pede respeito. Insisto, desrespeitem!


É muito fácil exigir respeito para que seja respeitado quando se vive beneficiado dos privilégios sociais. Proponho um exercício simples: Imaginemos que vivemos numa sociedade homonormativa, onde os heterossexuais são vistos como abominações, pecadores e antinaturais. Um mundo onde héteros são perseguidos pelas religiões, são marginalizados, rejeitados pelas famílias. Um lugar onde ser hétero signifique ter que viver escondendo sua sexualidade, fingindo ser o que não é. Então você e um grupo de héteros, cansados de serem perseguidos e assassinados, resolvem lutar, fazer dia do orgulho hétero, fazer protesto, sair as ruas, chamar a atenção, reivindicar direitos, reivindicar pelo direito a viver, o direito de não ser atacado nas ruas pelo que você é, o direito de amar quem você quiser, o direito de formar uma família, o direito a não ser demitido ou ser aceito no mercado de trabalho. E nesse protesto, pra chamar atenção para os héteros crucificados e mortos por serem héteros, resolvem encenar um episódio religioso, como a crucificação de cristo, e ai, a sociedade homonormativa começa a te odiar mais ainda, e a dizer que se você quer respeito, tem que respeitar a religião dos gays. Mesmo você fazendo parte de um grupo que corre o risco de ser morto diariamente por conta de discursos de ódio religiosos, por conta de interpretações de um livro daquela religião, e não só o risco de ser morto que é o pior, mas simplesmente correndo o risco de não poder ser quem você é, de ter que fingir uma vida inteira. Se fizer este exercício e continuar com o mesmo pensamento sobre a encenação na parada gay fazendo alusão a Cristo crucificado, faz-se necessário um processo intensivo de desconstrução de preconceitos.

Submeter e resistir.

Submeter-se tanto quanto resistir causam dor;
A submissão busca mudanças, a resistência busca transformações;
A submissão busca compensação, a resistência busca liberdade;
A submissão é individual, a resistência é coletiva;
A submissão escarnece como se fosse por uma boa causa;
A resistência escarnece por justas causas;
A submissão é a correnteza, a resistência é a piracema.
A submissão acredita saber a totalidade;
A resistência esta certa de não saber,
A submissão pressupõe começos, meios e fins;
A resistência não pressupõe nada.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

"O Boticário" é só um dos vários processos sistematizados de perseguição, uni-vos, ou serão mortos em praça pública.


O fundamentalismo religioso é e está cada dia mais patético, irresponsável e perigoso. Estes são como os fascistas, não existe diálogo, apenas o enfrentamento. A única intolerância que se rebate com intolerância. E por isso não é mais possível conviver, coexistir, dividir o mesmo espaço físico ou virtual com quem tenha qualquer posicionamento que vá de encontro aos interesses de seres abjetos como Eduardo Cunha, Silas Malafaia, Jair Bolsonaro e família, Marco Feliciano, entre outros.
A perseguição sistematizada aos direitos dos LGBTTS vem se intensificando, e já não há mais espaço para a neutralidade. Os LGBTTS tem a obrigação moral de se posicionar, de por a cara a tapa, de fazer o enfrentamento, de fazer o embate, de ser incisivo, afirmativo e insuportavelmente insistente no debate.
Essa perseguição é histórica e multifacetada. É politica e religiosa, e nos últimos anos no Brasil vem tomando rumos temerosos. Nos últimos tempos a novela “Babilônia” da rede globo sofreu boicote dirigido pela frente evangélica, em resposta aos personagens gays, essas ações ganharam uma maior proporção, pois misturava além da representação LGBTT na novela, muita violência e muitas cenas de sexo, desta forma, além dos evangélicos, outros setores moralistas juntaram-se a campanha, o que a fortaleceu e brecou os autores.
Mais recentemente a empresa “O Boticário” apresentou um comercial abordando a diversidade nas relações afetivas e homo afetivas, e uma nova onda reacionária, muito bem coordenada por lideres religiosos e políticos avançaram com os ataques e perseguições, negativaram e boicotaram o comercial de todas as formas. Tudo isso com a disculpa da liberdade de expressão e de opinião.
Existe uma juventude religiosa e carismática engrossando este caldo reacionário e moralista, meninos e meninas completamente desconectados com as conquistas e avanços da sociedade. Já nasceram encharcados do ódio pelo diferente, e com as vendas da ignorância, e acreditam estarem representando “Deus”.
Esta frente fundamentalista que não é pequena, esta representada no congresso nacional, e em outros níveis políticos, e neste sentido vem tomando este espaço politico com o objetivo de frear, e se possível esmagar quaisquer direitos conquistados o que precisem ser conquistados ainda pelas minorias em direitos. Um exemplo disso são alguns grupos que percorrem as câmaras municipais com objetivo de convencer os vereadores de mudar o termo gênero que consta no plano nacional de educação, para sexo. Eles fizeram isso no município de Sarandi, este grupo lotou a câmara com seguidores fundamentalistas religiosos, entre eles muitos jovens bonitos e felizes. Eu me perguntei sinceramente, como um jovem com tanta vida e tantos sonhos pela frente pode conviver com esse desejo vil de esmagar a felicidade e os direitos de outros? Mas estavam lá, entusiasmados com seus objetivos abjetos, deploráveis.
Pior que isso, além de jovens, lá estavam meninas e mulheres, que sequer desconhecem o que envolvem as questões de gênero, e como o machismo mata muitas delas, ignorância ou falta de empatia, não sei. Mas elas devem acreditar segundo os dogmas religiosos que mulheres devem ser submissas, geradoras de filhos, mães de família, donas de casa, recatadas, e deve ser por isso também que nunca vimos um boicote aos comerciais de cerveja que objetificam o corpo da mulher “vai verão, vem verão”.
No entanto é inadmissível que gays, lésbicas, transsexuais, transgêneros e mulheres silenciem-se diante de tanta perseguição sistematizada aos direitos de igualdade dentro da sociedade. É preciso que a cada ataque haja ao menos um posicionamento de repudio, seja virtual, seja oral, seja escrito, seja como for. Não cabe mais o silencio e a neutralidade. Cada silêncio diante de um ataque eu vejo como traição e desdem aos tantos que morreram pelos poucos direitos conquistados que temos hoje

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