Não me esqueço desse gramado
Desse verde, e da casa vazia.
Por que essas paredes me sufocam tanto?
Eu não sei por onde ando
Já nem sei se estou chegando
Parece muitas vezes que nunca parti.
Desse quintal que vive em mim
Da pitangueira que nunca esqueci.
Das tuas folhas pequenas
Das suas raízes nobres
Daquelas noites serenas
Janelas de sonhos, que nunca abri.
Apita pitangueira maestrina
A vida que se veste de menina
Menino que se despe ao por do sol
Apita pitangueira seu farol
O seu desejo de não ceder a ninguém.
Ser pitangueira, ser guerreira.
Ser de menino e de menina
Sem quem, por que, só bem.
Eu não esqueço o cheiro do fim de tarde
Eu não esqueço a chuva e a terra molhada
A macarronada, o pé de jabuticaba.
Suas partidas, suas chegadas.
Despedidas matinais, todo dia,
Eu não sei ser boa pessoa
E preencher essa parte vazia
Eu não sei sorrir a toa
A pitangueira que me dizia.
Chove a chuva molhada
Banho na enxurrada
Pitangas caídas no chão
Colhem flores, colhem dores.
Há uma pedra na minha mão.
Eu não esqueço que jogava pedrinhas
Das paredes azuis que hoje são pretas
Nem do baú, hoje gavetas.
De pitangueira a folhas secas.
Eu não esqueço a vó “mainha”
Da voz que tinha
Dos seus trejeitos.
Eu não esqueço a mãe que vinha
Da agonia
Dos meus defeitos.
E de tarde, a pitangueira coberta de orvalho.
Refletindo a fita solar
E de noite a pitangueira no armário
Pitangueira solitária
Esparramada no quintal
Trancada no próprio lar.
sábado, 22 de dezembro de 2012
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Pedras na janela