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sábado, 22 de dezembro de 2012

Pitangueira

Não me esqueço desse gramado

Desse verde, e da casa vazia.

Por que essas paredes me sufocam tanto?

Eu não sei por onde ando

Já nem sei se estou chegando

Parece muitas vezes que nunca parti.



Desse quintal que vive em mim

Da pitangueira que nunca esqueci.

Das tuas folhas pequenas

Das suas raízes nobres

Daquelas noites serenas

Janelas de sonhos, que nunca abri.



Apita pitangueira maestrina

A vida que se veste de menina

Menino que se despe ao por do sol

Apita pitangueira seu farol

O seu desejo de não ceder a ninguém.

Ser pitangueira, ser guerreira.

Ser de menino e de menina

Sem quem, por que, só bem.



Eu não esqueço o cheiro do fim de tarde

Eu não esqueço a chuva e a terra molhada

A macarronada, o pé de jabuticaba.

Suas partidas, suas chegadas.



Despedidas matinais, todo dia,

Eu não sei ser boa pessoa

E preencher essa parte vazia

Eu não sei sorrir a toa

A pitangueira que me dizia.

Chove a chuva molhada

Banho na enxurrada

Pitangas caídas no chão

Colhem flores, colhem dores.

Há uma pedra na minha mão.



Eu não esqueço que jogava pedrinhas

Das paredes azuis que hoje são pretas

Nem do baú, hoje gavetas.

De pitangueira a folhas secas.

Eu não esqueço a vó “mainha”

Da voz que tinha

Dos seus trejeitos.

Eu não esqueço a mãe que vinha

Da agonia

Dos meus defeitos.



E de tarde, a pitangueira coberta de orvalho.

Refletindo a fita solar

E de noite a pitangueira no armário

Pitangueira solitária

Esparramada no quintal

Trancada no próprio lar.

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Pedras na janela


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