O menino arredio, bicho do mato, inseguro, não apresentava-se como deveria, por que em meio aos perfeitos e os normais, o menino sonharia com aquilo tudo que poderia, mas que não conseguiria. O menino genial, era um ser do passado, um ser que passou, que sumiu, que ficou, e que no presente amargo, diz que diria, diz que faria, que sonharia, como se o futuro fosse certo, de uma consciência ininterrupta da totalidade, que transcenda começo, meio e fim. O menino não é, e não foi, mas seria, seria se pudesse, só não sabe ainda o por que do futuro ser tão intocável, esmigalhando no vento como fumaça no ar. O menino se sente preso, encarcerado ao que seria, poderia, faria, conseguiria, sempre dependendo de um passado, imperfeito, e não se apeguem a tempos verbais, eu falo de vida e não de palavras. Ele era tudo aquilo que poderia ser, mas dentro de si mesmo, e nada mais. Ele era seus sonhos, de tudo o que alcançaria, mas que por motivos concretos, virou futuro do pretérito. Cansou-se das possibilidades, dos otimistas, dos falsos amigos, das falácias engenhosas para que a traição e a infidelidade pareça mais branda, mais suave, cansou de nunca tornar presente o futuro, e amedrontou-se ao ver o futuro tão próximo e tão sombrio. O menino que um dia chegou a acreditar em si próprio e nos outros, pensando que seria, que amaria, que viveria, que sorriria, que valeria a pena, chega ao futuro todos os dias, mas come o passado com sabor azedo de fruto proibido, e o pretérito vem como expulsão do paraíso. É um presente de grego esse destino inoportuno, esse descaso verbal com os tempos incertos, com seus beijos não dados, com os riscos corridos, que também correria o menino punido, que de tanto querer virou comida de sereia, história de pescador, conto da carochinha, se perdeu no presente e nunca encontrou o tal do futuro, o futuro do pretérito.
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