Vai uma vida toda para na maioria das vezes nunca se desvendar quais foram os verdadeiros "eu te amo" que se disse, ou que se ouviu. Houve um tempo que dizer "eu te amo" estava cercado de significados que davam a credibilidade a tais palavras tão simples. Quando eram ditas com firmeza, confiança, fidelidade e sabedoria, respeitando a amplitude do "eu te amo", que em sua essência diz respeito a sentimentos nutridos nas relações entre indivíduos de polegares opositores e racionais. "Eu te amo" faz parte de uma série de símbolos que regem as relações humanas, e que são decodificados a fim de dar sentido as nossas vidas. Amar muitas vezes é não ter que responder a questões apoteóticas como, "de onde eu vim? Pra onde eu vou?", pois já traz consigo a satisfação necessária enquanto individuo vivo que depende do outro. Porém, amar, e dizer que ama cada dia mais se tornam duas coisas mais distintas, mais distantes. O "eu te amo" vem perdendo seu significado desde o momento em que a frieza com que os homens se relacionam tendenciosamente vem aumentando, quando as pessoas se tornam objetivas demais, até que se sentem modernas demais para entender o amor com os mesmos significados que um dia ele já teve. Eu entendo que amar tem um só significado, seja lá qual for a época que esteja inserido, o que muda é o entendimento e a apropriação do termo no sentido em que este se banalize. Particularmente eu tenho sérias dificuldades em pronunciar estas palavras, não por que eu não ame ninguém, mas por que eu insisto em manter o significado primeiro, aquele que torna amar uma responsabilidade, algo de extrema importância. Amar então é tomar para si uma responsabilidade, é se por no lugar do outro. Amor não se sente hoje, para amanhã não mais sentir, amor perdura por todo o sempre, só mudam as formas de amar. Hoje em dia dizer eu te amo ficou atrelado aos tipos de relações vazias, insossas, e passageiras, por tanto, dizer "eu te amo" para a maior parte das pessoas é como trocar de roupa, ama-se do dia para a noite, e desama-se da noite para o dia, como se amar fosse feito apenas de desejo e de prazer. Ama-se com interesses, ama-se por vingança, mas é um amar de quem só sabe dizer "eu te amo", e não saber ser o "eu te amo". Amam as coisas mais que os próprios semelhantes, por isso ficou ainda mais fácil dizer, é como fisgar um peixe estúpido, é como roubar doce de criança, e assim vamos endurecendo frente a qualquer "eu te amo" que se ouve, por que por experiência própria, eles vem tão rápido quanto vão, é só deixam a sensação de traição, de infidelidade, de falsidade, de demonstrações explícitas de um amor que passa de um para o outro sem nenhum pudor, sem nenhuma responsabilidade com o outro. Então quando se diz "eu te amo" tem que se pensar no outro e no que ele representa realmente, e caso nunca tenha a certeza, nunca diga, é menos doloroso. Por que ver o mesmo "eu te amo" que estava aqui, estar logo ali do outro lado, é perceber que o amor na verdade nunca existiu, existiu somente a necessidade de suprir os próprios interesses, de sugar somente aquilo que lhe convém, e os "eu te amo" ditos irresponsavelmente foram apenas uma estratégia de se conseguir com mais facilidade o que se queria. "Eu te amo" não se diz, se faz.
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PUTAQUEOPARIU!!!
ResponderExcluirVc tem q deixar eu colocar esse texto no meu profile do orkut e deixar eu espalhar as quatro cantos do universo!!! (Com os devidos créditos lógico =D)
Pois esta inteiramente a sua disposição. Use e abuse do texto.
ResponderExcluirBeijos