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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Juvenile



Juvenile

Esta é uma história sobre sonhos, mas não são sonhos comuns, na verdade eu queria falar de sonhos que por tanto tempo foram os motores frustrados de uma vida. Eu realmente queria falar de sonhos, mas o que realmente me faria feliz, seria ser capaz de vivenciar cada minuto dos mais tenros sonhos dos quais hoje não passam de um mergulho profundo, num mar desconhecido e escuro. Hoje eu queria não precisar lembrar-se de nada, hoje eu queria mesmo era não ter saudade de nada, hoje eu queria mesmo era não falar de sonhos. Eu preciso entender que sobre sonhos eu nunca soube nada, sobre sonhos eu só sonhei, sobre sonhos pouco soube como tratá-lo, e deles me fiz assim, tão vulnerável quanto uma embarcação a deriva no meio do oceano. Eu preciso entender de uma vez que de sonhos me sinto farto, que sonhos me doem, que sonhos me fizeram só, que sonhos me fazem chorar feito uma criança perdida dos pais. Sonhos sempre me fizeram observar o quanto tudo esteve tão distante, sonhos me tiraram todas as possibilidades, me tornaram seco e duro comigo mesmo. Sonhos lindos, sonhos de um marasmo hipotético e humilde sonho de sonhar sem culpa. Sonhos me fizeram sem chão, me fizeram covarde e descontente comigo mesmo, me fizeram menor. Sonhos me fizeram perder-se em um mundo desconexo, pouco visitado pelos vivos, pelos seres reais. Sonhar é o que me fez admitir o quanto perdido me encontro, o quanto inseguro, quanto nu e tremulo repouso em minha própria casca indissolúvel. Foi num sonho em que me transformei, foi no sopro de subjetividade que planei desgovernado rumo, aos mesmos sonhos, reduzido a imaginação, a um querer maior que eu. Os sonhos se tornaram gigantes, maiores que eu mesmo, me engoliram, me fizeram solitário, amigo dos meus próprios desejos incompreendidos. Hoje ao fechar os olhos eu percebo que é de um querer que eu vivo. É de um querer sentir tua voz sussurrando aos meus ouvidos, é querer ter do meu lado pela eternidade, é querer acordar noutro lugar, é querer ser que nunca se foi, é querer não precisar mais sonhar. Mas só nos sonhos me vejo livre de mim mesmo, só nos sonhos consigo fugir, e é justamente disso que tenho medo, de me acostumar a fugir, de não querer mais acordar. É deste corpo que quero me desapegar, é desta carcaça que quero me desprender. É o medo da insanidade ao não conseguir mais identificar sonho de realidade, mas a cada sonho, a cada olhar no espelho, a cada reflexo, tão próximo de estar mais longe de todo esse sonho, de toda essa vida, da qual nunca fiz realmente parte. É dessa história de sonhos, que sinto a cada ato, cada palavra, cada pensamento, cada desejo não passa de sonhos. De sonhos que se tornam inalcançáveis à medida que a realidade me faz sonhar mais e mais, pra esquecer. Pra esquecer-se de toda essa vontade boba de ser feliz.

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