A cada dia que se passa me sinto mais e mais impaciente, não que as pessoas não mereçam minha impaciência, mas eu não mereço estar nesse estado de impaciência. Cada dia mais me sinto mais distante da tranqüilidade, da felicidade. Só consigo enxergar a felicidade ao me redor, mas não junto de mim. Ela esta nos sorrisos despreocupados, nos abraços, nos beijos, nas gargalhadas, nas piadas inconvenientes, nas rodas de conversa, no entusiasmo, nas perspectivas, na confiança, na altivez, na beleza, mas não esta em mim. Não dá mais pra traduzir isso tudo, não dá mais pra falar disso tudo, por que na verdade nunca deu, afinal todo mundo esta tão preocupado com seus próprios problemas, com suas próprias felicidades, que se torna indiferente qualquer outra coisa que a principio não lhe diga respeito. Eu já não suporto a insistência em saber o que eu tenho, se eu estou mal, ou o porquê da minha cara não ser das melhores. Quantas vezes vou ter que explicar as mesmas coisas? Quantas vezes vou ter esclarecer as mesmas duvidas? Quantas vezes vou ter que falar com as paredes? Minha cara é feia sim, é genética, é a força voraz do tempo e dos descuidos de uma vida desinformada e desperdiçada, é o como as coisas são, é como eu sou. Parem! Parem de achar que o mundo gira ao redor de vossas senhorias, parem de achar que o motivo das minhas caras feias são justamente vossas excelências. Os senhores não sabem de nada, não sabem da metade do que se passa aqui dentro. Eu to cansado primeiramente de mim mesmo, depois, com o passar do tempo, por isso, e por tantas outras coisas, são vocês que me cansam. Vocês que acham que não mudaram uma vírgula sequer, dizem que eu que mudei, e de tão monossilábicos que se tornaram, fizeram me calar diante de tanto cinismo. Sim é claro que eu mudei, mas como não mudaria se vi mudanças tão drásticas em relação a mim? Não cabe mais citá-las por aqui, to tão cansado de gente supondo ser o centro da minha vida, que isso acarretaria em mais um bocado de desconforto. E já basta o desconforto social, moral, político, psicológico em que me encontro.
terça-feira, 17 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Minha gratidão e os meus erros
Há momentos em que nos damos conta de que o erro maior, é errar sem dar-se conta dos erros cometidos. Erros maiores tem a ver com quem ama-se incondicionalmente, e quem demonstra esse amor concreto das mais diversas formas. Um dia temos que olhar para dentro de acordo com a forma que as pessoas te vem. As vezes elas são tão excepcionais, extraordinárias, atenciosas e amorosas, que a sua capacidade de retribuição começa a tornar-se abalada. Hoje eu comecei a perceber que sinto medo de não dar conta de demonstrar para as pessoas que eu gosto, e que gostam de mim, de modo equivalente, o quanto sou grato por esse gostar, e o quanto eu gosto gratuitamente, independente de gratidão. Por que eu sempre soube que não se trata de troca, e talvez por isso eu tenha dado tão pouco as pessoas que amo. Pouco de mim, pouco do meu tempo, pouco da minha criatividade, pouco do meu trabalho, pouco do que elas merecem verdadeiramente. Uma palavra amiga, uma carta, um presente fora de hora, um abraço inesperado, algo que consiga realmente traduzir aquilo que esta dentro do coração. Eu sei de tudo isso, e hoje reconheço que eu talvez não esteja merecendo mesmo que as pessoas gostem de mim, e nesses momentos eu vejo o quanto elas gostam de mim, e eu não sei o por que elas gostam, mas eu gosto que elas gostem, que elas estejam comigo, que elas façam parte da minha vida, e tenho medo de perder tudo isso, simplesmente por não saber retribuir a altura tanta dedicação, tanta naturalidade, tantas virtudes, tanta atenção, tanto tempo, tanto amor. Eu gostaria que elas entendessem, que não é ingratidão, muito menos pouco caso, por que eu entendo perfeitamente o sentido da presença de vocês na minha vida, e tudo isso não passa de um jeito estabanado de ser, sem jeito pra lidar com o que se ama. Me desculpem sinceramente, me perdoem, pelos erros injustificáveis. Eu só gostaria de nunca nesta vida perder ninguém.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Nenhuma escola é uma ilha
É exatamente isso que eu RODRIGO gostaria de ter escrito, entretanto, alguém com mais argumentos, sensibilidade e inteligência tratou de deixar de lado essa comoção de senso comum, que é o estado bestificado que a maioria da população fica diante de tragédias, com aquela cara de: "O que é mesmo que se passa?" , superlotam seus Orkuts, facebooks e Twitters com homenagens, lutos, e mais um bando de 'chororô' que nunca sai da estaca zero. Vamos sair da estaca zero? Vamos ler um texto grande e importante?
por Ana Flávia C. Ramos, em Tabnarede
Tragédias como a ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, sempre provocam grande comoção pública, indignação e, obviamente, tristeza pelas muitas crianças perdidas no atentado. Além desses sentimentos, tais fatos provocam também um grande tsunami de “especialistas”, mobilizados em velocidade estonteante pela mídia, para dar laudos e explicações quase matemáticas sobre as motivações do assassino. O atirador Wellington Menezes de Oliveira, segundo as informações desses “cientistas da tragédia” (que variam de “criminólogos” a policiais militares), era tímido, solitário, filho adotivo, “usuário” constante do computador (a “droga” dos tempos modernos segundo os “analistas”), ateu, islâmico, fanático, fundamentalista, portador do vírus da AIDS e, provavelmente, vítima de bullying na escola.
Certamente não há como contestar que todo ato humano, e por isso histórico, se explica a partir da análise de uma cadeia de relações complexas. Como digo aos alunos, nada tem resposta simples e direta. Entretanto, o tipo de questão levantada para entender o terrível ato de Wellington Menezes de Oliveira diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre ele. Todos os nossos preconceitos estão embutidos nessas respostas. De fato, não sabemos, e talvez nunca saibamos, por que exatamente ele atirou contra cada uma das crianças (em sua maioria meninas), assim como não sabemos sobre as reais motivações dos muitos atentados como esse, ocorridos em países como Estados Unidos e Dinamarca. Mesmo depois de tudo o que se discutiu, ainda é difícil, por exemplo, explicar Columbine (abril de 1999).
Uma das coisas que mais tem me chamado a atenção é a recorrência da explicação que elege o bullying escolar como um dos fatores que podem desencadear esse tipo de ato violento. A explicação não é nova, Columbine é prova disso. Há mais de dez anos atrás, dois meninos entram em uma escola, de capa preta (quase como em um filme hollywoodiano) e atiram em seus colegas. “Especialistas”, gringos agora, se apressam em dizer as razões: divórcio nas famílias, videogames, filmes violentos, Marilyn Manson, porte de armas facilitado e, como não poderia faltar, bullying na escola.
É inegável que o bullying é uma realidade. É indiscutível que ele é extremamente nocivo e doloroso aos alunos que sofrem com ele. É evidente que há urgência em iniciar um debate para saber como sanar o problema. Mas a pergunta que fica é: o que de fato é o bullying? Ele é um sinal (histórico) de que? E ainda mais: ele é um problema restrito à escola? Por que os alunos são tão cruéis com seus colegas?
Michael Moore, cineasta norte-americano explosivo, tentou dar a sua interpretação para o atentado de Columbine com o documentário Bowling for Columbine (2002). Moore, ao invés de repetir os clichês da mídia, foi implacável na destruição do senso comum das justificativas moralistas para o evento. Item por item, desde a desagregação da família, Manson, até a polêmica questão do porte de armas foram desconstruídos em sua narrativa. O foco centrou-se em respostas muito mais interessantes, localizadas não nos dois jovens assassinos, mas na sociedade americana. O imperialismo militarista dos Estados Unidos, a ação violenta em outros países, a política do medo (incentivada pelo Estado e pela grande mídia), que reforça e superestima dados sobre a violência urbana, sobre o fim de mundo, e, principalmente, a intolerância com todo tipo de diferença. Racismo, preconceito, homofobia, conflitos religiosos e luta de classes são só alguns dos ingredientes do caldeirão de ódios em que se transformou a sociedade americana.
Como crescer no Colorado, na “livre” América, e não ser conspurcado por esses valores? Como não idolatrar armas e achar que elas são um meio prático de solucionar problemas? Como viver imune a uma sociedade individualista, capitalista, que divide os seus cidadãos o tempo todo em “winners” e “losers”? E mais ainda, como não se deixar levar por uma sociedade que até hoje não consegue lidar com a diferença entre brancos e negros? Uma sociedade que até os anos 1960 não oferecia direitos, oportunidades e tratamentos iguais a todos os seus cidadãos, tem o que para oferecer ao pensamento dos estudantes? Os americanos, ainda hoje, estão preparados para o respeito à diferença? A relação que eles mantêm com os muçulmanos diz muito. Definitivamente a liberdade e o respeito ainda não se transformaram em uma unanimidade por lá.
É claro que mesmo Moore não chega a dar respostas definitivas sobre a questão. E mais ainda: é evidente que ele considera a forma pela qual a instituição ESCOLA trata seus alunos (hierarquias e classificações hostis), ignorando muitas vezes o bullying, tem sua responsabilidade no massacre. Assim como é nítido que a venda facilitada de armas e munição são coadjuvantes importantes da história. Mas Moore foi corajoso ao lançar em cada um dos americanos a responsabilidade da tragédia e discutir aquilo que ninguém teve coragem (ou má fé) de fazer. Nem a mídia, nem o governo, nem a sociedade. É preciso encarar os “monstros”, com franqueza, e não apenas “satanizar” o ambiente escolar, para dar algum significado para esses eventos.
Ontem no Terra Magazine o antropólogo Roberto Albergaria afirmou que a mídia e a sociedade brasileira desejavam o impossível: explicações para um “desvario sem significado”. Segundo ele, o que Wellington Menezes praticou foi o que os estudos franceses chamam de “violência pós-moderna”, caracterizada por uma ruptura irracional, sem explicação. De fato, talvez tenha sido um “ato irracional”, fruto de um momento de insanidade. Mas acredito que esse tipo de resposta não nos ajuda a resolver coisas importantes sobre nós mesmos. A tragédia no Realengo, a meu ver, pode e deve ser início de um debate importante sobre a nossa sociedade.
A tragédia na escola do Rio de Janeiro acontece num contexto bastante relevante. Em outubro de 2009, Geyse Arruda foi hostilizada por seus colegas de faculdade porque, segundo eles, ela não sabia se vestir de modo “apropriado” para freqüentar as aulas. Em junho de 2010, Bruno, goleiro do Flamengo, é suspeito de matar a ex-namorada, Elisa Samudio, por não querer pagar pensão ao filho. Suposta garota de programa, Samudio foi hostilizada na opinião de muitos brasileiros. Após rompimento, Mizael Bispo, inconformado, mata sua ex-namorada Mércia Nakashima em maio de 2010. Em novembro de 2010, grupos de jovens agridem homossexuais na Avenida Paulista, enquanto Mayara Petruso incita o assassinato de nordestinos pelo Twitter. E mais recentemente, em cadeia nacional, Jair Bolsonaro faz discurso de ódio contra homossexuais e negros. Tudo isso instigado e complementado pelo discurso intolerante, preconceituoso, conservador e mentiroso do candidato José Serra à presidência da República. A mídia? Estava ao lado de Serra, corroborando em suas artimanhas, reforçando preconceitos contra Dilma, contra as mulheres e contra os tantos mais “adversários” do candidato tucano.
Wellington matou mais meninas na escola carioca. Se, por um lado, jamais saberemos as reais razões que o fizeram agir dessa forma, por outro sabemos o quanto a sociedade brasileira tem sido, no mínimo, indulgente com atos de intolerância, machismo, ódio e preconceito contra mulheres, negros e homossexuais. Se não há uma ligação direta entre esses diversos acontecimentos, eles pelo menos nos fazem pensar o quanto vale a vida de alguém em um contexto de tantos ódios? Quantas mulheres morrerão hoje vítimas do machismo? Quantos gays sofreram violência física? Quantos negros sentirão declaradamente o ódio racial que impregna o nosso país? O que é o bullying se não o prolongamento para a escola desse tipo de mentalidade? Quantas pessoas apoiaram as declarações de ódio de Bolsonaro via Facebook? Aquilo que acontece no ambiente escolar nada mais é do que um microcosmo do que a sociedade elege como valores primordiais. E o Brasil, que por tanto tempo negou a “pecha” de racista e preconceituoso, vê sua máscara cair.
Não adianta culpar o bullying, achando que ele é um problema de jovens, um problema das escolas. Não adiante grades e detectores de metal nas entradas ou a proibição da venda de armas. Como professora, sei que o que os alunos reproduzem em sala nada mais é do que ouviram da boca de seus pais ou na mídia. Não adianta pedir paz e tolerância no colégio enquanto a mídia e a sociedade fazem outra coisa. Na escola, o problema do bullying é tratado como algo independente da realidade política, econômica e social do país. Mas dá pra separar tudo isso? Dá pra colocar a questão só em “valores” dos adolescentes, da influência do malvado do computador ou dos videogames? Ou é suficiente chamar o ato de Wellington de uma “violência pós-moderna” sem explicação? Das muitas agressões cotidianas, a da escola do Realengo é apenas uma demonstração da potencialidade de nossos ódios. A única coisa que me pergunto é: teremos a coragem de fazer esse tipo de discussão?
Ana Flávia C. Ramos é professora, historiadora pela Unicamp
quarta-feira, 13 de abril de 2011
IMAGINE
Imagine só, se as chuvas fossem ácidas, se rios e lagos fossem poluídos, se os homens fossem tão embrutecidos, violentos, distraídos. Imagine só, se os homens fossem dignos de indiferença, imagine só se houvessem imprudências, Imagine só se existisse a miséria, gente pobre caída pelas ruas, passando frio e fome, Imagine só, se o Deus fosse o Deus da guerra e da destruição, se houvessem diferenças, e discriminação, imagine só. Imagine só, se houvessem as desigualdades, minorias que não se fazem presentes na sociedade, imaginem só, se os gays fossem mortos nas ruas, se os negros fossem abordados como bandidos condenados ao cárcere privado do racismo algoz dos brancos puritanos, quase virgens e insanos. Imagine só, se existissem prostitutas com seus corpos tão desnudos, vendendo alma e corpo pra comer um pouco, ou pra manter somente a luxuria dos seus gostos. Imagine só, se fossemos coniventes com tantas mortes, se desejássemos o poder, como seria? Imagine só, se o dinheiro fosse o fruto de tanto ódio, e de tanto prazer. Imagine só se acreditássemos em diferentes padres e pastores, políticos e doutores. Imagine só se houvessem classes diferentes, a dos pobres indigentes, e a dos ricos competentes. Imagine só como seria, trabalhar todos os dias, sem horário pra voltar. Imagine só como seria produzir riquezas para outrem, e nunca poder usufruir. Imagine só como seria, ter aposentadoria em seu leito de morte, depois de tanta luta e pouca sorte. Imagine só, se existisse um padrão de família e paradigmas tão fortes quanto nossos próprios desejos, a ponto de nos crucificarmos por isso. Imagine só se as pessoas fossem tão egoístas a ponto de não se preocuparem com as desgraças alheias, imagine só se houvessem crianças nas ruas, fumando e roubando, imagine se o transito fosse um local de ódio e liberação de fúria. Imagine se houvessem igrejas pregando fé em troca dos seus bens materiais. Imagine só se a maioria das pessoas detestasse política, e elegesse personagens do humor pastelão como forma de protesto. Imagine só se fossem eleitos deputados pró ditadura, pró preconceito, pró racismo para nos representar. Imagine só ricos e pobres ocupando o mesmo espaço, desejando as mesmas mercadorias. Imagine só se fossemos tão vulneráveis a mídia estratégica e manipuladora. Imagine só se as geleiras estivessem descongelando, se os terremotos estivessem destruindo vidas, chuvas devastando tudo e todos. Imagine só. Agora imagine só se isso tudo fosse verdade, que a crueldade e estupidez humana fossem real, como seria?
terça-feira, 5 de abril de 2011
UM ABISMO, ALGUNS ENTULHOS, E UM CAFÉ BEM AMARGO.

Não, nada dura para sempre. Nem os bons, nem os maus momentos, o que ficam são apenas memórias, traumas, lembranças, sabores, saudades, que podem perdurar por um longo tempo, período, espaço, após a abrupta rachadura no solo firme, mas que o tempo insiste em amenizar, esmaecer dentro do arquivo de imagens de tudo aquilo que um dia fez parte do nosso ser. Quando digo nosso, refiro-me impreterivelmente a relação que os amigos, amores, constroem em conjunto, e desgastam isoladamente, a cada dia, com um entulho diferente, que para alguns talvez torne-se uma montanha de entulhos como obstáculo irreversível, a princípio. Quando nos assentamos à beira do abismo em pleno por do sol, eu de um lado e você de outro, percebemos o quão vemos as mesmas coisas, o sol é o mesmo, o fundo do abismo é o mesmo, o horizonte é o mesmo, o que muda é a distância inevitável entre nós, inatingível, inalcançável. Esta inclinação que nos põe em pontos opostos, já teve seus dias de solo plano, seguro, e confortável, e até chegamos a acreditar que tremores não seriam capazes da precipitação inevitável e quase antinatural da qual nos sucumbimos, não tão alegres assim, pois resguardamos numa caixinha de jóias, as nossas fotos de quando éramos felizes, os nossos “eu te amo” ainda se encontram espalhados por ai para quem quiser ver, e todos vêem, e não compreendem que findou-se numa bela e longa erosão, abismo, vácuo, aquela velha e nova relação de fraternidade que veio das profundezas das afinidades humanas, aquelas que parecem te ligar ao ser humano distinto, como se fosse um irmão de sangue. É impossível apagar aquilo que foi importante na tua vida, mas é possível tornar tudo aquilo uma doce lembrança, basta ter a sensatez de ir para o outro lado do abismo, antes que os conflitos derrubem alguém de lá, mesmo o lado sendo o mesmo. E foi nesse viés que se deu e que se dá qualquer tipo de relação, onde mais de uma pessoa estão inseridas, os conflitos são quase que um brinde, é como tomar um café amargo, e sentir na garganta aquele arranhado quente, mas conflitos partem do principio de que a realidade é composta por contradições, e se constitui de um movimento espiral, assim são as relações humanas, elas tendem a não se dar de forma tão objetiva e racional, então ser amigo, ou ter amigos é como um mal necessário, sabe-se que a qualquer momento alguma dor vai surgir, sabe-se de uma perda, de uma decepção, de um desencontro, de um desentendimento, de um ou mais desacordos, mas nada disso é o suficiente para impedir que se construa uma amizade, verdadeira ou não, fundamentada ou não, alicerçada ou não, infinita ou não, por que não dá pra prever o desenrolar desse tipo de relação, afinal, só nos relacionamos com pessoas das quais nos identificamos, e que se identificam verdadeiramente conosco, isso se dá no que tange as características constituintes do ser humano, que se assemelham entre si, vendo uns nos outros, são capazes de praticar a alteridade com indivíduos específicos, estes que são infracionáveis e sendo assim, cada amigo que desejamos que faça parte de nossa história, parte, de uma necessidade de que seja uma amizade interminável, é o que todos querem, é como casar, ninguém casa pensando em separar(só as vezes), e nesse sentido percebemos que mesmo assim os casais separam-se, por que as condições materiais, a dada realidade vai interferindo nos ideais, nas práticas, nas atitudes, e isso só é possível enxergar quando se aprofunda numa relação, ou seja, quando se é realmente um amigo, que se vê com freqüência, que se tem mil assuntos para tratar, onde a intimidade ganha proporções imensas, a probabilidade dos conflitos ficarem em relevo aumentam, então os entulhos aumentam, então o abismo aumenta, e nessa turbulenta movimentação de diferentes sentimentos, nós, autores de nossas próprias relações, é que temos o papel de decidir como lidar com o processo de distanciamento de idéias, de preferências, de assuntos, e o que nos cabe, é terminar aquilo que te fez tanto sentido, e ainda se mantêm gravado nos álbuns de fotografia, com o mínimo de respeito, e nesse sentido, o abismo pode ser a melhor forma, por que, por mais que estejamos incomunicáveis um com o outro, ainda posso te ver, e saber que esta bem, mesmo a distancia impedindo o diálogo, ainda olho para ti, com os mesmos olhos, com a mesma importância, que não se apaga, independente de qualquer entulho entre nós. Assim, respondo, que não, nada dura para sempre da forma exata como ela é, mas dura o suficiente para saber que é preciso mudanças para não deixar que o que passou se vá em direção ao vazio, onde nada se guarda, e tudo se transforma em lixo. E somente por saber disso, que às vezes, a minha escolha é manter esse abismo, esse entulho, e esse gosto amargo de café na boca, por que só assim eu ainda consigo relembrar saudosista nos retratos tirados, nos encontros marcados, nos desejos ousados, o quanto fomos felizes.
quarta-feira, 30 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Auto-Condenação
Retirado do Blog Catarse: http://catarseonline.blogspot.com/2011/03/auto-condenacao.html
Nossa! Tanto tempo se passou e a impressão que sempre fica é de que nada mudou mesmo que sejam nítidas e avassaladores perante nossos olhos. Quero tudo o que já tive ou que pensei ter, quero tudo o que sempre quis mas nem sei ao menos o sabor que tem. Apenas, quero!
Quem vive? Quem vive reclamando? Quem vive? Se fazendo de vitima... Vivem! Paro e penso que no final das contas tudo pode ser apenas mais um delírio da mente, mais uma fuga capaz de transformar todo o mundo em vilão. Só eu tenho razão, ninguém mais... Ouviu?
Sou um poço de preguiça e de inveja. Justifico meus erros com outros erros. Julgo. Condeno. Massacro. Desprezo e ignoro. Eu, eu, eu! Eu mesmo. Não sou o bom nem o melhor, eu quero ser mas quando vejo outro no lugar onde eu gostaria de estar e o julgo não merecedor daquilo, passo a não gostar. Eu, egoísta e insano. Eu, invejoso e profano.
Promiscuidade? Abomino. Abomino mas cometo. Em pensamento e em ação. Já estive em lugares inimagináveis fazendo coisas sequer pronunciáveis. Eu sei. Eu sei. Eu também pensaria o mesmo que você. HAHA. Está vendo como falar que não se deve julgar é fácil e aplicar é quase que impossivel? Eu sei. O discurso é lindo.
Não gosto de coisas falsas. As pessoas não são falsas, a menos quando lhes convém. Não gosto de coisas forjadas. Não gosto de pessoas vazias. Não gosto de pessoas razas. Por vezes não gosto de pessoas. Animais? Nem melhores, nem piores. Por quê transferir tua frustração para outra espécie? A dinâmica é exatamente a mesma. Há sentido e verdade.
Vou passar o dia todo aqui na companhia das nostalgias, das minhas saudades, dos meus sonhos, verdades e anseios. Vou escrever. Vou cantar e conversar com meu violão, desafinado e maltratado. Eu vou me arrepender mil vezes pela mesma coisa e logo depois pensar que só sou o que sou por ter feito o que fiz, mas o que sou? Até me arrepender mais uma vez. E outra vez... E outra vez...
@adilsongl
quinta-feira, 10 de março de 2011
Plano ideal.
Conte agora senhora pra amar, lave os lábios me diz pra ficar
Tanta saudade em qualquer lugar, todos os sonhos e amigos pra lá
Fonte e brisa de um canto sem som
Simples domingo de cores do sol
Veja a história não se repetiu.
Toda a vitória , perece a derrota e engole o sentir
Gotas de sangue que caem distantes são como aqui.
Tanto o presente, quanto o passado me fazem voltar
Coral de flora brincando com o tempo destroem a si.
Crises moldadas que vestem as brasas de um homem vazio
Corpos estranhos se encontram no fim
Fundo do poço, o pescoço na forca distantes de tudo que pode ser sim.
Vago sozinho num monte alecrim, casas e barcos e vícios sem mim
Cravos e rosas sem pares, sem mares, sem tudo, sem voz
São os desencontros e encontros se esvaem em algoz
Listas de livros perdidos entulhos entre nós
Magoas passadas que fecham caminhos e pesam nos ombros sem paz
O encontro imbrica em vidas distintas no mesmo lugar.
Cale meus olhos, se põe a escutar
Grito de longe e as cordas vocais
Já não enviam as vozes reais
É fogo brando num plano ideal
Diz consciência é material.
terça-feira, 8 de março de 2011
DEFINA MULHER. TRANSFORME EM FRUTA.
Algumas coisas ganham seus nomes, justamente por serem insuficientes, ou inexistentes. Liberdade por exemplo, qual significado teria se simplesmente fossemos livres? E se não buscássemos a liberdade? Por que definir algo, que não precisa de definição?
Neste viés, a intragável luta por direitos se choca com a intolerável e abundante vulgarização do estereótipo feminino, que de frágil, passou a forte, a fruta, de preferência, fruta proibida. Aos hipócritas e aos machistas de meia calça, mulher pelada às nove horas da noite, pintada na cor do carnaval, é símbolo de liberdade de expressão, é arte, cultura e tradição. Aos olhos das mulheres inibidas pelo conservadorismo neoliberalista, é um desrespeito a classe, uma vergonha explicita. Aos olhos do sistema econômico burguês, mulher é mercadoria, é objeto de desejo, e de consumo, e muitas vezes, se pode comprar. Mulher está na moda, desde os primeiros anos do século XX, quando lutaram por melhores condições de trabalho e de vida, e também por seus direitos ao voto. Lutaram e lutam para se equipararem aos homens ou para passarem os homens? E passaram, passaram longe e chegaram perto de uma vaidade hostil que se impregnou na visão multifacetada, que nós, homens, abstraia, nós seres humanos construímos dia após dia a respeito da mulher, que no âmbito da divisão de classes, rotula-se como independente, auto gestora, consciente de seu papel social, multifuncional, questionadora, arbitrária de suas próprias ações e muito, além disso, acima de qualquer julgamento masculino sob a pena do machismo indissolúvel, contudo a mercê de sua própria condenação, a por uma eternidade, manter-se fruta, sem casca, e muitas vezes, sem conteúdo.
Sobrepõe-se a mulher até mesmo as próprias mulheres, a família, a valorização não só de seu valioso hímen, como de sua comovente caminhada rumo à valorização de si, enquanto coisa, enquanto objeto de troca. Tem bunda no seguro, e não segura mais as pontas, mas segura todas as pontas, desfigurada com a descaracterização de todo seu movimento em prol de ser livre, para se auto afirmar na avenida, no sambódromo, no imaginário masculino, e nas roupas, nos nomes de fruta, na exposição despudorada e sem significados na mídia. Uma luta, cheia de pelegos.
As mulheres frutas, a nudez feminina (e também masculina) no carnaval, a mulher submissa não só ao homem, como a todas as formas de domínio, como a televisão, a beleza, a vaidade, e a sexualização precoce, são os estopins da revolução às avessas. É o caminho contrario ao que as mesmas proporam para a classe, que de classe em classe, tanto se dicotomizou, que já perdeu a classe. Caíram na armadilha ideológica burguesa, lutaram por si, e no auge de seu egocentrismo foram golpeadas com luvas de pelica, transformadas em mais uma classe dentre tantas outras, procurando definições, terminologias, que as expliquem, sem conseguirem ao menos compreender que o contexto de inserção exige abstrações no que tange o entendimento de classes, enquanto uma única. E nesse homem é homem, mulher é mulher, é que as raízes venenosas ramificaram-se, ervas daninhas se alastram por todos os lados, desfrutam de serem frutas comestíveis, e passageiras, são frutas de época, de estação, e os homens debocham da luta, sem razão, mas com razão, por que é injustificável que tantos conflitos tenham sidos findados em meia dúzia de direitos vazios, perdidos na vulgarização do corpo e da alma feminina, a qual respeito e admiro, não enquanto homem, porém, como ser humano, como individuo que preza pela totalidade e concretude nas relações humanas, sejam estas do sexo feminino, masculino, ou qual seja, sem perder de vista, que homens e mulheres são exemplos para si próprios, e seguem estes exemplos históricos, mudando, transformando, e as vezes regredindo.
Esclareça-se que não se trata aqui, ressaltar a guerra dos sexos, muito menos banalizar as conquistas históricas da mulher, que de certo são legitimas e relevantes. Não se trata de dividir mais ainda as classes, nem diminuir uma perante a outra, trata-se de não invisibilizar o cenário que se constrói a cerca dos estereótipos que levam nas costas, todas as minorias, inclusive as mulheres, que recebem as ordens difusas e paradigmáticas de como devem agir para manter a tal independência feminina, e nesse querer a liberdade, terminam por se aprisionar cada vez mais em imagens piores que criam de si mesmas. Basta notar como as meninas se vestem, brincam, imitam sua realidade adulta, deixando a inocência junto com os primeiros anos do século XX quando ser mulher era desigualdade, submissão, e deixando por roupas sensuais, conversas sobre meninos, namoro, maquiagem, vaidade. Antes a repressão tendo o fruto da inteligência, da luta, da integridade e da união do que tendo a mulher como fruta na televisão sendo o referencial de tantas outras.
sábado, 5 de março de 2011
Feedback comigo mesmo.
Eu não pretendia postar nada disso, ando tão relapso com a escrita, que seria uma ousadia tentar transmitir qualquer tipo de sentimento por meio de um texto, por isso eu não o fiz, pelo menos não completamente, e levando em consideração a pouca repercussão que eu tenha, resolvi que ia postar seja lá qual 'merda' fosse. Nada vai me descreditar tanto quanto já estou. Hoje bateu uma vontade de findar com a vida deste Blog, e todos os outros instrumentos que me ligam com esse mundo tolo. Essa vontade veio de uma vontade de me descolar desse mundo de verdade, então simbólicamente me descolando da rede, estaria me afastando do mundo real. Seria uma nova tentativa frustrada de fuga. Fuga de mim, fuga dos outros. Mas fuga para onde? Coisa de gente que acha que tem pra onde fugir, coisa de quem usa de subterfúgios nas falas, nos textos, nos sentimentos. Isso mesmo, eu sou isso mesmo. E quem gosta de insegurança e auto destruição? Ninguém, e isso é óbvio. E assim tu te perguntas os "porquês" que te assolam noite e dia, essa indagações de solavanco que de forma nebulosa são questões sobre você mesmo. Coisas que eu nunca sei responder, e que me afastam do que eu sou. O que eu sou? Existem certas coisas que são melhores quando não se define ao pé da letra, seria amargo demais. Tem coisas que são passageiras, outras duram meses, outras duram anos, e tem algumas que refletem por toda a vida. Mesmo que aparentemente estejam mortas para outros. Eu tenho medo que as pessoas saibam como me sinto, e me levem a sério, como eu sempre quis. De antemão, digo que repensei, não irei acabar com Blog, nem nada, seria tão inútil quanto os sonhos que alimentei. Eu sei por experiência própria que a vida é feita de fases, em algumas delas parece que não vamos ter como sair nunca, digamos que o excesso de drama seja característico desta fase, mas quem quer saber disso? Então Rodrigo, seu bobo, tu vai usar tudo isso de outra forma em outro momento. Não de desfaça do que te pertence, só se afasta do que nunca foi teu.
terça-feira, 1 de março de 2011
FIM DE SEMANA É DIA DE HERÓIS.
Heróis do esporte. Heróis do nordeste. Heróis da novela das oito. Heróis das ruas. Heróis do assistencialismo. Heróis do senado. Heróis da superação. Heróis da vida real. Heróis, exemplos, figuras que ilustram sutilmente o que se espera de você, que de herói global não tem nada. Talvez seja o herói telespectador de tantos heróis ungidos em cristo, que existem por ai. Talvez, seja um herói solitário, com pinta de vilão e língua de serpente, cheio de verdades para contar. Contudo, este vilão/herói não sai nos jornais, nem é capa de revista, e muito menos é exemplo de qualquer coisa por ai.
Não é estrela do basquete, e não joga nos Lakers dos EUA. Também não é triatleta, exemplo de força e persistência. Não é Ronaldo aposentado, nem é Pelé, entende? Não é ícone do esporte, e o que você diz, não vai fazer diferença para ninguém, por que não tem nada que faça de muito bom. Talvez faça algo meia boca, mais ou menos, quebre um galho, mas nada em especial. E o que não falta na televisão no domingo é gente especial, desde o Esporte Espetacular até o BBB, depois do incrível show de heróis no Fantástico. Isso perpassa por toda a rede de comunicação, tem programa do Gugu, um exemplo de herói para o povo classe miserável.
Domingo mesmo é dia de chorar, é dia de nostalgia, é dia de brincarem com seus sonhos. A TV acorda os mais profundos sonhos, as mais diversas emoções, te comove de uma forma cruel. Como não ficar mortificado com as reportagens no Esporte Espetacular no Haiti? É o puro creme do apelo emocional, aquele uso indiscriminado das desgraças alheias como se tivesse cunho social, como se fosse a solução dos problemas. Acaba a reportagem, todos choram, e o Haiti continua com seus enormes problemas, com meia dúzia de soldados brasileiros fazendo um trabalho quase de lavagem cerebral, fazendo com que haitianos percam sua identidade, e tornem-se brasileiros na camisa, e na submissão. Eu sei disso, mas quando a reportagem mostra a miséria, as crianças comendo biscoitos feito de lama e manteiga, ou sopa de galhos de arvores, com água de esgoto, não há heroísmo solitário que resista, então quando você com seu coração mole se identifica, e deixa sua apatia de lado, se comove, eles (a TV) mostram quantos voluntários, quantas pessoas dispostas a ajudar, quanto exemplo de superação, e o quanto sua vidinha que tanto você reclama, em comparação a dos haitianos, é melhor, mas você é podre e egoísta demais por reclamar tanto. Seria se não fosse conveniente se conformar com a situação de injustiças as quais tanto haitianos, quanto nós brasileiros, e outros tantos que sofrem todo santo dia. Não quero fazer apologia a banalização e a apatia diante de tantas desgraças que acometem o mundo. O que eu gostaria, é que entendessem, que pobreza, miséria, seja aqui, seja no Haiti não se justifica. Tornar isto público é dever das redes de comunicação, brincar com os sentimentos das pessoas, dramatizar, criar crônicas das desgraças, é um toque especial, é um adicional, é o chorinho, o trunfo nas mãos das grandes empresas da área. Eu digo isso, não por que critico os prantos de quem vê, meus caros, eu chorei, eu me comovi, eu me indignei, e isso é absolutamente normal, estranho seria não se mortificar com tamanha barbárie. São os poréns que me afligem.
Estende-se por toda à tarde com esse jogo de por nomes balançando em estandarte, ao que nossos olhos lacrimejem com os tantos absurdos divulgados. Sensibilizamo-nos, com o tetraplégico que num grau de superação exemplificador saltou de para quedas, e apareceu no Domingão do Faustão relatando sua intensa experiência, e como a sua vida cheia de movimentos é vazia e sem sentido, ele sim devia reclamar, mas quem reclama é você. Não lhe parece estranho essa enxurrada de exemplos de superação que nos carrega emocionalmente de culpas e dores e de conformismo, por que é uma superação na grande parte das vezes onde na maioria das vezes, os maiores limites nunca sequer existiram. Pular de para quedas exige sim coragem, e muita disposição, porém outros fatores são intrínsecos no que tange essa atividade. Então, a resposta é, cada um que supere seus limites sem achar que precisa sair de sua posição social para tanto. Cada um no seu quadrado de superação!
No programa do Gugu, com sorriso hipócrita e amarelo de bandido que não foi preso, seus quadros são excessivamente melancólicos, apelativos, e se usa indiscriminadamente das misérias espalhadas pelo Brasil. Os miseráveis, pobres tem seus sonhos explorados até a última gota na exposição necessária de quadros dantescos e pedantes como são estes tipos de quadros. Cheio de pobre chorando, gente passando fome, sem ter onde morar, ou longe de casa e sem ter como voltar. Estes são os mais comuns.
E para finalizar com chave de ouro a sessão heróis de meia pataca, Pedro Bial abre a nave BBB com meia dúzia de heróis segundo ele, que brigam não por ideais, nem pela igualdade, mas sim, por uma quantia razoável em dinheiro, semeando os mais diversos sentimentos desqualificadores para uma sociedade já imersa na sua falta de exemplos significativos, de uma sociedade sem referencias, que se pauta na miséria alheia para sentir-se melhor, e acredita que herói é Gugu, e participante de reality show.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
CREF’s, CONFEF’s E OUTROS ÉFES
Por Rodrigo Eduardo dos Santos - Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá - UEM.
No país das leis, resoluções e diretrizes, onde nosso condado fechado se constitui de núcleos dinásticos, onde reis não andam de carruagem, usam seus carros importados, onde não se usam coroas, mas andam cravejados de diamantes até os dentes, onde não se tem mais vassalos, mas exploram a força de trabalho dos acéfalos, desprovidos de piedade divina, onde não se vêem mais feudos, mas grandes propriedades privadas, vigoram por si só as regras já estabelecidas antes mesmo que eu aprendesse a falar, e seguem adiante com os paradigmas ou paradogmas, que nos ensinam inconscientemente qual o nosso papel dentro desse esquema fechado de contatos, indicações, subornos, e auto beneficiações, que permeiam a classe mais abastada, mais esperta, mais sorrateira, capaz de criar uma estrutura, que para alguns não passa de uma paranóia comunista. Sem conjecturas sobre uma possível teoria da conspiração, me apego a fatos que confluíram de modo a parecer natural a olhos nus, no que tange nos permitir seguir as normas enquanto indivíduos ordeiros e submissos, aos bons olhos de nosso querido positivista Auguste Comte, numa concepção de sociedade orgânica, funcionando como um corpo humano, com organismos que se encarregam por si só de darem um rumo perfeito ao destino já traçado. Em síntese, cada peça desse tabuleiro chamado de sociedade, esta ocupando o seu devido lugar para o funcionamento harmonioso, ou seja, é necessária a existência dos pobres, e dos ricos, e das diferenças de classe, é necessária a existência de profissionais analfabetos e ignorantes que se submetam a serviços degradantes que ricos esclarecidos não estão dispostos a fazer, e é necessária também a existência de uma classe média torpe e soberba para tornar ainda mais fragmentada a classe que se submete aos desígnios da “sociedade perfeita”.
Nesses meandros, desse condado lastimável em que traçamos esse destino sem glamour, e sem a magia das histórias épicas que permeiam o mercado cinematográfico, como se nossas vidas fossem filmes com roteiro e direção, surgem em meio à organização social, microcosmos que se espelham na organização maior. A organização do trabalho, por exemplo, segue de forma bem fundamentada nessa divisão pedante das funções sociais dos indivíduos, perante aos paradigmas da sociedade que se construíram baseados nos interesses pelo poder, que consiste em posse de terras e suas riquezas naturais, e, por conseguinte, posse dos instrumentos de trabalho e das tecnologias criadas com a própria força de trabalho.
O proletariado é a única classe da sociedade capitalista que produz o “conteúdo material da riqueza”, que “produz” o “capital”, pois é ela a única classe que exerce a função social de converter a natureza em meios de produção e de subsistência. Ela é, na sociedade capitalista, a única classe cujo “trabalho produtivo” “produz” não apenas mais-valia, mas também “capital”, que produz originalmente toda a riqueza social, o “capital social total”. (LESSA, 2007.P.179)
Diante das funções sociais supracitadas, chegamos a mais um impasse, no que diz respeito à outra fragmentação que se ramifica em um tipo de trabalho distinto deste, que pressupõe a produção direta das mercadorias, e da mais-valia. Este outro ramo se constitui de indivíduos com funções sociais que não produzem diretamente as mercadorias, porém vivem das riquezas produzidas originalmente da classe proletariada. Tem-se como exemplo, os professores que se enquadram terminologicamente na classe dos assalariados, estes, por sua vez, não produzem em grande parte mercadorias de forma direta, são responsáveis por certos tipos de serviços prestados, e sobrevivem indiretamente da riqueza material produzida pelos proletários.
Os setores assalariados não-proletários, por terem na riqueza que a burguesia expropria dos proletários a fonte da sua propriedade privada e dos seus salários, possuem também uma forte ligação com a manutenção do capitalismo. Essa ligação com a ordem do capital, se expressa não apenas em sua posição social mais elevada, não apenas na vida de “privilégios” da vida de explorados não-proletários se comparada com o cotidiano proletário, mas também em seu apego à propriedade privada sempre que esta foi ameaçada pela luta de classe. Em linhas gerais, são personificações da oposição “como inimigos” do trabalho manual e do trabalho intelectual e expressam, enquanto mediações da produção e da realização da mais-valia, as próprias exigências da reprodução ampliada do capital. Os assalariados não-proletários possuem, portanto, identidades e contradições tanto com a burguesia como com o proletariado. Tais identidades e contradições dos setores assalariados não-proletários decorrem na sua inserção na estrutura produtiva. Sua função social, de um modo geral, é auxiliar na reprodução das relações sociais burguesas e, neste preciso sentido, tais setores atuam predominantemente como força auxiliar na produção de capital. Contudo, a ampliação a ampliação das relações capitalistas a todos os poros da sociedade faz com que, de forma crescente, as profissões ditas liberais sejam convertidas em fonte de lucro – sejam incorporadas a valorização do capital, transformando advogados, médicos, professores de educação física, etc. em trabalhadores assalariados. Esta tendência marcante do desenvolvimento capitalista contemporâneo faz com que aumentem as contradições reais, materiais, destes profissionais para com a burguesia. Contradições estas qualitativamente distintas das do proletariado, mas nem por isso pouco importantes para o processo histórico. (LESSA, 2007.P.181)
Não obstante as funções sociais que regularizam o mundo do trabalho, que espero estejam claras, se dicotomizam em reflexo as divisões sociais do mesmo, e nesses meandros que surgem à meia luz, os estúpidos e aclamados conselhos para as mais diversas áreas de conhecimento, ou profissões. OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, CRC- Conselho Regional de Contabilidade, CRQ- Conselho Regional de Química, CREA- Conselho Regional de Engenharia, entre outros, e por hora o fajuto e conveniente CREF – Conselho Regional de Educação Física, do qual por motivos óbvios vem sendo motivo de muita discussão dentro do âmbito acadêmico, dividindo opiniões, e como sempre fragmentando ou ramificando uma profissão única, em duas graduações, dois grupos distintos que duelam a olhos vistos as vagas do mercado de trabalho, que como eu já disse no misterioso condado da Família Barros, Richa, e outros Reis conservadores, são vagas ocupadas não por mérito, nem por competência, pelo contrário, em sua grande maioria faz parte de um patético ritual de passagem de coroa, ou de trono, seja como preferiram. E é justamente neste aspecto hostil de divisões desiguais de oportunidades que os jovens, futuros professores de Educação Física estão entrando de gaiato, se perdendo num mar de informações contraditórias. A divisão curricular, não dividiu um curso em duas habilitações somente, dividiu pessoas, dividiu o Departamento de Educação Física da UEM, dividiram os professores, precarizaram o trabalho dos mesmos, e precarizaram a formação dos estudantes que em grande parte se encontram alheios ao que é verdade ou mentira nas leis, resoluções e diretrizes que regularizam vergonhosamente a nossa profissão, que por sinal, faz jus, a professores, e caso eu não esteja errado, professores já tem seu próprio conselho (APP- Sindicato dos Professores do Paraná), e não precisam se render aos mandos e desmandos de uma organização desorganizada, dinherista e totalmente indiferente as causas dos professores de Educação Física. Vejamos então como exemplo algumas resoluções que se encontram na página virtual do CREF9/PR:
Resolução CFE nº 03/1987 e anteriores:
Licenciatura em Educação Física – área de atuação Plena
Bacharelado em Educação Física – área de atuação Bacharelado
Licenciatura/Bacharelado em Educação Física – área de atuação Licenciatura/Bacharelado – plena.
Licenciatura em Educação Física – área de atuação Plena
Bacharelado em Educação Física – área de atuação Bacharelado
Licenciatura/Bacharelado em Educação Física – área de atuação Licenciatura/Bacharelado – plena.
Resolução CNE/CP nº 01/2002 e nº 02/2002 - Licenciatura em Educação Física – área de atuação educação Básica.
Resolução CNE/CES nº 07/2004 e nº 04/2009 - Bacharelado em Educação Física – área de atuação Bacharelado.
Resolução CNE/CES nº 01/2002 e 07/2004 - Licenciatura/Bacharelado – área de atuação plena.
Nota-se que as modificações nas resoluções tiveram num primeiro momento uma estagnação de 15 anos desde a resolução que tratava a licenciatura como plena, incluindo em seu arcabouço os conhecimentos de bacharelado e licenciado, até que então em 2002 fosse desconsiderada a eficiência deste modelo curricular como estava até o momento, mas claro, sutilmente sem desqualificar aqueles que tiveram dentro da lei, tal habilitação anterior, e propondo um novo modelo, que garantisse efetivamente que o Conselho de Educação Física tivesse uma parcela fixa de contribuintes, no caso, com a fragmentação do curso em bacharelado e licenciatura, os bacharéis que atuam nos ambientes não formais, como clubes, academias, centros de treinamento e outros espaços que não sejam de forma alguma uma escola, tem obrigatoriamente que pagar a taxa para ter a carteirinha do CREF, enquanto que os licenciados agora, já não mais tem competência para ministrar uma aula de academia, nem de recreação, ou tem, porém só podem fazer isso no espaço restrito da escola. E ao que me parece, o Departamento de Educação Física, estava totalmente despreparado para se adequar as novas resoluções. O conhecimento cientifico, não passava de diz que me disse, sem objetivos concretos, e decisões acertadas, e nesse sentido a divisão curricular se constituiu de uma construção fajuta de duas habilitações distintas, com disciplinas idênticas, porém com um nome diferente, e uma mania de dizer que com focos diferentes, uma para atuar em cada lugar. Oras, mas qual o sentido de cursar a mesma disciplina, com o mesmo professor e duas graduações diferentes, e ouvir a balela que são focos diferentes? Será que um estudo mais a fundo não seria capaz de enxugar a disciplinas e manter a carga horária mínima exigida pelo excelentíssimo conselho? Eles adorariam essa idéia. Porém o ideal mesmo, já que enquanto professores de educação física, temos que ser capazes de ministrar, planejar, dirigir, assessorar entre outros requisitos, seria unificar a habilitação, e em cinco anos com eficiência e vontade contemplar as várias áreas de conhecimento da Educação Física, formando professores, e não profissionais voltados à guerra desleal do mercado de trabalho do nosso condado tão conservador. Entretanto, unificar o curso, seria perder em um primeiro momento os contribuintes fixos, pagantes fiéis da carteirinha (Art. 16 - A todo Profissional de Educação Física devidamente registrado neste CREF9/PR será fornecida uma Cédula de Identidade Profissional numerada e assinada pelo Presidente do CREF9/PR), outro momento seria no plano mais geral do sistema tornar possível a articulação de uma classe profissional em prol dos seus próprios interesses enquanto professores, unidos a toda a classe de professores de todas as áreas. Isso não é de interesse. Segundo a Resolução CREF9/PR 055/2010 Art. 1º CONSIDERANDO, a deliberação tomada em reunião do Plenário realizada em 11 de Setembro de 2010; RESOLVE:- Fixar o valor da anuidade nos valores máximos discriminados: I – Pessoa Física - R$ 397,88 (trezentos e noventa e sete reais e oitenta e oito centavos); II – Pessoa Jurídica – R$ 983,27 (novecentos e oitenta e três reais e vinte e sete centavos). Contando a quantidade de profissionais que adentram o mercado de trabalho, talvez, seja no mínimo lucrativo. Além do que como a indústria da multa de transito, o Conselho segue caminho semelhante no que tange o formato de fiscalização impiedoso e agressivo. Um arrastão de autuações e notificações por todo Estado reflete a ira do Conselho numa tentativa de coação dos profissionais e futuros profissionais da área.
Os casos polêmicos envolvendo o Conselho Regional de Educação Física perpassam desde a tentativa de coação dos professores de Educação Física que atuam na rede pública de ensino, até as academias de pequeno porte espalhadas pelo Estado. Há casos de professores que atuam na escola, terem sido autuados por levarem seus alunos aos jogos escolares. Pasmem. Professores devem ter sua profissão regularizada por outro órgão como já disse mais atrás. Academias menores, segundo uma professora formada numa instituição privada de Maringá relatou para mim um caso inacreditável da fúria do conselho, que mais parece um grupo de capangas das grandes academias, e dos grandes nomes do esporte mercadológico do Estado. Esta professora atua com um sócio não formado, porém estudante da profissão, e segundo ela foi denunciada para o CREF9/PR de que a academia estava ficando por um período determinado sem professor formado, pagante fiel do CREF9/PR. Segundo ela, realmente durante 15 minutos, entre a saída de um professor e outro, no caso ela, este sócio ficava responsável pela academia, neste tempo os leões famintos, e sedentos de lucros surgiram como num passe de mágica, e fizeram uma notificação. Meses depois, chegou uma intimação para ela depor na delegacia. Pasmem novamente. Sim, ela sofreu um processo criminal por ter mantido a academia em situação irregular de trabalho. Em tempo de luta pela descriminalização das drogas, e pela criminalização da homofobia, nos deparamos com este episódio que se não trágico, cômico, trata da criminalização de um professor de Educação Física, o pondo no patamar de um criminoso até mesmo autor de furtos ou homicídios. Algo soa estranho nessa forma de atuação deste conselho, que a principio deveria ter a função de notificar, e orientar os profissionais a fim de melhorar a situação dos mesmos, e não dispô-los a esta situação humilhante como a professora aqui citada passou, ou esta passando.
É claro que não compactuo com qualquer tipo de situação irregular, desde que essa esteja relacionada não com as diretrizes e resoluções deste conselho, no sentido de submeter-se as suas mazelas maquiadas com cursos e congressos vazios, mas sim com as condições de trabalho irregular, ou seja, usar do trabalho do estagiário em academias substituindo profissionais formados é uma forma de precarização do trabalho, e realmente deve ser fiscalizado, entre tantos outros equívocos que permeiam o âmbito desta profissão, ainda carente de caminhos bem definidos, assim sendo quem deve fiscalizar é a questão, e como estão fiscalizando é outra questão.
Ser contra o CREF/CONFEF não é mero capricho, é tomar um partido enquanto profissional que busca dignidade real em sua profissão, afinal, quantos acadêmicos saem das universidades e são obrigados a se filiar a um conselho e fazer uma carteirinha, e nem ao menos sabem como isso vai mudar suas vidas, se é que vai mudar mesmo. Ser CONTRA, é analisar os fatos, é conhecer os casos, é ser estudante observador das contradições que o CREF deixa transparecer em suas leis e resoluções, que se ramificam nas universidades com o despreparo dos professores e por conseqüência dos acadêmicos, e nos ambientes de atuação dos bacharéis. Enfim, uma série de desacordos, de transtornos, de equívocos, ronda a atuação do conselho perante os profissionais da área que na maioria das vezes se vêem de mãos atadas quanto ao tema. Por isso ser CONTRA, não trata de negar as dores de cabeça que ser CONTRA podem trazer, afinal de contas, o conselho esta se firmando a cada dia, e sendo presente com sua fiscalização e autuações muitas vezes arbitrárias, como se estivessem acima dos nossos diplomas, dos nossos anos de estudos, como se estivessem sob a linha do bem e do mal. E nesse sentido, todo cuidado é pouco, é preciso ter medo sim, mas o medo não pode ser desculpa para a ignorância e submissão passiva.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Os indiferentes me incomodam
*por Antonio Gramsci
(Texto enviado pelo Prof. Bertô – Forum da Diversidade Etnico Racial)
Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que “viver significa tomar partido”. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.
* Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20. Suas noções de pedagogia crítica e instrução popular foram teorizadas e praticadas décadas mais tarde por Paulo Freire no Brasil. Gramsci desacreditava de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, para a conquista da cidadania, seria a escola.
Domingo Polifásico
- Esta é uma postagem retroativa, devido a demora em ter acesso as fotos do evento. Porém acredito que vale a pena postar.
Neste domingo de fases, de momentos, de contradições, e de intensidades desmedidas, que se resumem como qualquer domingo para muita gente, sabendo que até eu que não defendo o "relativismo", me contradigo novamente, e defendo que cada qual, vê o mundo, ou como lhe convém, ou como aprendeu a enxergar o mundo, filtrado, peneirado, fragmentado, dicotomizado, ou seja, lá como for. Vamos às fases.
1°) Cotidiano: Bom, cotidiano acaba sendo tudo aquilo que se repete ao longo dos dias, e que se tornam meros acontecimentos que reproduzem uma realidade alienada, ou seja, que produzimos, mas que não nos pertence na maioria das vezes, produzimos, e não podemos tomar posse. Um exemplo é o trabalho nos moldes de sociedade a qual estamos inseridos. Um trabalho abstrato, que nos permite apenas produzir muitas das vezes, aquilo que não nos pertence, e por isso o temos como alheio, ou seja, alienado, produzimos, mas não possuímos. É o operário que produz milhares de tênis, não tem consciência da totalidade da produção daquela mercadoria, e depois do produto feito, este operário, com base na venda da sua força de trabalho, se vê obrigado a comprar, o que ele mesmo produziu. Ou seja, não lhe pertence, o tênis que ele produziu, não lhe da o direito de tomar posse do produto, assim o produto torna-se alienado ao homem, bem como o trabalho, que tem seu caráter voltado apenas para a subsistência, para suprir as necessidades de primeira ordem, como comer e dormir. Mas era domingo, e como dizem que Deus disse que alguém disse que a bíblia disse, “E depois de criar todas as coisas do mundo, no sétimo dia, ele descansou", e assim, nos reproduzimos, no direito de folgar, e se revigorar, para dar continuidade à lógica de produção capitalista. Eis, que no almoço de domingo, na minha humilde casa, compareceram nada menos, que minha Avó por parte de mãe, minhas tias, e meus dois primos, o Flávio e a Ju, e comungamos então de um almoço farto, regado de conversas, reflexões e risos. Nada diferente do normal, a não ser a noticia que no Dia Nacional da Juventude, contaríamos com a presença, nada menos que, a do Gabriel O pensador. Já não era tão cotidiano assim, e em rápidas e intensas decisões, num flerte de querer sair da rotina já banalizada, confiamos em desafiar o marasmo nostálgico do domingo, e fomos.
2°) A religião: De muitas crenças é feito o homem, e tem gente que crê, que crença, não existe. Eu de tanto crer, enfurecido questionei, tornei conflituoso dentro de mim aquilo que abrange a fé, os costumes, os dogmas, e claro, tenho uma opinião formada e consciente sobre isso, mas claro, não é imutável, afinal, estou em processo permanente de construção do meu ser, e infelizmente ainda não tenho o potencial de conceber o mundo a partir de sua totalidade. Não é de ritual, de vestimentas, de costumes, de dogmas que é feita a verdadeira religião, isso se dá por meio de atitudes, que transcendem toda e qualquer ideologia já impregnada, vai além do plano espiritual e metafísico, é dotada de realidade, de concretude, e de concepção de mundo como ser emancipado. Consiste em reflexão, em meditação, em sensibilidade, em sobriedade. Algumas pessoas buscam isso no templo budista, outros nas igrejas evangélicas, outros nas católicas, e eu, bem, eu freqüento a igreja católica, mas acredito numa comunhão entre corpo, alma, natureza. Assim, me permito observar que os dogmas da igreja muitas vezes se confundem com os dogmas da sociedade burguesa, mas não afirmo isso com tanta significância, apenas reflito, e compreendo que a religião e suas variantes confluem para um conflito, e não para o que todos desejam o consenso. Assim, participamos da missa do Dia nacional da Juventude com o Dom Anuar Battisti , e outros padres, que aconteceu na Praça da Paróquia São José Operário, Vila Operária, ao ar livre. Seguindo em caminhada para o encerramento no antigo aeroporto de Maringá.
3°) Acústico: Engraçado como este estilo de cantores, estilo barzinho, normalmente tocam as musicas que eu mais gosto. Max, um cantor de Curitiba, a lá Lenny Kravitz fez uma bela abertura ainda a luz do sol, e com uma simpatia cativou a galera que participava do evento com músicas como: Oh chuva, Lua cheia, Além do horizonte, pais e filhos, e muitas outras. Daí, aquela sensação de mistos de sentimentos. Estava muito bom curtir aquele espaço, aquele som, mas compartilhar isso com certas pessoas, aquelas doentes, ou ignorantes já mencionadas, os tais "família Restart" com muito amor a alguém desconhecido e talentoso no palco, conseguem transmitir o sentimento vazio da adoração a ídolos, sem medida, sem amor próprio, sem elegância. A maioria das pessoas não consegue conviver num espaço publico, sem acharem que tudo precisa ser dado, oferecido, cedido, elas pedem, imploram, gritam, e isso me causa vergonha alheia, pode parecer bobeira, mas acho que em um show, com um cantor, agente canta, ou no mínimo ouve sua música, e no máximo dança. Difícil para uma parte que precisa de uma lavagem cerebral às avessas.
4°) A surpresa: Quem poderia imaginar, que além de tudo aquilo que já estava muito bom, uma das bandas que animaria o evento, era justamente Tropa de Elite (banda cara), mas não vamos entra no mérito dos orçamentos, e de quanto deve ter sido gasto em todo esse movimento agradável que participei. Então, vamos à banda Tropa de Elite, que por sinal, é realmente de tirar o chapéu. A banda conta com integrantes jovens, intensos, loucos, e talentosos, digo, incrivelmente talentosos. Entre eles, Roni – voz e contra- baixo com cara de assustado, uma pitada hard de felicidade naquilo que faz, demonstraram um talento e a essência do sucesso, nada mais que sentir amor pelo que faz, e isso ficar registrado nos olhos, nas expressões, nas caras e bocas, Eder - Baterista, que por coincidência maravilhosa é amigo de adolescência, jogou vôlei na rua de casa, fez parte do grupo de amigos próximo, mesmo hoje não sendo mais um contato próximo, foi bacana ter visto o talento reconhecido e bem expressado em suas intensas batidas naqueles pratos, Junior Bariviera - Voz e guitarra, excelente, simpático, e com um fôlego considerável, mandou muito no vocal, e levantou a galera, mas quem realmente me impressionou foi a Sibele Tel - voz, que mais que presença de palco tem presença de espírito, tem personalidade, emana carisma, e vontade de viver, isso é surreal, e realmente me cativou, virei fã dela, e da banda Tropa de elite. Foram diversos os contra tempos com as pessoas, pois sabem que pessoas me irritam, aquelas garotinhas de 15 anos loucas tentando passar na nossa frente, isso por que estávamos bem ali, na frente do palco, mas elas foram bem mal recebidas por mim e pela minha prima, não deixamos as intempestivas sem noção entrarem na nossa frente, fomos grossos e autoritários, por que gente burra tem que ter tratamento especial. Fizeram a Sibele Tel autografar até tênis acreditam? Isso enquanto ela estava cantando. Senso, e noção são qualidades que faltam no país, como consciência política, e cultura. Eu digo e repito, um show é feito para curtir, para ouvir, não para ter atitudes histéricas por causa dos artistas. Tem horário certo para pedir autógrafo, vamos ser mais inteligentes, que tal?
5°) O pensador, e os não pensantes: Momento esperado, momento de expectativa, de boçais perdidos por todos os lados, sem compreender o grau de cultura, de consciência, e de comprometimento que estava por vir. Não era um show de rap, era uma palestra show, e quem estava ali na praça do antigo aeroporto de Maringá deveria saber disso, saber que Gabriel, O pensador não estava ali para cantar meia dúzia de músicas, contudo, mais que isso, veio nos levantar o véu, abrir os olhos, plantar uma semente, e, diga-se de passagem, trabalho árduo este quando diante dos despolitizados, dos ignorantes, dos doentes de espírito em que se esbarrou. Em poucos momentos a juventude teria a oportunidade de manter um diálogo com um escritor, compositor, cantor, pensador, como o Gabriel, assim, talvez se tivesse havido menos pessoas gritando histericamente por um livro do Gabriel de graça, e estes mesmos cansados de ouvir as poesias e poemas que ele recitava no palco, pediam insistentemente por musicas, e eu me pergunto, para que diabos eles iam querer um livro, se nem ouvir a leitura do mesmo estava sendo suportável para eles? Por ser uma conversa, não ter aquele som estrondoso, qualquer coisa que fosse dita era ouvida, e as pessoas diziam coisas absurdas, como “canta logo ai!”, “Joga esse livro logo!”, entre outras barbaridades, e por mais que me julguem intolerante com as pessoas, eu lhes digo, vai, além disso, eu tenho a sensação e a necessidade que as pessoas se esforcem o mínimo que seja para respeitarem um momento, com alteridade, se pondo no lugar do artista que tem um objetivo maior, no caso do Gabriel, não era simplesmente cantar, era conversar, expor a realidade, e incentivar a cultura, a tolerância, e a inteligência, mas me parece que grande parte das pessoas não se interessa por esse tipo de beneficio, preferem não ter que pensar, e basta pular e repetir algumas letras, que é o suficiente. Em alguns momentos o Gabriel percebeu esta atitude desmotivante do pessoal, tanto que em determinado momento quando ia ler uma passagem do seu livro, disse, “Eu só vou ler se vocês quiserem...”, ou seja, percebeu que as pessoas não queriam, ou pelo menos boa parte delas. Gabriel incentivou muito a escrita e a leitura em suas falas, em seus poemas, que retratam sensações e emoções que ele teve como o poema que fala de sua avó e sua tia, o poema escrito numa igreja de vidro na Califórnia, entre outros, relatou momentos em que se engajou na luta contra o preconceito, e cantou, como todos queriam, cantou “cachimbo da paz”, “Pátria que me pariu”, entre outras canções, e este não foi um dia como qualquer outro, foi muito bem aproveitado. Pena, não poder dizer isso de todos que estavam presentes, os não pensantes, os que votam em José Serra, os que votam em Tiririca, os que jogam papel no chão, os despreocupados e egoístas cidadãos alienados.
Pátria Que Me Pariu
Gabriel O Pensador
Uma prostituta chamada Brasil se esqueceu de tomar a pílula, e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve que tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lombriga
E ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mais nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio,
Abandonado num terreno baldio
Pátria que me pariu! Quem foi a pátria que me pariu!?
A criança é a cara dos pais mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar
Sinal vermelho, não da tempo prá sonhar
Vendendo bala, chiclete...
Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu não vou virar ladrão se você me der um leite, um pão, um vídeo game e uma televisão
Uma chuteira e uma camisa do mengão
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa vou pra Europa...
Coitadinho! Acorda moleque! Cê num tem futuro!
Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro! Você não tem defesa, então ataca!
Pra não sair de maca
Chega de bancar o babaca!
Eu não aguento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo. Cade?
To cansado de apanhar. Tá na hora de bater!
Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?
Mostra tua cara, moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck
Vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mais tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue bom
E melhor correr que lá vem o camburão
É matar ou morrer! São quatro contra um!
Eu me rendo! Bum! Clá! Clá! Bum! Bum! Bum!
Boi, boi, boi da cara preta pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze na cara do Brasil
Idade catorze estado civil morto
Demorou, mais a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.
Uma prostituta chamada Brasil se esqueceu de tomar a pílula, e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve que tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lombriga
E ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mais nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio,
Abandonado num terreno baldio
Pátria que me pariu! Quem foi a pátria que me pariu!?
A criança é a cara dos pais mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar
Sinal vermelho, não da tempo prá sonhar
Vendendo bala, chiclete...
Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu não vou virar ladrão se você me der um leite, um pão, um vídeo game e uma televisão
Uma chuteira e uma camisa do mengão
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa vou pra Europa...
Coitadinho! Acorda moleque! Cê num tem futuro!
Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro! Você não tem defesa, então ataca!
Pra não sair de maca
Chega de bancar o babaca!
Eu não aguento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo. Cade?
To cansado de apanhar. Tá na hora de bater!
Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?
Mostra tua cara, moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck
Vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mais tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue bom
E melhor correr que lá vem o camburão
É matar ou morrer! São quatro contra um!
Eu me rendo! Bum! Clá! Clá! Bum! Bum! Bum!
Boi, boi, boi da cara preta pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze na cara do Brasil
Idade catorze estado civil morto
Demorou, mais a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.
6°) Do começo ao fim: Lembrados que eu poderia ter começado do fim? Pois bem, decidi que escreveria na ordem cronológica dos acontecimentos, mesmo este último, sendo o mais recente, e o mais perturbador. O mundo está tão doente, tão confuso, as vidas estão tão banais, sem valor, sem sentido, e eu digo está, por que há algum tempo atrás, eu vivi momentos bem diferentes dos dias atuais, apesar de não fazer tanto tempo assim, e hoje eu não consigo me acostumar com o caos constante. Depois deste dia imperdível cheguei em casa com os pés doendo, pescoço doendo, mas revigorado, como tinha que ser, comi alguma coisa, deitei no sofá e fui ver um pouco do Fantástico, só para deitar mesmo, e a noticia, era do cotidiano, era do dia a dia, era banal, e eu não sei se mais alguém no mundo se comoveu como eu com aquilo que anda acontecendo todos os dias no mundo. A noticia era sobre um jovem numa livraria de um shopping Center, extremamente despreocupado com qualquer coisa, afinal, não havia mesmo com o que se preocupar, pelo menos era o que ele imaginava, sem saber que ali naquele mesmo lugar, um doente, um ignorante, um fruto deste tipo de sociedade que estamos formando, estava prestes a escolhê-lo aleatoriamente para ser agredido gratuitamente por um taco de beisebol na cabeça. Deus do céu! Quanto ainda temos que nos chocar para uma revolução? O menino, que nunca fez nada há ninguém e só queria viver sua vida, seguir com seus sonhos, foi abatido como um animal qualquer, Henrique morreu esta semana depois de ficar por dez meses na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo. Como explicar tal acontecimento? Existem vários tipos de pessoas, e eu custo a acreditar que qualquer pessoa sã, seria capaz de interromper a juventude criativa de alguém assim tão brutalmente, mas vejo que a ignorância e a doença definitivamente andam de mãos dadas, e isso é apavorante, não saber o que pode lhe acontecer, essa insegurança, essa injustiça, e o pior, a falta de movimento, o inexpressivo balbucio das pessoas diante deste tipo de noticia me amedronta.
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