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terça-feira, 1 de março de 2011

FIM DE SEMANA É DIA DE HERÓIS.

Heróis do esporte. Heróis do nordeste. Heróis da novela das oito. Heróis das ruas. Heróis do assistencialismo. Heróis do senado. Heróis da superação. Heróis da vida real. Heróis, exemplos, figuras que ilustram sutilmente o que se espera de você, que de herói global não tem nada. Talvez seja o herói telespectador de tantos heróis ungidos em cristo, que existem por ai. Talvez, seja um herói solitário, com pinta de vilão e língua de serpente, cheio de verdades para contar. Contudo, este vilão/herói não sai nos jornais, nem é capa de revista, e muito menos é exemplo de qualquer coisa por ai.
Não é estrela do basquete, e não joga nos Lakers dos EUA. Também não é triatleta, exemplo de força e persistência. Não é Ronaldo aposentado, nem é Pelé, entende? Não é ícone do esporte, e o que você diz, não vai fazer diferença para ninguém, por que não tem nada que faça de muito bom. Talvez faça algo meia boca, mais ou menos, quebre um galho, mas nada em especial. E o que não falta na televisão no domingo é gente especial, desde o Esporte Espetacular até o BBB, depois do incrível show de heróis no Fantástico. Isso perpassa por toda a rede de comunicação, tem programa do Gugu, um exemplo de herói para o povo classe miserável.
Domingo mesmo é dia de chorar, é dia de nostalgia, é dia de brincarem com seus sonhos. A TV acorda os mais profundos sonhos, as mais diversas emoções, te comove de uma forma cruel. Como não ficar mortificado com as reportagens no Esporte Espetacular no Haiti? É o puro creme do apelo emocional, aquele uso indiscriminado das desgraças alheias como se tivesse cunho social, como se fosse a solução dos problemas. Acaba a reportagem, todos choram, e o Haiti continua com seus enormes problemas, com meia dúzia de soldados brasileiros fazendo um trabalho quase de lavagem cerebral, fazendo com que haitianos percam sua identidade, e tornem-se brasileiros na camisa, e na submissão. Eu sei disso, mas quando a reportagem mostra a miséria, as crianças comendo biscoitos feito de lama e manteiga, ou sopa de galhos de arvores, com água de esgoto, não há heroísmo solitário que resista, então quando você com seu coração mole se identifica, e deixa sua apatia de lado, se comove, eles (a TV) mostram quantos voluntários, quantas pessoas dispostas a ajudar, quanto exemplo de superação, e o quanto sua vidinha que tanto você reclama, em comparação a dos haitianos, é melhor, mas você é podre e egoísta demais por reclamar tanto. Seria se não fosse conveniente se conformar com a situação de injustiças as quais tanto haitianos, quanto nós brasileiros, e outros tantos que sofrem todo santo dia. Não quero fazer apologia a banalização e a apatia diante de tantas desgraças que acometem o mundo. O que eu gostaria, é que entendessem, que pobreza, miséria, seja aqui, seja no Haiti não se justifica. Tornar isto público é dever das redes de comunicação, brincar com os sentimentos das pessoas, dramatizar, criar crônicas das desgraças, é um toque especial, é um adicional, é o chorinho, o trunfo nas mãos das grandes empresas da área. Eu digo isso, não por que critico os prantos de quem vê, meus caros, eu chorei, eu me comovi, eu me indignei, e isso é absolutamente normal, estranho seria não se mortificar com tamanha barbárie. São os poréns que me afligem.
Estende-se por toda à tarde com esse jogo de por nomes balançando em estandarte, ao que nossos olhos lacrimejem com os tantos absurdos divulgados. Sensibilizamo-nos, com o tetraplégico que num grau de superação exemplificador saltou de para quedas, e apareceu no Domingão do Faustão relatando sua intensa experiência, e como a sua vida cheia de movimentos é vazia e sem sentido, ele sim devia reclamar, mas quem reclama é você. Não lhe parece estranho essa enxurrada de exemplos de superação que nos carrega emocionalmente de culpas e dores e de conformismo, por que é uma superação na grande parte das vezes onde na maioria das vezes, os maiores limites nunca sequer existiram. Pular de para quedas exige sim coragem, e muita disposição, porém outros fatores são intrínsecos no que tange essa atividade. Então, a resposta é, cada um que supere seus limites sem achar que precisa sair de sua posição social para tanto. Cada um no seu quadrado de superação!
No programa do Gugu, com  sorriso hipócrita e amarelo de bandido que não foi preso, seus quadros são excessivamente melancólicos, apelativos, e se usa indiscriminadamente das misérias espalhadas pelo Brasil. Os miseráveis, pobres tem seus sonhos explorados até a última gota na exposição necessária de quadros dantescos e pedantes como são estes tipos de quadros. Cheio de pobre chorando, gente passando fome, sem ter onde morar, ou longe de casa e sem ter como voltar. Estes são os mais comuns.
E para finalizar com chave de ouro a sessão heróis de meia pataca, Pedro Bial abre a nave BBB com meia dúzia de heróis segundo ele, que brigam não por ideais, nem pela igualdade, mas sim, por uma quantia razoável em dinheiro, semeando os mais diversos sentimentos desqualificadores para uma sociedade já imersa na sua falta de exemplos significativos, de uma sociedade sem referencias, que se pauta na miséria alheia para sentir-se melhor, e acredita que herói é Gugu, e participante de reality show.



Um comentário:

  1. Gostei muito deste site e por isso resolvi colocar uma mensagem para conhecimento de todos. Já existe uma maneira de se fazer grampo de celular. Chama-se telefone espião. Você pode encontrar no site www.celularespiao.net

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Pedras na janela


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