Eu
sei que deve ser extremamente complexo para algumas pessoas decodificar a
realidade, independente da manta ideológica que cobre intencionalmente os
vossos olhares desatentos a respeito da minha decisão de decidir. Entendendo o
conceito de liberdade de escolhas proposto diante da histórica disputa de
poderes, onde os dominados obviamente viam-se dominados, e submetidos aos
conceitos de liberdade dos dominadores, e assim concluo que as minhas escolhas,
não necessariamente foram decisões minhas. Entendo as relações de poder, e a
determinação das condições materiais de existência, responsáveis pelos caminhos
dos quais tive que traçar, e os que ainda vêm pela frente, e visto a decisão de
decidir sobre a minha vida, sem o intermédio da relativização, do idealismo e
da metafísica, causo uma impressão equivocada em algumas pessoas. Eu confesso
que a decisão de decidir, é eminentemente dolorosa, é como largar um vício, é
deixar o ópio, e seguir lúcido. A lucidez lhe permite observar todos os
horrores nitidamente, e claro, humanamente no processo de transição do ser e da
consciência acrítica para critica, as dores são físicas, emergem as doenças psicossomáticas,
emergem os questionamentos, a indignação, emerge a necessidade de proposições,
emergem as inquietações, no entanto, estou ciente de que a decisão de decidir
significa apontar um feixe de luz com uma lanterna pequena no breu total,
assusta as possibilidades do que se pode encontrar. O que algumas pessoas,
muitas até solidárias as minhas demonstrações públicas de inquietação, precisam
compreender, é que definitivamente não esta faltando Deus na minha vida, eu sei
que é duro entender isso, contudo a minha decisão de decidir implica justamente
em des/responsabilizar qualquer força oculta daquilo que pelo contrario brota
da realidade concreta, daquilo que é determinado pelas condições materiais de
existência, e que claro, diante dessas condições, não há como se prostrar a
realidade todos os dias indiferente, omisso, neutro, e de certa forma isso é
atormentador. O que tem que ficar claro, é que apesar de todos os motivos
concretos para que doenças psicossomáticas como a depressão fizessem parte da minha
vida, como atualmente faz parte da vida de tantas outras pessoas, não se trata
do meu caso. Meu caso não é por enquanto de tratamento psicológico, muito menos
a necessidade de um reencontro com Deus, e isso não significa necessariamente
que eu despreze a subjetividade humana, e a necessidade que outras pessoas ainda
sentem de permanecerem afincos ao ópio. É preciso frisar também que não se
trata de uma decepção com Deus, não é uma briga, não é um “estou de mal” até
que conceda a mim tudo aquilo que eu desejo, na verdade essa concepção parte de
quem justamente de modo unilateral despreza qualquer possibilidade da não
existência de Deus, e a minha decisão de decidir desabrochou na tomada de ciência
da realidade, não foi um processo rápido, afinal tem a ver com aprendizagem e
construção de visão de mundo diante dos fatos como eles são, sem partir da
ideia de como deveriam ser. E o fato é que assim como a crença para quem crê é
inquestionável, o não crer para mim também é. As discussões de liberdade estão
tão limitadas, que trazem em seu arcabouço o ranço do dominador, determinando e
cerceando como se fosse natural,e quando você se opõe, causa um desarranjo
social tão grande, que a grande massa instrumentalizada pelos paradigmas, trata
de iniciar uma conversão, uma cura, uma salvação.
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