Os maus dizeres da prole desinformada, entorpecida
pelo assistencialismo torpe do coronelismo tupiniquim sarandiense, massificada
pela ideologia elitista com prerrogativas da superficialidade de uma comunidade
que anseia seu desenvolvimento baseada no desenvolvimento de uma ideia de
imagem, de estética, produzida e reproduzida para criar a sensação de status
quo que a miséria criada à base de paradigmas implora, se enveredam por Blogs e
ruas, nas praças e na rede, contribuindo para a nauseante sensação de entender
a maioria, mais uma vez, como o cume dos equívocos, dos engodos, e da
reprodução da ignorância.
É indiscutível que o histórico político de Sarandi
tem como bases fundamentais, aquelas que sustentam tal qual o histórico político
da sociedade como um todo. Assola a mente de qualquer indivíduo que se dê o trabalho
de analisar os pontos divergentes dessas questões, compreender as ações de
cidadania cumprindo com seu papel hegemônico de conservação e manutenção de um
Estado burguês, que cria leis burguesas, cultura burguesa, e consequente disso
surge este conceito raso sobre as qualidades de que um político deve debelar para
administrar um município.
A democratização dos direitos nos revela uma surpreendente
cota de dissabores, das quais estamos sujeitos intencionalmente. Este tiro pela
culatra vem de uma relação vertical com o Estado, e com a propriedade privada,
estes são os que apertam o gatilho. A democratização da escola, por exemplo,
criou uma escola utilitarista, instrumento do estado na produção de uma
sociedade docilmente trabalhadora, com uma educação incontestavelmente distinta
daquela ofertada as elites em outro momento. Junto à democratização dos
direitos emergem indeléveis, a construção da ignorância, e a distorção dos
conhecimentos, promovendo a conformação da massa, que amortecidas pela sensação
da garantia dos direitos pelo estado, estagnam-se diante das mazelas políticas.
A popularização da comunicação e do conhecimento, o
tornou menor do que ele deveria realmente ser. Informações reduzidas,
imediatistas e desconexas é que chegam à população, se disseminando conceitos
falsos sem historicidade. E neste momento que antecede as eleições municipais,
há de se considerar a relevância da contextualização dos fatos que envolvem a
mídia desnorteada, tendenciosa, que de tão livre permite posicionamentos
antiéticos frente à dignidade humana, o mandato inusitado e a candidatura
obscura do Carlos Alberto de Paula, seus feitos e desfeitos, e o processo histórico
de desenvolvimento da cidade de Sarandi.
A expansão do município se deu, ao contrário do
que ocorreu em Maringá, de forma completamente desordenada, sem nenhum
planejamento urbanístico ou conjunto de legislação que pudesse definir um plano
para a ampliação e o parcelamento da cidade. Em consequência deste descontrole,
há grandes vazios urbanos que separam áreas mais próximas ao centro de outras
zonas ocupadas, que estão ilhadas em plena zona agrícola. Vale registrar que,
historicamente, o município foi vítima da ação de despejo adotada pelo prefeito
de Maringá, no período entre l.961 a 1.964, onde as pessoas eram conduzidas
para fora dos limites da cidade. Segundo Caniatto (1995), em sua pesquisa
realizada através de um projeto de extensão da Universidade Estadual de
Maringá, nos anos de 1982 a 1987, a Prefeitura Municipal de Maringá entrou com
a polícia e tratores na Favela do Cemitério, derrubando os barracos onde
moravam várias famílias oferecendo-lhes uma indenização espúria para deixarem a
área. Assim, seus pertences eram colocados em caminhões e deixados na beira da
estrada em municípios vizinhos.
Desta
forma não fica difícil entender a configuração do município atual, e sua sede
de vingança, de tornar-se tão desumana e elitizada quanto seu algoz histórico,
Maringá. Criou-se no imaginário popular a concepção de que Sarandi só será
legitimada quando seguir os passos da metrópole vizinha, até bosque esta sendo
criado, o nome talvez seja Parque do Andi, referindo-se ao Parque do Ingá.
Ironias a parte é desse imaginário que começamos a entender as obrigações
inerentes a função de um gestor político enquanto pontos que devam ser levados
em consideração em sua candidatura, quando essas obrigações devem ser
entendidas apenas como cumprimento efetivo de um papel atribuído a determinado
político, ou seja, o conceito popular que vem se construindo se fundamenta no
que eles nomeiam de benfeitorias. E isso é o que se pode esperar de uma
população assistencialista, que acredita que fazer o bem, tem a ver com doação,
com voluntarismo e moralismo. Li em algum Blog o enaltecimento dessas
benfeitorias: “A criação da
Guarda Municipal, a construção da UPA e do Hospital Municipal, a derrubada
do Mutirão e a criação do Residencial Mauá e outros
empreendimentos populares, a ampliação do sistema de esgoto que foi e vem sendo feita, os asfaltamentos dos bairros,
organização do transito e construção das creches”, que, primeiro devem ser
analisadas e discutidas individualmente, no entanto, partem da compreensão
supracitada, de que as obrigações inerentes, seriam motivos suficientes para
que alguém pudesse de reeleger automaticamente. Ora, e onde fica o ativismo político?
A compreensão das desigualdades sociais, o histórico de lutas e a identidade
com a classe oprimida? Elegemos os burgueses por que nos consideramos incapazes
de gerir a sociedade? Inculcamos a noção de que o poder deve permanecer nas
mãos dos ricos, pois tomamos como natural essa designação, e essa superioridade
de classes. As benfeitorias pseudo realizadas pelo atual gestor político Carlos
Alberto de Paula, não o garantem exímio. Por tanto, há de se considerar que seu
condenável envolvimento com o favorecimento de uma instituição privada em
detrimento da comunidade, é ponto significativo para sua desqualificação
enquanto candidato a prefeito. O simples fato de existir a possibilidade de sua
impugnação, deveria ser motivo suficiente para o desqualificarmos, até por que
parte de um fato concreto, comprovado que trata da criação de leis em favor de
interesses individuais e privados, que ferem na constituição, a garantia da
impessoalidade, da honestidade e da moralidade da coisa pública, e por si só
deveria torná-lo inelegível independente da corrida eleitoral e da comparação
entre candidatos. O processo é bem claro ao descrever as atitudes do Carlos
Alberto de Paula, como inconstitucionais:
"(...) denota-se claramente que a Lei nº 1231/205 e a Lei
Complementar nº 131/2006, ambas de Sarandi, foram editadas com claro escopo de
favorecer a instalação de um posto de gasolina por pessoa jurídica previamente
identificada e determinada - L. Menegatti & Cia Ltda excepcionando, somente
para ela, a aplicação da Lei Complementar Municipal nº 71/2001, que fixa, de
forma genérica, a proibição da instalação de postos de gasolina num raio mínimo
de 500 metros de um estabelecimento para outro (cf. fl. 06 dos autos em
apenso).
Aliás, a falta de generalidade, abstração e impessoalidade dos atos normativos questionados, justamente por favorecerem pessoa jurídica determinada, impede até mesmo o controle concentrado de constitucionalidade.
(...) Nesse contexto resta evidenciado que a Lei nº 1231/2005 e a Lei Complementar nº 131/2006, ambas de Sarandi, investem contra os princípios constantes dos artigos 5, caput, e 37, caput, da Constituição Federal."
Aliás, a falta de generalidade, abstração e impessoalidade dos atos normativos questionados, justamente por favorecerem pessoa jurídica determinada, impede até mesmo o controle concentrado de constitucionalidade.
(...) Nesse contexto resta evidenciado que a Lei nº 1231/2005 e a Lei Complementar nº 131/2006, ambas de Sarandi, investem contra os princípios constantes dos artigos 5, caput, e 37, caput, da Constituição Federal."
Por
tanto não se trata de uma jogada política da oposição como vem sendo
disseminado em Blogs tendenciosos e imaturos, ou até mesmo nas emissoras
compradas para veicular a favor do interesse burguês. Trata-se, de um processo jurídico
real, que envolve inconstitucionalidade e descaso com a coisa pública, e que
transcende o recapeamento de ruas principais desprezando a existência de tantos
outros bairros muito mais necessitados do asfaltamento, ou a UPA que é um
investimento do Governo Federal, e não tem absolutamente nada a ver com a boa
vontade do Carlos de Paula, ou ainda qualquer movimento a favor da higienização
social como o fim do mutirão, e o remanejamento das famílias, ou ainda
quaisquer outras “benfeitorias” realizadas no arcabouço de suas atribuições
obrigatórias.
Muito bem fundamentando teoricamente o texto, denunciando toda a prática coronelista e o processo de alienação e massificação da política na cidade. Está de parabéns...
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