Ela passou a vida toda trabalhando e não viu o sol
Ela passou a vida toda reclamando e não se excedeu
Ela passou a vida toda batalhando por um sonho, que nunca
foi seu.
Agora ela esta com sono, e não sabe como proceder.
Ela dorme o dia inteiro no trabalho que não é mais seu.
E não esquece o marido arrependido que nunca aprendeu.
E têm dois filhos tão distintos, quantos filhos que não são tão
seus.
Ela merece mais, mas sempre foi demais.
Ela correu atrás, mas nunca teve paz.
Ela nunca sambou na esquina com as amigas
Ela passou a vida toda nesse vai e vem
Ela lavava passava roupa muito bem
Mas de domingo feriado ela não ia além
Não sabia se divertir, para fugir.
Não fazer nada era transgredir
A sua rotina que não era boa pra ninguém.
Tava cansada, desanimada, com essa vida dissimulada.
Ela marcava na sua agenda aquele tempo de solidão
Tava sentada lá na calçada
Observando a lentidão.
Ela passou a vida inteira construindo um castelo de areia
Ela passou a vida inteira, de costas para o mar.
Ignorava a grande onda, disposta a arriscar.
Bastou um sopro no seu rosto, Ela não soube chorar.
Ela criou seus filhos, todos de costas para o mar.
Ignoravam a certeza e a beleza no olhar
Só aprenderam na frieza, não sabem como confortar.
Ela chegou mais cedo do trabalho e foi procurar
Fazer o seu trabalho, de esposa do lar.
Ela esqueceu de viver a própria vida.
E agora vive uma vida desmedida
Sem rumo sem hora pra acabar.
Não desliga nem muda sua rotina
Ela chora por dentro sem parar.
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Pedras na janela