O
astuto reacionário, historicamente vem absorvendo os significados de
terminologias que em sua essência transbordam o sentido revolucionário. Com a
democratização e pseudoigualdade de direitos, essa faceta estratégica teve que
ser aprimorada, no sentido de endossar os discursos neoliberais de igualdade,
liberdade e fraternidade, como se tivessem um significado unilateral e
intransferível. A internalização dos valores burgueses ao longo da historia nos
incorporou ideias imbecilizadas a respeito das relações políticas e econômicas que
tem intima relação com todas as outras relações que estabelecemos dentro da
organização social vigente, o capitalismo. Estas ideias imbecilizadas são as
mesmas que nos fazem entender política enquanto algo alheio ao nosso cotidiano,
e consequentemente, entendê-la como de fato ela se constitui nos discursos
neoliberais, enquanto clientelismo, assistencialismo, disseminando a cultura do
estado mínimo para os pobres, que devem se manter atados, a ideia estapafúrdia de
estarem sendo atendidos da melhor maneira pelas políticas públicas, e a
manutenção do poder econômico nas mãos das grandes indústrias, os donos do
capital. Faz parte ainda desse discurso neoliberal a privatização do espaço
público e a precarização do mesmo, construindo a ideia de que os cidadãos tem
que se responsabilizar pelo seu bem estar social. Esta cada vez mais enraizada no
imaginário social que se você quer um serviço de qualidade há de se pagar muito
caro por isso, não espere isso da coisa pública. Faz parte ainda desse discurso
à necessidade de higienização das periferias, o estado mínimo consiste em
propiciar as famílias que vivem em condição de miséria, e esteticamente
comprometem a aparência da cidade, a possibilidade de viver feliz em um
conjunto habitacional, com casas padronizadas, minúsculas, enquanto isso
corrobora com os loteamentos infinitos gerando renda na verdade para os grandes
proprietários de terras. Faz parte desse imaginário, a doce ilusão de fazer
parte das transformações, e eu me pergunto transformações para quem? Um exemplo
claro é a construção de um condomínio de luxo em terras sarandienses, o
ECOGARDEN SARANDI que tem seus portões principais voltados para o limite da
cidade com Maringá, o que é muito conveniente, e no fim das contas as polêmicas
que emergiram se atentam somente a questão superficial que estava sendo
disseminada pela mídia, de que o condomínio se chamava ECOGARDEN MARINGÁ, como
se isso realmente fizesse a diferença. A diferença real que existe, tem
relação, com a disparidade de se ter um condomínio de luxo numa cidade que
transfere os habitantes de um conjunto miserável, para casas populares como se
estivesse fazendo a benfeitoria secular e legitimadora da própria campanha política.
Carlos de Paula é realmente revolucionador no quesito reacionário, nunca se viu
alguém conseguir transcender a ideia de conservar o sistema de modo tão
embelezador, usando a máquina pública para sua autopromoção, tendo sua campanha
financiada pelas grandes loteadoras que visionárias compreendem nos projetos de
Carlos de Paula para a cidade, um ótimo negócio para a lógica capitalista de
exploração desmedida das riquezas e da força de trabalho alheia. Existe um
projeto que deve ser de conhecimento de poucos, com o objetivo de transferir o
centro da cidade para a área que hoje se encontra o cemitério da cidade, o
quinze. Muitos empresários já iniciaram a compra de terras por lá, enquanto
isso felicitamos a burguesia pelo conjunto habitacional Mauá, e pelas reformas estéticas
da cidade, que em comparação com prefeitos anteriores, não há o que se
discutir. A coligação a transformação continua, é do DEM partido que endossa
discursos discriminatórios contra minorias como o caso dos homossexuais, é do
PMDB do Kassab que higieniza as favelas queimando-as no fogo do seu inferno
particular, tem o apoio do Beto Richa que fez escola tratando os professores como tratou Lerner e Alvaro Dias no passado, é do PP de Roberto Pupin e Silvio Barros que visavam construir um
sistema de incineração do lixo na cidade, indiferentes aos aspectos ambientais
e aos trabalhadores da reciclagem de Maringá, e por fim, é do PP que tem o
candidato a prefeito Roberto Pupin impugnado, assim como o próprio Carlos de
Paula, que também corre o risco de ter sua candidatura impugnada por beneficiar
por meio da criação de leis os interesses da propriedade privada.
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