visualizações de página

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O EMPIRISMO DA AMIZADE


Sobre qual a maior forma de entender a importância e o tamanho do conhecimento adquirido, é identificá-lo, de acordo com todas as experiências vividas, experimentadas, postas em prática, seja no âmbito da objetividade, ou da mera subjetividade, já que alguns a desprezam, com tanto ardor, neste mundo gerido a provas cientificas numa extremidade, e sandices religiosas em torno de uma fé maniqueísta noutra. Eu, que não sou pesquisador da amizade, menos ainda das relações interpessoais, reconheço que seria ousado dizer alguns pensamentos meus sobre esta dúbia temática, mas ousado, sei que sou, e no campo do empirismo, e das práticas, qualquer um, pode vomitar seus conhecimentos hermenêuticos, publicáveis ou não, nas redes sociais virtuais, ou mesmo reais, sendo ambas as redes tão entrelaçadas como são.
Não sei bem ao certo por que escrevo sobre amizade, sinto que tem relação com uma mistura de saber empírico, com uma não compreensão das entrelinhas. E talvez por não compreender a fundo como se dão estas relações na sua radicalidade, me pergunto e me surpreendo com as várias interpretações que acometem minhas próprias relações. Com as experiências vividas constatei dois tipos de amizades significativas no que tange os conflitos e as contradições imanentes as relações fraternais, a amizade coletiva, e a amizade individual compartilhada.
Amizade coletiva, em suma, diz respeito a relações que se mantém de modo interdependente entre mais de duas pessoas, três, quatro, ou até um grupo maior de amigos, que trazem em comum justamente as ligações criadas em função do grupo, e que não possuem independência ou individualidade, ou seja, neste caso, a amizade esta consolidada em uma convivência também coletiva, não permite continuidade para além de situações que se prendam nos assuntos comungados entres os integrantes deste modelo de amizade. Normalmente, neste caso, você liga para fulano e sicrano, que só sai contigo se beltrano também for. O grupo de amizade coletiva se mantém de modo situacional sem todos os integrantes, mas não de modo permanente. Conflitos gerados isoladamente podem refletir na continuidade dos laços, visto que a interdependência sujeita-se a todas as situações advindas deste modelo de amizade. Não se pode considerar este modelo de amizade, superficial, ou falsa, mas pode-se caracterizá-la enquanto frágil, por depender de muitos fatores externos, e vários temperamentos atuando sob uma mesma relação. A amizade coletiva, também pode ser vitimada pela própria amizade individual, que é responsável direta pela dicotomização de amizades coletivas.
A amizade individual se refere a outro tipo de relação, que se baseia em pilares um tanto mais profundos e estáveis. Porém não menos intensa nos conflitos, cheia de cobranças, ciúmes e possessividade. A amizade individual normalmente é mais duradoura, não depende da interferência nem da presença de terceiros. É movida pelo mais alto grau de sinceridade e cautela, tem base no companheirismo, tanto nos momentos de alegria, quanto nos de tristeza, diferente das amizades coletivas, que na maioria das vezes lhe causa uma sensação de vazio, e dá a impressão de solidão meio a multidão. Uma amizade individual só existe por que ambas as partes compartilham de preferências semelhantes, ideologias, visão de mundo, e características que se encaixam, são pessoas que podem ficar dias conversando, sobre um mundo de coisas sem o tédio, sem a obrigação, sem medo de o assunto acabar. Ou mesmo, são capazes de permanecerem no silêncio por varias horas, quando olhares falam por si sós. Amizade individual tem a vantagem de ser única, e representar um laço mais difícil de ser desatado. Mas não significa eternidade, também sofre seus desgastes, com menos interferências externas, e mais internas, produzidas da própria relação.
As amizades coletivas e individuais interferem uma na outra, por uma amizade coletiva, caracterizada pelos momentos divertidos e leves, pode ocorrer um distanciamento egoísta das amizades individuais, uma fuga da estabilidade, e também a amizade individual pode te deixar dividido entre os mundos distintos que se criam, e a impossibilidade destes caminharem juntos.
No fim das contas, entendemos tão pouco de tudo isso que rodeia as amizades, no fim, de empírico mesmo, só a solidão, por opção ou não, tão mais palpável que qualquer expectativa em outrem. Não é discurso derrotista, nem de vitima, são apenas constatações das vivencias e dos experimentos. E tudo isso só revela, que a amizade é um mal necessário, seja lá qual for o modelo, ninguém vive sem, mesmo que para isso, tenha que imaginá-la, ou inventá-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pedras na janela


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...