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sábado, 19 de setembro de 2009

1° capitulo
Um garoto, não como os outros.


Entre as grandes árvores da pequena floresta da cidade interiorana Burkstiville, entre caminhos tortuosos e densos, no chão, uma mochila, e ao seu redor alguns livros caidos, não somente isso para intrigar, ao alto, quase que na copa das árvores, um garoto. Seus trajes: uniforme. Sim ele flutuava como uma pena, sem alterar em nada o silêncio estridente do ambiente. De forma amena, e mesmo assim aterrorizante, o jeito como seus braços estavam abertos lembravam Jesus crucificado, seu rosto inerte, inespressivo, e com os olhos bem fechados, e a sua volta somente o arrastar das folhas umas sobre as outras por intermédio do vento. Lá embaixo o caminho era o mesmo de sempre, no qual o garoto Edward transitava cotidianamente em direção a escola. Lá em cima, algo absurdamente fora do comum, e ao mesmo tempo tão normal, no silêncio inquebrável da pequena cidade de interior. Como um canto de passáro que quebra o silêncio na flora, os olhos bem fechados se abriram derepente, e é como se a lei da gravidade voltasse a reger, e da copa ao chão foi uma queda violenta, por alguns minutos permaneceu ali deitado sobre os livros e a mochila, confuso, tentando entender o que havia acontecido, machucado e maltrapilho recolheu suas coisas e seguiu caminho até a escola. Um vázio estampado no rosto, e um suar nas mãos que seguravam brutamente as alças da mochila nas costas, um enfrentamento de quem fugiria se pudesse, mas estava ali de fronte a todos os cruéis amigos da escola, por que todo adolescente é cruel e muitas vezes maligno, Edwuard sentiu-se observado de cima a baixo, sentiu-se reprovado, repugnante. Todos o perceberam, alguns sentiram pena, outros nojo ou simplesmente indifereça. Por sinal, talvez não tenha ficado bem claro, mas ele não era o garoto mais popular da escola, concerteza não. Talvez até o contrário, muitas vezes nem ao menos era notado, e quando era, o motivo transcendia em comportamentos estranhos, fora do comum, como chegar na escola com roupas rasgadas e sujas, ou seu isolamento, e falta de amigos. Na verdade podia contar com um amigo, Richard, o tipo de garoto que consegue transitar por todos os universos, o da crueldade, dos anonimos, estranhos e inteligentes. Um bom rapaz. Uma compahia salvacionista para Edward, que não compartilhava muitas amizades. Lentamente, ainda com olhar vázio sobe as escadas em direção aos armários, titubeia um pouco para encontrar suas chaves, e quando abre, coloca suas coisas, Richard aparece do teu lado, com um olhar de espanto.
- Amigão, tá num péssimo estado! O que houve?
-Uma pedra no meio do caminho, e um pouco de falta de equilibrio.
-Pedra grande por sinal, pensei que havia sido atropelado(risos)
-Não. A pedra era realmente grande.
-Tudo bem. Venha, a aula vai começar.
Foram então em direção a sala juntos, ao entrar todos se afastaram arrastando as carteiras, como jovens cruéis que são, fulminam com os olhos. Caminhou até seu lugar, sentou-se, permaneceu em total silêncio, a fim de que esqueçessem que ele estava ali. Logo entra a professora, com uma sequidão nos olhos, deseja um bom dia contido e duvidoso, e avista o estado de Edward. Em um tom arrogante, questiona:
-O que houve com você Edward?!
-Nada.
-Oras! como nada?! Melhor não perder tempo mesmo.
Volta os olhos a losa, indiferente. Nesta sala existe um outro garoto, eu diria o mais cruel de todos, Presley. Em suas atitudes, transcendem o seu não importar-se com ninguém. Inclusive com Edwuard, na verdade principalmente com ele, quase como um sádico prazer. Dentro de sala, só para seu prazer quebrou um pedaço de giz, e arremessou em direção a Edward, se assustou, mas nem olhou para trás. Mas a persiguição é persistente, e outro giz o acertou, todos seguravam os risos na classe sórdida. Edward virou-se e disse:
-Por que não joga a mãe de perna aberta?
Furioso Presley levantou-se em direção a ele, e com sangue no olhar perguntou:
-O que você disse seu idiota?! Repita.
Em defesa Edward se levanta e empurra-o e Presley cai sobre a carteira, a professora vê tudo e é dura.
-Você de novo Edward? Não pode simplesmente ser como os outros da classe?
Olha ao seu redor, nem ao menos diz qualquer palavra, pasmo, furioso, as carteiras abrem caminho para que ele passe, ele sai como um sopro de dragão, deixando berros e portas batendo. Depois de sair aborrecido com a arrogância da professora, que nunca o tratou com afeição, decidiu refletir um pouco, desta forma foi em direção ao lugar que mais o acalmava, o lugar perfeito. No meio das árvores, as águas cristalinas caiam sobre grandes pedras escuras, transformando-se num grande lago azul, cercado por um rasteiro gramado verde claro. Não iria para casa enquanto não desse horário do fim de aula, afinal sua mãe não poderia saber do que houve, deitou-se numa grande pedra, e ao som do riacho contra as pedras cochilou. Horas depois acordou, suspirou, pegou suas coisas, e seguiu até sua casa. Com o mesmo olhar vázio de sempre, lentamente subiu a  pequena escada de frente de sua casa, pôs a mão na maçaneta bem devagar, como quem não quer que ninguem perceba que chegou, com passos leves, mas em vão, sua mãe veio de encontro.
-Filho, vá logo suba e lave as mãos, o almoço está na mesa.
Ela meiga, suáve, tenta agradar incondicionalmente seu filho, as vezes acaba até sendo inocente e cega demais no que diz respeito a ele. Ele subiu, jogou a mochila na cama, sentou-se bem na ponta, tirou o tenis, trocou a roupa e foi até o banheiro, lavou as mãos, olhando no espelho banhou o rosto com água, era como se visse dentro de seus próprios olhos, um garoto perdido em si memso, solitário e sentiu ódio de si. Olhos trêmulos, molhados, formara, uma lágrima que nem teve ao menos chance de correr em teu rosto, foi interceptada abruptamente por sua mãos. Então desceu até a cozinha para o almoço. Cozinha simples, bem contemporânea, e ao mesmo tempo conservadora, as cozinhas de toda a cidade eram muito parecidas, eu diria que o sinal da religiosidade, dos costumes da pequena cidade. Ao redor da mesa Edward, seu pai e sua mãe. Quase nem tocou na comida como de costume. E seu pai também como de costume:
-Você nem tocou na comida.
-Não estou com fome.
Um diálogo impressionante.
-Sua mãe disse que não come nada o dia todo. O que esta havendo?...Estamos pensando em levá-lo ao médico. Você quase nem fala.
Com um olhar frio, ficou ali olhando seus pais, estático, sem saber o que dizer, mas logo seus lábios ressecados, avermelhados e quentes sussuraram:
-Não! Só estou sem fome...isso é tão ruim?
-Mas isso pode não te fazer bem,  é só isso que queremos pra você.
 Uma pausa. Um silêncio. Um desvio. Edward quer saber se pode passar a tarde na casa de Rich fazendo trabalho de escola. Sua mãe claro responde que sim, só pede que volte antes do anoitecer, para o jantar. Ele imediatamente se levanta e diz estar saindo. Sua mãe desajeitada com os pratos na mão:
-Nem ao menos vai comer a sobremesa?
-Guarde um pouco para quando eu voltar.
Chegando na casa do Rich, tocou a campanhia, sabendo que os pais dele não estavam em casa, logo Rich abre a porta o cumprimenta e os dois sobem até o quarto para iniciar o trabalho. O som no quarto é altissímo, uma desordem considerável, lençol ao chão, roupas na cabeçeira da cama, mochila na cama, revistas e gibis por todo o chão. Havia relamente um trabalho a ser feito, mas não fizeram nada além de ver revistas eróticas, gibis e ouvir música. Quase no fim da tarde, pouco antes de ir embora Rch disse que havia entrado no time de futebol da escola. Edward olhou reprendendo-o.
-Está louco! A única tática usada por aquele treinador e a de passar a bola para o Presley.
-Não quero deixar de fazer o que gosto por causa de um babaca como o Presley. E eu sei que você também gostaria de jogar.
-Pode ser, mas não vou ser humilhado agora também no futebol.
Rich insistiu muito para que seu amigo também entrasse no time, com muita resistência Edward decidiu por pensar no assunto, com grandes possibilidades de a resposta ser não. O sol já estava se pondo, o céu sofreu uma metarmofose entre cores laranja e rosa, o horizonte junto a ele formavam uma só imagem, enquanto caminhava para casa. Sua mãe lhe pergunta se fizeram o trabalho. Incerto, e um tanto quanto gago responde.
-Fo...foi pra isso que nos encontramos não é?
-Muito bem! Suba e tome seu banho. O jantar esta quase pronto.
Como sempre pegou sua toalha no quarto, caminhou pelo corredor até o banheiro, para o banho. Quando ascende a luz, seus olhos ardem, são luzes claras e pisos claros demais, logos seus olhos se acostumam, ele abre o box, tira a roupa e liga o chuveiro, os olhos saltam fora de sua cabeça de tão atentos, mas na verdade não está, apenas divaga no interrogatório sobre seu modo de ser que seus pais provavelmente farão na hora do jantar. Pensava e se ensaboava, terminou o banho, abriu o box, enrolou-se na toalha e seguiu até o quarto para vestir-se. Ao descer o jantar já estava na mesa e seus pais estavam lá olhando para ele. Não havia como fugir, restou sentar-se, calado e cabeça baixa, tinha mais medo de seu pai, dele partiam as perguntas medonhas.
-Amanhã vamos ao consultório do doutor Ryan.
Edward comia desesperadamente, sua boca estava cheia, mal respirava.
-Por que está comendo desta maneira filho?
-O problema era comer não é? Pois então, estou comendo.
Um pedaço de brócolis pendurado entre os dentes ao fim da fala. Seu pai não se conteve e sorriu.
-O problema não é somente esse filho, como qualquer pessoa normal você precisa de uma consulta.
-Mas eu não quero.
-Não tenha medo, é coisa simples.
Ele olhou para seu pai pensou no que adiantaria resistir, não respondeu mais nada. Seu silêncio foi seu sim. Depois assistiu um pouco de TV, e logo subiu para deitar-se, entrou em seu quarto e trancou a porta, olhou pela janela e por maior que fosse o calor um vento forte soprava balançando as cortinas. Deitado estava imcomodado com o calor, virou-se  e revirou-se na cama até que permaneceu olhando fixamente para o teto, que começou a girar, Edward transpirava muito, comecou a sentir-se pesado, seintiu-se como pesasse toneladas, começou a afundar na cama sendo engolido pelos lençóis, levado para um outro lugar. O céu estava limpido, um azul intenso, o sol brilhava escaldante, os camponeses trabalhavam muito, as crianças brincavam na lagoa, e as jovens camponesas ajudavam suas mães com os serviços domésticos. Foi então que um misterioso vento surgiu de tras das árvores, as folhas secas comelaram a voar sem rumo, o vento trouxe junto nuvens cinzentas, carregadas de raios e trovões. O céu azul e limpído começava a se fechar e um imenso teto formou-se sobre a cabeça dos camponeses que no desespero começaram a correr desnorteados. Naquele momento Edward sente-se incapaz de fazer qualquer coisa, um silêncio mutúo toma conta, as pessoas corriam lentamente, e ninguém o via ali, aquele teto já não parecia estar firme e derepente começou a desabar, as crianças berravam o nome de suas mães, as jovens saiam junto de suas mães em busca dos irmãos, os homens tentavam impedir a destruição da pequena vila onde moravam desde que nasceram.. Os raios caiam violentamente no caminho dos camponeses desesperados, transformando as casas feitas de palha com muito suor, em chamas, chamas que não se apagam com a chuva que de tão forte tapa a visão dos pobres e miseráveis camponeses. Tudo começa a rodar diante de seus olhos e Edward se desespera por não poder ajudar, é tudo muito lamentável. A destruição já não pode ser contida, nada nem ninguém sairá vivo de tamanha catastrofe, se alguém sair contará com fervor tudo o que passou pra sobreviver a tal tempestade. Derepente Edward acorda molhado de suor, ainda tonto levanta e caminha até a janela, percebe  uma chuva forte lá fora que bate e embaça os vidros, o quarto escuro é iluminado por relâmpagos, ele ficou ali por um bom tempo só observando. Percebeu então latidos, seus vizinhos haviam viajado, e o cachorro deles foi deixado preso, molhado ele latia numa lástima interminável, Edward estava ficando irritado com aquilo, não conseguia dormir, estava definitivamente furioso, de olhos fechados, os dentes rangendo brutalmente, todos os músculos do rosto se contraiam, sua artérias pareciam querer sair do corpo. No vizinho o cachorro latia, próximo a uma garagem onde estavam guardadas algumas ferramentas de jardinagem usadas pelo seu dono, Edward queria muito que os latidos tivessem um fim, uma foice suspensa na parede inesplicávelmente se soltou e abriu a coluna do cão em duas, e os latidos cessaram. Edward mais tranquilo conseguiu dormir.


2 comentários:

Pedras na janela


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