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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Nego atoa





Era a estrela que chamava

Só um lugar pra descansar
Mas era dia, era dia, noite e dia,
Todo dia era noite que acabava
To na rua, to atoa, to atoa
To na rua, to atoa, to atoa
Eu não me lembrava que eu tava de madrugada lá em casa
Mas nem casa eu tenho, tenho casa, casa tenho
Lenho tabua, tabua lenho
Leio livro de baixo calão
Eu me informo, sei o que acontece
Em baixo o frio arde
Em cima o frio desce
Quem é que não conhece?
Lá em baixo alguém, alguém lá em baixo
Subo, engraxo o sapato, sapato engraxo é engraçado
E todo dia tem quem não conhece quem
E nem ao menos sabe se conhece alguém
Ando sem rumo, entro no túnel
To em casa, to atoa, to atoa
To em casa, to atoa, to atoa
Eu não vou trabalhar
Não tenho emprego e nem sossego
Não mereço mais respeito
Inda ouço um grito nego vai trabalhar
Mas ninguém me da emprego
Sou mendigo lá do gueto
Quem vai se incomodar?
Não sou do Rio de Janeiro
Sou Paulista estrangeiro
E não quero é trabalhar
Se for preto é preconceito
Se for pobre é meu defeito
Sou amigo do prefeito quando ele quer ganhar
E todo dia a dia, noite e dia eu tava lá
O dia amanhecia antes eu dormia
Eu tava lá
Agora já não sei
Se estou no caminho certo
Eu to na rua, to atoa, to atoa
To na rua, agora to na rua
O tempo passa o tempo voa
To atoa, to atoa
Quem é que não me vê?
Eu to aqui em baixo
Indiferente é ver que tudo isso
É muito lindo é o paraíso
Isso não é TV, é a realidade
Só maldade, é verdade, é verdade
Não feche os olhos não
Eu to aqui em baixo
Isso é um escracho, tudo na contra mão
Lá em cima ta a ponte
Aqui em baixo ta um cidadão
Que ta atoa, ta atoa
O som ecoa, o som ecoa
Quem ta na boa?
Não somos nós
Quem somos nós?
Quem somos nós?

Um comentário:

Pedras na janela


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