Um brinde ao fracasso! Sim, pois é preciso acreditar nos tempos modernos que bondade e falta de sorte ou oportunidade são destinos merecidos a uma porcentagem ínfima da sociedade. É preciso acreditar que o sucesso esta em cada gesto, e agradecer por estar vivo. Vivo? Vivo?! Oras, pois como acreditar que esta porcentagem imersa na podridão da miséria, do desconforto e das faltas de oportunidades consideram-se vivos? Como acreditar que seus sorrisos contagiantes, e suas crenças esperançosas são realmente verdadeiras? Não são! É a lucidez que é insuportável certos momentos, quase todos. É da lucidez que fugimos em nossos sorrisos descontrolados e inconvenientes, dos nossos “bom dias” e “Eu te amos” despudorados, banhados em hipocrisia e afeto de fim de feira. Como podemos acreditar que somos responsáveis por fracasso ou por sucesso? Como?! É nisso que a lógica mercadológica que dita o quanto se pode amar coisas nos faz acreditar, e nós felizes e satisfeitos com o que os seres divinos tem a nos dar no reino dos céus, acreditamos vide livro sagrado, que o que é nosso, que o que é dos pobres esta guardado após a morte. Ricos queimarão no inferno, no rabo vermelho do capeta Belzebu? Não sei! Mas por enquanto ostentam suas belas mansões, carros, conforto, luxúria, sucesso. Sim, ser rico, ter conforto, vencer na vida é isso, é ter sucesso. Sim, isso é ter sucesso, submeter-se aos mandos e desmandos do modo de produção capitalista, leigos, entenda-se, por sucumbir-se a exploração consentida da unica coisa que nos restou, a força de trabalho. Trabalhos! Por que foi tão bem dividido tudo isso, que trabalho é diferente de pessoa para pessoa, tem aquele que todo mundo sempre sonhou, mas só quem vence na vida pode ter, aquele que valoriza as idéias, as hegêmonicas de preferência, aquele que o sujeito tem casa própria, tem carro popular, viaja todo ano, com muito esforço venceu na vida. Tem aquele que ninguém quer ter, que exige esforço, suor, cansaço e salário que vale o quanto sua ignorância possa pagar. Tem aquele que nem se sonha, é preciso nascer, herdar, tem nome de trono, recebe coroa, tem berço de ouro. Pensa por conseqüência, faz força nos esportes preferidos, esgrima e tennis. Então brindemos ao final feliz, enquanto fracassamos, enquanto vivemos na mediocridade merecida, que nos levará a um paraíso, como numa novela, onde bondade e honestidade vencem no final. Brindemos a loucura, a falta de lucidez necessária para suportar a angústia da espera pela recompensa. Os risos escandalosamente forçados suaviza a escravidão humana. As bem feitorias suavizam a miséria. A esperança suaviza a barbárie.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
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