segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Impeachment? Não obrigado, tenho mais o que fazer.
Estamos vivendo um momento histórico muito esquisito, pra não dizer bizarro. É estranho que o movimento de oposição que clama por mudanças e que pretende sair as ruas para derrubar o poder, esteja avolumado de gente que sempre odiou o “panelaço”, nunca apoiou manifestações, sempre achou uma besteira tudo isso de reivindicar os direitos no grito, e sempre apoiou descer o cassetete em manifestantes. Pra mim é uma experiência nova! É fato que a direita e a esquerda sempre disputaram a massa. A massa é aquele volume morto, despolitizado, em cima do muro, que ora cai pra um lado, ora cai pro outro. Eu sei que muita gente acha anacrônico tratar a atualidade com direita e esquerda, eu discordo, por que eu entendo direita e esquerda como conjunto de ideias. Ninguém escolhe ser de direita ou de esquerda, a gente se enquadra de acordo com nossa visão de mundo, nossas ideias e atitudes. Mas a massa na verdade não é uma coisa, nem outra, a massa é moldável, manipulável, pode ser o que a gente quiser. Mas a disputa pela massa é uma disputa injusta. Por mais que exista liberdade de imprensa, e que tenhamos por ai blogs, paginas e até jornais de esquerda, como seria justo num modelo de sociedade capitalista que meia duzia de blogs de esquerda com pouquíssimo alcance de público possa competir com jornal nacional, revista Veja e enraizamentos, toda uma programação de direita, desde o jornal da manhã, até o jornal da madrugada, esvaziando qualquer mente pra ocupar com o que há de mais vil, a cultura hegemônica, a cultura burguesa. Já ouvi esquizofrênicos enlouquecidos a bradar que as escolas públicas viraram local de doutrinação marxista. Quem me dera! A escola pública no Brasil vem a mais de 500 anos doutrinando para o modelo de sociedade capitalista, para a cultura hegemônica, a cultura branca, cristã, no modelo do patriarcado, e toda e qualquer possibilidade de fazer ao contrário de tudo isso, eu espero em Oxalá que seja feito. No entanto, a massa tende a reproduzir os discursos hegemônicos transmitidos pelos meios de comunicação que estão a serviço da manutenção deste modelo, e neste modelo, ideias de direita são as ideias que movem o mundo e que ditam as regras. Hoje no Brasil, o que temos é uma suposta oposição pedindo por mudanças com ar de transformação, uma espécie de panaceia para a moral e os bons costumes, e um poder que a massa julga ser a esquerda, e como esquerda, de acordo com os instrumentos de comunicação dos quais a direita é dona, não quer dizer uma coisa boa, a massa segue em bloco marchando pelo fim da ditadura comunista no Brasil, e não é a toa que há quem queira que a ordem e o progresso sejam restabelecidos pelos militares. Nessa confusão toda, a esquerda, que não é o PT e que não esta no poder, acho que perde até o rumo, não sabe se confirma presença no evento do Impeachment da Dilma e veste a bandeira do Brasil pra protestar pra aproveitar a onda, não sabe se entra muda e sai calada, não sabe se dá, não sabe se desce. Quer dizer, a esquerda que não é o PT acaba por vezes tendo que reproduzir o mesmo discurso da direita em relação a um um suposto poder de esquerda. Sim, é de se perder o fio da meada. Enfim, eu não apoio de maneira alguma um golpe de estado, o impeachment da Dilma é um golpe orquestrado sem sombra de duvida pelos meios de comunicação que tem como donos a direita. Isso não quer dizer que o governo da Dilma seja de esquerda, isso quer dizer que por mais que o governo do PT tenha se tornado aquilo de mais vil que paira sob os partidos de direita, o PT ainda é um entrave para o projeto da direita no Brasil. E se o PT ainda é um entrave para a tomada do poder pela direita, prefiro o mal lavado pseudo esquerda PT, do que o sujo (restante dos partidos, tirando PCO, PSOL e outros de esquerda). O partido dos trabalhadores que virou sinônimo de corrupção no Brasil graças ao jogral interpretado pelo Bonner e Patricia Poeta, na verdade não reproduz nada de diferente daquilo que a classe dominante faz cotidianamente desde sempre. Eu não quero uma suposta esquerda no poder, assim como não quero a direita assumida. Minhas ideias são esquerdistas, gayzistas, abortistas e libertárias, tô longe de estar em cima desse muro.
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Eu fali, eu falhei.
Hoje é um dia triste, amanheceu
nublado o meu penar, o meu olhar. Amanheceu chuvosa as minhas expectativas, as
minhas ideias, os meus sonhos. E isso não tem absolutamente nada a ver com o
outro, pelo contrário, diz respeito a mim. Eu sei, parece egoísmo, no entanto,
apesar de ter aprendido tantas coisas nos últimos anos, percebi que junto a
estes conhecimentos, adquiri uma visão de mundo que me torna incapaz de tomar
certas atitudes, de voltar atrás em certas relações. Eu não posso mais me
preocupar com o outro por que há tempos não me preocupo comigo mesmo, eu sei
parece egoísmo, no entanto faz tanto tempo que venho misturando o caos pessoal
que é a minha vida com o caos social, com o caos que anda a humanidade, e isso
tem me feito mal. Eu tenho andado distraído, eu tenho gostado de coisas que não
combinam com o moderno das relações humanas, eu tenho estagnado. Acho que de
tanto teorizar, acreditei que na prática eu seria infalível, doce ilusão, eu
fali. Eu falhei como poeta, como romântico, como irônico, como escritor, eu
falhei como amigo, como filho, como irmão, eu falhei com o que eu defendo, eu
falhei com o que eu ensino, eu falhei com o que eu aprendo. Falhei ao falar de
amor como quem sabe do que esta falando, entretanto não sabe nem como ligar. Eu
falhei ao fazer rimas e ser sensível nas palavras gerais, por não conseguir
transmitir essa sensibilidade para minhas relações reais, concretas. Eu falhei
por acreditar que eu era capaz de me comover com a minha própria história, de
chorar pelos meus próprios problemas, quando na verdade, me comove mais a
historia vivida pelos outros.
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