A
segregação socioespacial é um dos principais aspectos que
caracterizam as grandes metrópoles , mas também pode ser vista nas
metrópoles menores e até em pequenas cidades que seguem a mesma
lógica, um exemplo claro dessa segregação no espaço urbano é a
cidade de Maringá, com seus bairros nobres e seu novo centro. O
fenômeno da segregação socioespacial, entendido dentro da lógica
capitalista contraditória, configura-se pela apropriação dos
melhores espaços da cidade pela minoria rica e o afastamento da
população de baixa renda para os espaços mais precários e
desqualificados da cidade. Assim, a segregação socioespacial
reflete as desigualdades econômicas, sociais e de classe
características do sistema capitalista, influenciando nas formas de
ocupação residencial, na oferta de serviços e na infraestrutura.
Nesse
sentido, o principal meio encontrado pelos menos favorecidos para
satisfazer a necessidade de moradia é a autoconstrução, que
reflete o descaso do poder público no investimento de infraestrutura
e serviços, implicando em condições de moradia indignas e
precárias. Sendo assim, o Estado atua como um dos principais agentes
segregadores, atuando em favor dos interesses dos capitalistas, em
detrimento dos interesses da população pobre. O Estado, como agente
legal do direcionamento da habitação de acordo com as classes
sociais, favorece os interesses das classes altas, inviabilizando o
acesso das melhores áreas da cidade às classes menos favorecidas e
omitindo-se em relação aos principais problemas dos espaços
periféricos de habitação. Além disso, vale destacar outra ação
segregacionista do Estado, com a construção de conjuntos
habitacionais populares em lugares distantes do centro da cidade, com
oferta precária e insuficiente de serviços básicos à população,
como ocorreu em Maringá com a construção de Conjuntos
Habitacionais extremamente distantes do centro da cidade e da
infraestrutura oferecida pelo poder público.
Outro
importante agente segregador é o proprietário fundiário, que tem
interesse no aumento do valor de troca da terra e para isso pressiona
o poder público para o investimento em infraestrutura, em troca do
aumento dos impostos cobrados. Assim, é notável a articulação e a
ação conjunta desses dois agentes que colaboram, fundamentalmente,
para a segregação socioespacial.
Outro
ponto não menos importante é identificar diante desse modo de
organização urbano social, como o poder público esta a serviço
não da população, mas sim das empreiteiras, das loteadoras, das
grandes industrias, e dos grandes empresários, bem como a serviço
dos próprios interesses.
No
caso de Maringá, temos claro e límpido como a água jorrando da fonte
com a chegada do fim de ano, como a segregação sócioespacial é
gritante. O poder publico investe consideravelmente no embelezamento
do centro da cidade e dos bairros já ocupados pela classe mais
abastada de Maringá. É possível verificar na segurança massiva no
centro com a circulação constante de policiais, nos canteiros e
flores maravilhosas que enfeitam essas partes especificas da cidade,
na limpeza, na condição do asfalto sempre impecável, nos eventos
oferecidos, enfim, o dinheiro é injetado numa única parte da
cidade, no entanto ele é arrecadado igualmente de todos os
habitantes da cidade, não existe taxação das grandes fortunas.
Enquanto isso o morador dos bairros periféricos, caso queira se
beneficiar de toda essa beleza de fim de ano, pelo menos
temporariamente já que jamais terá condições de morar no centro da
cidade muito menos nos bairros nobres, este, tem que se deslocar do
seu bairro até o centro da cidade onde se concentram os grandes
investimentos em infraestrutura, que valorizam significativamente os
proprietários de terrenos, estabelecimentos, imóveis que se
localizam nesses locais. Os canteiros de Maringá, não são para os
moradores de Maringá, pelo menos não para todos.
E
nesse mesmo sentido vem esse projeto da nova Sarandi, como um modelo
de organização socioespacial segregacionista, que ignora as mazelas
de uma Sarandi já existente para beneficiar os interesses de um
pequeno grupo que tem muito a ganhar, com esse novo espaço, que
antes mesmo de existir já vale um bom dinheiro. Se realmente
houvesse o interesse em beneficiar a população de Sarandi, os
investimentos deveriam ser obviamente destinados a Sarandi que já é
uma realidade, e não numa ideia de uma nova e distante cidade. Se
toda essa infraestrutura, se todo esse projeto, se todo esse
planejamento fosse com o objetivo de revitalizar a Sarandi que já
existe, valorizando quem já tem suas moradias há anos, quem já tem
seus comércios há anos e que há anos sofrem com a precarização do
serviço público, eu acreditaria nesse projeto. Mas se esse projeto
esta sendo idealizado para um espaço vazio, distante do espaço que
já é uma realidade, quer dizer que esse projeto não é para o
morador de Sarandi, esse projeto vai de encontro aos interesses das
loteadoras, de grandes empresários, de gente com bala na agulha para
estar se apropriando dessa nova Sarandi que vai receber toda a
infraestrutura que a velha Sarandi não tem, sem deixar escapar o
detalhe, de que o dinheiro utilizado para isso, vem do contribuinte
da velha Sarandi. Desta forma os moradores reais de Sarandi não
podem corroborar com essa ideia de nova Sarandi, já que esta não é
para os mesmos. Não importa o quão o discurso seja bonito, não
importa o quão o discurso nos diga que a nova sarandi vem no sentido
de melhorar também a velha Sarandi, Mentira! A ordem jamais deveria
ser essa, primeiro a nova e consequentemente a velha, muito pelo
contrário, primeiro deve-se organizar e se investir no que já
existe, e se for necessário a expansão que isso ocorra
naturalmente, e não forçadamente com interesses espúrios de se
auto beneficiar como vem fazendo há tempos a administração
liderada pelo prefeito Carlos de Paula junto com seus vários
comparsas.