Ele era pequeno e o seu mundo era um quarteirão
Desenhava ruas na sua mesma rua,
Cidade era o calçadão.
Não havia prédios, só os que via na televisão.
Na sua rua havia tantas pessoas
Algumas delas quase boas
Outras tinham seus mistérios
Seu medo eram cemitérios
Pessoas mortas e a escuridão
Era criança, era infância de ilusão
Tinha amigos, só os vícios que não eram bons
Ele vivia tão sozinho, mas tinha um irmão
Seus pais não eram tão distintos
Saiam cedo pelo portão
Seu dia era de um menino só
Menino de rua na contra mão
O dia demorava a passar
E a páscoa depois do carnaval
Era o medo do que era mal.
Ele era pequeno, e o seu mundo era o seu quintal
Imaginava uma moto
E uma pedra era o teu pedal
Descalço acordava com os pássaros
E a cada dia um espaço sideral.