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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Desde 1985 que 2011 não é tão novo assim.

Os esperançosos mundanos acreditando desesperadamente por mudanças, ou por um lugar ao sol, no céu, tornam-se subitamente pessoas cordialíssimas nas datas que precedem o fim do ano, o famoso Reveillon. Contudo, fazem estas bizarrices no Natal, e em outros momentos que mereçam tanta hipocrisia na tentativa de parecer verdadeiro e amável. Pois bem, ser um filho de uma puta o ano inteiro, e querer remediar isso com cordialidade barata de fim de ano não me parece a melhor maneira de conseguir o lugar ao sol, mas, garanto que por aqui, lobo em pele de cordeiro é coisa bem comum, e não estranho a simpatia cretina que me depositam nesses dias, afinal, cada um faz o que pode para mostrar que é do bem, e que nunca teve culpa de nada, se é que alguém é culpado por alguma coisa. Eu digo isso pois tenho experiência em finais de ano, desde 1985 que o egoísmo contido ronda as mentes pérfidas a fim de maquiarem os descalabros de toda uma vida. Fez um inferno da vida de todo mundo, passou por cima de sentimentos e pessoas, enganou, e num belo dia como num passe de mágica com as seguintes palavras: Feliz Natal e Feliz Ano Novo, crê-se irresponsavelmente na cura de todos os males, na purificação das próprias almas, como se o dia de hoje, fosse ser tão diferente do dia de amanhã. Em 1995 agitava-se com um futuro iminente, atravessar vorazmente um século, e chegar aos carros voadores, e andróides, como se fosse atravessar um portal mágico. Sim, muitas coisas mudaram bruscamente, diria até que uma espécie de portal se abriu nos últimos tempos, e nessa onda, de imediatismos facilitados, de o que se perde hoje se ganha amanhã, não preciso nem dizer que se configurou nas relações humanas, que nunca foram grande coisa, mas perderam muito o sentido para os emergentes humanos desumanizados no ventre de uma sociedade moderna demais para lhe dar com a sinceridade e com a verdade. Por isso, e por nada mais, minto, entretanto este saber contido se contorce dentro de mim, é por isso que minto, mas meus olhos, meus gestos, meus dedos, não conseguem esconder que no fim do ano, sem hipocrisias, cretinices e falsas congratulações, estou aqui como qualquer outro dia, não para felicitar, nem para amaldiçoar seu inicio de ano, pois ambas as coisas fazem por si próprios, estou aqui somente para mais uma vez compreender que datas são símbolos, e que símbolos organizam, põe ordem, mas não mudam ninguém de verdade.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lucidez


Um brinde ao fracasso! Sim, pois é preciso acreditar nos tempos modernos que bondade e falta de sorte ou oportunidade são destinos merecidos a uma porcentagem ínfima da sociedade. É preciso acreditar que o sucesso esta em cada gesto, e agradecer por estar vivo. Vivo? Vivo?! Oras, pois como acreditar que esta porcentagem imersa na podridão da miséria, do desconforto e das faltas de oportunidades consideram-se vivos? Como acreditar que seus sorrisos contagiantes, e suas crenças esperançosas são realmente verdadeiras? Não são! É a lucidez que é insuportável certos momentos, quase todos. É da lucidez que fugimos em nossos sorrisos descontrolados e inconvenientes, dos nossos “bom dias” e “Eu te amos” despudorados, banhados em hipocrisia e afeto de fim de feira. Como podemos acreditar que somos responsáveis por fracasso ou por sucesso? Como?! É nisso que a lógica mercadológica que dita o quanto se pode amar coisas nos faz acreditar, e nós felizes e satisfeitos com o que os seres divinos tem a nos dar no reino dos céus, acreditamos vide livro sagrado, que o que é nosso, que o que é dos pobres esta guardado após a morte. Ricos queimarão no inferno, no rabo vermelho do capeta Belzebu? Não sei! Mas por enquanto ostentam suas belas mansões, carros, conforto, luxúria, sucesso. Sim, ser rico, ter conforto, vencer na vida é isso, é ter sucesso. Sim, isso é ter sucesso, submeter-se aos mandos  e desmandos do modo de produção capitalista, leigos, entenda-se, por sucumbir-se a exploração consentida da unica coisa que nos restou, a força de trabalho. Trabalhos! Por que foi tão bem dividido tudo isso, que trabalho é diferente de  pessoa para pessoa, tem aquele que todo mundo sempre sonhou, mas só quem vence na vida pode ter, aquele que valoriza as idéias, as hegêmonicas de preferência, aquele que o sujeito tem casa própria, tem carro popular, viaja todo ano, com muito esforço venceu na vida. Tem aquele que ninguém quer ter, que exige esforço, suor, cansaço e salário que vale o quanto sua ignorância possa pagar. Tem aquele que nem se sonha, é preciso nascer, herdar, tem nome de trono, recebe coroa, tem berço de ouro. Pensa por conseqüência, faz força nos esportes preferidos, esgrima e tennis. Então brindemos ao final feliz, enquanto fracassamos, enquanto vivemos na mediocridade merecida, que nos levará a um paraíso, como numa novela, onde bondade e honestidade vencem no final. Brindemos a loucura, a falta de lucidez necessária para suportar a angústia da espera pela recompensa. Os risos escandalosamente forçados suaviza a escravidão humana. As bem feitorias suavizam a miséria. A esperança suaviza a barbárie. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

JUVENTUDE SUPERDESENVOLVIDA


Esses dias eu estava me olhando no espelho e me perguntando, será que faltou feijão? O que será que a genética tem com isso? O fato é que andando pelas ruas da cidade, parando nas “vitrines” das academias com os corpos malhados, a mostra pra quem quiser ver, os produtos expostos como se fossem belas peças de carne de primeira em dia de churrasco. Confesso, corpolatria somado aos desejos de seguir o padrão de beleza, somado as poucas chances de ficar rico, fazem meus olhos brilharem. Inveja branca das crianças que já nascem malhadas, por que só pode ser isso. Quando foi que eles ganharam tantos músculos que eu não vi? Onde eu estava escondido que não acompanhei esse processo de desenvolvimento da juventude? O que eles andaram comendo esse tempo todo? Ainda este ano fui fazer estágio em uma escola estadual em Maringá-PR, e tive que dar aula de Educação Física para uma turma de 3° ano do ensino médio, e posso dizer que foi difícil me sentir a vontade no meio de um bando de bruta montes com quase dez anos a menos que eu. O que me deram para comer que eu não ganhei tanta massa?Onde estavam as academias que eu não malhei para conseguir ter este corpo sarado vendido pela televisão e pelos modelos das propagandas? Estranho como a vaidade aumentou nos últimos anos entre os homens, vejam isso no que diz respeito ao comércio de roupas e de produtos de beleza, muita coisa voltada para este publico. Ganhar uma identidade e fazer parte de algum grupo sempre foram preocupações entre a juventude, mas tanta estilização, tantos modismos, tantas marcas, tantas preocupações com o corpo, será que eu devia ter me preocupado com isso antes? Será que eu estou sendo esquecido? Será que Justin Bieber e Fiuk são realmente referencias a serem seguidas? Meu Deus! Será que eu estudei demais, e malhei de menos? Bem, a realidade é que não é fácil olhar para você e ver que a juventude de hoje dá dois de ti, ver que eles estão mais ativos, será a era do esporte? Da vaidade? Desde quando as crianças se olham no espelho e se sentem desejadas? Sim, por que ao que tudo indica, elas se produzem para sentir-se desejadas, e isso será conseqüência da banalização da sexualidade? Ou serão os novos heróis da sociedade moderna? O ganhador do BBB, os personagens de malhação, quem são as referencias? Quem são os novos heróis? A juventude trás consigo beleza, dinamismo, e superficialidade, isso me lembra muito os produtos modernos, os prédios modernos, a vida moderna esta assim, descartável, mas com uma bela aparência para encher os olhos de qualquer um. Sim, não é por acaso que eu me espantei ao perceber que eu também desejo alcançar este corpo, afinal eu também me encontro em meio as modernidades e as novas estratégias neoliberais de consumo. Mas a verdade é que eu sei que eu não posso acompanhar esse super desenvolvimento, apesar de querer, de acreditar, de desejar. 

CAMINHO DAS FLORES

De passo em passo, percebemos que nem todos os caminhos que escolhemos seguir nos levam para o lugar que pensávamos querer chegar. São várias estações, tempos de reflexão, e hoje, é dia de refletir, dia de pensar se estou no caminho. Não se trata de caminho certo ou errado, faço menção a caminhar de acordo com aquilo que faz parte de mim, parte dos meus princípios, dos meus ideais, e que fique bem claro, que ideais não tem nada a ver com idéias. Caminhar sem sabe onde se quer chegar nunca foi característica minha, mas ouvi celebres frases prontas de que o vento só sopra a favor de quem sabe onde quer chegar. Pois bem, há controvérsias, digamos que eu saiba dos meus objetivos, e que eles estejam bem traçados, mas o ventos sopram ao contrário? Sim, isso é possível! E durante meus passos, digamos que 25 anos de passos, eu aprendi e (des)aprendi muitas coisas, e também desenvolvi sem muito orgulho uma sensibilidade que ninguém pode me tirar. esta sensibilidade me tornou distante de muitos amigos, de muitas felicidades, de tudo aquilo que parecia ser bom, por que no fundo, eu conseguia enxergar algo além, aquilo que se escondia por trás do véu. Essa sensibilidade me fez ganhar várias qualificações, e entre elas o pessimismo, a solidão, a obscuridade, a sequidão, a frieza, enfim, coisas que fazem parte do conjunto da obra, mas que não são minhas principais qualificações. Sendo assim, eu notei, que são dos primeiros contatos que as conclusões são feitas, e que por mais que eu quisesse mudar os rótulos, não seria possível. Quantas pessoas sofrem por apresentarem num primeiro momento qualidades que não são as suas principais características, ficando marcadas a ferro por toda uma vida. Mas é claro que tudo isso pode ser também ao contrario, imagina-se uma primeira aparência de qualidades maravilhosas, de simpatia, alegria, sociabilidade, e no fundo aquela solidão, ou aquela obscuridade? É claro, as pessoas não se constituem de 3 ou 4 sentimentos, estas são frutos de toda uma construção histórica, cheias de determinismos, e os caminhos são tortuosos, porém não são todos que nas paradas ou estações reflitam, pensem, analisem todo este processo conturbado que se estende nas relações humanas. O que alguns diriam virtudes e outros diriam defeitos se confundem dentro de mim, e me fazem seguir o caminho de acordo com a realidade concreta da qual faço parte. Sim existe em mim a subjetividade, porém não é ela a base das escolhas. Portanto, não venha me dizer ou me rotular como se eu não soubesse o que eu sou, eu sei profundamente quem eu sou, e minha sensibilidade me faz enxergar nos outros aquilo que nos afasta perpétuamente.

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