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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Desde 1985 que 2011 não é tão novo assim.

Os esperançosos mundanos acreditando desesperadamente por mudanças, ou por um lugar ao sol, no céu, tornam-se subitamente pessoas cordialíssimas nas datas que precedem o fim do ano, o famoso Reveillon. Contudo, fazem estas bizarrices no Natal, e em outros momentos que mereçam tanta hipocrisia na tentativa de parecer verdadeiro e amável. Pois bem, ser um filho de uma puta o ano inteiro, e querer remediar isso com cordialidade barata de fim de ano não me parece a melhor maneira de conseguir o lugar ao sol, mas, garanto que por aqui, lobo em pele de cordeiro é coisa bem comum, e não estranho a simpatia cretina que me depositam nesses dias, afinal, cada um faz o que pode para mostrar que é do bem, e que nunca teve culpa de nada, se é que alguém é culpado por alguma coisa. Eu digo isso pois tenho experiência em finais de ano, desde 1985 que o egoísmo contido ronda as mentes pérfidas a fim de maquiarem os descalabros de toda uma vida. Fez um inferno da vida de todo mundo, passou por cima de sentimentos e pessoas, enganou, e num belo dia como num passe de mágica com as seguintes palavras: Feliz Natal e Feliz Ano Novo, crê-se irresponsavelmente na cura de todos os males, na purificação das próprias almas, como se o dia de hoje, fosse ser tão diferente do dia de amanhã. Em 1995 agitava-se com um futuro iminente, atravessar vorazmente um século, e chegar aos carros voadores, e andróides, como se fosse atravessar um portal mágico. Sim, muitas coisas mudaram bruscamente, diria até que uma espécie de portal se abriu nos últimos tempos, e nessa onda, de imediatismos facilitados, de o que se perde hoje se ganha amanhã, não preciso nem dizer que se configurou nas relações humanas, que nunca foram grande coisa, mas perderam muito o sentido para os emergentes humanos desumanizados no ventre de uma sociedade moderna demais para lhe dar com a sinceridade e com a verdade. Por isso, e por nada mais, minto, entretanto este saber contido se contorce dentro de mim, é por isso que minto, mas meus olhos, meus gestos, meus dedos, não conseguem esconder que no fim do ano, sem hipocrisias, cretinices e falsas congratulações, estou aqui como qualquer outro dia, não para felicitar, nem para amaldiçoar seu inicio de ano, pois ambas as coisas fazem por si próprios, estou aqui somente para mais uma vez compreender que datas são símbolos, e que símbolos organizam, põe ordem, mas não mudam ninguém de verdade.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lucidez


Um brinde ao fracasso! Sim, pois é preciso acreditar nos tempos modernos que bondade e falta de sorte ou oportunidade são destinos merecidos a uma porcentagem ínfima da sociedade. É preciso acreditar que o sucesso esta em cada gesto, e agradecer por estar vivo. Vivo? Vivo?! Oras, pois como acreditar que esta porcentagem imersa na podridão da miséria, do desconforto e das faltas de oportunidades consideram-se vivos? Como acreditar que seus sorrisos contagiantes, e suas crenças esperançosas são realmente verdadeiras? Não são! É a lucidez que é insuportável certos momentos, quase todos. É da lucidez que fugimos em nossos sorrisos descontrolados e inconvenientes, dos nossos “bom dias” e “Eu te amos” despudorados, banhados em hipocrisia e afeto de fim de feira. Como podemos acreditar que somos responsáveis por fracasso ou por sucesso? Como?! É nisso que a lógica mercadológica que dita o quanto se pode amar coisas nos faz acreditar, e nós felizes e satisfeitos com o que os seres divinos tem a nos dar no reino dos céus, acreditamos vide livro sagrado, que o que é nosso, que o que é dos pobres esta guardado após a morte. Ricos queimarão no inferno, no rabo vermelho do capeta Belzebu? Não sei! Mas por enquanto ostentam suas belas mansões, carros, conforto, luxúria, sucesso. Sim, ser rico, ter conforto, vencer na vida é isso, é ter sucesso. Sim, isso é ter sucesso, submeter-se aos mandos  e desmandos do modo de produção capitalista, leigos, entenda-se, por sucumbir-se a exploração consentida da unica coisa que nos restou, a força de trabalho. Trabalhos! Por que foi tão bem dividido tudo isso, que trabalho é diferente de  pessoa para pessoa, tem aquele que todo mundo sempre sonhou, mas só quem vence na vida pode ter, aquele que valoriza as idéias, as hegêmonicas de preferência, aquele que o sujeito tem casa própria, tem carro popular, viaja todo ano, com muito esforço venceu na vida. Tem aquele que ninguém quer ter, que exige esforço, suor, cansaço e salário que vale o quanto sua ignorância possa pagar. Tem aquele que nem se sonha, é preciso nascer, herdar, tem nome de trono, recebe coroa, tem berço de ouro. Pensa por conseqüência, faz força nos esportes preferidos, esgrima e tennis. Então brindemos ao final feliz, enquanto fracassamos, enquanto vivemos na mediocridade merecida, que nos levará a um paraíso, como numa novela, onde bondade e honestidade vencem no final. Brindemos a loucura, a falta de lucidez necessária para suportar a angústia da espera pela recompensa. Os risos escandalosamente forçados suaviza a escravidão humana. As bem feitorias suavizam a miséria. A esperança suaviza a barbárie. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

JUVENTUDE SUPERDESENVOLVIDA


Esses dias eu estava me olhando no espelho e me perguntando, será que faltou feijão? O que será que a genética tem com isso? O fato é que andando pelas ruas da cidade, parando nas “vitrines” das academias com os corpos malhados, a mostra pra quem quiser ver, os produtos expostos como se fossem belas peças de carne de primeira em dia de churrasco. Confesso, corpolatria somado aos desejos de seguir o padrão de beleza, somado as poucas chances de ficar rico, fazem meus olhos brilharem. Inveja branca das crianças que já nascem malhadas, por que só pode ser isso. Quando foi que eles ganharam tantos músculos que eu não vi? Onde eu estava escondido que não acompanhei esse processo de desenvolvimento da juventude? O que eles andaram comendo esse tempo todo? Ainda este ano fui fazer estágio em uma escola estadual em Maringá-PR, e tive que dar aula de Educação Física para uma turma de 3° ano do ensino médio, e posso dizer que foi difícil me sentir a vontade no meio de um bando de bruta montes com quase dez anos a menos que eu. O que me deram para comer que eu não ganhei tanta massa?Onde estavam as academias que eu não malhei para conseguir ter este corpo sarado vendido pela televisão e pelos modelos das propagandas? Estranho como a vaidade aumentou nos últimos anos entre os homens, vejam isso no que diz respeito ao comércio de roupas e de produtos de beleza, muita coisa voltada para este publico. Ganhar uma identidade e fazer parte de algum grupo sempre foram preocupações entre a juventude, mas tanta estilização, tantos modismos, tantas marcas, tantas preocupações com o corpo, será que eu devia ter me preocupado com isso antes? Será que eu estou sendo esquecido? Será que Justin Bieber e Fiuk são realmente referencias a serem seguidas? Meu Deus! Será que eu estudei demais, e malhei de menos? Bem, a realidade é que não é fácil olhar para você e ver que a juventude de hoje dá dois de ti, ver que eles estão mais ativos, será a era do esporte? Da vaidade? Desde quando as crianças se olham no espelho e se sentem desejadas? Sim, por que ao que tudo indica, elas se produzem para sentir-se desejadas, e isso será conseqüência da banalização da sexualidade? Ou serão os novos heróis da sociedade moderna? O ganhador do BBB, os personagens de malhação, quem são as referencias? Quem são os novos heróis? A juventude trás consigo beleza, dinamismo, e superficialidade, isso me lembra muito os produtos modernos, os prédios modernos, a vida moderna esta assim, descartável, mas com uma bela aparência para encher os olhos de qualquer um. Sim, não é por acaso que eu me espantei ao perceber que eu também desejo alcançar este corpo, afinal eu também me encontro em meio as modernidades e as novas estratégias neoliberais de consumo. Mas a verdade é que eu sei que eu não posso acompanhar esse super desenvolvimento, apesar de querer, de acreditar, de desejar. 

CAMINHO DAS FLORES

De passo em passo, percebemos que nem todos os caminhos que escolhemos seguir nos levam para o lugar que pensávamos querer chegar. São várias estações, tempos de reflexão, e hoje, é dia de refletir, dia de pensar se estou no caminho. Não se trata de caminho certo ou errado, faço menção a caminhar de acordo com aquilo que faz parte de mim, parte dos meus princípios, dos meus ideais, e que fique bem claro, que ideais não tem nada a ver com idéias. Caminhar sem sabe onde se quer chegar nunca foi característica minha, mas ouvi celebres frases prontas de que o vento só sopra a favor de quem sabe onde quer chegar. Pois bem, há controvérsias, digamos que eu saiba dos meus objetivos, e que eles estejam bem traçados, mas o ventos sopram ao contrário? Sim, isso é possível! E durante meus passos, digamos que 25 anos de passos, eu aprendi e (des)aprendi muitas coisas, e também desenvolvi sem muito orgulho uma sensibilidade que ninguém pode me tirar. esta sensibilidade me tornou distante de muitos amigos, de muitas felicidades, de tudo aquilo que parecia ser bom, por que no fundo, eu conseguia enxergar algo além, aquilo que se escondia por trás do véu. Essa sensibilidade me fez ganhar várias qualificações, e entre elas o pessimismo, a solidão, a obscuridade, a sequidão, a frieza, enfim, coisas que fazem parte do conjunto da obra, mas que não são minhas principais qualificações. Sendo assim, eu notei, que são dos primeiros contatos que as conclusões são feitas, e que por mais que eu quisesse mudar os rótulos, não seria possível. Quantas pessoas sofrem por apresentarem num primeiro momento qualidades que não são as suas principais características, ficando marcadas a ferro por toda uma vida. Mas é claro que tudo isso pode ser também ao contrario, imagina-se uma primeira aparência de qualidades maravilhosas, de simpatia, alegria, sociabilidade, e no fundo aquela solidão, ou aquela obscuridade? É claro, as pessoas não se constituem de 3 ou 4 sentimentos, estas são frutos de toda uma construção histórica, cheias de determinismos, e os caminhos são tortuosos, porém não são todos que nas paradas ou estações reflitam, pensem, analisem todo este processo conturbado que se estende nas relações humanas. O que alguns diriam virtudes e outros diriam defeitos se confundem dentro de mim, e me fazem seguir o caminho de acordo com a realidade concreta da qual faço parte. Sim existe em mim a subjetividade, porém não é ela a base das escolhas. Portanto, não venha me dizer ou me rotular como se eu não soubesse o que eu sou, eu sei profundamente quem eu sou, e minha sensibilidade me faz enxergar nos outros aquilo que nos afasta perpétuamente.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fundo Falso


Um dia de domingo, e um fundo falso pra esconder a dor
Um belo riso, e um choro amargo, ensurdecedor
Forjando laços já desfeitos, amigos tolos, imperfeitos
Quem me dera saber do que são feitos
Se, são de aço, de peito inflado
Ou são armários desenterrados
Abarrotados de tantas peças, donde as velhas são peripécias
Amam as novas, como quem sabe amar
Deixam as velhas a “cabidar”
Penduradas, desconcertadas, como se nunca a vissem lá
No fundo falso no falso fundo aquela peça plácida e florida
Aquela rosa no cabelo, e aquele brilho no olhar
Eram meros objetos de adorno a se mostrar
São vestes que te servem da prima - vera ao verão
Vira volume, vira cabide, são amigos de estação
Nos surpreendem a cada instante com frases longas desconcertantes
Que nada dizem, mas que se lê
Não se traduzem, nem reproduzem
São as verdades no que se crê
E acreditam impiedosos, são amorosos e inculpáveis
E nem por um minuto concluem:
Que cada peça esta onde foi posta, pela conduta, pela disputa
Amigo troféu, estandarte, é a resposta
E cabe em qualquer fundo falso
Onde se queira esquecer
Para polir a nova peça, a nova conquista, o novo pódio
Nessa corrida de popularidade, de status, de nada.
Nesse fundo falso cheio de ódio
De peças usadas e descartadas.
No fundo, falso.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

V EBEM


Apresentação

O EBEM – Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo – é um encontro de âmbito nacional que tem por objetivo possibilitar a discussão entre investigadores, professores, estudantes, militantes dos movimentos sociais e os diversos núcleos de pesquisa no país que abordam o tema da educação na perspectiva teórico-metodológica do materialismo histórico.
Dando continuidade aos encontros anteriores, temos a satisfação de apresentar o V EBEM, sob o título “Marxismo, Educação e Emancipação Humana”, organizado por pesquisadores e professores da Universidade Federal de Santa Catarina, vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Ciências da Educação e ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. O Encontro acontecerá em Florianópolis, no campus da Universidade Federal de Santa Catarina, nos dias 11, 12, 13 e 14 de abril de 2011.
Esta edição do evento contará com espaços de reflexão distribuídos entre diferentes mesas temáticas. Também acontecerão apresentações de trabalhos, que serão inscritos mediante submissão de resumos.


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Brasil e suspense?

A mini série global, que passa apenas uma vez por semana, carregada de suspense, com a atuação unica de Selton Melo e Juca de Oliveira, dentre outros, que se entregam ao estilo noir, em uma intrigante história do autor João Emanuel Carneiro. De fato, nunca imaginei que uma série brasileira tivesse este potencial de imagens, de enredo, de suspense. A história gira em torno de uma cidade que cresceu com as minas de ouro e em nome de uma membro histórico desta cidade, José Silvério, que explorava minas, e negros, de forma violenta e brutal, sempre passando por cima de todos para conseguir o que queria. O impressionaste é que O enredo se passa em dois grandes momentos em Diamantina. Há dois ambientes paralelos:  um que  acontece no século XVIII e outro nos dias atuais.. O jovem Dimas volta para sua cidade depois de estudar medicina em São Paulo e ter sido internado também com problemas psicológicos, em busca de uma chance no hospital da cidade. Quando chega na cidade muitos acontecimentos do passado são resgatados, a morte de um amigo de infância do qual foi acusado durante muito tempo, e logo os comentários rondam a cidade. Uma estranha mulher Edelweiss o procura, dizendo que ele lembra o Otto, um antigo médico da cidade que ficou famoso por praticas de curandeirismo, e já morreu. A mulher diz que ele tem que curar ela, ele convencido de que algo estranho realmente esta havendo a leva num lugar longe da cidade e faz uma cirurgia espiritual, daí em diante Dimas fica confuso, e começa a investigar então, a vida do antigo curandeiro, o Otto, e acaba descobrindo que ele foi assassinado pelos poderosos da cidade. Muitas coisas vão se revelando, de modo bem acorrentado e instigante,  e no desenrolar da trama, Dimas acredita ser também um curandeiro, encarnação de um médico que praticava este tipo de cirurgias, mas na cidade muita gente não quer que isso aconteça, pois remete a acontecimentos secretos do passado, porém outros que recebem o beneficio da cura idolatram Dimas, isso cria uma tensão na cidade. Muitas pessoas desconfiam, acham Dimas louco, e assim ele tem que tentar descobrir por que Otto foi assassinado, sem saber que por trás de toda essa rede de segredos, há muito mais coisa que ele poderia imaginar. José Silvério acometido por uma porção de veneno da alma por um índio, vai morrendo aos poucos por uma lepra, e encontra a esperança de sobreviver em um menino curandeiro, o qual ele compra dos pais, mas o menino recusa curá-lo, José então o tortura, de todas as formas possíveis. Paralelo a isto, Dimas descobre que Otto, não esta morto, o que trás grandes surpresas, e uma palpitação muito grande para entender quem realmente são os vilões desta história impressionante, e excitante. São várias reviravoltas no decorrer da trama, confundindo e aguçando a curiosidade dos telespectadores.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

De todos os dias estes são os piores



Nos últimos dias eu tenho acordado com poucas expectativas, e isso se estende em grande a parte as pessoas, ao mundo, as atitudes, aos laços. Há muito tempo que tanta coisa havia deixado de ser problema, há muito tempo que eu aprendi a ser quem sou sem temor, há muito tempo aprendi que basta ter em quem confiar e tudo se torna tão mais simples e enriquecedor. Há um bom tempo eu tenho aprendido tanto na vida, sobre mim, sobre as pessoas, sobre o mundo. Entretanto, o que pensar quando tudo o que se aprende não supera a realidade se despedaçando na sua frente? O que fazer quando não se encontra mais um alicerce, uma base, algo sólido. Sim, o que fazia tanto sentido torna-se vazio, uma imensidão de nada. Mas por que pessoas um dia preenchem de forma tão intensa, por que o mundo te deixa na mão, com suas expectativas, com seus planos? 


Hoje eu acordei e procurei tentar entender o que esta havendo, dei play numa música animada "All the lovers" corri lá fora, e achei que ia encontrar um belo sol, achei que ia abrir os braços e respirar profundamente, e renovar minhas energias para uma nova jornada, mas não, a chuva era intensa, trovões, relâmpagos e muitos ventos. "É isso!" eu pensei, é dessa realidade que eu estou falando, é desse jeito que as coisas tem de darem sempre erradas que eu nunca me acostumo. Um dia você acorda contente com o seu trabalho, depois de ter feito tudo com tanto amor e tanta dedicação, observa que o dia tem tudo pra dar certo, o céu límpido, e uma brisa encantadora, eis que já se precipita um demônio e lhe diz que depois de tudo teu lugar não é mais ali, que a partir de então estas a disposição. E eu lhe pergunto, a disposição do que? Do desemprego, da ilusão, dos péssimos inimigos ao meu redor? Mas ainda não acabou, muita coisa ainda há de acontecer, ainda há de esperar o conforto, a sensibilidade, e o que recebe? A indiferença, a desconfiança, a infidelidade, a troca.

Hoje eu acordei, e já não eram mais as mesmas coisas de ontem, já havia perdido a segurança, os planos e a vontade de lutar que adquiri com tanto esforço, para assim tão subitamente ter que voltar a estaca zero. Mas isso não basta, ainda me vi no espelho, e não consegui me encontrar, lá só restava alguém distante, alguém com quem perdi o contato a muito tempo, mas que voltou a me assombrar. O orgulho de não ser nada nem ninguém. e no fim de tarde desse mesmo dia eu dancei "all the lovers" , sim eu rodei a casa toda, e ela estava vazia em todos os cantos, em todos os móveis, em todos os retratos, em todos os livros, e eu chorei, chorei por que esse dia não existia de verdade, e nunca existiu, foi sempre uma criação inconsciente e inesperada da minha mente. 

Hoje eu acordei com esperança, se me dissessem apenas um signo de amizade, eu reviveria tudo em segundos como se nunca houvesse tido barreiras. Eu teria voado se fosse preciso, eu aceitaria tudo, e esqueceria tudo. Hoje eu encontrei em vários lugares do mundo vida, vida como a minha, pessoas como eu, e me animei. Contudo, elas não eram reais, existiam apenas na TV, nos Twitters, só na minha cabeça, bem como sempre foi. A culpa foi minha de fazer do amigo imaginário, algo tão real a ponto de conseguir tocar.




quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Acabou o romantismo



Por Pedro Nechiling


Hoje acordei triste. Uma tristeza profunda e seca, daquelas que tiram as cores do dia por mais belo que ele amanheça como amanheceu hoje no Rio de Janeiro. Uma vontade de ficar quieto e não me mexer, nenhuma vontade de falar ou sorrir.
Compromissos marcados, pendências importantes, nada pude fazer que não me atirar da cama e partir pra luta. E num esforço tremendo para não sucumbir, consegui encerrar o expediente de funções a cumprir, acompanhado o dia inteirinho por essa melancolia azeda no peito.
Agora há pouco, enquanto dirigia de volta pra casa, me peguei pensando que não está legal o mundo em que vivemos. Simples assim. Tenho 28 anos e me assusta pensar que não vivi tanto tempo assim para me sentir tão nostálgico e anacrônico quanto me sinto hoje. Tenho de verdade a impressão que quando era criança, e isso não faz nem duas décadas completas, vivíamos em outro mundo, muito mais leve e alegre. Onde ser feliz era mais viável. Havia mais romantismo no ar.
A cada dia que passa, a cada notícia que leio, a cada nova tragédia cotidiana que nos assalta, tenho a sensação de que estamos caminhando para o fim do romantismo e, por favor, não tenham uma leitura simplista do que defino como romance. Não estou me referindo a relacionamentos amorosos e afins. Mas sim a uma leveza, um savoir-faire, um jeito mais delicado de encarar a vida.
A humanidade endureceu muito nos últimos tempos. Numa reação em cadeia, do macro ao micro, nos tornamos mais isolados e reprimidos, olhamos menos para o outro, gerando uma sociedade cada vez mais dividida e desigual, desunida e assustada. Sinto falta de uma época onde coisas simples eram de fato mais simples, onde pequenas transgressões inofensivas do dia-a-dia não tinham consequências trágicas, de menos paranóia generalizada, de menos violência ao próximo e mais amor.
Estou cansado de ver gente morrendo à toa, de assistir um bando de seres cada vez menos humanos tendo atitudes inconcebíveis e as julgando normais, acreditando de verdade que no final poderão rir da cara de todo mundo. Estou cansado de ver gente assim rindo da cara de todo mundo no final. Estou farto de agressividade gratuita no dia-a-dia como se isso fosse tolerável e normal. Da falta de respeito ao direito e às escolhas de cada um. Estou de saco cheio dessa pretensa comédia que não tem a menor graça.
Precisamos agir. Mais do que nunca as atitudes de cada um em prol do coletivo se tornam fundamentais para mudar o curso esquisito que caminha a humanidade. Só nós mesmos, a cada segundo, em cada atitude, a cada escolha, podemos com serenidade preparar um futuro mais bonito do que os dias estranhos que temos vivido, com mais tolerância, carinho e respeito. Com mais romantismo. Porque do jeito que está não está legal.  Hoje eu acordei triste. E vou dormir triste também. Mas não quero deixar de acreditar num amanhã melhor.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleições 2010: o Bolo fecal da democracia

 E mais uma vez a constatação de que toda maioria é burra, de que toda maioria é justamente a massa que faz desse bolo um enorme bolo fecal. Não vou defender nenhum candidato a senado, a deputado a presidente, por que longe de mim ir contra a maioria, a absoluta maioria, que torna minha vida cheia das desgraças de uma sociedade regrada pelos ideais burgueses. Não posso ir contra uma maioria que tornou minha vida parte de um país miserável, imerso na pobreza, das coisas e da alma. Como reclamar de uma maioria que tornou a política um programa humorístico de televisão, que dá plenos poderes para os patrões continuarem a exploração dos trabalhadores? Francamente, quem sou eu para ter algum direito de escolha no país que se orgulha de uma falsa democracia, de uma pseudo liberdade, onde escolher é justamente optar pelo que lhe é oferecido, mesmo sendo o que há de pior. Como se opor a uma maioria que sabe muito bem como protestar, votando em ícones da comédia pastelão, como se fosse realmente demonstrar alguma forma de resistência. Eu tenho mesmo é que agradecer por continuar a mercê das mazelas dos donos do capital, pelos donos das industriais, pelos donos dos pedágios, das multi nacionais, pelos donos da comunicação, pelos nossos donos, que a cada eleição sabe bem como nos por as coleiras, e manter este véu que cobre a realidade, mesmo sendo um véu transparente, ainda sim, o cão sem dono covarde com medo de perder o osso, mantém o capital aos capitalistas, vitima dos paradigmas. É o país onde o homem aprende desde cedo a votar, por que precisa ser um cidadão, contudo é o país que não precisa de educação, que não precisa de cultura, que não precisa saber as verdades, basta saber contar até dez, e diferenciar algumas cores, verde, vermelho e branco. É disso que se precisa para que a mais pura e mais falsa democracia possa se realizar. Vamos ser democráticos, chamem os índios analfabetos e excluídos de todos os seus direitos primitivos a elegerem, a contarem como volume nas eleições. Venham nordestinos vitimas da pobreza, essa é a hora de mostrar que são parte do Brasil, sim, quer melhor momento que esse, o de por alguém no poder, que não te representa, e que vai continuar a te explorar, lhe pondo cada vez mais a margem da sociedade, engorde este bolo fecal. É dessa maioria que eu deveria me sentir orgulhoso? É deste país que deveria me sentir parte? Não posso me orgulhar de uma maioria conservadora dos costumes alheios. Não posso me orgulhar de uma sociedade desarticulada e conformada. Venham vocês também que não fazem questão de saber de política, é desse tipo de gente que os donos do capital gostam, assim o bolo aumenta mais e mais. Não vou dizer que brasileiro é burro, pelo menos não por que quer, é burro por que querem, sim, entendam, que nos fazem burros, entendam que político nenhum quer dar educação para a massa, entendam que a precarização da educação é proposital, pois é muito mais fácil manipular uma massa sem massa encefálica, que pessoas cultas, detentoras do conhecimento sobre a economia política, sobre o desenvolvimento da sociedade, sobre a história, sobre tudo. Essa condição de classes médias, classes médias altas, classes altas, é que cegam totalmente esta paisagem de desigualdade, de anti democracia, e nos tornam pessoas sem consciência de classe, nos pondo uns contra os outros, sem jamais notar, que nesta briga, existem apenas dois lados, os donos do capital, e os explorados por eles, seus escravos por opção. Eu realmente não posso propor soluções, mesmo por que, quem sou eu, para resolver o problema de uma maioria que já tem dono. Deixo então a ponta do véu levantada para que tirem as próprias conclusões, e quiçá não serão mais parte deste bolo fecal que chamam de cidadãos exercendo seus direitos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Reluzir de felicidades

De verdade, eu não quero saber da tua nova vida, eu quero saber de mim e do meu egoísmo senil. Sim, eu já estou velho demais para viver do seu lado. É como se fosse um sapato com a sola gasta, que não te traz o mesmo conforto. Eu sei bem como é cansar de coisas velhas, e sei melhor ainda com é o reluzir de algo tão inovador em nossas vidas. Sei por que já senti isso ao teu lado. Mas tudo bem, eu acho que já fui feliz o bastante, quanta gente há de ser feliz por aí, acho que é vez de outros sentirem o que eu tive o prazer de sentir um dia. E fique tranqüilo, se é que em algum momento preocupou - se, pois enfim, eu estou muito bem. É a serenidade de quem sempre soube que toda felicidade um dia acaba, eu sei, por que felicidades vêm e vão, não dá pra segurá-la como tua posse por toda a vida, mesmo que pareça a principio difícil deixá-la ir assim, sem lutar. Mas não há de se lutar contra a felicidade dos outros, nem contra a sua própria, é preciso deixar que as coisas caminhem com naturalidade. Não adianta pedir às pessoas que não mudem, pois até você vai mudar um dia. E se a felicidade parece estar tendo um fim para mim hoje, muito provável este fim vai fazer parte da tua vida um dia, ou você ainda acredita que a felicidade é infinita? Se nem o tempo que desperdiças esquecendo-se da felicidade passada é infinito. Sim, eu não fui somente, também soube fazer feliz, contudo o fim é o melhor começo, muita gente por aí precisa da nossa felicidade, e por quais caminhos tu vais, que estes não serão os mesmos que os meus, pois restringiria a harmonia a um único ciclo. E é desta harmonia fatigante que estamos cansados não é? Não, eu jamais me cansaria da felicidade, não é isso, eu quero dizer que eu entendi o que tem realmente que ser feito. É como amar alguém que não te ama, e saber que ser feliz é vê-la sendo feliz mesmo que longe, mesmo amando outro alguém. Não, eu não quero saber do teu agora, por que o teu agora é reluzente demais, e ofusca o meu brilho, e duas estrelas não podem competir o mesmo céu, por mais que o céu pareça infinito, não, a felicidade não é. No entanto, há sempre felicidade em algum lugar, como sempre se encontrou, elas simplesmente nunca serão as mesmas. Nem eu, nem você podemos voltar ao ponto inicial. A felicidade não esta mais lá, e hoje me sinto melhor sabendo que ela não terminou em ti, que saberás desfrutar dela em outros caminhos, só não a desperdice pensando ser infinita, ela acaba assim que outras felicidades reluzirem e te ofuscarem. 

sábado, 25 de setembro de 2010

Quais são as palavras que nunca são ditas?

Tudo o que eu preciso é de uma conversa, sabe. Não dá mais pra guardar estes sentimentos dentro de mim. Eu preciso dizer que eu ando me sentindo mal, e que em meio aos livros, textos e obrigações do dia a dia, eu ando buscando uma fuga. Eu preciso dizer que eu me sinto traído, e que tudo isso vem me fazendo mal. Eu preciso dizer que tenho me sentido só, e sem vontade de lutar. Eu preciso dizer que tenho me sentido cansado das pessoas, por mais que eu as ame. Eu preciso dizer que tudo isso, que toda essa angústia me persegue todas as noites antes de dormir, mesmo tentando esquecer. Eu preciso dizer que eu não estou distante, mas sim no lugar onde me puseram. Eu preciso dizer que estou com medo de um dia não mais enxergar, minha visão anda cada vez pior. Eu preciso dizer que tenho medo de projetar até o último dia, sem que nada aconteça de verdade. Eu preciso dizer que eu ensaio todo dia o “eu te amo” que eu queria dizer a tanta gente. Eu preciso dizer que eu nunca me dei bem com as tecnologias, eu sempre estrago tudo. Eu preciso dizer que meu sonho mais puro, é ter uma câmera nas mãos e sair filmando os recortes da vida por aí. Eu preciso dizer que eu adoraria ganhar dinheiro com isso. Eu preciso dizer que o que eu mais gosto, é sentar-se em baixo de uma árvore e rever velhos álbuns de fotos. Eu preciso dizer que nos meus sonhos o que eu mais gostava era os em que eu voava. Eu preciso dizer que eu ainda não compreendi minha missão neste mundo tolo. Eu preciso dizer que as pessoas fazem, falta quando estão distantes. Eu preciso dizer que me lembro bem dos amigos da quarta série, e dos teatros que apresentávamos nas outras turmas. Eu preciso dizer que eu já acreditei em mim, e que hoje me sinto uma eterna dúvida. Eu preciso dizer que tenho medo de envelhecer, e que os dias estão passando rápidos demais. Eu preciso dizer que acredito em Deus, mas não acredito na igreja, ela é feita de homens. Eu preciso dizer que meu maior defeito é o orgulho, matei vários sentimentos com isso. Eu preciso dizer que odeio me olhar no espelho, mas adoro tirar fotos. Eu preciso dizer que todos os momentos estão guardados no meu peito, mesmo que nunca mais se repitam. Eu preciso dizer que não sou frio, nem seco, apenas não sei demonstrar em gestos o que sinto. Eu preciso dizer que odeio sentir-me observado, e que odeio chegar sozinho em algum lugar cheio de gente. Eu preciso dizer que, várias vezes sonhei viajar, mas sempre perdia o ônibus. Eu preciso dizer que eu quero muito ter um jipe. Eu preciso dizer que tenho medo de dizer quem eu sou, mas não me envergonho disso. Eu preciso dizer que ando ouvindo pouca música, que ando rindo muito menos, que ando com vontade de dormir para sempre. Eu preciso dizer que eu cansei das paredes pretas do meu quarto. Eu preciso dizer que eu queria ser mais presente com as pessoas que eu amo. Eu preciso dizer que eu adoraria trabalhar se não fosse mera obrigação, se não fosse mera subsistência. Eu preciso dizer que eu não acredito em coincidências, mas que elas são incríveis quando frente aos nossos olhos. Eu preciso dizer que minha felicidade oscila, e que eu escrevo muito mais quando infeliz. Eu preciso dizer que eu gostaria de receber todos em casa freqüentemente, porém isso não acontece. Eu preciso dizer que adoro atenção, me faz sentir vivo. Eu preciso dizer que eu não queria uma parede frente à janela do meu quarto, queria um campo verde. Eu preciso dizer que eu penso muito antes de fazer qualquer coisa. Eu preciso dizer que eu já quase morri afogado, que um amigo me salvou, e que antes disso um cachorro tentou me avisar. Eu preciso dizer que minha sensibilidade é muito aguçada, e percebo nos olhos das pessoas o que esta se passando, mesmo muitas vezes não interferindo. Eu preciso dizer que eu tenho mil coisas a dizer, mas sei que nunca me ouviriam.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Juvenile



Juvenile

Esta é uma história sobre sonhos, mas não são sonhos comuns, na verdade eu queria falar de sonhos que por tanto tempo foram os motores frustrados de uma vida. Eu realmente queria falar de sonhos, mas o que realmente me faria feliz, seria ser capaz de vivenciar cada minuto dos mais tenros sonhos dos quais hoje não passam de um mergulho profundo, num mar desconhecido e escuro. Hoje eu queria não precisar lembrar-se de nada, hoje eu queria mesmo era não ter saudade de nada, hoje eu queria mesmo era não falar de sonhos. Eu preciso entender que sobre sonhos eu nunca soube nada, sobre sonhos eu só sonhei, sobre sonhos pouco soube como tratá-lo, e deles me fiz assim, tão vulnerável quanto uma embarcação a deriva no meio do oceano. Eu preciso entender de uma vez que de sonhos me sinto farto, que sonhos me doem, que sonhos me fizeram só, que sonhos me fazem chorar feito uma criança perdida dos pais. Sonhos sempre me fizeram observar o quanto tudo esteve tão distante, sonhos me tiraram todas as possibilidades, me tornaram seco e duro comigo mesmo. Sonhos lindos, sonhos de um marasmo hipotético e humilde sonho de sonhar sem culpa. Sonhos me fizeram sem chão, me fizeram covarde e descontente comigo mesmo, me fizeram menor. Sonhos me fizeram perder-se em um mundo desconexo, pouco visitado pelos vivos, pelos seres reais. Sonhar é o que me fez admitir o quanto perdido me encontro, o quanto inseguro, quanto nu e tremulo repouso em minha própria casca indissolúvel. Foi num sonho em que me transformei, foi no sopro de subjetividade que planei desgovernado rumo, aos mesmos sonhos, reduzido a imaginação, a um querer maior que eu. Os sonhos se tornaram gigantes, maiores que eu mesmo, me engoliram, me fizeram solitário, amigo dos meus próprios desejos incompreendidos. Hoje ao fechar os olhos eu percebo que é de um querer que eu vivo. É de um querer sentir tua voz sussurrando aos meus ouvidos, é querer ter do meu lado pela eternidade, é querer acordar noutro lugar, é querer ser que nunca se foi, é querer não precisar mais sonhar. Mas só nos sonhos me vejo livre de mim mesmo, só nos sonhos consigo fugir, e é justamente disso que tenho medo, de me acostumar a fugir, de não querer mais acordar. É deste corpo que quero me desapegar, é desta carcaça que quero me desprender. É o medo da insanidade ao não conseguir mais identificar sonho de realidade, mas a cada sonho, a cada olhar no espelho, a cada reflexo, tão próximo de estar mais longe de todo esse sonho, de toda essa vida, da qual nunca fiz realmente parte. É dessa história de sonhos, que sinto a cada ato, cada palavra, cada pensamento, cada desejo não passa de sonhos. De sonhos que se tornam inalcançáveis à medida que a realidade me faz sonhar mais e mais, pra esquecer. Pra esquecer-se de toda essa vontade boba de ser feliz.

sábado, 4 de setembro de 2010

Do cais

Quando existe amor, quando existe a liberdade de mudar de amor, existe a possibilidade de dor. Quem é deixado de lado pode sim ser feliz, mas sua felicidade jamais será a mesma de quem o deixou. A sensação de traição, o sentimento de que tudo o que lhe foi dito pode ser nada mais que mentiras. É como do cais observar distante em alto mar o navio, do seu amor, junto de outra pessoa. Tendo como companhia somente a brisa do mar sobre o rosto. É desesperador imaginar que a todo o momento se corre esse risco, daí a vontade de desistir, o medo de começar de novo, é o medo de perder de novo. Quando nesse ponto, a reflexão sobre o que se viveu, sobre os fatos é inevitável. Pensar nas possibilidades de ter sido diferente, só se torna mais dolorido. É preciso tornar tudo isso nojento demais, para diminuir a sensação de perda. É preciso transformar o amor em ódio, diminuir o valor daquilo que não mais te pertence, para que se tenha tranqüilidade e desprendimento. Tem que trazer na mente, todas as outras experiências, para não perder o chão de vez. Não se trata de sequidão, ou indiferença, trata-se de necessidade de viver em paz, e para tanto, de alguma maneira é preciso deixar para trás, Terás vontade de brigar, bater, gritar, mas a sensatez não permitirá, de certo fará apenas o silêncio, deixando que se cumpra o que já esta escrito. Palavras neste momento só tornarão tudo mais denso para quem sempre se entendeu pelo olhar, palavras não dizem tudo o que um coração sente, muitas vezes camuflam verdades que seriam duras demais. Por isso do cais só resta observar o afastar do navio lentamente, até que ele se perca no horizonte. Triste é saber que quando voltar ao cais, já não estará mais ali, esperando.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Visão


Corria de fronte ao vento num percurso retilíneo e incerto, para o fim. Eu quero que os carros, o sol, as pessoas, as folhas das árvores quero que parem lentamente, paulatinamente, quero sentir o gosto amargo do sangue nos lábios, sentir uma nuvem nos olhos, o anel rolando ladeira a baixo, o tênis fora dos pés, os livros pelo chão e o corpo num frisson gélido. Quero sentir o mundo girando lentamente, como se o tempo tivesse parado ali, pra prestigiar minha última cena. Quero mesmo caído, respirando com dificuldades, olhar ao redor e perceber todos se aproximando desesperados, mas como em filme, como num efeito de cinema, devagar, pouco a pouco. Quero que toda minha vida passe em meus olhos, cheios de lágrimas, ansioso para o fim. Eu quero uma música, de melodia suave, clássica, com uma voz amena, dormente, que vá me deixando fora de mim, que tire meus sentidos sem que eu note, quero meus olhos abertos e trêmulos até o fim, quero virar o rosto pro lado e ver os destroços, toda a lataria e a fumaça negra cobrindo ao longe a última cena, eu quero uma pequena dor, pra entender que acabou, e quero chorar arrependido por tudo que deixei para trás. Eu quero o sol queimando pela última vez minha pele, escaldante no asfalto, quero no fim de tarde, no último por do sol, quero olhar os rostos curiosos, desconhecidos e desesperados, quero ver os carros parando, sentir meu coração aos poucos me deixando ao longe, como quem se despede pela última vez, quero estar olhando pro céu, quero ele azul, sem nuvens. Eu quero as vozes desconhecidas se misturando, e quero que me venha à mente as vozes amáveis, saudosas, e que pouco a pouco somente a música ganhe volume, quero sentir dentro de mim a melodia me levando pro último dia de sonho, eu quero a brisa sobre meus olhos, e minha pele rasgada em vermelho, eu quero assim, que o tempo pare, sem linha divisora, como um leve e suave sono, sem corpo sem nada.

domingo, 29 de agosto de 2010

Mídia e eleição: Guerra de fantoches



No tocante das eleições se torna desagradável ter que escolher, e ter como encargo decidir quem será responsável por nós mesmos. É realmente nauseante parar pra pensar, discutir, refletir, ou levar provocações aos alheios a tudo isso, na tentativa de que todos enxerguem além do que lhes mostram. Plínio já comentou sobre a desigualdade entre os candidatos a presidência promovida pela mídia no debate que se efetuou na Rede Bandeirantes de televisão. Sentiu-se injustiçado ao perceber que a ele poucas questões foram direcionadas, menosprezando sua capacidade de resposta, e todo seu empenho em estar ali como um candidato, nesse sentido pouco teve chance de participar do debate, mesmo estando lá de corpo presente, o que demonstrou bem o quão a ideologia capitalista se move se articula pra se manter o poder aos neoliberalistas, de modo a cooptar indiscriminadamente valores de uma sociedade igualitária e verdadeiramente justa. Fazendo analogia a minha época de colégio, percebo o quão a palavra popularidade se faz presente no meio político, qual seria o significado disso, e qual a importância disso? Lá na escola, popularidade deixava em destaque somente os nomes dos mais populares, enquanto aos “não populares” só restava falar dos populares, não obstante, nessas eleições percebe-se algo comum, como uma guerra de popularidade entre aqueles que a mídia e mais ninguém decidiu que por bem seriam populares, seriam importantes. Mas oras quem deveria decidir isso? Que “democracia” mais furada. E mais uma vez remeto a falsa liberdade arraigada como verdade absoluta aos nossos olhos inocentes. Será que somos realmente nós que estamos escolhendo os governadores do nosso país? Eu tenho absoluta certeza que não. Somos vitimas de uma estratégia ideológica, carregada de valores distorcidos, que primam pelos privilégios próprios, e pela manutenção da propriedade privada. Lula na busca incessante pela vitória decidiu por tentar conciliar as classes, decidiu injetar dinheiro publico em universidades privadas, mas ele sabe que é justamente a divisão de classes que mantém a miséria da sociedade, que por excelência faz parte do modo capitalista. Hoje muitos eleitores espalhados por ai, talvez nem saibam da existência de partidos como PSTU, e de candidatos a presidência como Zé Maria, que até onde sei, tem origens muito parecidas com a de Lula. Seria uma segunda chance de não se submeter à burguesia? Eu acredito que sim. Mas por que não se tem o mesmo espaço na mídia? Por que o horário gratuito não dá o mesmo tempo de propaganda eleitoral a todos os candidatos? Por que beijo gay ganha tanta polêmica? É o maldito conservadorismo “fim de carreira” a qual estamos submetidos. E conservadorismo, diga-se de passagem, não é o que muitos imaginam ser, como conservar um tênis ou uma camiseta, estamos falando de conservar o poder nas mãos de quem já o carrega há muito tempo, falamos de conservar a população ignorante, e miserável a ponto de não conseguir revoltar-se contra a burguesia, e por isso digo, não é a toa que candidatos como Zé Maria não tem imagem promovida pelos meios de comunicação que representam a burguesia claramente. Seria distribuir armas aos inimigos. Essa guerra centralizada entre Dilma e Serra é algo tão superficial, e nauseante que me pego a pensar como a população não é capaz de regurgitar mesmo que inconscientemente uma revolta de verdade, no sentido de saber que por serem dois fantoches burgueses no topo da popularidade, é claro que nada vai mudar, é claro que os miseráveis continuarão na mesma situação. Vamos nos dignar a não estar contentes com meia dúzia de soluções paliativas que os candidatos dizem ter promovido. Eu voto em cortar as cordas que articulam esses fantoches, eu voto por mudança concreta e pela visão esclarecida sobre os fatos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A orla e o redentor







Deixa como esta, seja como for O tempo vai passar, e vai levar o tempo e a dor Eu vou escrever na orla meu amor O nosso nome, pra não perder O codinome e o redentor Eu vou marcar presença caso for Perder a voz e a ilusão Perder o amor E a solidão Tanta coisa deixa pra depois Quando for samba, quando for Deus que te chamou Eu vou escrever na orla meu amor O nosso nome, num coração O nosso nome, pedir perdão Seguir em frente Com emoção E ter em mente Que a vida é dor Vou descer o morro meu amor E se preciso, eu vou além Não digo nada, eu digo vem Eu vou escrever na areia o nosso amor Mas veio o vento e dissipou O que há por dentro é o que restou Eu vou escrever na rocha meu amor E vão dizer: É pichação! Eu digo não, vivo da arte de ser feliz Mas vem a onda e leva tudo O que um dia eu sempre quis Oh Deus! Obrigado meu senhor! Pelos desejos e omissões Eu to perdido em orações Eu vou escrever na mão do meu senhor O nosso nome no redentor Braços abertos, enquanto for E no dia que o nosso senhor disser amém Juntar as mãos Agradeço o Cristo redentor Juntou pra sempre, o nosso amor.






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Quem canta seus males espanta - Levei ao pé da letra.

Introdução





Existem vários tipos de escritores, os bons, os ruins, os técnicos, os literários, os amadores, dentre outros. Quando nota-se não encaixar-se em nenhuma das alternativas, busca-se a auto-afirmação e a identificação com o resto do mundo, afinal de contas, escrever, por mais secreto que possa ser, no seu intimo possui um desejo de ser revelado, de ser lido. Escrever se acomete de uma ansiedade leviana em que qualquer ser humano, normal ou anormal alfabetizado, deliberadamente pode se submeter, no anseio de expor suas idéias, que por mais estapafúrdias, para o escritor sempre são dignas de serem lidas O que de fato não torna o escrito algo de interesse global, universal, ou seja lá qual amplitude. Não ser um escritor ou compositor de renome provavelmente será um tremendo obstáculo para os provincianos escritores de meia pataca, sendo assim, estes tendem a se auto promover, diga-se de passagem, que isso nos dias atuais tornou-se “mel na chupeta”, visto o desenvolvimento das tecnologias, da informatização, e do fácil acesso a tudo isso. Em tempos de Twitter, Orkut, Facebook, Formspring, Blogs e Web Menssenger, todas as nossas preferências, e todas as nossas opiniões estão sendo disseminada pelo meio virtual. Concomitantemente pelo meio real, o qual não se desvincula do primeiro em momento algum, a não ser no imaginário individual. A autopromoção demanda todos os tipos de artifícios, desde vídeos super criativos expostos no You tube, até status de Orkut, o que interessa é aparecer, é ocupar o seu espaço, é deixar o seu recado, pois quanto mais pessoas souberem da sua existência, maior a probabilidade de se tornar um escritor, ou seja, lá o que quiser ser, com o respaldo do povo. E já que a vida se tornou um grande palco de caça talentos, por qual motivo não tentar a sorte? Eis que despretensiosamente me tornei dono de um blog pouco visitado, pouco comentado, pouco interessante, porém, este apresentava o supra-sumo das minhas miseráveis capacidades de escrita, que não se desenvolveram pelo bom leitor que fui, muito menos pelo cérebro privilegiado, e talvez ainda não se saiba bem de onde partem tais idéias, o que ressalto sempre é que escrevo pela indignação que muitas vezes é motivo de inspiração, e que muitas vezes na falta de um bom ouvinte, acabam por serem transcritas sorrateiramente no humilde Blog. Este modo desregrado, desprovido de técnicas e sem a obrigatoriedade do politicamente correto me proporcionam justamente algo que em poucos momentos sou capaz de sentir, o prazer. O prazer de se expor, de ser ouvido, e de ser levado a sério, que não existem, ou não acontecem no mundo real, são alcançados neste mundo paralelo onde vivem os blogueiros com ou sem objetivos. É neste diário indiscreto que todos os meus ódios, anseios, inquietações e toda a falsa liberdade que tenho podem ser expostas. Regurgito por que dentro de mim, tudo isso me faria doente, me mataria em poucos dias. 

sábado, 21 de agosto de 2010

Potpourri


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A história vai ganhando uma cor meio cinzenta, um rumo meio torto, um desfecho de puro dissabor. “Eu sei que tanta afinidade assim, só pode ser bom”. Esta mesma afinidade é o nó desatado, que se amarra a destinos opostos “me despeço dessa história e concluo a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar, e foi pra lá, e foi pra lá, e foi pra lá...”. Daí que vislumbro que toda história começa pelo fim, e que todo fim aponta um recomeço, sem os mesmos sorrisos, sem a mesma cumplicidade. É quando no infortúnio ouve-se um expressivo “Era o que eu imaginava!”, “Mas em toda história é nossa obrigação saber seguir em frente seja lá qual direção, eu sei...”. Não adianta cavar o precipício com os próprios pés, o chão vai se abrir antes mesmo que se deseje cair na imensidão, só não se esqueça de deixar a bagagem para trás, pode ser que o peso seja insuportável, e se não puder carregar, meus braços talvez não tenham mais força, meus olhos não tenham mais lágrimas, meus sonhos não sejam mais belos. “A sós ninguém esta sozinho”, é a companhia da reorganização, da reflexão, da reconstrução de tudo. É caminhar junto com uma nova velha inquietação onde “eu não enxergo mais o inferno que me atraiu”, insulto a mim mesmo. Regrido. Deste vaso podre, muita vida brotou, muitos caminhos se abriram, mas é de uma planta insípida que estamos falando, nem o pólen, nem as pétalas. Quiçá fosse uma bela tulipa, mas “chorei por ter despedaçado as flores que estão no canteiro”, sem saber, que “as flores de plástico não morrem”, mas de que me servem se não posso senti-las de verdade? Seria tolice manter regando dia após dia uma flor de plástico, seria triste, tão triste quanto pensar que aquela flor de plástico, nunca seria uma flor de verdade. “Cause I'm leaving on a Jet Plane  Don't know when I'll be back agaín”, por que voltar, pode não trazer a mesma história, pode não fazer mais sentido algum para nós, que sempre tivemos tanto em comum. Por isso faça assim como eu que “ só apareço por assim dizer, quando convém aparecer”

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A brisa primeira levou

Sempre tive medo dessa roda gigante, sempre tive medo dessa roda viva. Musicas revelam.

Roda VivaChico Buarque A gente quer ter voz ativaTem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceuNo nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A velha xícara e o copo de cristal




Jessé seu menino bobo, de sobrancelhas caídas, de sonhos descabidos. Por que preza tanto pela verdade?
Jessé, era filho de Maria, tinha herdado da tia, da mãe e da avó, o caráter, o rancor, e aquele jeito desengonçado de andar. Jessé tinha medo de mudanças, medo de coisas novas, mas compreendia que num movimento desvairado, a vida não poderia estar sempre no mesmo lugar, mesmo assim ele sofria. Jessé não sabia o que queria, pouco sabia da vida, mas sabia que devia continuar. Muito embora, Jessé em certos momentos quisesse fugir, sair numa viagem longa, rodando o mundo, conhecendo pessoas novas, sem data pra voltar, desabrochando a saudade no peito de quem ali ficar. Jessé não era pro trabalho, ele era da arte, da música, do amor e do conflito. Fadado ao inconformismo, sorria sem graça, quando lhe diziam: “Relaxa Jessé, que a vida é assim como é!”. Ele não poderia acreditar que o mal da vida era sentar, esperar, e aceitar os paradigmas, as verdades que existiam antes mesmo dele nascer. Jessé corria a tarde toda em busca de algo que não sabia bem o que era. Jessé já venderá sorvete, já entregará panfletos de supermercado, já recolheu papel, alumínio e ferro pelas ruas, antes de saber que o trabalho do modo que esta, não traz prazer de verdade. Jessé tinha um semblante raivoso, um olhar agressivo, mas no fundo um menino arredio, com medo de tudo, pequeno inseguro. Jessé de pouco contato, crente nos atos e nas pessoas, procurava sempre expor o que pensa, pena o menino sincero não saber que as verdades são desconcertantes acidentes de preciosidades irrecuperáveis. Jessé no café da manhã, por costume, dobrava uma banda de pão francês, encharcava no chocolate quente, assistindo desenhos batidos, se divergindo da “adulteza” futura. Era criança pois, e deveria agir como tal. Jessé era conhecido também pelo coração sensível, e por estar sempre disposto a ajudar os outros. Jessé se apegava muito aquilo que considerava essencial. Daí o amor por uma velha xícara, presente de sua mãe, de uns dois anos atrás. Cuidava daquela xícara como se fosse sua companheira, uma amiga confidente. A xícara retribuía toda manhã, mas nem parecia, pois de objeto imóvel, inanimado que era, só mesmo na cabeça fantasiosa de Jessé, isso poderia ser real. Durante dois longos anos a xícara acompanhou Jessé pra cima e pra baixo, ela sabia tudo dele, até os segredos mais obscuros, que no fundo eram bem clarinhos, afinal Jessé ainda era jovem demais para tantos segredos. Um dia voltando da escola Jessé notou uma pequena rachadura na lateral de sua xícara, correu a gritar, onde tem cola pra concertar, colava daqui, colava dali, tentando dar jeito naquilo que não dá. Com muito carinho, colocou a xícara no devido lugar. Passou mais um tempo, a xícara rachada em outro lugar, Jessé muito triste, vendo aquilo, naquele objeto que de tanto gostar, ganhou em seu mundo nome e lugar, se dobrou a chorar.
            A xícara frágil, já não era mais digna de confiança, mas Jessé insistia em usar. Na manhã de domingo, num breve sorriso, para não chorar, Jessé descuidado, ao pegar o açúcar, esbarrou levemente na xícara velha, que num sopro suave saltou-se ao chão. Incrível, o tombo trágico, só dividiu a xícara em dois pedaços, a asa e o corpo. Um inseto pousou sobre o leite derramado, e no ímpeto desesperado, Jessé danou a chorar. Tua Mãe, tua Avó, tua Tia, daquilo pouco entendia, Jessé não sabia explicar. Correu com a cola de novo, na tentativa da xícara ressuscitar. Agora por toda manhã Jessé com todo cuidado não sabe como lidar, com tanta fragilidade, daquilo que durante tanto tempo o fez seguro, o fez sorrir. Segurava uma mão no corpo, outra na asa, mas o corpo na alta temperatura queimava seus dedos curtos e sensíveis, e a xícara na mesa tinha que voltar. A velha xícara não era mais como antes, e por mais cola que pusesse, não traria de volta aquele jeito peculiar que um dia brilhou no olhar. Jessé cresceu, virou um rapazote bonito por dentro, as espinhas e o cabelo vão incomodar, mas herdeiro de sempre leva consigo o velho brilho no olhar, era seu aniversário, chegava em casa do trabalho, adentrou e logo viu, em laço de fita vermelha um copo de cristal, sobre ele um cartão de sua mãe: “ Xícaras e copos de cristais, quando quebrados nunca voltam a ser o que eram antes. A diferença da falta, e da saudade é o tempo que cada um teve em sua vida”.

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